terça-feira, 31 de março de 2009

Vinhos fora de prazo

Ainda acerca do tema do último post (já lá vão 3 longas semanas, mas outros afazeres às vezes tiram-nos o tempo e a disposição), não resisto a voltar à carga, porque entretanto tive o azar de me cruzar com mais dois vinhos em más condições.
Uma garrafa de José de Sousa Mayor de 2001, que recebi via Revista de Vinhos e acerca do qual alimentava uma grande expectativa, apresentou sinais evidentes de declínio, com os aromas a morrerem. Pior aconteceu com um Bairrada Messias Garrafeira de 1990, adquirido no Corte Inglês por 13 euros, e que se apresentou completamente passado. Não havia hipótese e lá se foram mais uns euros pelo cano. Assim não.
No espaço de 3 meses apanhei 3 garrafas de vinho em más condições, uma ainda bebível mas em queda e duas imbebíveis. Insisto no mesmo: o que se poderá fazer perante situações destas? Levar a garrafa aberta à loja e pedir para trocar ou receber o dinheiro de volta? Como é que o consumidor se pode defender de vinhos vendidos em más condições?


Kroniketas, enófilo enganado outra vez

sábado, 7 de março de 2009

Vender vinho... em que condições?

As últimas provas apresentadas suscitaram-me um conjunto de reflexões acerca da comercialização do vinho e dos preços praticados, que muitas vezes estão bastante inflacionados nos locais de venda. Um exemplo claro do que afirmo é o Casa de Alegrete, aqui amplamente referido durante o tempo que passei em Portalegre, e que tive oportunidade de adquirir ao produtor por 7 € a garrafa.
Na última feira de vinhos do Jumbo este vinho apareceu à venda a cerca de 10 €, mas no dia seguinte ao fim da feira passou para 16 €, como ainda se encontra. Assim se vê onde chega a especulação!
Mas para além do exagero nalguns preços praticados, outra questão relevante é em que condições os vinhos são armazenados nas lojas. Se é verdade que cada vez mais existe a preocupação de manter os vinhos em ambiente climatizado a temperaturas relativamente baixas que não acelerem o envelhecimento do líquido, não é menos verdade que também nos deparamos com muitos locais em que os vinhos estão expostos em condições altamente discutíveis. Desde a incidência directa dos focos de luz até salas que mais parecem sauna, há de tudo.
A garrafa de Caladessa, que adquiri numa loja gourmet do Centro Comercial Fonte Nova, em Benfica, estava seguramente a mais de 20 ºC no momento da compra. Aliás, tive oportunidade de referir à pessoa que estava na loja o meu desagrado pela excessiva temperatura ambiente, bem acima dos 20 ºC. Também já me aconteceu, numa noite de Verão, entrar numa garrafeira em Alvor e estar mais calor lá dentro do que na rua, de tal forma que quase se transpirava. E estávamos de manga curta...
No final do ano passado, por ocasião do meu aniversário, foi-me oferecida uma garrafa de litro e meio de Vinha Grande de 1997. Pois bem, no último fim-de-semana resolvi abri-la, precisamente no aniversário de quem ma tinha oferecido. Aconteceu que o vinho estava turvo.
Decantei-o, deixei-o repousar, provei-o, mirei e remirei o copo na esperança que com o tempo o turvo desaparecesse. Em vão, naturalmente. Aquele vinho não estava próprio para consumo. O que se pergunta é: como é que um vinho destes é colocado à venda nestas condições? Não é crível que se tenha deteriorado desta forma nos dois meses após a compra, pelo que é provável que já estivesse à venda assim. Eu vi-o em vários locais por altura do Natal e fim-de-ano, dentro duma embalagem toda catita como é hábito nessa quadra. Mas não deveria haver um controlo do produtor sobre o estado do produto antes de o enviar para as prateleiras? Sim, porque depois de aberta a garrafa não se imagina que alguém volte ao local da compra a pedir o dinheiro de volta. Mas devia haver uma forma de responsabilizar os produtores pelo estado em que os vinhos chegam ao consumidor.
De qualquer modo, este assunto ainda vai chegar ao conhecimento da Sogrape. Como maior empresa do sector não pode, nem deve, permitir que situações destas aconteçam.

Kroniketas, enófilo enganado