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terça-feira, 18 de maio de 2010

No meu copo 273 - Pampas del Sur Reserva, Viognier 2008; Herdade do Perdigão Reserva 2007

A tolerância de ponto concedida por ocasião da visita do Papa Bento XVI proporcionou um almoço intercalar, a meio da semana, de dois dos convivas dos Comensais Dionisíacos, a saber Kroniketas e Politikos. Os dois comensais faltosos do núcleo mais restrito foram-no por razões devidamente justificadas: um estava ausente em trabalho em terras de Sua Majestade e o outro tinha umas questões domésticas inadiáveis. O repasto, que decorreu em horário já andado na tarde, foi acompanhado por 2 brancos e 2 tintos. Nos brancos tivemos um argentino de nome Pampas del Sur Reserva, Viognier 2008, acompanhado de um Herdade do Perdigão Reserva 2007. E nos tintos um Douro Sogrape Reserva 2002 e um Casa de Santar Reserva 2005, ambos da garrafeira do Kroniketas, de que falaremos no próximo post. Para descanso das mentes mais estatísticas e com maior propensão para as contas de cabeça, sobrou por grosso meia garrafa de cada, sendo que o Herdade do Perdigão já estava aberto e apenas lhe demos uns goles para comparação.
Para iniciar a conversa com umas lascas de presunto, avançou o Pampas del Sur Reserva, Viognier 2008 que se revelou competente sem brilhar. É um vinho simples e despretensioso. Apresenta uma estrutura média, frutado, com alguma mineralidade e com uma adequada acidez. No início estava um pouco fresco demais, o que o fechou mais no nariz e na boca, mas à medida que a temperatura subia foi-se mostrando. Cumpriu o que se espera de um branco honesto do Novo Mundo, sem deslumbrar.
Uns goles de Herdade do Perdigão Reserva 2007 que o Kroniketas tinha aberto permitiram-nos uma comparação entre brancos que se revelou desigual. É que este alentejano parece querer ombrear com o excelente tinto da Casa! É um vinho que põe em cima da mesa simultaneamente a madeira, resultado do envelhecimento de 6 meses em barricas de carvalho francês, e a fruta, num conjunto de irrepreensível equilíbrio. Aromático, controlado na acidez, foge seguramente aos normais brancos alentejanos um pouco mais agrestes. Estamos, sem dúvida, perante um exemplo do que de melhor é possível fazer com brancos no Alentejo… Não esquecer que este não é propriamente um branco da planície mas das terras mais altas, situadas nas proximidades de Portalegre, o que lhe permite apresentar uma frescura pouco usual nos vinhos das terras mais quentes a sul.
(continua)

Politikos e Kroniketas, enófilos em libações intercalares por via da visita papal

Vinho: Pampas del Sur Reserva 2008 (B)
Região: Mendoza (Argentina)
Produtor: Premier - Mendoza
Grau alcoólico: 13,5%
Casta: Viognier
Preço: 4,75 €
Nota (0 a 10): 7,5

Vinho: Herdade do Perdigão Reserva 2007 (B)
Região: Alentejo (Monforte)
Produtor: Herdade do Perdigão
Grau alcoólico: 13%
Casta: Antão Vaz
Preço: 10,78 €
Nota (0 a 10): 8

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

No meu copo 207 - João Pires 2006; Adega de Pegões, Colheita Seleccionada branco 2006

Continuando na senda dos brancos, voltamos a dois das Terras do Sado da colheita de 2006. Dois clássicos, poderíamos dizer, daqueles que valem sempre a aposta e dos quais sabemos sempre com o que contar.
O João Pires é um dos meus brancos indispensáveis, sempre com aquela leveza e elegância que o caracterizam, muito bem equilibrado em todas as vertentes, de grande frescura e que cai bem com quase tudo e é quase imbatível em tempo quente. Mais uma presença obrigatória na garrafeira.
De Pegões vem o branco Adega de Pegões Colheita Seleccionada, outra aposta segura e com uma relação qualidade/preço absolutamente insuperável. Este, por seu lado, um branco de inverno que neste caso foi consumido ainda com tempo quente mas a acompanhar um prato de bacalhau no forno, com o qual se bateu galhardamente como se esperava. Algumas notas tropicais do Chardonnay e do Antão Vaz apresentam-se bem equilibradas com a acidez que lhe é conferida pelo Arinto. Os seus 14 graus de álcool a par com uma boa estrutura de boca e final persistente e complexo, ajudados pelo estágio de 4 meses em barricas de carvalho americano com batônnage, fazem dele um bom acompanhante de pratos mais arrojados. É igualmente uma aposta segura por um preço irrisório para o produto que está dentro da garrafa.

Kroniketas, enófilo esclarecido

Vinho: João Pires 2006 (B)
Região: Terras do Sado
Produtor: José Maria da Fonseca
Grau alcoólico: 11%
Casta: Moscatel
Preço em feira de vinhos: 4,85 €
Nota (0 a 10): 8

Vinho: Adega de Pegões, Colheita Seleccionada 2006 (B)
Região: Terras do Sado
Produtor: Coop. Agrícola Santo Isidro de Pegões
Grau alcoólico: 14%
Castas: Chardonnay, Arinto, Pinot Blanc, Antão Vaz
Preço em feira de vinhos: 2,95 €
Nota (0 a 10): 7,5

terça-feira, 12 de junho de 2007

No meu copo 120 - Herdade Penedo Gordo: branco 2006, tinto 2005


Uma cerimónia religiosa seguida do tradicional almoço trouxe-me ao copo dois vinhos alentejanos cuja existência eu desconhecia. Para localizar a sua origem tive que fazer uma pesquisa de modo a localizar Orada no código postal 7150. Resultado: concelho de Borba. E lá provámos o branco e o tinto da Herdade do Penedo Gordo.
O branco de 2006 foi bebido com o prato de peixe, um arroz de marisco com tamboril, ou arroz de tamboril com marisco... Como me acontece quase sempre com os brancos alentejanos, não me agradou. É rústico, pouco aromático, falta-lhe elegância, como a (se calhar, digo eu...) 99% dos brancos alentejanos. Não deixa memórias.
Quanto ao tinto de 2005, a acompanhar lombinhos de porco com castanhas, embora bem mais bebível, também não trouxe nada de novo. Mostrou um carácter predominantemente frutado, tanto no nariz como na boca, embora tivesse evoluído, ao fim de algum tempo, para um fim de boca mais prolongado e marcado por especiarias. Só que... no meio de tantos, ficou-me a sensação de ser apenas mais um para engrossar a interminável lista de novos produtores, mas que dificilmente marcará alguma diferença. Até porque no panorama actual não é fácil.
Não faço ideia do preço destes vinhos, mas pelo seu perfil calculo que andem pelos 4 ou 5 euros. Posicionam-se, certamente, na gama média ou média-baixa. A verdade é que uma semana depois já não me lembrava do nome. Se não fossem as fotos tinham passado rapidamente ao esquecimento.

Kroniketas, enófilo esclarecido

Região: Alentejo (Borba)
Produtor: António M. Esteves Monteiro

Vinho: Herdade Penedo Gordo 2006 (B)
Grau alcoólico: 13%
Castas: Antão Vaz, Roupeiro
Preço: desconhecido
Nota (0 a 10): 5

Vinho: Herdade Penedo Gordo 2005 (T)
Grau alcoólico: 13,5%
Castas: Aragonês, Trincadeira, Alicante Bouschet, Touriga Nacional
Preço: desconhecido
Nota (0 a 10): 6

quinta-feira, 31 de maio de 2007

Prova à Quinta - O sétimo


Pera-Manca branco 2003; Periquita 2004

Para este desafio lançado em tempo oportuno pelo Vinho da Casa, para encontrar vinhos produzidos por casas com mais de 20 anos, resolvemos seleccionar dois vinhos, a exemplo do que já fizemos nos dois desafios anteriores, em que apresentámos 4 na prova de Cabernet Sauvignon e 2 na prova de brancos varietais. Escolhemos um branco e um tinto com tradição secular: o Pera-Manca e o Periquita.

No caso do Pera-Manca, estamos perante um dos vinhos brancos mais famosos (e caros) do país. Já existe desde o século XV e obteve medalhas de ouro em Bordéus nos já longínquos anos de 1897 e 1898. Contudo, andei anos (não desde o século XV...) para me decidir a comprá-lo por duvidar que valesse o elevado preço que custa, até pela minha desconfiança em relação aos brancos alentejanos, que já tive oportunidade de referir em mais que uma ocasião. Mas como a vida também é feita de alguns mitos, por vezes é preciso ir ao seu encontro para sabermos da razão ou não da sua existência. No caso dos vinhos trata-se, tão-somente e na maior parte dos casos, de abrir os cordões à bolsa.
Este foi comprado numa feira de vinhos em 2004 e ficou à espera de uma oportunidade que justificasse abri-lo. Foi num almoço de família à volta dum pargo assado no forno, tendo havido o cuidado de o refrescar de véspera, para garantir que à hora de bebê-lo não íamos encontrar um vinho meio morno.
Perante tão grande expectativa, o mínimo que posso dizer é que o vinho não defraudou. De facto, apresenta alguma elegância que é raro encontrar nos brancos alentejanos, sem deixar de fazer prevalecer um corpo com alguma pujança, um aroma frutado e complexo em equilíbrio com uma boa acidez, que resultam num fim de boca fresco e prolongado. Sem dúvida um vinho adequado para pratos de peixe elaborados, como o pargo ou o bacalhau no forno. Feito com 85% de Antão Vaz e 15% de Arinto, a sua boa estrutura e acidez permitem uma boa ligação com os sabores intensos e a gordura destes pratos. Como ainda não o tinha provado, não sei se mudou o perfil ou não, mas não é, seguramente, um vinho da moda.
Continuo, contudo, a ser mais fã de outro tipo de brancos, mas não rejeito a hipótese de voltar a este Pera-Manca, porque estes brancos também fazem falta. E também podemos deliciar-nos com a arte do rótulo, que é uma coisa rara. Como entretanto mudaram o rótulo, esta garrafa ficou como recordação.

No caso do Periquita, é apenas a marca de vinho mais antiga comercializada em Portugal, desde 1850, daí a razão da nossa escolha. Segundo a José Maria da Fonseca, é também o vinho tinto português mais vendido no estrangeiro. Também há algum tempo que não o consumia, mas o vinho modernizou-se um pouco, seguindo agora o perfil dos vinhos com muito álcool (embora sem exagero, apesar de tudo), com algum frutado. Na boca é medianamente encorpado com taninos suaves e bem integrados com um toque discreto de madeira e apresenta um fim prolongado, com bastante especiaria. É um vinho que pede pratos grelhados ou assados com algum condimento, embora sem exageros.
A garrafa também se modernizou, passando da tradicional borgonhesa que durante décadas marcou a imagem do vinho para a bordalesa que ostenta agora. Sendo agora um vinho mais moderno, não sei, contudo, se é melhor do que era. Se calhar tornou-se igual a muitos outros.

Kroniketas, enófilo esclarecido

Vinho: Pera-Manca 2003 (B)
Região: Alentejo (Évora)
Produtor: Fundação Eugénio de Almeida - Adega da Cartuxa
Grau alcoólico: 14%
Castas: Antão Vaz, Arinto
Preço em feira de vinhos: 12,89 €
Nota (0 a 10): 8

Vinho: Periquita 2004 (T)
Região: Terras do Sado
Produtor: José Maria da Fonseca
Grau alcoólico: 13%
Castas: Castelão, Aragonês, Trincadeira
Preço em feira de vinhos: 3,29 €
Nota (0 a 10): 6

quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

No meu copo 84 - Adega de Pegões, Colheita Seleccionada branco 2005

Na região da península de Setúbal, cujos vinhos têm a denominação habitual de Terras do Sado, para além dos monstros José Maria da Fonseca e Bacalhôa, nos últimos anos tem-se vindo a impor a Cooperativa Agrícola de Santo Isidro Pegões, com vinhos de boa qualidade a baixo preço, que têm ganho espaço junto dos consumidores por se apresentarem bastante apelativos pois aparentemente valem bem mais do que aquilo que custam.
Pela primeira vez vamos falar dum vinho desta casa, um branco com algumas semelhanças com o anterior que analisámos (o Vinha Grande), embora de região totalmente diferente, e bem mais barato que o anterior. Também com estágio em madeira, também com grau alcoólico elevado. No entanto, parece-me claramente um vinho mais equilibrado que o Vinha Grande branco.
Este Adega de Pegões branco, Colheita Seleccionada de 2005, apresenta-se com uma cor citrina e forte estrutura na boca bem equilibrada com uma boa acidez, que compensa os 14º de álcool. É tipicamente um branco de Inverno, que casa muito bem com peixes assados no forno, com molho, ou com pratos de bacalhau bem regados com azeite. A sua equilibrada acidez, conjugada com o corpo e o álcool vão bater-se muito bem com o paladar marcante e intenso destes pratos.
Uma referência que já tínhamos fixado e que tem lugar nas nossas escolhas, e que se apresenta como um dos bons representantes da Região de Terras do Sado, embora com um perfil bastante diferente dos mais elegantes e aromáticos João Pires ou BSE, mas que é uma escolha acertada por um preço extremamente convidativo.

Kroniketas, enófilo esclarecido

Vinho: Adega de Pegões, Colheita Seleccionada 2005 (B)
Região: Terras do Sado
Produtor: Cooperativa Agrícola Santo Isidro de Pegões
Grau alcoólico: 14%
Castas: Chardonnay, Arinto, Pinot Blanc, Antão Vaz

Preço em feira de vinhos: 2,87 €
Nota (0 a 10): 7,5