quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Krónikas do Alto Alentejo (XI)

No meu copo, na minha mesa 163 - Muachos Reserva 2003; Casa de Alegrete 2005; O Escondidinho (Portalegre)

Este foi um dos restaurantes a merecer repetição. Fica perto duma das praças principais da cidade, o Rossio, mas à entrada duma rua estreitinha onde quase passa despercebido ao olhar dos transeuntes. Ao entrar deparamos com uma pequena sala com 4 mesas, prolongando-se o espaço para a direita, onde se encontra um bar, a cozinha e as casas de banho e uma sala mais espaçosa, e para a esquerda onde fica a sala mais recatada e acolhedora.
A primeira visita foi antes do Natal e fi-la sozinho. Seguindo a sugestão da casa, escolhi uma das especialidades da casa, um bife vira-vira de coentrada, frito em azeite e temperado com coentros. Extremamente tenro e saboroso. Para sobremesa escolhi um doce tradicional, o fidalgo, uma fatia de doce de ovos, verdadeiramente irresistível. Estando sozinho, não houve grande originalidade na escolha do vinho, tendo optado por um jarro de meio-litro de vinho da casa, da Fundação Abreu Callado. Nada de extraordinário mas perfeitamente aceitável por apenas 2,50 €.
Enquanto jantava na sala mais recatada, fui reparando num armário perto da minha mesa onde algumas garrafas se encontravam em exposição. Foi ali que vi pela primeira vez o Casa de Alegrete, já referido mais atrás, e que mais tarde se tornaria escolha recorrente.
A segunda visita já foi mais preparada, merecendo reserva e encomenda antecipada. Lebre com feijão foi o prato de resistência, não sem que antes aparecessem na mesa alguns acepipes para entrada, entre os quais pernas de rã (sinceramente, não fiquei fã). Como mandam os cânones, a lebre vinha em tacho de barro e deu para ir comendo, comendo, comendo... até fartar. Para sobremesa repetiu-se o inevitável fidalgo, certamente um dos melhores doces à base de ovo que existem, complementado por um bolo de chocolate regado com creme de chocolate que mais parecia mousse... É de lamber os beiços!
O serviço é esmerado e cuidado, sem nada a apontar. Escolhidos os petiscos certos, pode-se ter ali uma excelente refeição com um óptimo atendimento.
Para o vinho, não resisti a repetir o Casa de Alegrete 2005. Confirmou a excelente impressão da primeira prova, e voltou-se a beber quase com sofreguidão. Para complementar com algo diferente escolheu-se um Herdade dos Muachos Reserva 2003. De cor rubi bastante intensa, mostrou bom corpo e estrutura, suave e aromático, com taninos bem domados mas a suportarem um todo persistente sem deixar de ter alguma elegância. Um vinho equilibrado que se bateu bem com o prato de lebre mas que também pode mostrar-se com outros pratos um pouco mais delicados. A rever noutra ocasião.
Em resumo, duas boas refeições, bem acompanhadas por dois bons representantes dos vinhos de Portalegre. Um local que vale a pena (re)visitar.

Kroniketas, enófilo itinerante

Restaurante: O Escondidinho
Travessa das Cruzes, 1 e 3
7300 Portalegre
Preço por refeição: 20-25 €
Nota (0 a 5): 4

Vinho: Casa de Alegrete 2005 (T)
Preço no restaurante: 15 €

Vinho: Muachos Reserva 2003 (T)
Região: Alentejo (Portalegre)
Produtor: José Carvalho - Sociedade Agrícola (Herdade dos Muachos)
Grau alcoólico: 13,5%
Castas: Trincadeira, Alfrocheiro, Cabernet Sauvignon (15%)
Preço em hipermercado: cerca de 9 €
Nota (0 a 10): 7,5

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Os vinhos da festa 2007-2008 (3)

No meu copo 162 - Brancos



Ao longo da quadra festiva provámos mais uns quantos brancos que apreciámos assim:

Cabriz Colheita Seleccionada 2006 - Um branco despretensioso e agradável, na mesma linha do tinto com o mesmo nome. Bom acompanhante de peixe no forno, apresentando um bom equilíbrio entre corpo e estrutura, por um lado, e aroma e suavidade por outro. Feito com algumas das melhores castas brancas do Dão. Nota: 7

Prova Régia, Arinto 2005 - Do Prova Régia não há muito de novo a dizer. É sempre uma aposta segura, um dos meus brancos preferidos de Portugal. A frescura e acidez típicas do Arinto, com um aroma floral e notas de fruta tropical. Nota: 8

Quinta da Romeira, Chardonnay e Arinto 2005 - Em comparação com o Prova Régia, achei-o algo decepcionante. A mistura com o Chardonnay e a fermentação de 30% em barricas de carvalho dão-lhe aquele travo de que não sou grande fã, ligeiramente agreste para o meu gosto. Nota: 6,5

William Fevre, Sauvignon Blanc 2004 - Uma prova repetida de um excelente branco francês. É outra loiça. Já apreciado aqui. Nota: 8,5

Kroniketas, enófilo branqueado

Vinho: Cabriz, Colheita Seleccionada 2006 (B)
Região: Dão
Produtor: Dão Sul, Sociedade Vitivinícola - Quinta de Cabriz
Grau alcoólico: 12,5%
Castas: Malvasia Fina, Encruzado, Cerceal Branco, Bical
Preço em feira de vinhos: 2,79 €
Nota (0 a 10): 7

Vinho: Prova Régia, Arinto 2005 (B)
Região: Bucelas
Produtor: Companhia das Quintas - Quinta da Romeira
Grau alcoólico: 12,5%
Casta: Arinto
Preço em feira de vinhos: 2,97 €

Nota (0 a 10): 8

Vinho: Quinta da Romeira, Chardonnay e Arinto 2005 (B)
Região: Regional Estremadura (Bucelas)
Produtor: Companhia das Quintas - Quinta da Romeira
Grau alcoólico: 12,5%
Castas: Chardonnay, Arinto
Preço em feira de vinhos: 5,39 €
Nota (0 a 10): 6,5

Vinho: William Fevre, Sauvignon Blanc 2004 (B)
Região: Saint-Bris (França)
Produtor: William Fevre - Chablis
Grau alcoólico: 12%
Casta: Sauvignon Blanc
Preço em garrafeira: 14,90 €
Nota (0 a 10): 8,5

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Krónikas do Alto Alentejo (X)

No meu copo, na minha mesa 161 - Casa de Alegrete 2005; Caldeirão de Sabores (Portalegre)


Uma das surtidas gastronómicas resultou numa completa revelação, quer a nível do restaurante quer a nível do vinho. O restaurante Caldeirão de Sabores, no bairro dos Assentos, junto à entrada de Portalegre pelo lado sul, é um espaço relativamente pequeno onde tive oportunidade de degustar uma refeição magnífica.
Depois dumas entradas à base de peixe que não fizeram as minhas delícias, passou-se àquilo que interessa: uma empada de lebre e um “magret” de pato (uma espécie de pato estufado fatiado). Tudo acompanhado com uma salada mista para desenjoar.
Ambos estavam excelentes, com natural realce para a empada de lebre, muito macia e apetitosa. Para sobremesa as escolhas foram mais prosaicas: mousse de chocolate e requeijão com doce de abóbora, que cumpriram na perfeição.
O serviço é de grande qualidade e eficiência, apenas com um senão de alguma demora nos pratos, mas dada a especificidade da empada de lebre talvez fosse inevitável essa demora. Um local que se recomenda, portanto.
Conhecido o restaurante, o vinho foi, então, a grande revelação da noite. Já o tinha visto numa montra doutro restaurante e aqui foi a escolha imediata: um Casa de Alegrete, aqui dos arredores (Alegrete é uma povoação que fica na encosta da serra de S. Mamede, uns 10 quilómetros para sueste da cidade). A impressão foi excelente. Um vinho macio, aberto e suave, em que os 14% de álcool estão perfeitamente disfarçados, o que faz com que não se torne cansativo ao contrário de muitos com este grau alcoólico. É um bom exemplo de como um vinho com 14 graus pode ser aveludado. O estágio de 12 meses em madeira dá-lhe alguma consistência, aparecendo aquela bem integrada com os aromas de fruta predominantes no primeiro ataque na boca. As castas Aragonês, Trincadeira e Alicante Bouschet (talvez a grande “coqueluche” do Alentejo nesta altura) em harmonia quase perfeita.
É um daqueles vinhos que vão melhorando com o tempo de abertura da garrafa, desenvolvendo uma persistência e um fim de boca prolongado e ao mesmo tempo macio, tornando-se mais apetitoso à medida que os copos se sucedem. Por isso torna-se um vinho guloso, que se bebe com prazer sem se dar por isso, de tal forma que duas pessoas beberam duas garrafas... É um vinho quase desconhecido no panorama nacional, dada a pouca produção que praticamente se esgota no mercado da região, dum produtor (João Torres Pereira) e dum enólogo (Paulo Fiúza Nigra) que desconhecia por completo, mas do qual é praticamente impossível não gostar. Tem um perfil que me agrada sobremaneira, persistente e ao mesmo tempo elegante, aquilo que vai faltando em muitos vinhos “da moda”, particularmente no Alentejo. Decididamente, uma aposta a rever na primeira oportunidade que tiver enquanto ainda estou por cá.
Em suma, uma daquelas refeições para não esquecer: restaurante e vinho excelentes, numa combinação exemplar.

Kroniketas, enófilo itinerante

Restaurante: Caldeirão de Sabores
Travessa Luís Pathe, 12
Bairro dos Assentos
7300-037 Portalegre
Telef: 966.795.751
Preço médio por refeição: 30 €
Nota (0 a 5): 4,5

Vinho: Casa de Alegrete 2005 (T)
Região: Alentejo (Portalegre)
Produtor: João Torres Pereira
Grau alcoólico: 14%
Castas: Aragonês, Trincadeira, Alicante Bouschet
Preço no restaurante: 13 €
Nota (0 a 10): 8,5

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Os vinhos da festa 2007-2008 (2)

No meu copo 160 - Verdes

Foram estes os verdes provados na quadra festiva:

Borges, Verde Alvarinho 2005 - Um excelente vinho verde da casta Alvarinho, muito aromático, bem estruturado, persistente e ao mesmo tempo com alguma elegância. Um dos melhores Alvarinhos que já provei. Nota: 8,5

Quinta do Ameal, Verde Loureiro 2005 - Muito aberto, suave, ligeiramente gaseificado, com grande frescura na prova e um toque floral. Um bom exemplar da casta Loureiro. Nota: 7,5

Kroniketas, enófilo esverdeado




Vinho: Borges, Alvarinho 2005 (B)
Região: Vinhos Verdes (Monção)
Produtor: Sociedade dos Vinhos Borges
Grau alcoólico: 13%
Casta: Alvarinho
Preço em feira de vinhos: 7,15 €
Nota (0 a 10): 8,5

Vinho: Quinta do Ameal, Loureiro 2005 (B)
Região: Vinhos Verdes (Ponte de Lima)
Produtor:
Quinta do Ameal
Grau alcoólico: 11,5%
Casta: Loureiro
Preço em feira de vinhos: 5,35 €
Nota (0 a 10): 7,5

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Krónikas do Alto Alentejo (IX)

Herdade dos Muachos





A Herdade dos Muachos fica situada na freguesia da Urra, uma povoação a alguns quilómetros de Portalegre seguindo pela estrada para Elvas.
Entrando na Urra e tomando o caminho para Assumar, entramos em pleno campo, numa estrada estreita pelo meio de olivais e montados. Há vacas, porcos e ovelhas a pastar e algumas placas a indicar a certificação de Carnalentejana. Depois de passar a linha de comboio, numa passagem de nível sem guarda, aparece à direita a entrada da Herdade dos Muachos. Estamos já no meio de nada, a cerca de 5 km da Urra.
A entrada é feita entre videiras e oliveiras até se encontrar os edifícios da adega. A visita começou por um edifício em frente à adega onde decorrem obras para a construção da futura sala de provas, que será equipada com uma cozinha que permitirá a realização de outros eventos como casamentos e baptizados.
A Herdade dos Muachos tem cerca de 239 hectares, onde existe gado e montado para além dos 50 hectares de vinha, dos quais 18 plantados em 2005. A produção de vinho começou pelo pai, José Maria Pombo Carvalho, e dois filhos, tendo a primeira colheita sido produzida em 2003. Produz cerca de 200.000 litros por ano, com base nas castas tintas Trincadeira, Touriga Nacional, Cabernet Sauvignon, Alicante Bouschet, Alfrocheiro, Aragonês, Syrah e Carignan, e nas brancas Arinto, Roupeiro, Chardonnay e Sauvignon Blanc.
O portefólio de vinhos é constituído pelo Herdade dos Muachos branco Regional e Colheita Seleccionada, um tinto DOC, um Reserva tinto e um Garrafeira tinto, que sai para o mercado no mínimo 3 anos após a colheita e após um ano em garrafa. Também é produzido o Portal de Alegrete no formato bag-in-box.
Na cave do edifício principal estão as cubas de fermentação, a adega onde o vinho estagia e a linha de engarrafamento. O branco fermenta em balseiros de carvalho francês e americano, sendo utilizados uma única vez após o que passam a ser utilizados para estágio dos tintos.
A produção é supervisionada pelo enólogo António Saramago, que também dirige os trabalhos na Herdade do Porto da Bouga, a alguns quilómetros dali junto à povoação de Caia.

Kroniketas, enófilo itinerante

José Carvalho - Sociedade Agrícola
Herdade dos Muachos
Telef: 245.204.256/7
7300-575 Urra - Portalegre

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Os vinhos da festa 2007-2008 (1)

No meu copo 159 - Champanhes e espumantes



Na quadra festiva que há pouco terminou, entre jantares de Natal, réveillon e alguns aniversários tivemos oportunidade de provar um conjunto alargado de vinhos que seria fastidioso descrever em detalhe. Assim vamos apresentar algumas notas curtas agrupando-os por tipo de vinho (daqueles que ainda nos lembramos...)
Começamos pelos champanhes e espumantes.

Veuve Clicquot Champagne Brut - Um clássico do champanhe francês que já se tornou tradicional nos meus jantares de Natal. Foi uma das primeiras notas de prova aqui colocadas, precisamente após o fim-de-ano de há dois anos. Apreciação aqui. Nota: 9

Pol Carson Champagne Brut Rosé - Numa variação ao habitual, resolvi experimentar este champanhe rosé e foi uma bela aposta. Bastante aromático, seco, suave, bolha fina e com grande elegância. Excelente acompanhante de quase todo o tipo de iguarias, mas em particular entradas, peixes e mariscos. Uma boa aposta por um preço, apesar de tudo, não muito exagerado para o produto que é. Nota: 8,5

Tapada do Chaves Bruto 2002 - Resolvi experimentar este por estar agora em Portalegre, por ter visitado a Tapada do Chaves e por ainda não ter experimentado um espumante do Alentejo. Foi uma belíssima revelação. Bastante frutado e aromático, ainda com algum toque floral, muito elegante e com bolha fina. Bela combinação do Arinto, a dar uma bela acidez ao conjunto, com o Fernão Pires. Entrou directamente para a lista dos recomendados, até porque tem um preço bastante aceitável. Nota: 8

Cabriz Bruto 2005 - Igualmente equilibrado, aromático e elegante, com muita frescura na boca. A Malvasia Fina a expressar-se muito bem em combinação com a Bical. Nota: 8

Real Senhor Velha Reserva 2001 - Mais um bom exemplo duma feliz combinação de castas, neste caso a Malvasia Fina e o Arinto, duas excelentes castas brancas. Pareceu-me contudo menos suave que os dois anteriores. Nota: 7,5

João Pires Bruto - Este foi o que menos me agradou de todos os provados. Pareceu-me pouco elegante, exactamente ao contrário dos outros. Talvez uma segunda apreciação possa rectificar esta primeira impressão. Nota: 7

Kroniketas, enófilo espumantizado

Vinho: Veuve Clicquot - Champagne Brut (B)
Preço em hipermercado : 32,89 €
Nota (0 a 10): 9

Vinho: Pol Carson - Champagne Brut (R)
Região: Champagne (França)
Produtor: Sedi Champagne - Châlons en Champagne - França
Grau alcoólico: 12%
Preço em hipermercado: 19,49 €
Nota (0 a 10): 8,5

Vinho: Tapada do Chaves 2002 - Espumante Bruto (B)
Região: Alentejo (Portalegre)
Produtor: Tapada do Chaves, Sociedade Agrícola e Comercial
Grau alcoólico: 12%
Castas: Arinto, Fernão Pires
Preço em hipermercado: 8,99 €
Nota (0 a 10): 8

Vinho: Cabriz 2005 - Espumante Bruto (B)
Região: Dão
Produtor: Dão Sul, Sociedade Vitivinícola - Quinta de Cabriz
Grau alcoólico: 12%
Castas: Malvasia Fina, Bical
Preço em feira de vinhos: 6,40 €
Nota (0 a 10): 8

Vinho: Real Senhor Velha Reserva 2001 - Espumante Bruto (B)
Produtor: Sociedade dos Vinhos Borges
Grau alcoólico: 12,5%
Castas: Malvasia Fina, Arinto
Preço com a Revista de Vinhos: 6,25 €
Nota (0 a 10): 7,5

Vinho: João Pires - Espumante Bruto (B)
Região: Terras do Sado
Produtor: José Maria da Fonseca
Grau alcoólico: 12,5%
Preço em hipermercado: 6,99 €
Nota (0 a 10): 7

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Krónikas do Alto Alentejo (VIII)

Tapada do Chaves


Este é um dos nomes mais prestigiados entre os produtores de vinho do Alentejo, e da região de Portalegre em particular.
A Tapada do Chaves produz desde 1920 e pertenceu à mesma família durante décadas, até que em 1998 a dona Gertrudes Fino vendeu a propriedade à Murganheira, a empresa da região de Lamego conhecida pelos seus excelentes espumantes. A título de curiosidade refira-se que o Banco Português de Negócios detém parte significativa do capital da empresa.
A propriedade é constituída por 45 hectares, dos quais 32 são de vinha. Recentemente foram plantadas algumas novas castas para diversificar a produção. A aposta é mais na qualidade em detrimento da quantidade, pelo que são produzidos anualmente apenas cerca de 100.000 litros de vinho, distribuídos por 5 marcas:
Tapada do Chaves Reserva tinto, Tapada do Chaves Reserva Vinhas Velhas tinto (destinado essencialmente à exportação para o Brasil), Tapada do Chaves Branco, Tapada do Chaves Espumante Bruto e Almojanda tinto (Regional).
A propriedade situa-se na estrada de Portalegre para o Crato, mesmo antes da povoação de Frangoneiro, e espreguiça-se suavemente pela encosta em filas muito bem alinhadas. As várias castas estão muito bem identificadas, sendo visível a parte mais nova onde irão despontar os cachos de Alicante Bouschet.
Na parte mais antiga das instalações, repleta de relíquias associadas ao vinho (e não só), ainda perduram os antigos tanques de fermentação, pelos quais o vinho era introduzido para os depósitos por baixo e durante a fermentação subia por tubos até encher os tanques. Ao chegar ao mesmo nível de outros tanques que estavam ao lado cheios de água era terminada a fermentação. São ainda visíveis as talhas de barro onde o vinho era armazenado. Existe ainda uma sala de provas para os visitantes, que podem marcar uma visita através da rota de vinhos do Alentejo.
No piso inferior encontram-se as cubas de fermentação e a adega com as barricas de carvalho francês, americano e russo e o depósito onde repousam as garrafas. Dada a reduzida produção, a empresa faz apenas um engarrafamento por ano e por esse motivo não dispõe de linha de engarrafamento própria, pois os responsáveis consideram que não justifica o investimento e a manutenção da mesma. Assim, o processo de engarrafamento é entregue a uma empresa contratada para o efeito que disponibiliza o equipamento necessário. O vinho é transportado por mangueiras para a linha de engarrafamento onde depois decorre o resto do processo. Sinais dos novos tempos.

Nos eventos entre Natal e fim-de-ano, incluindo um jantar de aniversário, tivemos oportunidade de provar o espumante da Tapada do Chaves, de que daremos conta no respectivo post.

Kroniketas, enófilo itinerante

Tapada do Chaves, Sociedade Agrícola e Comercial
Frangoneiro - Apartado 170
7301-901 Portalegre
Telef: 245.201.973

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

No meu copo 158 - Quatro Castas Reserva 2001

Há uns 6 anos deparámos com um novo vinho da Herdade do Esporão, denominado Quatro Castas. Tal como acontece com os vinhos da Sogrape, todos os vinhos desta proveniência interessam-nos sobremaneira e este não fugiu à regra.
Rapidamente tratámos de o adquirir e degustar com todo o interesse. O resultado foi... esmagador! Durante algum tempo considerámo-lo um dos melhores vinhos do país (dentro daqueles que conhecíamos, obviamente). E até hoje, excluindo o Torre do Esporão e os Private Selections, que ainda não bebemos, consideramo-lo sem dúvida o melhor vinho da herdade, acima do Esporão Reserva. Convém referir que há mais de 10 anos que conhecemos todos os outros vinhos da Herdade do Esporão, desde o Esporão Reserva, que foi uma das nossas primeiras preferências, passando pelo Monte Velho (de que acompanhámos praticamente todas as colheitas, quando ainda era um VQPRD com 11,5 graus de álcool macio e suave), o Alandra, todos os monocasta (a começar pelo Cabernet Sauvignon, seguindo pelo Aragonês e o Trincadeira, até aos neófitos Bastardo, Syrah, Touriga Nacional e Alicante Bouschet) e o mais recente Vinha da Defesa, sem esquecer os brancos.
O Quatro Castas foi uma surpresa, com um corpo, um bouquet, uma profundidade aromática, uma complexidade e uma persistência extraordinários, e as sucessivas provas confirmaram esta impressão: para nós, tornou-se inquestionavelmente o melhor vinho do Esporão. É um vinho feito com as melhores quatro castas de cada ano vinificadas em partes iguais, pelo que nunca sabemos que castas lá estão em cada colheita (essa informação não é mencionada no contra-rótulo, apenas no site para a colheita apresentada), mas a tendência é para ser entre Aragonês, Trincadeira, Touriga Nacional, Syrah, Alicante Bouschet, Bastardo e Cabernet Sauvignon (esta ultimamente abandonada nos varietais por, segundo os responsáveis, “perder a tipicidade”). É fermentado durante uma semana a temperaturas controladas em cubas de inox, com maceração prolongada, seguindo-se um estágio de 6 meses em barricas novas de carvalho americano e francês e mais 6 meses em garrafa. Normalmente chega ao mercado já com cerca de 3 anos de idade.
Agora, desde que temos o blog, as provas são mais diversificadas pelo que as oportunidades de repetir são menores. Mas um dia destes provámos a colheita de 2001, que confirmou tudo o que pensamos deste vinho. Não apresentou a exuberância de outros tempos, porque o tempo também não perdoa e nos vinhos do Alentejo ainda menos, mas continua (para nós) a ser um vinho de excepção: o bouquet já é mais discreto, o frutado menos pronunciado e a persistência menos prolongada. Mas as características originais estão todas lá. Além disso, tem um grau alcoólico elevadíssimo mas que não se sente na prova, pois como é apanágio dos vinhos do Esporão, está tão bem feito que não se sente o álcool. Tomara muitos dos vinhos da moda conseguirem ser assim.
Como ainda temos em stock as colheitas de 2002 e 2003, um dia destes vamos voltar à carga com uma comparação das várias colheitas. Porque este é outro daqueles vinhos que quase passam despercebidos, como o Garrafeira dos Sócios de que falámos noutro dia. Porque, como aquele, também não é um vinho da moda, daqueles que nos querem impingir à viva força como sendo os que os consumidores “preferem” (isso ainda está por provar). Pedimos desculpa pelo incómodo e por continuar a fugir à moda, mas para nós este é um vinho de excepção. E ninguém nos desvia daqui.

tuguinho e Kroniketas, enófilos e tal

Vinho: Quatro Castas Reserva 2001 (T)
Região: Alentejo (Reguengos)
Produtor: Herdade do Esporão
Grau alcoólico: 15%
Castas: quatro destas, conforme o ano - Aragonês, Trincadeira, Touriga Nacional, Cabernet Sauvignon, Syrah, Bastardo, Alicante Bouschet
Preço em feira de vinhos: 10,79 €
Nota (0 a 10): 9

sábado, 5 de janeiro de 2008

No meu copo 157 - Altano 2005

Às vezes temos umas surpresas agradáveis. Esta garrafa foi-nos oferecida à saída do “Encontro com o vinho e os sabores”, tal como há um ano atrás tínhamos tido um Cister da Ribeira, que se revelou uma bodega. Mas este, contra as expectativas, agradou.
Um vinho suave, com um bom aroma frutado, com alguma persistência e corpo médio. Bebe-se com facilidade a acompanhar pratos não muito condimentados, e parece ser uma boa aposta para o dia-a-dia para um vinho barato sem cair demasiado na vulgaridade. Neste caso o rótulo de “Melhor compra” da Revista de Vinhos acaba por fazer sentido tendo em conta a relação qualidade/preço.

Kroniketas, enófilo esclarecido

Vinho: Altano 2005 (T)
Região: Douro
Produtor: Symington Family Estates
Grau alcoólico: 13%
Castas: Tinta Roriz, Touriga Franca
Preço em feira de vinhos: 2,69 €
Nota (0 a 10): 7

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

No meu copo 156 - Aliança clássico 2004


Este é um vinho Regional Beiras que na realidade é produzido na Bairrada, mas sem as castas tradicionais da Bairrada. Não sei muito bem o que justifica o epíteto de “clássico”, porque as castas utilizadas são clássicas… noutras regiões. Adivinhem: predominância de Tinta Roriz e Touriga Nacional.

A verdade é que, talvez pelo local donde provêm, o vinho apresenta um perfil... bairradino. Bom corpo, aromas intensos e algum frutado. Apresenta alguma estrutura na boca sem deixar de ser suave, formando um conjunto macio e equilibrado, fácil de beber.

Um vinho que, pelo preço que custa, parece ser pior do que realmente é. Para aqueles que não são grandes apreciadores do estilo Bairrada mais tradicional, este vinho poderia ser uma boa alternativa para tentar entrar na onda e daí partir para outros vinhos mais elaborados e mais... clássicos.

Kroniketas, enófilo esclarecido


Vinho: Aliança Clássico 2004 (T)
Região: Beiras
Produtor: Caves Aliança
Grau alcoólico: 13%
Castas: Tinta Roriz, Touriga Nacional

Preço em feira de vinhos: 1,39 €
Nota (0 a 10): 7