No meu copo 251 - Veuve Roth, Pinot Gris 2007; Delicato, Chardonnay 2005; Delicato, Zinfandel 2005 rosé; Herdade do Pinheiro 2007 rosé; Herdade do Perdigão Reserva 2005; Quinta da Viçosa 2003; Herdade do Meio Garrafeira 2003; Vieux Magon 2001
E pronto, para assinalar o fim do ano de trabalho e ajudar a esgotar o stock de perdizes do caçador de serviço, juntando mais uma operação da missão nunca terminada de “desbaste da garrafeira”, o plenário dos Comensais Dionisíacos reuniu-se em versão familiar para o que já começa a ser um “must” na primeira metade do Verão: o “jantar de fim de época”, desta vez em versão caseira com o Politikos e respectiva consorte e descendência a servirem de anfitriões para o repasto. Compareceram à chamada quase todos os membros efectivos, só havendo faltas por impossibilidade justificada.
Enquanto as senhoras se dedicavam à confecção das aves, os homens entretinham-se com a selecção das garrafas. Para começar optou-se por um Veuve Roth, Pinot Gris 2007, um branco francês que tinha provado há algum tempo na Wine O’Clock. Muito macio, delicado e de grande suavidade, ligeiramente adocicado mas com uma excelente acidez que o torna muito fresco e equilibrado, já me tinha conquistado na prova anterior e voltou a fazê-lo. Não é um vinho para grandes refeições mas como aperitivo ou entrada ou com pratos delicados vai francamente bem.
Seguiu-se um Delicato Chardonnay 2005, desta vez um branco californiano que apareceu mais suave do que a maioria dos Chardonnay, mais frutado e sem aquele amanteigado que marca muitos dos vinhos da casta, com aromas tropicais e sem a habitual marca da madeira que o torna demasiado pesado para o meu gosto.
Passou-se depois para os rosés. O anfitrião insistiu em que experimentássemos outro Delicato que não fez o pleno das opiniões. Um verdadeiro rosé de esplanada, adocicado e não muito gastronómico. No entanto algumas das senhoras preferem os mais doces pelo que ainda houve aproveitamento do conteúdo da garrafa. Passou-se imediatamente a outro rosé que já estava preparado, um Herdade do Pinheiro 2007. Mais seco, persistente e com maior acidez, agradou à generalidade dos presentes.
Quando as perdizes vieram para a mesa, confeccionadas em duas variedades já experimentadas com sucesso (estufadas com couve lombarda e com cogumelos em molho de natas de soja) passou-se então ao painel dos tintos, constituído por belos vinhos do Alentejo. A escolha para início das hostilidades recaiu num Herdade do Perdigão Reserva 2005. Foi um sucesso. Alvo dos maiores encómios, mostrou-se um vinho de grande carácter, pujante, persistente, muito vivo mas arredondado, a mostrar que está para durar. Sem dúvida um vinho a repetir.
Seguiu-se um Quinta da Viçosa 2003, um dos vinhos especiais de João Portugal Ramos. É feito com a melhor casta portuguesa e a melhor casta estrangeira da colheita de cada ano. Neste caso temos uma combinação algo “sui generis “de Touriga Nacional e Merlot, tal como já houve outras combinações improváveis como Aragonês e Petit Verdot ou Trincadeira e Syrah. Este 2003 apresentou-se essencialmente elegante e suave, em claro contraste com o Herdade do Perdigão. Um vinho mais aconselhado para pratos delicados e requintados, talvez pouco adequado para a caça que tínhamos no prato mas que também merece outra oportunidade.
Continuando no Alentejo, experimentámos depois um Herdade do Meio Garrafeira 2003, uma promoção da feira de vinhos do Continente de 2008. A prova anterior desta casa não agradou mas este mostrou outro nível. Muito bem estruturado, encorpado e persistente, com taninos firmes mas domados. Uma bela surpresa pelo preço que custou.
Por fim, o anfitrião ainda fez questão de nos brindar com uma garrafa de vinho da Tunísia, produzido na região da antiga Cartago. Contra as expectativas mais pessimistas, não defraudou. Apresentou-se elegante e suave na boca, medianamente encorpado, com boa concentração de cor e alguma persistência de madeira. Não sendo excepcional, não é de menosprezar.
Para fecho da noite, já atirados a uma mousse e a um gelado de chocolate, tivemos o ponto alto com a abertura duma relíquia que o Politikos tinha lá em casa: um Lacrima Christi sem data, mas com uma indicação de 1908 no contra-rótulo! Sublime! Não há palavras para descrevê-lo. E ainda houve tempo para os mais resistentes provarem uma aguardente de figo da Tunísia, Boukha Gold, com 36% de álcool.
Depois ainda se seguiram algumas baforadas de charuto e cachimbo para os mais aficionados, mas isso são outras histórias... Agora vamos a banhos.
Kroniketas, tuguinho, e os outros todos
Vinho: Veuve Roth, Pinot Gris 2007 (B)
Região: Alsácia (França)
Produtor: Les Caves de La Route du Vin
Grau alcoólico: 12,5%
Casta: Pinot Gris
Preço: 9,50 €
Nota (0 a 10): 8
Vinho: Delicato, Chardonnay 2005 (B)
Região: Califórnia (EUA)
Produtor: Delicato Family Vineyards - Manteca - Califórnia
Grau alcoólico: 13,5%
Casta: Chardonnay
Preço: 4,22 €
Nota (0 a 10): 7
Vinho: Delicato, Zinfandel 2005 (R)
Região: Califórnia (EUA)
Produtor: Delicato Family Vineyards - Manteca - Califórnia
Grau alcoólico: 10%
Casta: White Zinfandel
Preço: 3,96 €
Nota (0 a 10): 5,5
Vinho: Herdade do Pinheiro 2007 (R)
Região: Alentejo (Ferreira)
Produtor: Sociedade Agrícola Silvestre Ferreira
Grau alcoólico: 13,5%
Castas: Touriga Nacional, Cabernet Sauvignon
Preço: 4,88 €
Nota (0 a 10): 7
Vinho: Herdade do Perdigão Reserva 2005 (T)
Região: Alentejo (Monforte)
Produtor: Herdade do Perdigão
Grau alcoólico: 14,5%
Castas: Trincadeira, Aragonês, Cabernet Sauvignon
Preço: 12,50 €
Nota (0 a 10): 8,5
Vinho: Quinta da Viçosa 2003 (T)
Região: Alentejo (Estremoz - Borba)
Produtor: João Portugal Ramos
Grau alcoólico: 14,5%
Castas: Touriga Nacional, Merlot
Preço: 22,10 €
Nota (0 a 10): 8
Vinho: Herdade do Meio Garrafeira 2003 (T)
Região: Alentejo (Portel)
Produtor: Casa Agrícola João & António Pombo - Herdade do Meio
Grau alcoólico: 14,5%
Castas: Trincadeira, Aragonês, Alicante Bouschet, Castelão
Preço em feira de vinhos: 7,99 €
Nota (0 a 10): 8
Vinho: Vieux Magon 2001 (T)
Região: Mornag (Tunísia)
Produtor: Les Vignerons de Carthage - Tunis
Grau alcoólico: 13%
Preço: 9 €
Nota (0 a 10): 7
sexta-feira, 31 de julho de 2009
Perdizes por um, perdizes para dez
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Krónikas Vinícolas
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Etiquetas: Alentejo, Alicante Bouschet, Aragonez, Borba, Brancos, Cabernet Sauvignon, Castelao, Caves Route Vin, Chardonnay, Delicato, Estrangeiros, Estremoz, EUA, França, Herdade Meio, JP Ramos, Merlot, Perdigao, Pinot Gris, Rosé, Silvestre Ferreira, Tintos, Touriga Nacional, Trincadeira, Tunisia, Vignerons Carthage, Vinho do Porto, Zinfandel
segunda-feira, 5 de janeiro de 2009
No meu copo 225 - Herdade do Meio 2004
Eis um vinho proveniente dum produtor que tem tido algum destaque recentemente. Na última feira de vinhos do Continente vários vinhos estavam em promoção, o que aliás mereceu um post no Saca-a-rolha.
Um dia resolvi comprar este para experimentar. Tendo em conta o preço pareceu-me que estaria num nível superior da gama da casa (ainda não conheço mais nenhum, portanto não posso fazer comparações). No entanto deparei-me, mais uma vez, com um vinho em que o excesso de álcool abafava tudo, tornando-o cansativo.
No último meio ano tenho tentado fugir dos vinhos alentejanos com 14 graus ou mais, porque tem sido um fartote que já não se aguenta. Neste caso arrisquei... e perdi. Perante este panorama praticamente tudo o resto perde interesse. Ao segundo copo já quase não se percebe mais nada. Pode ser que em futuras colheitas voltemos a encontrar vinhos com mais aromas e mais sabores, porque este, definitivamente, não me convenceu.
Apesar de tudo não se pode dizer que seja mau. Bebe-se com algum agrado, para aquilo que custa deveria deixar muito mais recordações.
Kroniketas, enófilo esclarecido
Vinho: Herdade do Meio 2004 (T)
Região: Alentejo (Portel)
Produtor: Casa Agricola João & António Pombo - Herdade do Meio
Grau alcoólico: 14,5%
Castas: Aragonês, Trincadeira, Alfrocheiro, Alicante Bouschet
Preço em hipermercado: 12,99 €
Nota (0 a 10): 6,5
Publicada por
Krónikas Vinícolas
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00:43
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Etiquetas: Alentejo, Alfrocheiro, Alicante Bouschet, Aragonez, Herdade Meio, Tintos, Trincadeira