sexta-feira, 30 de março de 2007

As 100 primeiras provas - Tintos estrangeiros

As nossas apreciações a vinhos tintos estrangeiros:

África do Sul
Text, Cabernet-Merlot - 7,5

Espanha
Ochoa, Tempranillo 2002 - 7

Itália
Lambrusco Dell'Emilia - Torre Cole - 5
Chianti Clássico - Terraiolo 2004 - 7,5
Nero d'Avola 2002 - 6
Pasqua, Sangiovese 2005 - 6

Paris sera toujours Paris!

Enquanto o Kroniketas andar por terras de França, vou ser eu a tentar manter os índios sedentos de vinho fora do forte.

tuguinho, enófilo esforçado

sábado, 24 de março de 2007

Vinhos brancos nacionais - prós e contras

O comparsa do Saca-a-rolha deu o mote: prós e contras nos vinhos brancos nacionais, e foi buscar como exemplo dois posts publicados recentemente aqui nas KV e no Pingas no Copo, deixando no ar a hipótese de termos, eu e o Pingus, opiniões contrárias acerca dos brancos portugueses.
Bom, meus caros, eu mantenho aquilo que disse em relação às castas estrangeiras usadas nos brancos portugueses, e também em relação a não sermos um país de grandes brancos. De facto, as provas que tenho feito é que me conduziram a essa opinião, porque não tenho nenhum “parti-pris” em relação aos vinhos brancos, como não tenho em relação a nenhum tipo de vinho, seja ele verde, rosé, espumante ou generoso. Nos primeiros tempos das Krónikas Vinícolas tive oportunidade de reproduzir alguns textos que já tinha escrito anteriormente nas Krónikas Tugas a esse respeito, intitulados “Reflexões à volta da garrafa”. Podem lê-los aqui:
Reflexões à volta da garrafa (1) - O preço é só um começo
Reflexões à volta da garrafa (2) - Os fundamentalistas
Reflexões à volta da garrafa (3) - Fácil de beber é mau?
Reflexões à volta da garrafa (4) - Vinho é tinto, branco é refresco e verde é a cor da garrafa?
Reflexões à volta da garrafa (5) - Beber tinto à temperatura ambiente?

Embora o tinto seja o meu tipo de vinho preferido, não rejeito qualquer outro. Aliás, um dos artigos que escrevi começava precisamente com aquela frase onde às vezes se diz, meio a sério meio a brincar, que vinho é tinto, branco é refresco e verde é a cor da garrafa.
Repescando algumas opiniões então expressas, referi até que acho mais fácil (e mais “aceitável”, digamos) acompanhar carne com vinho branco do que peixe com vinho tinto. No Verão, principalmente, e com algumas carnes brancas, já tenho optado por vinho branco com bons resultados. Foi o que fiz na minha última visita ao Chafariz do Vinho. Com as entradas, se o repasto for em casa, também prefiro servir um branco. Aliás, sendo o branco normalmente mais leve, também se pode tornar mais versátil que o tinto. Por exemplo, Frei João branco com bife na pedra. Só a ideia choca, não choca? Mas só experimentando é que se sabe, e olhem que não fica nada mal.
A questão está em saber “que” brancos é que temos, e continuo a achar que a qualidade média é claramente inferior à dos tintos. Se calhar também não é tão fácil fazer um bom branco como um bom tinto, devido à diferente matéria-prima (ausência das películas das uvas no processo de fermentação dos brancos, sabendo-se que é à película que os tintos vão buscar boa parte das suas características mais importantes). Mas por isto ou por aquilo, tenho provado muitos brancos que têm ficado longe de me agradar. Em relação aos alentejanos, por exemplo (eu que sou fã dos tintos do Alentejo) não há nenhum que me tenha agradado até agora, nem o Esporão que é sempre considerado um dos melhores (ainda não provei o Pêra-Manca, mas tenho uma garrafa à espera). Acho-os sempre rústicos, agrestes, amargos. Nesse aspecto vou até pela opinião mais radical do João Paulo Martins que acha que o Alentejo só devia produzir tintos.
O problema que encontro nos nossos brancos é precisamente a tal falta de “finesse” que encontrei no Saga, dos Rothschild, que raramente se encontra nos portugueses, e que é mais evidente quando comparamos vinhos feitos com castas como a Chardonnay ou Sauvignon Blanc. A explicação mais lógica é precisamente a de que o nosso clima não propicia vinhos brancos elegantes e frescos, tornando-os pesados e ásperos, além de que se continua inexplicavelmente a exagerar no grau alcoólico. No entanto, se procurarem mais para trás nos posts que escrevemos sobre brancos, verão que tenho alguns brancos de eleição em Portugal, concretamente em duas regiões: Terras do Sado e, principalmente, Bucelas, que para mim tem os melhores brancos nacionais (isto em termos genéricos, naturalmente). Se calhar porque têm o perfil que mais me agrada, a tal “finesse”. Também tenho encontrado alguns bons no Dão, na Bairrada e no Douro (ainda não provei o Redoma, por exemplo, que tem sido muito elogiado, mas hei-de lá ir qualquer dia).
Conclusões? Podem vocês tirá-las, se quiserem, mas a minha é que não sou propriamente contra, corroboro até a opinião do Pingus de que os nossos brancos estão a ganhar o seu espaço, mas também acho que lhes falta percorrer um grande caminho até atingirem a excelência. Talvez as regiões mais altas sejam a melhor aposta para se chegar lá.

Kroniketas, enófilo esclarecido

Veja aqui as nossas apreciações a vinhos brancos, nacionais e estrangeiros:

Portugueses
Adega de Pegões, Colheita Seleccionada 2005 - 6,5
Bucellas, Arinto 2004 - 6,5
Bucellas Caves Velhas 2003 - 7,5
Casa de Santar 2004 - 6,5
Dão Caves Velhas 2003 - 5,5
João Pires 2004 - 8
Planalto - 7
Prova Régia, Arinto 2004 - 8
Quinta da Alorna, Colheita Tardia 2003 - 6,5
Quinta de Cabriz, Experiência VL-1 99 - 7
Quinta de Cidrô Reserva, Chardonnay 2004 - 6
Três Bagos, Sauvignon Blanc 2003 - 4
Vinha Grande 2005 - 6

Estrangeiros
Barons de Rothschild, Saga R 2005 (França) - 8
Cimarosa, Chardonnay (Chile) - 6
Trebbiano 2005 (Itália) - 5,5
William Fevre 2004 (França) - 7,5
William Fevre, Sauvignon Blanc 2004 (França) - 8,5

sexta-feira, 23 de março de 2007

A má notícia e a boa notícia


A má notícia já era conhecida, é que José Maria Soares Franco deixou a Sogrape, o que deixa os apreciadores algo órfãos, mas a boa notícia é que se juntou a João Portugal Ramos para fazerem um projecto comum de vinhos no Douro. Vem tudo explicado pelos próprios na Revista de Vinhos deste mês, que recebi anteontem em casa.
Sabendo o que estes dois enólogos são capazes de produzir, só se pode esperar um resultado de altíssima qualidade. Vamos ficar à espera cheios de curiosidade e de interesse, e de certeza que o que sair... vamos provar.

Kroniketas, enófilo esclarecido

quarta-feira, 21 de março de 2007

No meu copo 100 - Dão Sogrape Reserva 2000

Fazemos hoje o 100º post sobre vinhos e restaurantes neste blog, e atingimos a centena da melhor maneira, com mais uma prova da Sogrape. Um bom parceiro do Reserva do Douro, referido no post anterior, é o Reserva do Dão, outra das nossas referências incontornáveis desde há mais de uma década.
Habitualmente menos exuberante que o Douro em termos de aroma, um pouco mais frutado e, curiosamente, com a mesma idade o Dão apresentou-se com um perfil mais jovem, com uma cor mais fechada. Não deixa de ser igualmente curioso que os Reservas do Douro estejam a ser comercializados primeiro que os do Dão para colheitas do mesmo ano, o que significa que estão a evoluir mais depressa. Nesta dupla prova de reservas da Sogrape confirmou-se uma clara maior evolução do Douro, que foi adquirido em 2003, enquanto o Dão foi adquirido em 2006.
Comparativamente, este Dão Reserva sempre foi menos fino que o Douro Reserva, embora fizesse também uma boa parceria para a maioria dos pratos de carne. Nas variadas experiências que tivemos com este vinho, atingiu o seu esplendor com pratos requintados de carne como tornedó, faisão, perdiz, assados no forno e costeletas de novilho muito mal passadas. Um bom corpo, uma acidez correcta, frutado quanto baste, um grau alcoólico moderado e um bom fim de boca, fazem dele uma boa companhia para quase todas as ocasiões.
A Sogrape tem também, há muitos anos, outro Reserva no Dão conhecido por Dão Pipas, de que já apanhámos algumas relíquias com mais de 30 anos, que estão num patamar semelhante a este Reserva. Não sabemos se ambos irão desaparecer para dar lugar apenas aos Quinta dos Carvalhais, o que será uma pena. Se assim for, que a nova aposta supere a anterior, porque essa perspectiva para o Douro ainda está longe de lá chegar.

Kroniketas, enófilo esclarecido

Vinho: Dão Sogrape Reserva 2000 (T)
Região: Dão
Produtor: Sogrape
Grau alcoólico: 12,5%
Preço em feira de vinhos: 9,89 €
Nota (0 a 10): 8

segunda-feira, 19 de março de 2007

No meu copo 99 - Douro Sogrape Reserva 2000

Já havia saudades de um vinho assim. Conhecemos os Reservas da Sogrape há mais de uma década, praticamente desde que eles surgiram no mercado. Os primeiros Reservas que provámos foram o Douro de 1987 e o Dão de 1985, encontrados na feira de vinhos do Pingo Doce de 1992, ainda com o rótulo bege e recortado. Daí para cá fomos acompanhando a sua evolução e os lançamentos nas várias regiões, principalmente no Dão, onde é contemporâneo do Douro, depois na Bairrada e há cerca de 3 anos no Alentejo.
Há cerca de oito anos, os dois basbaques que fazem este blog tiveram uma refeição memorável (e cara, a cerca de 10 contos por cabeça) no desaparecido “Nobre” da Ajuda, regada por um não menos memorável Douro Sogrape Reserva de 95, um vinho de grande categoria que nos encheu verdadeiramente as medidas. Essa colheita viria, aliás, a merecer uma edição especial para a Expo 98 com um rótulo alusivo à expedição, vendido no pavilhão do G7, uma associação dos 7 maiores produtores nacionais de vinho, de que a Sogrape naturalmente faz (ou fazia) parte. Dessa colheita ainda comprámos várias garrafas, a preços entre os 1800 e os 2000 escudos. Poucos meses depois tivemos o grato prazer de degustar uma garrafa dessa colheita nesse célebre e único jantar.
Como sabem aqueles que nos visitam, somos fãs quase incondicionais dos vinhos da Sogrape, que nunca nos deixam ficar mal, a não ser nalgum caso excepcionalíssimo. Estes reservas têm mantido ao longo dos anos um padrão de qualidade uniforme e sempre elevado, por um preço que não sendo dos mais baratos consideramos, ainda assim, claramente merecedor do investimento.
Este Douro de 2000 foi apreciado recentemente na companhia de pratos diversos como um valente cozido à portuguesa, com todos os matadores, digamos, uns bifes com ervas de Provence, umas perdizes estufadas. E o menos que podemos dizer é que esteve bem à altura de todos. De cor púrpura, bem retinto, com um bouquet estupendo e um sabor a condizer, neste vinho de sete anos a fruta, como é óbvio, já tinha evoluído para outros sabores bem mais subtis, um fundo especiado, um ligeiro fumado e frutos vermelhos, mas tudo muito aveludado e de taninos domados a ligarem lindamente com os 13 graus de um álcool que nem se sentia. Boa estrutura sem ser pesado e um longo fim de boca completavam o quadro.
Já o provámos em diversas ocasiões com cabrito no forno, costeletas de novilho, bifes, assado misto, arroz de caça, perdiz, sei lá que mais... E fica bem com praticamente tudo. Em suma, o que se deseja mais de um vinho? Que voe?
Claro que este é presença obrigatória permanente nas nossas garrafeiras e nas nossas sugestões. E se for verdade que a Sogrape vai deixar de produzir estes Reservas, será uma grande perda e uma má decisão. Porque o Vinha Grande, que supostamente será o seu sucessor, ainda lhe fica uns furos abaixo.

tuguinho e Kroniketas, enófilos e tudo

Vinho: Douro Sogrape Reserva 2000 (T)
Região: Douro
Produtor:
Sogrape
Grau alcoólico: 13%
Castas: Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz, Tinta Barroca
Preço em feira de vinhos: 10,99 €
Nota (0 a 10): 8,5

sexta-feira, 16 de março de 2007

No meu copo 98 - Ochoa, Tempranillo 2002


Continuamos esta pequena ronda por vinhos estrangeiros para falar agora de um
espanhol, adquirido directamente no país de origem. Proveniente da região vinícola de Navarra, no norte de Espanha, na zona do país basco, este Ochoa é feito com a casta Tempranillo, o nome espanhol da nossa Tinta Roriz (a norte) ou Aragonês (a sul).

Este vinho mostrou um perfil na linha de outros que tenho experimentado feitos de Tempranillo, que é um pouco diferente dos que temos por cá. É um tipo de vinho que talvez se aproxime dos nossos vinhos do Douro, com as especiarias bem marcadas na prova assim como a presença da madeira, outra característica habitual.

Tem uma boa estrutura, cor retinta e bom fim de boca, parecendo adequado para pratos bem condimentados. No entanto, acho a madeira demasiado marcada, o que molda todo o perfil do vinho. Pessoalmente não é uma característica que me agrade muito, gosto de um toque de madeira na conta certa, mas quando ela sobressai não me seduz. Com menos madeira, seria um excelente vinho.

Kroniketas, enófilo esclarecido

Vinho: Ochoa, Tempranillo 2002 (T)
Região: Navarra (Espanha)
Produtor: Bodegas Ochoa - Navarra
Grau alcoólico: 13%
Casta: Tempranillo

Preço na origem: cerca de 8 €
Nota (0 a 10): 7

quarta-feira, 14 de março de 2007

No meu copo 97 - Chianti Clássico, Terraiolo 2004

Há algumas semanas voltei ao local do crime, o restaurante italiano Le Delizie (em Ferragudo, junto a Portimão), especializado em massas. Desta vez escolhemos um vinho tinto com outro nome, um Chanti Clássico da marca Terraiolo.

Finalmente um vinho italiano encheu-me as medidas. Desta vez não me apareceu um daqueles vinhos italianos tão habituais, meio aguados, com pouco corpo, pouco consistentes, demasiado delgados na boca, quase neutros no aroma. Este tem corpo, uma boa estrutura com final de boca longo, alguma especiaria no final, um vinho mais “quente” do que é habitual nos tintos italianos.

Sem perder o perfil característico da maior parte dos vinhos italianos que tenho provado, mostra-se contudo com outro porte, o que é desde logo indiciado por uma cor mais carregada que o habitual. Já tinha bebido outros exemplares de Chianti que não fugiam ao padrão habitual, mais aberto e leve, mas este, talvez por ser clássico, está claramente num outro patamar.
Um nome a fixar.

Kroniketas, enófilo esclarecido

Vinho: Chianti Clássico, Terraiolo 2004 (T)
Região: Chianti (Itália)
Produtor: Tre Bi - Monteriggioni
Grau alcoólico: 12,5%
Preço no restaurante: 15 €
Nota (0 a 10): 7,5

segunda-feira, 12 de março de 2007

No meu copo 96 - Barons de Rothschild, Saga R 2005

Nas feiras de vinhos de 2006 aproveitei alguns bons preços de vinhos estrangeiros no Jumbo para adquirir umas quantas garrafas de vinhos espanhóis, franceses e italianos por pouco dinheiro. Consumo habitualmente poucos vinhos destes porque não costumo comprá-los. Seguindo um pouco a lógica de não sobrecarregar demasiado a vasta lista de compras, escolhi alguns brancos, tintos e rosés dentro das opções disponíveis, uns com algum conhecimento de causa e outros apostando um pouco no escuro.
Dentro destes apareceu um branco de Bordéus da famosa casa Barons de Rothschild, o que tornou a aposta menos incerta. Um destes fins-de-semana, perante um apetitoso pargo no forno (sim, no forno aquilo até se come muito bem, não é tuguinho?), refresquei esta garrafa para acompanhar a refeição. Posso dizer que em boa hora o fiz, porque me saiu uma excelente surpresa. Duma assentada bebi meia garrafa ao almoço. É destes brancos que eu gosto. Uma cor citrina aberta e brilhante, cristalina, um aroma entre o frutado e o floral, com grande elegância e suavidade, fez uma excelente companhia ao peixe com batatas às rodelas e molho espesso.
Como refere o contra-rótulo, este vinho feito de Sauvignon e Sémillon tem aquilo que falta quase sempre nos brancos portugueses de castas estrangeiras que tenho apreciado aqui no blog: a finesse. É isso mesmo que não encontro nos Chardonnay e Sauvignon Blanc portugueses, que me aparecem sempre agressivos, enjoativos e com álcool em excesso. Cada vez que provo um branco francês, mais me convenço que o nosso país não é, definitivamente, um país de brancos na maior parte das regiões, e que estas castas estrangeiras não são adequadas para o nosso clima. O excesso de calor tira-lhes a frescura e a elegância, ao contrário do que acontece com as tintas, como a Cabernet Sauvignon, para as quais o clima é propício a um maior amadurecimento que lhes arredonda os taninos.
Este Saga R de 2005 vai ficar com uma referência de destaque para futuras compras. Pareceu-me ser um branco muito versátil, próprio para pratos de peixe mais fortes como o pargo no forno, ou mais leves, dada a sua elegância. A não esquecer: um branco com finesse.

Kroniketas, enófilo esclarecido

Vinho: Saga R 2005 (B)
Região: Bordéus (França)
Produtor: Les Domaines Barons de Rothschild - Bordéus
Grau alcoólico: 12,5%
Castas: Sauvignon, Sémillon

Preço em feira de vinhos: 6,14 €
Nota (0 a 10): 8

sexta-feira, 9 de março de 2007

No meu copo 95 - Quinta do Encontro, Merlot-Baga 2001

Se fosse agora este vinho seria certamente um Bairrada. Como é de 2001, apesar de ser duma empresa da Anadia, que fica em pleno coração da Bairrada, é um Regional Beiras porque tem Merlot.
Eis aqui uma combinação interessante. Neste vinho a casta Merlot desempenha um papel semelhante àquele que tem nas combinações com Cabernet Sauvignon. Amacia a aspereza da casta mais adstringente. Neste Quinta do Encontro nota-se o frutado e a macieza do Merlot sem deixar de se sentir a pujança da Baga, embora já um pouco diluída.
Resultou um vinho equilibrado, com bom corpo e uma boa estrutura, mas suave. Para aqueles que não são apreciadores do Bairrada clássico devido precisamente à adstringência característica dos vinhos de Baga enquanto jovens, este casamento entre Merlot e Baga permite uma abordagem diferente e mais suave. A idade do vinho também ajuda, pois já repousou algum tempo na garrafa, mas ainda mostra uma grande vivacidade, sem sinais de cansaço nem evolução excessiva.
Foi comprado na feira de vinhos do Pingo Doce de 2002 e, por aquilo que custou, apresenta uma boa relação preço-qualidade.

Kroniketas, enófilo esclarecido

PS: Este vinho, na colheita de 2004, já aqui tinha sido comentado num post do desafio "Prova à Quinta" sobre vinhos feitos com Baga.

Vinho: Quinta do Encontro, Merlot-Baga 2001 (T)
Região: Beiras
Produtor: Dão Sul, Sociedade Vitivinícola - Quinta do Encontro
Grau alcoólico: 13%
Castas: Baga, Merlot

Preço em feira de vinhos: 6,25 €
Nota (0 a 10): 7

segunda-feira, 5 de março de 2007

No meu copo 94 - Casa de Santar Reserva 2003

Continuamos no Dão para falar de um vinho que já é um clássico e uma das marcas mais prestigiadas da região: o Casa de Santar Reserva, neste caso a colheita de 2003.

A Casa de Santar passou recentemente para a gestão da Dão Sul, que se tornou a empresa mais representativa da região e tem-se pautado pela produção de bons vinhos que têm ajudado a recuperar o prestígio da região. Espera-se que na Casa de Santar prossiga essa política e não descaracterize os vinhos da marca.

No caso deste Reserva de 2003, trata-se dum vinho com aquela elegância típica e inigualável do Dão. Já em tempos falámos do Casa de Santar normal, que é um vinho bastante agradável, mas este, sendo um Reserva, naturalmente está noutro patamar.

Tem uma boa estrutura na boca, sem deixar de ser macio, aberto e suave. Uma bela cor rubi, brilhante, com um frutado não muito pronunciado e um bom equilíbrio entre o álcool e a acidez. Tem sido uma aposta segura e um daqueles vinhos que nunca desiludem. Uma presença garantida nas nossas escolhas.

Kroniketas, enófilo esclarecido

Vinho: Casa de Santar Reserva 2003 (T)
Região: Dão
Produtor: Dão Sul, Sociedade Vitivinícola - Soc. Agrícola de Santar
Grau alcoólico: 13,5%
Castas: Touriga Nacional, Tinta Roriz, Alfrocheiro

Preço em feira de vinhos: 8,27 €
Nota (0 a 10): 8

sexta-feira, 2 de março de 2007

No meu copo 93 - Dão Álvaro Castro 2004

Álvaro Castro é um dos produtores com maior prestígio na região demarcada do Dão. Sedeado em Pinhanços, no distrito da Guarda, a meio caminho entre Seia e Gouveia, há mais de uma década que os vinhos de Álvaro Castro se têm vindo a impor no panorama nacional sobretudo pelas marcas Quinta de Saes e Quinta da Pellada. Nas últimas feiras de vinhos surgiu no Continente um vinho de 2004 com a marca do produtor, sem mais referências adicionais. As Krónikas Vinícolas apostaram no produto simplesmente por causa do nome do produtor.
No fim-de-semana do Carnaval tive oportunidade de abrir uma delas num almoço no Alentejo, para acompanhar uma açorda de perdiz, seguida de um robalo escalado na brasa (a garrafa já estava aberta, por isso não valia a pena mudar) e por fim o resto da perdiz frita. A impressão foi excelente. Apresentou uma cor granada muito concentrada, fugindo aos padrões típicos da região, desenvolvendo aromas secundários algum tempo depois de estar no copo, com aroma pronunciado a frutos vermelhos e uma acidez muito equilibrada com álcool em dose moderada. Mas para além duma boa concentração de corpo apresentou aquela elegância típica dos vinhos do Dão, que dificilmente qualquer outra região conseguirá igualar. Revelou-se um daqueles vinhos que quanto mais se bebe mais apetece beber.
Seguramente será uma das melhores apostas deste produtor. Aproveitando o facto de ter decorrido a feira de queijos, enchidos e vinhos do Continente onde estava disponível a colheita de 2005, aproveitei para ir lá adquirir mais uma garrafa, até porque o preço não é excessivo. Sem dúvida um grande vinho. Teve entrada directa nas nossas sugestões.

Kroniketas, enófilo esclarecido

Vinho: Álvaro Castro 2004 (T)
Região: Dão
Produtor: Álvaro Castro
Grau alcoólico: 13%
Preço em feira de vinhos: 6,85 €
Nota (0 a 10): 8,5