domingo, 29 de junho de 2008

No meu copo, na minha mesa 186 - Tinto da Ânfora 2006; A Taverna (Lisboa)




Há alguns meses fui levado por um amigo a descobrir um restaurantezinho meio escondido na Rua das Amoreiras, em Lisboa. Chama-se A Taverna, restaurante típico e passa praticamente despercebido na sua porta negra de metal, ali mesmo em frente ao jardim das Amoreiras.
O ambiente é acolhedor e recatado, bom para refeições sossegadas. A ementa está escrita à mão numa espécie de lampião, a decoração é sóbria, com algumas referências à Lisboa antiga, a puxar para o rústico e, talvez, para o ambiente das casas de fado.
Começámos por ir debicando nas entradas um queijo fresco que estava demasiado salgado, pelo que não agradou muito. Para os pratos as escolhas recaíram em petinga frita com açorda e no meu caso em entrecosto no forno. Vinha bem apaladado e acompanhado com batatas assadas e castanhas com uma cebolada por cima.
Para sobremesa optámos pela sericá/sericaia, que merece honras de destaque na casa, pois até existe um folheto explicativo da sua origem. Há algum tempo tivemos aqui um bate-boca com o Copo de 3 por causa disto, e afinal agora surge um folheto que nos diz que a sericaia foi trazida de Malaca pelos nossos marinheiros em 1511... A verdade é que fez jus ao que se espera, e ficámos satisfeitos.
O serviço é simpático e atento, sem grandes salamaleques mas eficaz. Pelo preço e pela qualidade vale a pena lá voltar.
Para acompanhar a refeição a escolha recaiu num Tinto da Ânfora, vinho alentejano produzido pela Bacalhôa na Herdade das Ânforas, perto de Arraiolos. Mostrou-se bem encorpado e predominantemente frutado, com um final persistente mas pecando (mais uma vez) pelo excesso de álcool que o tornava um bocado cansativo. Bebe-se sem sacrifício mas corre o risco de fartar.

Restaurante: A Taverna
Rua das Amoreiras, 47
1250-022 Lisboa
Telef: 21.387.49.00
Preço por refeição: 24 €
Nota (0 a 5): 4

Vinho: Tinto da Ânfora 2006 (T)
Região: Alentejo (Arraiolos)
Produtor: Bacalhôa Vinhos
Grau alcoólico: 14%
Castas: Aragonês, Alfrocheiro, Cabernet Sauvignon, Touriga Nacional, Trincadeira
Preço em hipermercado: cerca de 6 €
Nota (0 a 10): 6,5

quarta-feira, 25 de junho de 2008

No meu copo 185 - Dão Milénio, Touriga Nacional e Aragonês 2004

Certo dia, ao almoço num restaurante de Lisboa, vi a alguns lugares no balcão onde me encontrava uma garrafa de vinho com um rótulo e um nome que não conhecia: Milénio. Perguntei ao empregado que vinho era aquele e ele mostrou-me uma garrafa. Vinho do Dão, de Penalva do Castelo. Como na ocasião ia lá almoçar todos os dias, resolvi num dia subsequente em que tinha companhia pedir uma garrafa daquele para experimentar.
Devo dizer que desde sempre (quando comecei a beber vinho) fui um apreciador dos tintos do Dão, que não costumam ser devidamente valorizados. Aprecio a macieza, a suavidade, a elegância destes tintos, que acho que não tem igual no país. Mas a moda leva os consumidores por outros caminhos...
Provado este Milénio, feito com as castas Aragonês e Touriga Nacional, fiquei bastante agradado com o resultado (aliás, são as duas castas rainhas nas regiões mais a norte; só não percebi o porquê de o Aragonês não aparecer aqui com o nome de Tinta Roriz). Veio ao encontro do que eu esperava . Uma bela cor rubi, um aroma profundo num misto entre a flor e os frutos silvestres, muito redondo na boca mas com bom corpo e um final persistente mas suave.
Mais tarde procurei este vinho nas prateleiras dos supermercados e acabei por encontrá-lo a um preço muito convidativo e obviamente trouxe um exemplar para casa. Dentro dos vinhos bons a baixo custo, este foi um dos que mais me agradaram nos últimos tempos. Considero-o uma excelente aposta para o dia-a-dia e uma boa companhia para pratos de carne suaves e com algum requinte. Valerá a pena olhar melhor para os vinhos deste produtor, pois se este entra na gama baixa é capaz de haver produtos bem interessantes na gamas superiores.
Quanto a nós, é mais um nome que acrescentámos à nossa lista dos recomendáveis.

Kroniketas, enófilo esclarecido

Vinho: Milénio 2004 (T)
Região: Dão
Produtor: Adega Cooperativa de Penalva do Castelo
Grau alcoólico: 13%
Castas: Touriga Nacional, Aragonês
Preço em feira de vinhos: 2,99 €
Nota (0 a 10): 7,5

domingo, 22 de junho de 2008

No meu copo 184 - Quinta do Encontro, Preto Branco 2004

A Quinta do Encontro é uma das muitas quintas que a Dão Sul, empresa sedeada em Carregal do Sal, já possui em várias regiões do país (Dão, Douro, Bairrada, Estremadura e Alentejo), numa estratégia de expansão que a torna já uma das principais produtoras a nível nacional. Neste caso falamos da propriedade situada no coração da Bairrada, em S. Lourenço do Bairro, Anadia, que foi recentemente objecto de investimento substancial.
Desta quinta já tínhamos tido a oportunidade de provar o Quinta do Encontro Merlot-Baga e agora provámos este vinho adquirido o ano passado com um dos números da Revista de Vinhos. Apresenta um conceito invulgar, pois é feito com duas castas tintas e uma casta branca. Não sendo um Bairrada clássico, não deixa de surpreender de alguma forma pela pujança que apresenta, a fazer lembrar outros estilos, embora com um perfil mais moderno e frutado sem deixar de se apresentar algo fechado. A Baga faz sempre notar os seus efeitos. Boa estrutura na boca, com taninos firmes mas bem domados, acidez muito equilibrada e boa persistência.Enfim, não sendo de encantar não deixa de ser um vinho capaz de fazer boa figura perante pratos robustos ao mesmo tempo que pode cativar os mais renitentes perante os vinhos bairradinos.

Kroniketas, enófilo esclarecido

Vinho: Quinta do Encontro, Preto Branco 2004 (T)
Região: Bairrada
Produtor: Dão Sul, Sociedade Vitivinícola - Quinta do Encontro
Grau alcoólico: 13,5%
Castas: Baga, Touriga Nacional, Bical
Preço com a Revista de Vinhos: 5,95 €
Nota (0 a 10): 7,5


PS: outra prova deste vinho no Copo de 3

quinta-feira, 19 de junho de 2008

No meu copo 183 - Primavera, Baga 97


Mais um exemplar de Baga dos antigos. Sem estar já com aquela pujança habitual
dos tintos clássicos da Bairrada, mostrou ainda uma saúde notável para um vinho com esta idade, ainda de cor fechada, boca muito cheia e uma grande persistência, mas já amaciado pela idade, com a tradicional adstringência já bem domada.

Ainda consegue ser um daqueles vinhos que quase se mastigam, que se impõe (para apreciadores como nós) pelo contraste com os vinhos da moda, com fruta, fruta e mais fruta. Este também é daqueles onde encontramos um grau alcoólico dentro de parâmetros “normais”, sem ser cansativo.

De vez em quando continua a saber-nos bem fugir ao habitual e saborear um vinho destes, de quando a Bairrada ainda era “aquela” Bairrada que só alguns apreciavam...

Kroniketas, enófilo esclarecido




Vinho: Primavera, Baga 97 (T)
Região: Bairrada
Produtor: Caves Primavera
Grau alcoólico: 12,5%
Castas: Baga
Preço em feira de vinhos: 3,12 €
Nota (0 a 10): 7,5

sábado, 14 de junho de 2008

No meu copo 182 - Bairrada Sogrape Garrafeira 99



Este prometia ser outro clássico, mas acabou por decepcionar. No início revelou aquele aroma profundo tão típico da casta Baga, mas na prova mostrou-se delgado em demasia, sem a pujança e o corpo que normalmente os Bairrada clássicos apresentam. Talvez a mistura com as mais típicas do Dão, Alfrocheiro e Jaen, lhe tenha retirado alguma tipicidade e descaracterizado o vinho.

A evolução no copo foi favorável, mas não tanto como seria de esperar. O final foi curto e os aromas terciários que esperávamos dum Bairrada com esta idade... não estavam lá. Em tempos mais recuados este Bairrada da Sogrape fazia jus ao nome da empresa. Esperemos que esta tenha sido apenas uma colheita menos feliz. Ou então já passou o tempo de beber, mas tendo em conta as provas anteriores deveria ter outra duração.

Kroniketas, enófilo esclarecido



Vinho: Sogrape Garrafeira 99 (T)
Região: Bairrada
Produtor: Sogrape
Grau alcoólico: 12,5%
Castas: Baga, Alfrocheiro, Jaen

Preço em feira de vinhos: 5,19 €
Nota (0 a 10): 6,5

quarta-feira, 11 de junho de 2008

No meu copo 181 - Tintos velhos da Bairrada (1)


O tempo é sempre uma surpresa. Para o bem ou para o mal. Costuma-se dizer que o tempo faz aos vinhos o mesmo que faz aos homens: apura os bons e azeda os maus. O problema é que nem sempre sabemos se o que se esconde por detrás da máscara, ou dentro da garrafa, é bom ou mau.
Guardar vinhos é uma aposta arriscada. Quantas vezes cada um de vós já foi buscar “aquela” garrafa que estava ali guardada para uma ocasião especial e ao abri-la o vinho estava passado, azedo, em vinagre? Quantas vezes uma rolha em mau estado deixou o líquido impróprio para consumo, ou se desfez dentro do gargalo? Mesmo nos não muito velhos às vezes isso acontece, quanto mais em vinhos com mais de uma década...
E há uma década faziam-se vinhos para guardar. Alguns diziam mesmo para aguentar durante 10 anos. Hoje são raros aqueles em que existe essa indicação, raríssimos os que nos dizem para aguentar durante 20 anos. Quando vêm para o mercado, na maior parte dos casos já esperaram o tempo suficiente para estarem no ponto certo para beber. E no entanto, quem não teve já aquela curiosidade de saber como é que aquele vinho estará daqui a uns anos, se agora está assim? Será que ainda pode melhorar?
Pois foi isso que este vosso amigo fez, precisamente há uns 10 anos. A casa era mais pequena, não havia arrecadação, a garrafeira começou a crescer e os vinhos começaram a passar da despensa para a casa de banho. Havia que dar uma solução àquilo. E a solução foi pegar numa série de prateleiras, pô-las no carro e levá-las para longe, de noite para não apanharem calor, algures para uma cave duma casa no Alentejo. Foram bastantes. Ainda lá estiveram umas 30 ou 40 garrafas (ou talvez mais, não me lembro ao certo) que se foram abrindo quando lá ia. Quantas se revelaram já fora de prazo, adocicadas, parecendo mais vinho do Porto...
E no entanto... Há alguns meses resolvi trazer o que restava do stock de regresso. Cobertas de pó, com os rótulos meio desfeitos pela humidade. Havia que saber em que estado aquilo estava. Ficaram na arrecadação e comecei a trazê-las para cima a pouco e pouco. Uns bifinhos bem temperados eram um bom pretexto para abrir uma delas. O que teria o tempo feito a estes vinhos?
Eram todos do Dão e, sobretudo, da Bairrada. Muitos da Bairrada. Os primeiros foram abertos no Encontro de Eno-blogs na York House: dois Messias Garrafeira de 83, que surpreenderam os presentes. Até a mim. Estavam bons, já muito evoluídos mas sem sinais de estragos. Isso entusiasmou-me a continuar.
Comecei por um São Domingos de 91, comprado em 94. As Caves São Domingos não têm tido grande destaque no panorama nacional, e mesmo na região. Não se vêem muitos por aí. Este, quando o comprei, era quase imbebível, de tão adstringente. Era daqueles Bairrada que em novos só os apreciadores conseguem provar. Estava espectacular. Uma cor carregada, ainda fechada, aromas profundos bem marcados pela casta Baga, aromas terciários que vêm pelo copo acima, aquele aroma que se aspira sem parar e quase parece eterno e que até hoje só encontrei nos vinhos velhos da Bairrada. Na prova de boca, um corpo envolvente e robusto, mas com os taninos completamente amaciados por mais de uma década de repouso. Um grande vinho, daqueles que dão um prazer imenso a beber. O tempo foi-lhe benéfico.
Seguiu-se um Casa de Saima Reserva de 91. Outro que em novo poucos conseguiriam beber. Comprado em 95. Uma rolha impraticável. O saca-rolhas furou-a pelo meio e, assim como entrou, saiu. A rolha ficou lá no mesmo sítio, inamovível, e os destroços provocados pelo saca-rolhas ficaram dentro do líquido. As perspectivas eram as piores. Nova tentativa e era como se a rolha não estivesse lá. Tentei com um daqueles com duas patilhas, que tentam agarrar a rolha pelos lados, junto ao gargalo, mas ela não saía. Só restou a faca, com a qual tentei puxá-la aos bocados. E foi aos bocados que ela acabou por se ir desfazendo, até que não restou alternativa a não ser empurrá-la para dentro da garrafa.
Foi um processo demorado. Tive que recorrer ao decanter e a alguns filtros de café, que estão ali para estas emergências. Despejei o líquido pacientemente para dentro do decanter, em pequenas porções até ensopar o filtro. Foram uns 10 minutos nisto. No final consegui livrar o vinho dos destroços da rolha e a maior parte ainda ficou na garrafa. As fotos de cima mostram o estado em que a rolha ficou dentro da garrafa.
E na prova? Ainda melhor que o anterior. Fantástico. Um verdadeiro Bairrada à moda antiga. Nem um leve aroma a mofo, nem um toque de contaminação pela rolha, nem sequer um pouco de depósito no fundo. Uma cor quase retinta, retratada na foto, outra vez “aquele” aroma. Fui bebendo sem dar por isso. E quando dei, mais de ¾ da garrafa tinham marchado. Era só ir despejando do decanter para o copo. Uma experiência rara. Esqueci-me completamente dos termos que o pessoal escreve aqui nos blogs. Aromas assim ou assado, balsâmicos, tostados ou cacau? Quais frutos secos ou frutos vermelhos... Que interessa isso? Quero lá saber! Só usufruir daqueles momentos únicos, só eu e o vinho, e os meus bifes com ervas de Provence. Sei lá se vou encontrar mais algum assim... Será que os vinhos têm alma? Se têm, esta estava lá.
Prossegui o périplo por um Messias de 87, comprado em 93. Este mais “normal”, digamos, mas como os anteriores ainda muito bem bebível. Em novo não era tão agreste, pelo que agora não ganhou tantos aromas escondidos. Mas marca bem a diferença com o mesmo vinho de agora. Qualquer semelhança entre este e um Messias de 2003 ou 2004, só mesmo no nome. Mais um clássico, que agora cedeu aos ditames da moda.

Kroniketas, enófilo esclarecido

Região: Bairrada

Vinho: São Domingos 91 (T)
Produtor: Caves São Domingos
Grau alcoólico: 12%
Nota (0 a 10): 8,5

Vinho: Casa de Saima 91 (T)
Produtor: Casa de Saima
Grau alcoólico: 12,5%
Nota (0 a 10): 9

Vinho: Messias 87 (T)
Produtor: Caves Messias
Grau alcoólico: 11,5%
Nota (0 a 10): 7,5

sábado, 7 de junho de 2008

Na Wine O’Clock 4 - Brancos e rosés





Mais uma prova na Wine O’Clock a um sábado, desta vez subordinada aos vinhos de um distribuidor. Tivemos a presença unicamente de vinhos brancos e rosés, com os produtores Companhia das Quintas, Herdade Grande e Quinta do Casal Branco.
A prova começou pelos rosés da Herdade Grande e da Quinta do Cardo, ambos de 2007. Este mais leve e aromático, proveniente duma quinta situada a 700 metros de altitude em Figueira de Castelo Rodrigo, uma das 7 pertencentes à Companhia das Quintas (as outras são a Quinta da Romeira, em Bucelas; a Quinta de Pancas, em Alenquer; a Quinta de Pegos Claros, em Palmela; a Herdade da Farizoa, em Elvas; a Quinta da Fronteira, no Douro; e as Caves Borlido, na Bairrada); aquele mais encorpado e com mais estrutura, proveniente da planície alentejana, na zona da Vidigueira.
Seguiram-se os brancos, onde tivemos oportunidade de voltar a provar o Herdade Grande, o Falcoaria, da Quinta do Casal Branco, e três brancos fermentados em madeira da Companhia das Quintas: o Quinta de Pancas Chardonnay Reserva, o Quinta do Cardo Síria Reserva e o Morgado de Sta. Catherina Reserva, todos de 2006. Estes brancos reserva têm a curiosidade de terem os seus rótulos homogeneizados para transmitir a imagem que daquilo a que a Companhia das Quintas chamou “The Quinta Collection”.
Pessoalmente não sou grande fã dos brancos fermentados em madeira pelo que o que mais me agradou foi o Falcoaria, muito suave e aromático e não fermentado em madeira, feito à base da casta Fernão Pires. Não deixa de ser interessante o Quinta do Cardo Síria, o mesmo nome da casta Roupeiro no Alentejo, um branco com a frescura da altitude. O Morgado de Sta. Catherina tem aquela força da acidez do Arinto de Bucelas e esta nova versão do Quinta de Pancas Chardonnay tem aquela untuosidade habitual no Chardonnay mas mantém uma certa frescura, talvez mais do que o de 2005 que tinha provado no Hotel da Penha Longa, tal como o Herdade Grande. Este último foi, assim, uma repetição, pelo que não trouxe novidades.
Em conjunto foi um painel interessante que nos trouxe alguns produtos que vale a pena conhecer e que de certa forma representam a retoma dos brancos em Portugal e o crescente apelo que os rosés têm vindo a transmitir. Pelo meio algumas conversas com os produtores presentes (o próprio António Manuel Lança esteve lá e falou-nos da sua Herdade Grande na Vidigueira) e com o director comercial da Companhia das Quintas, que ainda nos apresentou uma comparação entre o panorama dos vinhos nos anos 80 e agora a partir dum documento que encontrou com a referência aos vinhos vendidos há cerca de 25 anos. Como as coisas mudaram...

Kroniketas, enófilo esbranquiçado

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Prova de vinhos no Hotel da Penha Longa (2)

Depois da primeira incursão ao Hotel da Penha Longa, um fim-de-semana destes voltámos ao local do crime. O nosso anfitrião, Julian Milisse, desta vez preparou uma prova horizontal de vinhos tintos de 2005, de diferentes regiões e feitos com diferentes castas, de modo a estabelecer as diferenças entre eles.
Tivemos um Villa Romanu, da Herdade do Perdigão, do Alentejo; um Bridão Merlot, da Adega Cooperativa do Cartaxo, do Ribatejo; um Quinta do Peru, de Terras do Sado; um Dão Cativelos; e um Casa Burmester Reserva, do Douro.
O grupo de convivas desta vez era mais extenso e nem todos habituais bebedores, pelo que houve opiniões muito discrepantes nas provas. Pessoalmente achei o Villa Romanu um vinho fácil de beber e adequado para o dia-a-dia; o Bridão Merlot mais fechado e com um certo fundo vegetal que não agradou por aí além; o Quinta do Peru com a madeira demasiado marcada, coisa aliás habitual em muitos vinhos das Terras do Sado, mas houve quem gostasse assim; para os menos habitués, o Dão Cativelos cativou-os. Muito suave e com aroma frutado muito elegante. Por último, o Casa Burmester, mais complexo mas menos fácil numa primeira abordagem, mas certamente o mais equilibrado e completo de todos.
Conversa puxa conversa, fala-se dos vinhos preferidos e eis que vem à conversa o Duas Quintas e o Bons Ares. A certa altura Julian Milisse pergunta-nos se qual dos dois queremos provar e sugerimos... ambos. E ambos deixaram os presentes convencidos.
Pelo meio ainda nos foi pregada uma partida com uma garrafa tapada, que continha um vinho oxidado, que nos apanhou completamente de surpresa. Não estava propriamente azedo, mas cheirava a um bálsamo que se costumava friccionar no peito para a tosse...
Foram quase duas horas de animada conversa e mais uma vez ficou a promessa de voltarmos para outras provas e outras conversas.

Kroniketas, enófilo assíduo