Era quase imperativo não irmos de férias sem voltarmos a fazer uma visita à Petisqueira do Gould. O reencontro com um amigo que não víamos há vários anos foi o pretexto para voltarmos ao “local do crime” pela 4ª vez num ano.
Mais uma vez fomos atendidos com a simpatia e a eficiência do costume pelo sr. Amando Carvalho, a quem deixámos o critério de escolha dos vinhos. Como optámos por fazer duas vaquinhas com uns filetes de peixe-galo e com uma posta mirandesa, resolvemos escolher um branco para início da refeição e depois um tinto. As sugestões, que aceitámos, voltaram a incidir em produtos que não conhecíamos.
Assim, começou por vir para a mesa um branco do Douro, de nome Loboseiro (que raio de nome para um vinho), que nos agradou particularmente. O Loboseiro é um projecto de uma família de antigos proprietários das Caves Raposeira, que engloba quatro quintas situadas nos concelhos de Lamego e Peso da Régua cujas vinhas foram reconvertidas em 45%, com uma aposta principalmente nas castas Touriga Nacional e Franca, Tinta Barroca, Sousão, Malvasia Fina, Gouveio, Cerceal e Viosinho.
Quanto a este Loboseiro branco de 2005, tinha aquela frescura aromática que apreciamos nos brancos, e a opinião foi coincidente entre os três comparsas sentados à mesa. Apesar de ter um grau alcoólico considerável, apresentou-se bastante bem balanceado entre todas as componentes, sem se tornar pesado, com predominância frutada equilibrada com uma componente floral bastante marcada. Fez-me lembrar o Murganheira branco seco que aqui bebemos há um ano, precisamente com uns filetes de peixe-galo. Cá está a Malvasia Fina mais uma vez a mostrar serviço, e posso dizer que até agora não me lembro de um branco com esta casta que não me agradasse. Acho até que não está a ser devidamente valorizada entre as castas brancas, como acontece com o Alfrocheiro nas tintas. Parecem-me duas castas que marcam de forma indelével os vinhos onde entram mas ainda não lhes é dado o devido destaque.
Passando às carnes, foi altura de mudar para o tinto, mais uma vez escolhido pelo sr. Amando. Ainda pensámos em experimentar o Loboseiro tinto, mas acabámos por seguir a sugestão e fomos para um alentejano, o Plansel Selecta de 2006. Não sendo um vinho extraordinário, não deixa de ser agradável de beber, com algumas notas florais e a frutos silvestres a sobressaírem, num conjunto essencialmente marcado pela suavidade, fugindo aos ditames mais recentes da moda. E apesar dos 14% de álcool não se mostrou enjoativo nem pesado, antes bem equilibrado. Poderá não aspirar a grandes voos, mas também não desilude.
E assim cumprimos o nosso ritual de romaria a Paço d’Arcos, que se está a tornar obrigatório, e já podemos ir de férias mais descansados... e reconfortados.
tuguinho e Kroniketas, os diletantes preguiçosos quase a espreguiçar-se ao sol
Vinho: Loboseiro 2005 (B)
Região: Douro
Produtor: Gustavo Alberto Pinto de Lemos do Valle, Herdeiros
Grau alcoólico: 13,5%
Castas: Malvasia Fina, Gouveio, Cerceal
Preço no restaurante: 11 €
Nota (0 a 10): 7,5
Vinho: Plansel Selecta 2006 (T)
Região: Alentejo (Montemor-o-Novo)
Produtor: Jorge Böhm
Grau alcoólico: 14%
Castas: Touriga Nacional, Aragonês, Trincadeira
Preço no restaurante: 12 €
Nota (0 a 10): 7
sábado, 26 de julho de 2008
No meu copo 192 - Loboseiro branco 05; Plansel Selecta 06
Publicada por Krónikas Vinícolas à(s) 00:11
Etiquetas: Alentejo, Aragonez, Brancos, Cerceal, Douro, Gouveio, Jorge Bohm, Loboseiro, Malvasia Fina, Montemor, Tintos, Touriga Nacional, Trincadeira
Subscrever:
Comment Feed (RSS)
|