domingo, 29 de abril de 2007

No meu copo 110 - Barolo

E agora outro vinho italiano, uma das marcas mais conceituadas do país. Os vinhos Barolo, assim como os vizinhos Barbaresco, são produzidos na região de Piemonte, do extremo norte de Itália, e usam essencialmente a casta Nebbiolo.

Apesar das expectativas, voltou a não me encher as medidas. O perfil é o habitual, aberto, macio e com algum corpo. Embora se note alguma estrutura de fundo e algum frutado, o aroma é pouco exuberante e o final é curto. A casta Nebbiolo supostamente produz vinhos de grande longevidade, mas não me pareceu ser o caso deste, que talvez seja da gama mais baixa.

Bebe-se bem com carnes grelhadas e talvez seja um bom tinto de verão. Em resumo, é bom… ma non troppo.

Kroniketas, enófilo esclarecido




Vinho: Lorenzo Sormani - Barolo (T)
Região: Barolo - Piemonte (Itália)
Produtor: Lorenzo Sormani - Gattinara
Grau alcoólico: 13%
Casta: Nebbiolo

Preço: desconhecido
Nota (0 a 10): 7

sexta-feira, 27 de abril de 2007

À volta dos vinhos italianos com Vítor Siborro



No passado sábado as Krónikas Vinícolas, acompanhadas pela presença sempre agradável do Polis&etc, deslocaram-se ao Corte Inglés de Lisboa para conhecer alguns vinhos italianos apresentados por Vítor Siborro, da Semidivinus, com quem a Revista de Vinhos apresentou uma reportagem no número do passado mês de Março. Tivemos oportunidade de entrar na enorme garrafeira do Clube del Gourmet e verificámos que só numa visita mais demorada poderemos fazer um apanhado da vasta oferta disponível e fazer o balanço do nível de preços existentes com a qualidade apresentada.
O anfitrião teve a amabilidade de nos apresentar e dar a provar 2 brancos e 5 tintos por si seleccionados e que serão representativos dum nível de qualidade superior nos vinhos italianos.
Sem entrar em grandes considerandos acerca de cada um dos vinhos provados, pudemos verificar que há muito mais para além do que se encontra normalmente nos hipermercados a preços mais acessíveis. Num patamar de preços elevado encontrámos vinhos de excelente qualidade, fugindo àquele perfil habitual dos vinhos italianos muito abertos e pouco encorpados, fazendo lembrar, alguns deles, os nossos vinhos do Douro. Foi curioso registar que quase todos os vinhos provados eram compostos por castas estrangeiras, como a Cabernet Sauvignon e a Merlot, no caso dos tintos, e a Chardonnay, no caso dos brancos.
Quando passámos às castas tipicamente italianas, como a Sangiovese, voltámos a encontrar os vinhos mais abertos e suaves, embora com bastante mais estrutura que o habitual. Também os brancos apresentaram um Chardonnay bem mais agradável que os portugueses e um Traminer (parente do Gewurztraminer) bastante aromático e adequado para entradas leves ou mesmo sobremesas.
Pelo meio ainda apareceu o nosso comparsa Chapim com a sua respectiva, que nos reconheceu na hora e com quem ainda trocámos dois dedos de conversa sobre o tema líquido em questão, com a promessa de não faltar aos futuros encontros que se hão-de seguir aos da York House e do Porto. E no fim comprámos uma garrafa, para recordação (espera-se que por pouco tempo), de Brunello di Montalcino 2000 (La Fuga) pela “módica” quantia de 42,50 €. Entre os provados, foi um dos que mais agradaram e que mais promete. E depois, um dia não são dias...

tuguinho e Kroniketas, enófilos e tudo

Vinhos provados

Brancos
Caparzo - Le Grance 2002 (75% Chardonnay, Sauvignon e Traminer)
Cabreo - La Pietra 2004 (Chardonnay)

Tintos
Maurizio Zanella 2001 (45% Cabernet Sauvignon, 30% Cabernet Franc, 25% Merlot)
Campo Al Mare - Bolgheri 2004 (60% Merlot, 20% Cabernet Sauvignon, 20% Cabernet Franc)
Cabreo - Il Borgo 2001 (70% Sangiovese, 30% Cabernet Sauvignon)
La Fuga - Brunello di Montalcino 2000 (Sangiovese Grosso)
La Casa - Brunello di Montalcino 2000 (Sangiovese Grosso)

quinta-feira, 26 de abril de 2007

No meu copo 109 - Quinta de São Francisco 2004

Em tempos havia vinhos conhecidos por aqui. Lembro-me dum bom branco da Casa das Gaeiras, que entretanto ficou meio esquecida e parece agora estar a querer renascer. A vulgarização dos vinhos da Estremadura há pouco mais de uma década criou uma imagem de falta de qualidade na região que só nos últimos anos, depois da instituição das Denominações de Origem Controlada, tem sido alterada, a começar por outras zonas, como Alenquer, e outros produtores, como a Quinta do Monte d’Oiro e a Quinta de Pancas, a resgatarem um prestígio que, na realidade, andou sempre muito por baixo, quando a Estremadura tinha talvez os piores vinhos do país. Agora têm aparecido outros produtores da região a ganhar algum protagonismo, entre os quais este, a Cooperativa Agrícola do Sanguinhal, com sede no Bombarral, que produz este vinho DOC Óbidos.
Há alguns meses tivemos oportunidade de fazer uma primeira abordagem a um vinho deste produtor, o Quinta do Sanguinhal de 98, que agradou bastante. Agora temos o Quinta de São Francisco de 2004, um vinho bastante mais jovem e frutado mas igualmente satisfatório. Tem uma boa cor rubi e alguma predominância de frutos vermelhos, sendo suave na prova mas com corpo e estrutura suficientes para fazer um bom fim de boca. Um vinho feito para agradar.

Kroniketas, enófilo esclarecido

Vinho: Quinta de São Francisco 2004 (T)
Região: Estremadura (Óbidos)
Produtor: Companhia Agrícola do Sanguinhal
Grau alcoólico: 13%
Castas: Aragonês, Castelão, Touriga Nacional

Preço em feira de vinhos: 4,85 €
Nota (0 a 10): 7


PS: prova de um Quinta de São Francisco 2000 no Saca a rolha

quarta-feira, 25 de abril de 2007

Ontem, hoje e sempre



As Krónikas Tugas e as Krónikas Vinícolas desejam a todos os seus clientes e amigos um bom dia da liberdade. Gozem bem este bem inestimável.

Parafraseando João Gil (ex-Trovante, ex-Ala dos Namorados), o 25 de Abril tem a idade de Cristo; morreu mas vai ressuscitar.

Idálio Saroto, provedor do blog

segunda-feira, 23 de abril de 2007

No meu copo 108 - Quinta de Pancas, Cabernet Sauvignon 2000

Este é um dos vinhos que procuramos ter sempre nas nossas garrafeiras. Tanto assim é que até o tive demais, como se prova por esta abertura tardia de uma garrafa da colheita de 2000.
Foi um vinho degustado em duas etapas: no dia em que o abri não se bebeu mais de ¼ da garrafa, da segunda vez acabou-se, uma semana depois. Mantive-o durante esse tempo com uma rolha de vácuo e o que posso dizer é que essa semana fez muito bem ao vinho.
Na abertura mostrou-se com algum “pico”, como que a dizer que se estava a ir embora, e havia um fundo de sabores espúrios, identificáveis com um vinho já decadente. Uma semana depois estava completamente transfigurado. Claro que a cor era a mesma, um grená profundo, ainda não castanho, mas quase lá, e bem opaco. Os aromas eram complexos embora discretos, terciários, e na boca já não mostrou nada do tal pico – estava com um sabor aberto, agradável, couro e sabores maduros, que já não me atrevo a chamar fruta. Fim de boca longo e agradável, com o couro e algum fumo a dominarem.
Ou seja, mais uma vez tive uma boa surpresa com um vinho que abri quase em estado de urgência. Enquanto for assim, estamos bem.

tuguinho, enófilo esforçado

Vinho: Quinta de Pancas, Cabernet Sauvignon 2000 (T)
Região: Estremadura (Alenquer)
Produtor: Quinta de Pancas
Grau alcoólico: 13,5%
Casta: Cabernet Sauvignon

Preço em feira de vinhos: 6,88 €
Nota (0 a 10): 7,5

sexta-feira, 20 de abril de 2007

Prova de vinhos italianos

Decorre hoje e amanhã, no Club del Gourmet do El Corte Inglés de Lisboa, uma degustação de vinhos italianos, apresentados por Vítor Siborro, da Semidivinus.
A apresentação e degustação dos vinhos terá lugar entre as 15 e as 20 horas.

Kroniketas, enófilo esclarecido

No meu copo 107 - Quinta da Alorna 2004


No meio de tantos vinhos de gama baixa que não passam da vulgaridade que temos apreciado nas últimas semanas, encontrámos outro no Ribatejo que se destaca da mediana: o Quinta da Alorna 2004. Não é Reserva, não é Colheita Seleccionada, não é monocasta, é simplesmente o Alorna. E é bom.

Tem outro aroma logo na prova, outra estrutura na boca, outra complexidade, outro final, com um leve toque a especiarias e ligeiro frutado, com taninos redondos mas presentes, a pedir uma carne mais bem temperada ou mesmo um prato de caça.

Não sendo excepcional nem deixando de ser um vinho da mesma gama dos anteriores, neste a matéria-prima parece ter sido mais bem tratada, o que confirma a razão pela qual muitas vezes temos preferências pelos vinhos de certas casas. São aquelas em que mesmo os vinhos menos bons... são sempre bons. É o caso desta Quinta da Alorna com esta entrada de gama que não envergonha ninguém.

Kroniketas, enófilo esclarecido


Vinho: Quinta da Alorna 2004
Região: Ribatejo (Almeirim)
Produtor: Quinta da Alorna Vinhos
Grau alcoólico: 13,5%
Castas: Tinta Roriz, Syrah, Castelão, Alicante Bouschet

Preço em feira de vinhos: 2,68 €
Nota (0 a 10): 7

terça-feira, 17 de abril de 2007

No meu copo, na minha mesa 106 - Casal da Coelheira Reserva 2003; Chico Elias (Tomar)



Este é um daqueles restaurantes que aparecem em todos os roteiros gastronómicos, tendo granjeado tal fama que só se consegue lá ir marcando mesa com antecedência. Fica situado no lugar de Algarvias, na periferia de Tomar.
Fui lá almoçar num domingo e cheguei cedo, quando o restaurante ainda estava vazio. Existe uma primeira sala que dá acesso à sala maior, decorada com alguns motivos alusivos ao Ribatejo. Uma das principais referências da ementa é o coelho na abóbora e foi esse o prato previamente encomendado. O dito animal vem cozinhado dentro duma abóbora, cujo tamanho varia com o tamanho da dose, sendo acompanhado por batatas e grelos cozidos. Para quatro adultos e duas crianças calhou-nos uma abóbora… enorme, donde sobrou quase metade.
O coelho vem cozido num molho muito espesso que só é entrecortado pelos legumes do acompanhamento. Come-se, come-se, e aquilo nunca mais acaba. Convém não esquecer que antes do prato propriamente dito, vêm para a mesa uma série de entradas que desde logo enchem metade do estômago se formos atrás do engodo: feijoada de caracóis (picante), morcela de arroz e petingas no forno.
Quando finalmente somos derrotados pela quantidade de comida, abre-se outro leque de escolhas para a sobremesa, onde acabámos por cair no tradicional leite-creme.
E depois deste fartanço, perguntam vocês, qual é o balanço? Pois digo que todos esperávamos... não mais, mas melhor. Tudo em grande quantidade, mas a qualidade não é nada de extraordinário que justifique tanta fama. Estaremos perante um daqueles casos em que se adormece à sombra da fama adquirida, ou será que a fama é mais artificial do que merecida? Já me aconteceram outros casos de grandes famas não corresponderem à realidade encontrada, como foi o caso do Ramalhão, em Montemor-o-Velho. Enfim, vale a pena a experiência, mas fica aquém da expectativa criada por tanta publicidade. O Expresso, por exemplo, deu-lhe “garfo de ouro” em 2004, 2005 e 2006. Vale a pena ir ao site do jornal e ver os comentários dos leitores na secção “Boa cama, boa mesa”.
Quanto ao vinho, as opções não eram muito variadas, e mais uma vez houve alguma dificuldade para encontrar um vinho da região (Ribatejo) de qualidade, como já tinha acontecido no Almourol. Para não cairmos sempre nos alentejanos, escolhemos um tinto Casal da Coelheira Reserva de 2003. Diga-se que não passa da mediania. É um vinho medianamente encorpado, não muito robusto e não muito aromático. Está longe de outros como os Fiúza, os Casa Cadaval ou o Falcoaria, por exemplo, e também não parece querer ir muito mais além.

Kroniketas, enófilo esclarecido

Restaurante: Chico Elias
Rua Principal, 70 - Algarvias
2300-302 Tomar
Telef: 249.311.067
Preço médio por refeição: 30 €
Nota (0 a 5): 3,5

Vinho: Casal da Coelheira Reserva 2003 (T)
Região: Ribatejo
Produtor: Centro Agrícola de Tramagal
Grau alcoólico: 13,5%
Castas: Touriga Nacional, Cabernet Sauvigon, Alicante Bouschet
Preço no restaurante: 10 €
Nota (0 a 10): 5,5

sábado, 14 de abril de 2007

No meu copo 105 - Quinta Sá de Baixo 2003

Outro vinho do Douro da gama média-baixa com um perfil correspondente. Não difere muito do anterior, em estrutura, em aroma, em acidez, em fim de boca.

Mediano de corpo, fácil de beber, pouco exuberante nos aromas, é outro exemplo de vinho do Douro da gama média-baixa que perde claramente para outras regiões.

Kroniketas, enófilo esclarecido

Vinho: Quinta Sá de Baixo 2003 (T)
Região: Douro
Produtor: Dão Sul, Sociedade Vitivinícola - Encostas do Douro
Grau alcoólico: 13%
Castas: Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz, Tinta Barroca
Preço em feira de vinhos: 2,88 €
Nota (0 a 10): 6

quinta-feira, 12 de abril de 2007

No meu copo 104 - Lavradores de Feitoria 2003

Já tínhamos provado um branco desta casa, no restaurante “O Orelhas”, que não agradou de todo. Agora provámos um tinto bem mais simpático. Relativamente leve, aberto, macio. Frutado e com alguma frescura resultante de uma certa juventude ainda presente.


De grau alcoólico moderado e com taninos macios, elegante na boca mas com um final curto. Mais um vinho a preço razoável aparentemente sem grandes pretensões. Bebe-se com facilidade, embora sem encantar. Pelo mesmo preço há dezenas de outros mais apelativos.

Kroniketas, enófilo esclarecido

Vinho: Lavradores de Feitoria 2003 (T)
Região: Douro
Produtor: Lavradores de Feitoria
Grau alcoólico: 13%
Castas: Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz, Tinta Barroca
Preço em feira de vinhos: 3,59 €
Nota (0 a 10): 6

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Brevemente nas Krónikas Vinícolas


Krónikas duma viagem a Paris

Kroniketas, enófilo viajante

segunda-feira, 9 de abril de 2007

No meu copo 103 - Catarina 2005

Um dos vinhos brancos mais conceituados da península de Setúbal tem este nome singelo, simplesmente Catarina, em homenagem a D. Catarina de Bragança.
Produzido na Quinta da Bacalhôa com as castas Fernão Pires e Chardonnay e fermentado parcialmente em barricas de carvalho, apresenta aquela acidez tão típica do Chardonnay combinada com a madeira que nos vinhos portugueses os torna por vezes um pouco difíceis de beber, perdendo um pouco a elegância.
Já aqui apreciei vários exemplares de Chardonnay portugueses e franceses e tenho sempre esta dificuldade com os Chardonnay portugueses. Em conversa com o tuguinho, comentava ele “tu e o Chardonnay…”. De facto, ainda não encontrei nenhum que me agradasse plenamente. Neste caso, a combinação com o Fernão Pires torna-o mais frutado e macio, mantendo-se uma boa estrutura na boca e um final prolongado.
Pelo que fica dito, não é dos meus brancos de eleição mas pode ser uma boa aposta com pratos de peixe algo complexos, entradas, patés, não tanto com comidas leves. No entanto, o preço justifica a compra.

Kroniketas, enófilo esclarecido


Vinho: Catarina 2005 (B)
Região: Terras do Sado
Produtor: Bacalhôa Vinhos
Grau alcoólico: 13,5%
Castas: Fernão Pires, Chardonnay

Preço em feira de vinhos: 3,18 €
Nota (0 a 10): 7

sexta-feira, 6 de abril de 2007

No meu copo 102 - Serras de Azeitão 2005


Foi este o vinho bebido na refeição descrita no post anterior. Produzido pela Bacalhôa Vinhos, é um vinho aberto, macio, com pouco corpo e ainda com muita juventude que lhe dá alguma frescura na prova, adequado para refeições mais simples. Com pratos de confecção complexa perde-se no meio de tantos sabores porque não tem estrutura nem aromas que possam enfrentar a riqueza daqueles pratos.

Sendo barato, posiciona-se no fundo da gama de vinhos da Bacalhôa. É um vinho simples e honesto, uma aposta para o dia-a-dia, sem pretensões a grandes voos e nesse patamar bebe-se bem, tanto assim que o incluímos nas nossas sugestões.

Bom para uns grelhados ao ar livre em tarde de sol, é o que o perfil deste vinho me traz à ideia. Provavelmente num dia de verão e ligeiramente refrescado.

Kroniketas, enófilo esclarecido

Vinho: Serras de Azeitão 2005 (T)
Região: Terras do Sado
Produtor: Bacalhôa Vinhos
Grau alcoólico: 13,5%
Castas: Touriga Nacional, Aragonês, Syrah, Merlot

Preço em feira de vinhos: 2,35 €
Nota (0 a 10): 6

terça-feira, 3 de abril de 2007

Na minha mesa 101 - Cozinha Velha (Palácio de Queluz)




Iniciamos a segunda centena de provas das Krónikas Vinícolas com uma visita ao restaurante da pousada adjacente ao Palácio de Queluz. Chama-se Cozinha Velha e proporcionou-nos uma refeição quase sublime em dia de aniversário.
Quem não souber da existência daquele restaurante, passa ao pé do palácio e não fica a saber, porque nada o indica e a entrada não se vê de longe. Só entrando no parque do palácio é que se vê uma porta com uma ementa.
Ao entrarmos deparamos com uma sala enorme, sumptuosa, bem ao estilo dum local para reis e presidentes. Uma decoração que não consigo descrever e da qual espero que a foto dê uma pequena ideia. Somos atendidos por empregados trajados a rigor, não se ouve um ruído na sala, toda a gente fala quase em surdina.
A mesa também está decorada, com velas e flores. Antes da ementa vêm dois empregados com cestos de pão variado perguntar-nos qual é que queremos e servem-no num pires à parte.
A ementa é de cortar o fôlego. Tanto os pratos como os preços, mas quase salivamos só de ler e ficamos ali a ler aquilo vezes sem conta até nos conseguirmos decidir. Finalmente pedimos duas doses de “cabritinho de leite frito em banha de porco, sobre telha de massa folhada, mousse de grelos e broa de milho”, uma “codorniz desossada e recheada com alheira de Mirandela, sobre puré de batata trufado” e um “lombinho de porco ibérico com migas de espargos e poejos e molho de Bulhão Pato”. Uff!
Comecei com o cabrito (na foto) mas uma inesperada aparição de cogumelos no molho da codorniz obrigou a uma troca de pratos, ficando eu a deliciar-me com o prato da ave. O cabrito era bom mas relativamente vulgar, mas a codorniz estava espectacular. Aquela combinação de acompanhamentos é fantástica e ainda fui buscar mais uns bocados da magnífica mousse de grelos ao prato do cabrito.
Nas sobremesas não foi preciso escolher. Fomos à mesa central e servimo-nos no buffet de sobremesas, onde constavam frutas, doces e queijos e onde ainda estava disponível um “decanter” com Vinho do Porto Tawny a 4,5 € o copo.
O vinho? Uma escolha menos feliz para a refeição em causa. A ideia era experimentar o vinho velho da casa mas este já não existe, tendo sido substituído pelo Serras de Azeitão. Sem ver a carta mandámos vir esse, que sendo bebível ficou muito aquém da categoria da refeição que merecia um vinho com outro nível. Fica para outra ocasião.

Kroniketas, enófilo esclarecido

Restaurante: Cozinha Velha
Pousada D. Maria I, Largo do Palácio de Queluz
2745-191 Queluz
Telef: 21.435.661.58
Preço médio por refeição: 40 a 50 €
Nota (0 a 5): 5