terça-feira, 31 de outubro de 2006

É já no sábado

Decorre no próximo fim-de-semana (4 e 5 de Novembro) mais uma edição do “Encontro com o vinho” e “Encontro com os sabores”, no Centro de Congresso de Lisboa, na antiga FIL na Junqueira, organizada pela Revista de Vinhos.
Os blogs nossos congéneres têm divulgado largamente o evento, com a descrição exaustivas das provas especiais disponíveis. Nós ficamos pela sugestão: vão lá e provem os melhores vinhos do país, que estão à nossa disposição.

Kroniketas, enófilo esclarecido

domingo, 29 de outubro de 2006

Encontro báquico


Uma versão ligeiramente desfalcada do Grupo Gastrónomo-Etilista “Os comensais dionisíacos” reuniu à mesa este sábado, após sofrer com as incidências do Porto-Benfica. Mas no fim afogámos as mágoas com uns tintos escolhidos após acesos duelos para decidir o que é que se havia de beber. Perante a variedade da oferta, foi difícil chegar a acordo, mas no fim todos ficámos a ganhar, apesar de o Benfica ter perdido.
A reportagem nas Krónikas Vinícolas um destes dias, porque agora é demasiado tarde e estamos um pouco atordoados com os néctares de Baco.

tuguinho e Kroniketas, os diletantes preguiçosos

sábado, 28 de outubro de 2006

No meu copo 63 - Quinta de Cabriz, Experiência VL-1 1999



Odeio pargo! Convém especificar que é apenas quando cozido, porque adoro um bom pargo legítimo assado no forno! E foi precisamente esse o prato que acompanhou o vinho de que aqui vou falar. Bem assadinho, coberto de cebola às rodelas e com batatinhas aos cubos bem embebidas no molho que, como não podia deixar de ser, também leva vinho.
Esta experiência da Quinta do Cabriz foi uma espécie de vinho em sentido contrário ao que se devia fazer. Como diz no contra-rótulo: “Em vez de mosto de gota usámos mosto de prensa; em vez de corrigir a acidez optámos por manter o desequilíbrio dos ácidos; em vez de fermentar abaixo de 20°, fermentou bem acima; em vez de 3 meses de madeira, teve exactamente um ano! É um vinho difícil, mas estimula-nos os sentidos.” - Virgílio Loureiro, o seu criador, dixit!*
Esta garrafa foi-me oferecida pelo Continente (Obrigado Doutor Belmiro! E ainda dizem que é forreta, veja lá!), no âmbito do seu Clube de Vinhos, já nos idos de 2002. A cor era dourada, a denunciar o prolongado contacto com a madeira. O aroma era discreto e não muito atractivo, mas sem odores estranhos, bastante limpo.
Na boca revelou-se excelente, com os 13 graus de álcool discretos e elegantemente casados com a madeira, também ela nada impositiva. Um fim de boca que muitos tintos não possuem concluiu as manifestações deste bom vinho nos meus sentidos.
É actuando assim que se evita que todos os vinhos fiquem iguais. Podem não se conquistar os clientes que procuram sempre o mesmo, mas de certeza que se vão ganhar outros que se tornarão fiéis.
A moda por vezes pode ser uma ditadura. E as ditaduras têm de ser contrariadas. Quase sempre dá bons resultados.

tuguinho, enófilo esforçado

Vinho: Quinta do Cabriz Experiência VL-1 1999 (B)
Região: Dão
Produtor: Dão Sul, Sociedade Vitivinícola - Quinta de Cabriz
Grau alcoólico: 13%
Preço: não foi comercializado
Nota (0 a 10): 7


* Virgílio Loureiro é um dos enólogos mais reputados do país. Professor no ISA, doutorado em Microbiologia Alimentar e especialista em Análise Sensorial, tem uma paixão pelo Dão, donde é originário, e pelos vinhos brancos, de que resulta esta experiência que baptizou com as suas iniciais. Colabora no Clube de Vinhos do Continente e na selecção dos vinhos para a Feira de Vinhos.

quinta-feira, 26 de outubro de 2006

Novas referências

As Krónikas Vinícolas sofreram uma pequena remodelação a nível dos “links”. Tratando-se de um blog temático, achámos que não se justificava manter as ligações para os mesmos blogs que existem no blog mãe (ou pai), as Krónikas Tugas.
Assim, optámos por substituir os antigos “links” por novos “links” para outros blogs dedicados ao mesmo tema (vinhos e comidas), mantendo-se os “links” para os blogs generalistas nas Krónikas Tugas.
Também foram acrescentados alguns “links” para produtores de vinhos de referência, dentro dos que mais apreciamos, ou espaços de degustação de vinhos.

Saudações báquicas.

Idálio Saroto, provedor do blog

sábado, 21 de outubro de 2006

Actualização de sugestões e preços

Depois de exaustivamente percorridas as feiras de vinhos e recolhidos os preços, actualizámos a nossa lista de sugestões, que agora mudou de data. Retirámos alguns por não se encontrarem à venda há muito tempo, noutros casos optámos por manter porque ainda se poderão encontrar algures por aí. Acrescentámos mais alguns que achamos que valem a pena. No total temos 112 vinhos, dos quais 12 brancos, 8 verdes e 3 rosé. O resto, obviamente, é tinto.

Por regiões temos:
- 39 do Alentejo
- 13 da Bairrada
- 3 de Bucelas
- 14 do Dão
- 15 do Douro
- 4 da Estremadura
- 6 do Ribatejo
- 8 de Terras do Sado
- 2 de Trás-os-Montes
- 8 dos Vinhos Verdes

Os preços referem-se, sempre que possível, aos preços encontrados nas feiras de vinhos deste ano, embora nalguns casos sejam do ano passado. Aqueles que não têm aparecido nas feiras mantêm o último preço encontrado. Em qualquer dos casos, usamos sempre como referência o preço mais barato encontrado para cada vinho, para dar uma ideia de quanto pode custar. Obviamente que fora das feiras de vinhos os preços disparam imediatamente, nalguns casos para o dobro (há vinhos que passam de 8 € para 16 €, por exemplo). Por isso é que é importante aproveitar os preços de feira para comprar a preços de ocasião que não se encontram no resto do ano, a não ser excepcionalmente em algumas promoções (este ano conseguimos comprar no Jumbo, em fim de stock, 5 garrafas de Herdade do Peso, Alfrocheiro, de 2000, a 7,99 €, quando o seu preço em feira de vinhos era de 13,89 €. Agora está a 16,90 €).

Kroniketas, enófilo organizado

As nossas escolhas

Preços de Feira de Vinhos (referenciados a 2006)


Verde - Acima da Média
Azul - Os Melhores dos Melhores
Laranja - Sublime

Região - Marca - Melhor Preço - (Local) - Preço na Makro

Espumantes

Távora-Varosa - Murganheira Reserva Bruto - 8,94 € (Jumbo)
Vinho Verde - Torre de Menagem Reserva Bruto

Rosés

Alentejo - Vinha da Defesa - 4,58 € (Feira Nova) - 4,65 €
Estremadura - Quinta do Monte d'Oiro Clarete - 7,99 € (Jumbo)
Trás-os-Montes - Mateus - 3,09 € (Jumbo/Feira Nova) - 2,70 €

Verdes

Vinho Verde - Deu-La-Deu, Alvarinho - 5,18 € (Jumbo) - 5,06 €
Vinho Verde - Ponte de Lima, Loureiro - 2,78 € (Jumbo) - 2,52 €
Vinho Verde - Morgadio da Torre, Alvarinho - 7,98 €

Vinho Verde - Muralhas de Monção - 2,99 € (Jumbo) - 3,01 €
Vinho Verde - Ponte da Barca, Colheita Seleccionada - 2,83 €
Vinho Verde - Quinta da Aveleda - 3,23 € (Jumbo) - 3,35 €
Vinho Verde - Quinta de Azevedo - 2,97 € (Jumbo) - 3,57 €
Vinho Verde - Solar das Bouças - 3,58 € (Continente/Jumbo/Feira Nova) - 3,91 €


Brancos

Bucelas - Bucellas Caves Velhas - 3,25 € (Jumbo) - 3,68 €
Bucelas - Prova Régia - 2,89 € (Jumbo) - 2,79 €
Bucelas - Quinta da Murta - 3,25 €
Dão - Casa de Santar - 3,29 € (Jumbo)

Douro - Planalto - 3,85 € (Corte Inglês) - 3,68 €
Douro - Porca de Murça Reserva - 3,58 € (Feira Nova)
Douro - Sogrape Reserva - 5,23 € (Continente)
Estremadura - Grand'arte, Alvarinho e Chardonnay - 5,61 €
Estremadura - Quinta de Pancas, Chardonnay e Arinto - 5,61 €

Terras do Sado - Adega de Pegões, Colheita Seleccionada - 2,87 € (Jumbo) - 3,64 €
Terras do Sado - B. S. E. - 3,29 € (Continente/Jumbo/Feira Nova) - 3,08 €
Terras do Sado - Catarina - 3,18 € (Jumbo) - 3,53 €

Terras do Sado - João Pires - 4,48 € (Jumbo) - 4,65 €

Tintos

Até 5 Euros

Alentejo - Alabastro - 3,13 € (Jumbo) - 3,57 €
Alentejo - Alandra - 1,72 € (Feira Nova) - 1,78 €
Alentejo - Anta da Serra - 2,79 € (Feira Nova) - 2,45 €
Alentejo - Borba - 2,38 € (Continente/Feira Nova) - 2,39 €
Alentejo - Carmim, Aragonês - 4,15 € (Jumbo) - 5,03 €
Alentejo - Carmim, Trincadeira - 3,88 € (Jumbo) - 5,03 €
Alentejo - Encostas de Estremoz, Touriga Nacional - 4,65 € (Corte Inglês) - 9,52 €
Alentejo - Encostas do Enxoé - 4,69 € (Jumbo) - 4,69 €
Alentejo - Lóios - 2,69 € (Jumbo) - 3,23 €

Alentejo - Marquês de Borba - 4,98 € (Jumbo/Continente) - 4,97 €
Alentejo - Monsaraz - 1,98 € (Jumbo) - 2,00 €
Alentejo - Montado - 2,65 € (Corte Inglês
) - 2,63 €
Alentejo - Monte das Servas - 4,48 € (Continente)
Alentejo - Monte Velho - 3,36 € (Jumbo) - 3,57 €
Alentejo - Reguengos - 1,59 € (Jumbo/Feira Nova) - 1,67 €
Alentejo - Reguengos Reserva - 3,78 € (Jumbo) - 4,02 €
Alentejo - Tinto da Talha - 2,59 € (Jumbo) - 2,56 €
Alentejo - Vale Barqueiros - 3,48 € (Feira Nova)

Bairrada - Aliança Clássico - 2,77 € (Jumbo) - 3,16 €
Bairrada - Conde de Cantanhede Reserva - 3,13 €
Bairrada - Frei João - 1,89 € (Continente) - 2,51 €
Bairrada - Luís Pato - 4,45 € (Continente) - 4,42 €
Bairrada - Marquês de Marialva Reserva, Baga - 4,29 € (Feira Nova) - 3,53 €
Bairrada - Messias - 2,65 € (Corte Inglês)
Bairrada - Primavera Reserva - 3,15 € (Corte Inglês)
Bairrada - Quinta do Poço do Lobo - 3,95 € (Corte Inglês)

Bairrada - Sidónio de Sousa - 4,98 € (Feira Nova)
Dão - Aliança Clássico Garrafeira - 4,31 €
Dão - Casa de Santar - 3,58 € (Jumbo) - 3,57 €
Dão - Caves Velhas - 1,89 € (Jumbo) - 2,74 €
Dão - Meia Encosta - 2,20 € (Jumbo) - 2,79 €
Dão - Milénio, Touriga Nacional e Aragonês - 2,99 € (Continente)

Dão - Quinta de Cabriz, Colheita Seleccionada - 2,59 € (Corte Inglês) - 2,73 €
Dão - Quinta de Saes - 3,48 € (Feira Nova)
Douro - Cheda - 2,97 € (Jumbo) - 4,02 €

Douro - Evel - 2,89 € (Continente/Feira Nova) - 3,12 €
Douro - Messias - 4,98 € (Jumbo)
Douro - Quinta dos Aciprestes - 4,98 € (Corte Inglês/Feira Nova) - 6,05 €

Douro - Vila Régia - 2,79 € (Continente) - 2,73 €
Ribatejo - Dom Hermano - 3,25 €
Ribatejo - Padre Pedro - 2,99 € (Jumbo) - 3,80 €

Ribatejo - Serradayres Reserva - 2,68 € (Feira Nova) - 3,58 €
Terras do Sado - J. P. - 1,79 € (Jumbo/Feira Nova) - 1,67 €
Terras do Sado - Periquita - 3,29 € (Jumbo) - 3,25 €
Terras do Sado - Serras de Azeitão - 2,35 € (Jumbo) - 2,11 €


Entre 5 e 10 Euros

Alentejo - Borba Reserva, Rótulo de Cortiça - 6,89 € (Feira Nova) - 7,72 €
Alentejo - Carmim, Bastardo - 6,79 €
Alentejo - Carmim, Cabernet Sauvignon - 6,79 €
Alentejo - Convento da Tomina - 5,39 € (Jumbo) - 6,71 €

Alentejo - João Portugal Ramos, Aragonês - 9,38 € (Jumbo) - 9,24 €
Alentejo - João Portugal Ramos, Trincadeira - 8,89 € (Jumbo/Continente) - 9,62 €
Alentejo - José de Sousa - 6,15 € (Jumbo) - 6,04 €
Alentejo - Reguengos Garrafeira dos Sócios - 7,79 € (Jumbo) - 8,95 €

Alentejo - Roquevale (Rótulo Preto) - 6,78 € - - 5,21 €
Alentejo - Sogrape Reserva - 9,89 € (Feira Nova)
Alentejo - Tinto da Talha, Grande Escolha - 6,68 € (Jumbo) - 6,61 €

Alentejo - Vinha da Defesa - 6,28 € (Feira Nova) - 6,33 €
Bairrada - Aliança Garrafeira - 7,47 €
Bairrada - Caves São João Reserva - 7,97 €
Bairrada - Dom Teodósio Garrafeira - 7,97 €
Bairrada - Messias Garrafeira - 6,32 €
Dão - Aliança Particular - 5,16 €
Dão - Álvaro Castro - 6,85 € (Continente)

Dão - Casa de Santar Reserva - 8,27 € (Jumbo) - 9,24 €
Dão - Caves Velhas Juta - 6,18 € (Jumbo) - 6,15 €

Dão - Messias Garrafeira - 6,96 €
Dão - Pipas Reserva - 7,95 € (Corte Inglês) - 8,12 €
Dão - Quinta das Maias - 5,45 € (Corte Inglês) - 5,59 €

Dão - Sogrape Reserva - 9,89 € (Jumbo) - 8,95 €
Douro - Duas Quintas - 6,48 € (Feira Nova) - 7,39 €
Douro - Porca de Murça Reserva - 5,48 € (Jumbo)
Douro - Sogrape Reserva - 8,98 € (Feira Nova) - 10,07 €
Douro - Vinha Grande - 8,58 € (Jumbo) - 9,51€
Estremadura - Quinta de Pancas, Cabernet Sauvignon - 6,88 € (Jumbo) - 6,44 €
Ribatejo - Casa Cadaval, Pinot Noir - 7,50 € (Feira Nova) - 10,92 €
Ribatejo - Fiúza, Cabernet Sauvignon - 6,99 € (Feira Nova)
Ribatejo - Fiúza, Merlot - 7,95 € (Feira Nova)

Terras do Sado - Adega de Pegões, Colheita Seleccionada - 6,25 € (Jumbo) - 7,38 €
Terras do Sado - Pinheiro da Cruz - - 6,44 €
Trás-os-Montes - Bons Ares - 9,85 € (Corte Inglês) - 9,80 €

Entre 10 e 15 Euros

Alentejo - Aragonês (Esporão) - 10,47 € (Jumbo) - 12,54 €
Alentejo - Esporão Reserva - 12,38 € (Jumbo) - 12,87 €
Alentejo - Quatro Castas (Esporão) - 12,90 € (Jumbo) - 12,54 €
Alentejo - Quinta da Terrugem - 11,48 € (Jumbo) - 14,55 €
Alentejo - Touriga Nacional (Esporão) - 12,90 € (Continente) - 12,54 €
Alentejo - Trincadeira (Esporão) - 10,95 € (Jumbo) - 12,54 €
Alentejo - Vila Santa - 10,98 € (Jumbo) - 12,87 €
Douro - Callabriga - 12,79 € (Jumbo) - 13,99 €
Douro - Confradeiro - 13,96 €

Acima de 15 Euros

Alentejo - Herdade do Peso, Alfrocheiro - 16,90 € (Jumbo)
Douro - Quinta da Leda - 21,50 € (Jumbo) - 20,71 €

tuguinho e Kroniketas, enófilos e tudo

quarta-feira, 18 de outubro de 2006

Feiras de vinhos (4) - Makro

Começa hoje, dia 18, e vai até 14 de Novembro. E as Krónikas Vinícolas, obviamente, estão em cima do acontecimento.

Kroniketas, enófilo atento

Na minha mesa 62 - Falésia (Praia da Rocha)


As férias já acabaram há algum tempo, o Verão também, mas ainda não se esgotaram os ecos de algumas incursões gastronómicas por terras algarvias. Uma das mais marcantes foi uma estreia absoluta. Um restaurante situado mesmo na falésia por cima da Praia da Rocha, muito apropriadamente chamado Falésia. Há anos que o conhecia por fora, agora fiquei a conhecê-lo por dentro.
Situado na avenida marginal, na zona dos bares e restaurantes, para entrar sobem-se umas escadas a partir da rua, que vão desembocar num terraço com vista directamente sobre a praia, em toda a sua extensão. Como paisagem, não se pode querer melhor. Esta espécie de varanda tem uma zona coberta e outra descoberta, e como o tempo convidava ficámos cá fora, em vez de ir para a sala, e optámos pela zona descoberta. Jantámos ao relento sobre a praia.
O atendimento é simpático e a ementa é extensa e variada. Dá para todos os gostos. Depois de muitas hesitações pediu-se um bife da vazia com molho Diana e um arroz de tamboril para dois.
O bife correspondeu às explicações pedidas, com carne tenra e um molho suculento, embora a pessoa que o comeu tenha incorrido naquele pecado habitual, que torna a carne de vaca quase incomestível, que é pedir o bife muito bem passado. Fica como sola, mas enfim, quem prefere assim acaba por estragar o melhor da carne mas fica com a vontade feita.
No meu caso partilhei o arroz de tamboril com outro comparsa, e só vos digo: foi o melhor arroz de tamboril que já comi na minha vida. Um tempero irrepreensível, delicioso como é difícil descrever, no ponto de cozedura correcto, com muito caldo como convém. E estava tão bem feito que, quando fomos para a segunda volta, mesmo estando tapado no tacho, o restante arroz não secou nem amoleceu. Pode-se dizer, portanto, que foi feito com mão de mestre.
Nos finais os comensais pediram um Shandy, uma daquelas variantes de gelado com bolo e chocolate derretido por cima, que também colheu o agrado dos presentes, e duas mousses de chocolate que não comprometeram, embora sem também encantar.
De realçar que o serviço às mesas, embora tenha sido algo demorado devido à feitura do arroz, se mostrou eficiente, com realce para o facto de os pratos serem trazidos para a mesa num carrinho com as travessas, onde depois são servidos quando é caso disso. A maioria dos empregados é ainda jovem e parece ter alguma formação no ramo, o que será sempre um sinal positivo (já tinha ficado com a mesma impressão no restaurante Lusitano, de que aqui dei conta há uns meses).
Para acompanhar o repasto bebeu-se um João Pires (pago ao triplo do preço normal, como é habitual), que calhou lindamente com o arroz de tamboril, e cuja apreciação já fizemos em devida altura. Sem dúvida um valor sempre seguro e referência obrigatória das Krónikas Vinícolas.
Os preços no Falésia podem ser um pouco dissuasores à partida, mas depois de comer uma refeição destas dá-se o dinheiro por muito bem empregue. Paga-se bem mas come-se melhor. Pelo menos, para estreia tivemos sorte. Vai ser visita a repetir, e aquele arroz de tamboril... Divino!

Kroniketas, enófilo esclarecido

Restaurante: Falésia
Avenida Tomás Cabreira, Edifício Falésia, loja 12
Praia da Rocha
8500-802 Portimão
Telef: 282.412.917
Preço médio por refeição: 25 €
Nota (0 a 5): 5

sábado, 14 de outubro de 2006

No meu copo 61 - Dão Grão Vasco 2003

Devo dizer que este vinho nunca me agradou. Toda a regra tem excepção e, neste caso, acho que é a excepção à qualidade aqui abundantemente elogiada dos vinhos da Sogrape.

Há uns meses tive a oportunidade de experimentar o novo Grão Vasco do Alentejo, que não deslustrou, mas este clássico do Dão, definitivamente, não me consegue convencer. Recentemente bebido em restaurante, continua a pecar pelo mesmo que sempre lhe achei, ou seja, um vinho com alguma falta de aroma, um pouco “chato”, daqueles vinhos com sabor quase neutro.

Posiciona-se na gama média/baixa, é um daqueles vinhos de “combate”, para o dia-a-dia, mas tanto a Sogrape tem vinhos melhores na gama como no Dão há vinhos muito melhores para o mesmo nível de preços. Por exemplo, o Quinta de Cabriz Colheita Seleccionada, que custa mais ou menos o mesmo e é bem melhor.

Definitivamente, acho que é das apostas menos conseguidas da Sogrape.

Kroniketas, enófilo esclarecido

Vinho: Grão Vasco 2003 (T)
Região: Dão
Produtor: Sogrape
Grau alcoólico: 12,5%

Castas: Jaen, Alfrocheiro, Tinta Pinheira, Touriga Nacional, Tinta Roriz
Preço em feira de vinhos: 2,78 €
Nota (0 a 10): 5

terça-feira, 10 de outubro de 2006

No meu copo 60 - Porta dos Cavaleiros, Reserva Seleccionada 1975

O jogo da selecção foi o pretexto, porque o objectivo primeiro era mesmo apreciar alguns néctares do senhor Baco. Foi com isto em mente que o núcleo duro dos Comensais Dionisíacos, conjugado com o não menos duro Politikos do blog Polis & Etc., se reuniram à mesa na casa de um dos membros eméritos deste grupo gastrónomo-etilista, para enfrentarem umas costeletas de novilho grelhadas, acolitadas por tiras de entremeada no banco dos suplentes.
Para a parte líquida fora escolhida uma vetusta botelha de litro e meio, uma Magnum, de um vinho do Dão feito à moda antiga, quando os imbecis dos yupies e outros urbanóides da treta ainda não tinham imposto a lei do vinho novinho e frutado para palatos normalizados. Rezava no rótulo que fora produzido pelas Caves São João, se chamava Porta dos Cavaleiros Reserva Seleccionada, e que as uvas donde provinha o dito cujo tinham sido colhidas no já distante Verão de 1975!
Foi com um misto de receio e reverência que se procedeu ao ritual do descasque do lacre, do sacar da rolha (que já não estava nos melhores dos seus dias) e da primeira snifadela ao conteúdo. De dentro da garrafa não saíam odores estranhos, apenas aromas normais num vinho, o que nos deu redobradas esperanças de que dali não sairia vinagre. O vinho foi decantado, mas não totalmente, porque a garrafa era magnum e o decantador não, mas a cor que mostrava era retinta e não a cor de tijolo de possível má evolução.
Deitou-se um pouco em cada um dos quatro copos, foi-se cheirando e, embora não fosse exuberante de aroma (e poderia um vinho de mesa com esta idade sê-lo?), a primeira prova deixou quatro maxilares inferiores (vulgo queixos) derrubados sobre a mesa, feitos cair pelo espanto (ficámos portanto de queixo caído)!
Esperávamos um vinho aceitável, por não mostrar sinais de má saúde, e saiu-nos uma coisa espantosa, com um sabor complexo, um corpo elegante mas com estrutura e uma vivacidade que nos remetia para uma colheita bem mais próxima do que a do Verão quente de 1975. E, como era de esperar, a coisa foi melhorando à medida que o vinho jazia nos copos, desdobrando novos odores e fazendo desaparecer o ligeiríssimo sabor a mofo que ainda mantinha no início (não se espante – se o leitor ficasse fechado durante 31 anos numa garrafa garanto-lhe que cheiraria pior!).
Provavelmente este vinho deve ter sido imbebível nos primeiros cinco anos, mas se assim não fosse duvido que se tivesse chegado a estes resultados – às vezes saber esperar é mesmo uma virtude. Rapidamente o que ainda se encontrava na garrafa foi decantado e bebido com o mesmo prazer. É que surpresas agradáveis como esta não são vulgares, como aliás é apanágio das coisas realmente boas.
Quando finalmente se finou, passámos para um Dão Pipas de 1983, para continuarmos nos vinhos velhos, sabendo de antemão que seria difícil igualar o desempenho do primeiro vinho. E realmente também este estava muito bem, sem problemas de evolução, mas não conseguia atingir a elegância nem a complexidade aromática do Porta dos Cavaleiros de 1975.
Assim em jeito de conclusão, apraz-me dizer que, no caso vertente, concordo inteiramente com o glosado provérbio popular: velhos são os trapos!

tuguinho, enófilo embevecido

Vinho: Porta dos Cavaleiros - Reserva Seleccionada 1975 (T) (garrafa Magnum)
Região: Dão
Produtor: Caves São João
Grau alcoólico: 12%

Preço (no Pingo Doce em 1998): 8995$
Nota (0 a 10): 10

sexta-feira, 6 de outubro de 2006

Feiras de vinhos (3) - Sugestões de compra para 2006

Então cá vai. Depois dum aturado trabalho de compilação e comparação de preços, temos aqui uma extensa lista de vinhos disponíveis nos hipermercados. Claro que a escolha, como sempre, é subjectiva, e só colocamos aqui os vinhos que nos dão garantias e que achamos que merecem o preço que custam. Sejam caros ou baratos, o que importa é a relação preço/qualidade.
Os preços referenciados são os de feira de vinhos. Há outros disponíveis que não estão com preço de feira, mas que podem ser encontrados à venda. Temos dois exemplares assinalados com um asterisco. *
Dum modo geral, os melhores preços são os do Jumbo, que é o que apresenta também maior variedade. A seguir vem o Feira Nova, com bons preços mas menos opções. O Continente, ao contrário do que se poderia esperar, tem menor escolha e perde nos preços. O Corte Inglês, apesar de algumas opções que não há nos outros, é o mais caro dos quatro. Portanto, está tudo dentro das previsões. Para comprar barato o melhor é ir ao Jumbo ou ao Feira Nova.
Claro que em muitos casos as diferenças são de meia-dúzia de cêntimos ou pouco mais, o que poderá não justificar a deslocação a outro lado. No entanto, se pretender ir a mais do que uma feira, estas referências podem servir como bitola para planear o que comprar em cada uma.
Boas compras.

Tuguinho e Kroniketas, enófilos esforçados e esclarecidos


Verdes
Deu-La-Deu, Alvarinho (B) - 5,18 € - Jumbo
Muralhas de Monção (B) - 2,99 € - Jumbo
Quinta de Azevedo (B) - 2,97 € - Jumbo
Solar das Bouças (B) - 3,58 € - Continente e Feira Nova


Douro
Planalto (B) - 3,85 € - Corte inglês
Porca de Murça Reserva (B) - 3,58 € - Feira nova
Quinta de Cidrô, Sauvignon Blanc (B) - 4,85 € - Corte inglês
Callabriga (T) - 12,79 € - Jumbo
Cheda (T) - 2,97 € - Jumbo
Duas Quintas (T) - 6,48 € - Feira nova
Evel (T) - 2,89 € - Continente e Feira Nova
Foral, Grande Escolha (T) - 4,75 € - Corte inglês
Porca de Murça Reserva (T) - 5,48 € - Jumbo
Quinta do Côtto (T) - 7,49 € - Continente
Quinta do Vallado (T) - 5,28 € - Feira nova
Quinta dos Aciprestes (T) - 4,98 € - Corte inglês e Feira nova
Vila Régia (T) - 2,79 € - Continente
Vinha Grande (T) - 8,58 € - Jumbo

Trás-Os-Montes
Bons Ares (B) - 5,45 € - Corte inglês
Bons Ares (T) - 9,85/9,90 € - Corte inglês e Continente
Grantom (T) - 4,75 € - Corte inglês

Dão
Borges, Reserva (T) - 9,75 € - Corte inglês
Borges, Touriga Nacional (T) - 9,75 € - Corte inglês
Casa de Santar (T) - 4,49 € - Continente
Casa de Santar Reserva (T) - 8,27 € - Jumbo
Milénio, Touriga Nacional e Aragonês (T) - 2,99 € - Continente
Pipas (T) - 7,95 € - Corte inglês
Quinta das Maias (T) - 5,45 € - Corte inglês
Quinta de Cabriz, Colheita Seleccionada (T) - 2,59 € - Corte inglês
Quinta de Cabriz Reserva (T) - 6,98 € - Jumbo e Feira Nova
Quinta dos Carvalhais (T) - 7,68 € - Jumbo
Sogrape Reserva - 9,89 € - Jumbo *


Bairrada/Beiras
Aliança Clássico (T) - 2,77 € - Jumbo
Frei João (T) - 1,89 € - Continente
Luís Pato (T) - 4,45 € - Continente
Marquês de Marialva Reserva, Baga (T) - 4,29 € - Feira nova
Quinta das Bágeiras (T) - 4,35 € - Corte inglês
Quinta de Foz de Arouce (T) - 9,95 € - Corte inglês
Quinta do Poço do Lobo, Cabernet Sauvignon (T) - 4,45 € - Corte inglês
São Domingos Reserva (T) - 3,28 € - Feira nova


Ribatejo
Fiúza - Caixa com 4 garrafas (Sauvignon Blanc, Chardonnay, Merlot e Cabernet Sauvignon) - 15,67 € - Jumbo

Fiúza, Cabernet Sauvignon (T) - 6,99 € - Corte inglês
Padre Pedro (T) - 2,99 € - Jumbo
Quinta da Alorna (T) - 2,68 € - Feira nova


Estremadura
Grand'arte, Alvarinho (B) - 4,99 € - Corte inglês

Bucelas
Bucellas Caves Velhas (B) - 3,25 € - Jumbo
Prova Régia (B) - 2,89 € - Jumbo
Quinta da Romeira, Chardonnay e Arinto (B) - 5,39 € - Jumbo


Terras do Sado
Adega de Pegões, Colheita Seleccionada (B) - 2,87 € - Jumbo
Bse (B) - 3,29 € - Continente e Feira Nova
Catarina (B) - 3,18 € - Jumbo
João Pires (B) - 4,48 € - Jumbo
Periquita (T) - 3,49 € - Continente
Quinta de Camarate (T) - 6,15 € - Jumbo


Alentejo
Aragonês (Esporão) (T) - 10,47 € - Jumbo
Bom Juiz Reserva (T) - 5,98 € - Feira nova
Borba (T) - 2,38 € - Continente e Feira Nova
Borba Reserva, Rótulo de Cortiça (T) - 6,89 € - Feira nova
Carmim, Trincadeira (T) - 3,88 € - Jumbo
Convento da Tomina (T) - 5,39 € - Jumbo
Dom Martinho (T) - 5,28 € - Jumbo
Encostas do Enxoé (T) - 4,98 € - Feira Nova
Escolha António Saramago (T) - 8,97 € - Jumbo
Esporão Reserva (T) - 12,38 € - Jumbo
Herdade do Peso (T) - 12,95 € - Jumbo
João Portugal Ramos, Aragonês - 9,38 € - Jumbo *
João Portugal Ramos, Tinta Caiada (T) - 9,45 € - Corte inglês
João Portugal Ramos, Trincadeira (T) - 8,89 € - Jumbo e Continente
José de Sousa (T) - 6,15 € - Jumbo
Lóios (T) - 2,69 € - Jumbo
Marquês de Borba (T) - 4,98 € - Jumbo e Continente
Monsaraz (T) - 1,98 € - Jumbo
Montado (T) - 2,65 € - Corte inglês
Monte das Servas (T) - 4,48 € - Continente
Monte Velho (T) - 3,36 € - Jumbo
Reguengos Garrafeira dos Sócios (T) - 7,79 € - Jumbo
Reguengos Reserva (T) - 3,78 € - Jumbo
Tinto da Talha (T) - 2,59 € - Jumbo
Tinto da Talha, Grande Escolha (T) - 6,68 € - Jumbo
Touriga Nacional (Esporão) (T) - 12,90 € - Continente
Vale Barqueiros (T) - 3,48 € - Feira nova
Vinha da Defesa (T) - 6,28 € - Feira nova

Espumantes
Castas de Monção, Alvarinho e Trajadura (B) - 6,67 € - Jumbo
Vértice Reserva Bruto (B) - 10,78 € - Jumbo

Generosos
Ramos Pinto 10 Anos - Quinta da Ervamoira - 19,97 € - Jumbo
Ramos Pinto LBV - 12,35 € - Jumbo