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domingo, 6 de junho de 2010

No meu copo 275 - Veuve Clicquot Ponsardin; Quinta de Sant’Ana Sauvignon Blanc 2008; Colares Fundação Oriente branco 2008; Aneto branco 2009

A final da Champions League, que (re)consagrou o português José Mourinho e que desta vez teve lugar a um sábado ao final da tarde, foi ouro sobre azul para mais um encontro do núcleo duro dos Comensais Dionisíacos composto por Kroniketas, Mancha, Politikos e tuguinho. Apesar do oiro e do azul, a contenda iniciou-se com uma evocação vermelha, a vitória do Benfica na Super Liga 2009-2010. Resta dizer, para os que ainda não sabem, que no núcleo duro dos Comensais há um empate entre cores: dois vermelhos – Kroniketas e tuguinho – e dois verdes – Mancha e Politikos. Os vermelhos pagaram o champagne, um Veuve Clicquot Ponsardin, com o qual se iniciou a refeição, brindando os primeiros à vitória do SLB e os segundos «à nossa», não sem deixarem de reconhecer com fair-play que o SLB foi um justo vencedor. Fomos debicando umas lascas de presunto e de queijo e ao mesmo tempo beberricando o champagne que se revelou um excelente companheiro das entradas e confirmou as qualidades que já lhe eram conhecidas de outros prélios. É que o champagne vai bem com tudo. Primeiro estranha-se mas depois entranha-se. Bolha fina e persistência na boca fazem deste Veuve Clicquot sempre uma boa escolha.

O tempo estava quente, pelo que se havia acertado previamente uma refeição só com brancos. Alinharam à mesa: um William Fevre Sauvignon Blanc 2004, um Quinta de Sant’Ana Sauvignon Blanc 2008, um Colares D.O.C. Fundação Oriente 2008 e um Aneto 2009.

O primeiro a vir à liça, o William Fevre Sauvignon Blanc 2004, estava passado, pelo que foi de imediato dispensado. Acontece algumas vezes, felizmente poucas. O vinho é um produto orgânico, um ser vivo, que vive, cresce e morre. E este, ainda que anteriormente provado com excelentes resultados, já havia dado a alma ao Criador!

Passámos ao segundo, uma aquisição muito recente e que nem sequer chegou a ganhar pó na garrafeira comunitária, o Quinta de Sant’Ana Sauvignon Blanc 2008, que se revelou de grande qualidade. É um vinho regional da Estremadura, proveniente da Quinta de Sant’Ana, na aldeia do Gradil, perto de Mafra. Apresenta-se com uma cor dourada, fresco e mineral no nariz, com ligeiro toque floral. Na boca, mostra uma estrutura média, uma acidez domada e no ponto e uma assinalável persistência. Algumas notas vegetais no palato conferem-lhe alguma diferença em relação a outros brancos. Não conhecíamos e foi uma agradável surpresa, das melhores da noite. Tanto que lhe atribuímos a melhor das notas: 8,5. O rótulo e o logótipo da Quinta sendo simples e depurados são também elegantes, como o vinho, aliás. Roupa e produto casam assim na perfeição.

Importa dizer que este e os outros que se lhe seguiram tiveram de se bater com um arroz de tamboril muito malandrinho e caldoso confeccionado por mestre Mancha, com o qual procuramos mostrar-nos menos carnívoros do que habitualmente. E já que estávamos na Estremadura, passámos, sem fugir muito, a um Colares D.O.C. Fundação Oriente 2008, um vinho produzido em chão de areia. Apresenta uma cor de água, quase transparente no copo e um aroma de grande frescura, com notas vegetais. Na boca apresenta-se algo delgado, alguma acidez e um final de boca curto. É um vinho diferente, mais suave, mesmo na graduação alcoólica, 12,5º, com alguma personalidade, não deixando de ser gastronómico, recomendável para pratos simples e despretensiosos.

O último a tomar assento à mesa foi o Aneto 2009, um blend bastante blend que combina as castas Viosinho, Rabigato, Gouveio e Malvasia Fina. É um vinho pujante nos aromas a fruta tropical. No contra-rótulo não se refere a permanência em cave e por consequência em madeira, mas mesmo assim mostra estrutura, carácter e complexidade. A acidez está lá mas não em excesso, o que muitas vezes descaracteriza os brancos. É claramente uma boa aposta para branco e com uma boa relação preço/qualidade. De notar que o enólogo deste vinho, Francisco Montenegro, é o mesmo do Bétula, de que tivemos oportunidade de degustar duas garrafas generosamente oferecidas pelo produtor, e que muito nos agradaram tal como este Aneto.

No final, fechámos a refeição com a já tradicional mousse de chocolate preto com natas, decoradas com granulado de chocolate, e os mais aficionados das bebidas brancas ainda encontraram espaço para um golinho de uma aguardente húngara de nome Meggy feita a partir de cerejas ou ginjas. Suave e macia e com a cereja/ginja muito presente no nariz e na boca. Uma boa aposta em matéria de aguardentes. Para os interessados, o Mancha, que é fã de bebidas brancas, comprou-a no El Corte Inglés.

Politikos e Kroniketas, enófilos desta vez numa de brancos

Vinho: Veuve Clicquot - Champagne Brut (B)
Nota (0 a 10): 9

Vinho: Quinta de Sant’Ana, Sauvignon Blanc 2008 (B)
Região: Estremadura/Lisboa
Produtor: Quinta de Sant’Ana do Gradil
Grau alcoólico: 13,5%
Casta: Sauvignon Blanc
Preço: 16,45 €
Nota (0 a 10): 8,5

Vinho: Colares Fundação Oriente 2008 (B)
Região: Colares
Produtor: Quinta das Vinhas de Areia, Soc. Agrícola
Grau alcoólico: 12,5%
Castas: não mencionadas
Preço: 14,35 €
Nota (0 a 10): 7,5

Vinho: Aneto 2009 (B)
Região: Douro
Produtor: Sobredos – Produção e Comércio de Vinhos
Grau alcoólico: 13%
Castas: Viosinho, Rabigato, Gouveio, Malvasia Fina
Preço : 11,60 €
Nota (0 a 10): 8

terça-feira, 28 de julho de 2009

No meu copo, na minha mesa 250 - Jantar Niepoort no restaurante Jacinto





Realizou-se há duas semanas no restaurante Jacinto, na zona antiga de Telheiras, em Lisboa, o muito aguardado jantar de degustação com vinhos Niepoort, promovido pela Wine O’Clock. Pela quantia de 50 euros os mastigantes e degustantes tiveram direito a uma entrada, um prato de peixe, dois de carne, duas sobremesas, 10 vinhos e uma aguardente, que incidiram basicamente nos que já tinham estado em prova na Wine O’Clock na semana anterior.
As Krónikas Vinícolas fizeram-se representar por este escriba e pelo Politikos, por sinal os primeiros a chegar ao restaurante. Começámos por ser brindados com um vinho do Porto branco Niepoort extra-seco de 1939! Um vinho castanho-cobre, a fazer lembrar um Tawny de 20 ou 30 anos, com uma frescura e intensidade aromática que nunca fariam supor estarmos perante um vinho com a idade do início da 2.ª Guerra Mundial! Notável!
Depois de completo o lote de participantes e já devidamente distribuídos pelas mesas, deu-se início às hostilidades. Tivemos a sorte de ficar na mesa do representante da Niepoort, José Teles, da área comercial, o que foi uma mais-valia, já que além do agradável convívio nos permitiu aprender um pouco mais, tendo mesmo ficado em aberto a visita a uma das quintas da Niepoort por altura das vindimas. A estratégia comercial das marcas passa hoje muito por (in)formar e aproximar os apreciadores/consumidores de vinho, e ainda bem.
Com o prato de entrada foi servido o Redoma rosé 2008, de momento o único rosé da Niepoort. Bastante equilibrado na boca, com aroma predominante a frutos vermelhos, boa estrutura e boa persistência. Fermentou em barricas novas de carvalho francês mas não foi submetido a qualquer estágio. Um vinho concebido para a mesa, mais do que para a esplanada, que casou bem com a salada de queijo de cabra com rúcula, que estava muito fresca e agradável.
Seguiu-se o prato de peixe, bacalhau confitado com pasta de azeitona, com o qual provámos dois vinhos brancos: o Tiara 2008 e o Redoma 2008. O Tiara, mais leve, mais aberto, mais suave e mais elegante, com um perfil mais mineral e cítrico, é um branco para pratos mais frescos e requintados. O Redoma, mais estruturado, resultado da fermentação em barricas de carvalho francês onde estagiou 9 meses, tem a madeira muito bem casada sem se sobrepor aos aromas nem retirar a frescura predominante. Pode ser um branco mais de Inverno que no entanto se enquadra bem no tempo mais quente e que fez boa parceria com os tacos de bacalhau. Em suma, dois brancos de perfis diferentes mas ambos muito agradáveis. Pelos preços anunciados, o Tiara será mais apetecível de comprar...
Finalmente, chegaram as carnes e os tintos, servidos aos pares: um representante da gama mais intermédia da Casa com outro da gama alta. Assim começámos com um Vertente 2007 e um Charme 2007, para acompanhar o mil-folhas de pato com alecrim. Em seguida, para o javali estufado com torta de legumes, uma parelha Redoma 2006 e Batuta 2007 (em garrafa ainda sem rótulo).
Tanto o Vertente como o Redoma são vinhos para um consumo mais imediato, com um perfil mais frutado e encorpado. O Vertente será talvez o mais simples e menos ambicioso, enquanto o Redoma apresenta outra complexidade. Sendo estes dois bons vinhos, não deixam de ser ofuscados pelos dois de topo. O Charme faz inteiro jus ao nome que ostenta: todo ele é charme desde a primeira impressão olfactiva até à prova de boca, marcada por extrema elegância, a pedir pratos plenos de requinte. Foi bem escolhido para o folhado de pato. Já o Batuta apresenta-se mais pujante e complexo, a pedir tempo para se mostrar em plenitude e a prometer longa vida e grandes voos.
Para as sobremesas ainda houve direito a um Porto Vintage de 2007, um Colheita de 98 e uma aguardente vínica. Só provei os Portos que não deixaram os créditos por copos alheios. Um dos primeiros Portos Vintage que me lembro de beber foi um Niepoort de 2003 que estava notável, e este não fugiu à regra. Grande corpo, grande profundidade, um vinho cheio de pujança que nunca mais acaba na boca, apresentando uma exemplar ligação entre a fruta e o álcool. Possivelmente um dos melhores Portos Vintage do país. O Colheita também não se saiu mal da função, com uma predominância a frutos secos e bastante elegante na prova. Já o Politikos, ainda molhou os lábios na aguardente vínica e reputou-a de excelente, aveludada e elegante, com a madeira muito presente mas sem ser agressiva.
Resta falar dos sólidos, onde não é fácil escolher, de tão bem confeccionados estavam. O bacalhau muito bem enquadrado com a pasta de azeitona, o mil-folhas de pato muito saboroso e macio e finalmente o javali, talvez o ponto alto da noite, bastante apetitoso e suculento.
Para as sobremesas veio uma encharcada alentejana em duelo com um pão de rala, irrepreensíveis, e para terminar com o Porto um Petit gâteau com gelado de baunilha que fechou a noite da melhor forma.
Serviço impecável, rápido e eficiente, tanto nos vinhos como nos pratos, não falhou nada nesta refeição magnífica onde todos estão de parabéns. A Wine o’clock porque promoveu, a Niepoort porque forneceu os vinhos, o Jacinto porque serviu, e nós, os felizardos que lá estivemos porque pudemos participar numa refeição notável. Parece que o Jacinto, que atravessou tempos difíceis, está de volta aos melhores dias e a tornar-se um ponto de referência na gastronomia lisboeta.

Kroniketas, enófilo e gastrónomo satisfeito, com Politikos

Restaurante: O Jacinto
Av. Ventura Terra, 2 (Telheiras)
1600 Lisboa
Telef: 21.759.17.28
Nota (0 a 5): 4,5


Região: Douro
Produtor: Niepoort Vinhos

Vinho: Redoma 2008 (R)
Grau alcoólico: 13,5%
Castas: Tinta Amarela, Touriga Franca, 50% outras
Nota (0 a 10): 7,5

Vinho: Tiara 2008 (B)
Grau alcoólico: 12%
Castas: Codega, Rabigato, Donzelinho, Viosinho, Cercial
Nota (0 a 10): 7,5

Vinho: Redoma 2008 (B)
Grau alcoólico: 13%
Castas: Codega, Rabigato, Donzelinho, Viosinho, Arinto
Nota (0 a 10): 8

Vinho: Vertente 2007 (T)
Grau alcoólico: 13%
Castas: Tinta Roriz, Touriga Franca, Tinta Amarela, Touriga Nacional
Nota (0 a 10): 7,5

Vinho: Redoma 2006 (T)
Grau alcoólico: 14%
Castas: Touriga Franca, Tinta Roriz, Tinta Amarela, Tinto Cão
Nota (0 a 10): 8

Vinho: Charme 2007 (T)
Grau alcoólico: 13,5%
Castas: Tinta Roriz, Touriga Franca
Nota (0 a 10): 8,5

Vinho: Batuta 2007 (T)
Grau alcoólico: 13%
Castas: Tinta Roriz, Touriga Franca, Touriga Nacional
Nota (0 a 10): 9

Vinho: Porto Niepoort Vintage 2007
Grau alcoólico: 20%
Castas: Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinto Cão, Tinta Francisca, Tinta Amarela, Sousão, Tinta Roriz
Nota (0 a 10): 9

Vinho: Porto Niepoort Colheita 1998
Grau alcoólico: 20%
Castas: Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinto Cão, Tinta Francisca, Tinta Amarela, Sousão, Tinta Roriz
Nota (0 a 10): 8

quarta-feira, 27 de maio de 2009

No meu copo 242 - Quinta do Peru branco 2008; Dão Borges, Touriga Nacional 2005

Uma surtida com o tuguinho e o Politikos levou-nos aos Arcos, já um lugar obrigatório pela excelência do serviço e da culinária, para repetir o saboroso robalo no capote e o bife Wellington, desta vez complementados com um delicioso e suculento bife pimenta. Tal como nas visitas anteriores, 5 estrelas.
Para os líquidos, com uma vasta escolha à disposição, estivemos algo indecisos. O objectivo, como fazemos muitas vezes nestas ocasiões, era experimentar vinhos que não conhecêssemos, e assim acabámos por seguir a sugestão do escanção de serviço, quer para o acompanhamento do peixe quer da carne.
Deste modo travámos conhecimento com um Quinta do Peru branco de 2008, produzido em Azeitão, que fomos bebericando enquanto esperávamos pacientemente pela confecção do robalo no capote. Apresentou-se um vinho com bom aroma como é habitual nos brancos da península de Setúbal que, apesar dos seus 13,5 graus de álcool, não se mostrou pesado nem com o teor alcoólico excessivamente marcado. Uma pouco habitual combinação de duas castas que começam a impor-se um pouco por todo o lado, Viosinho e Verdelho, resultou neste branco em que uma acidez correcta, boca fresca, corpo e final medianos, cor entre o citrino e o palha e algumas notas de frutos brancos foram as características mais evidentes. Acompanhou com agrado o robalo e os entreténs-de-boca, de tal modo que ainda tivemos que pedir um reforço antes de passarmos aos substanciais bifes.
Para os bifes, seguindo novamente a sugestão do escanção, apontámos ao Dão para um Touriga Nacional da Borges de 2005 que foi uma belíssima revelação. Era um vinho debaixo de olho há muito tempo mas ainda não tinha calhado cruzar-me com ele. Veio na melhor altura, batendo-se em grande estilo com os bem temperados bifes. Tivemos aqui um exemplar da Touriga Nacional ao melhor nível, fugindo um pouco ao habitual floral e marcado por uma evidente robustez e taninos bem firmes. Ganhou com a decantação e foi-se revelando em aromas frutados ao longo da refeição, mantendo sempre uma admirável persistência. Ficámos rendidos a este belíssimo representante do novo fôlego do Dão.
Ainda deixámos umas gotas para o misto de sobremesas que encerrou o magnífico repasto, onde fomos reencontrar algumas já provadas nas anteriores visitas. O preço foi bem puxado (53 € por cabeça), mas caramba, para aquele nível até não se pode considerar chocante.

Kroniketas, com tuguinho e Politikos em trânsito pela marginal

Vinho: Quinta do Peru 2008 (B)
Região: Terras do Sado
Produtor: Sociedade Agrícola Ribeira da Várzea
Grau alcoólico: 13,5%
Castas: Viosinho, Verdelho
Preço em hipermercado: 9,46 €
Nota (0 a 10): 7

Vinho: Borges, Touriga Nacional 2005 (T)
Região: Dão
Produtor: Sociedade dos Vinhos Borges
Grau alcoólico: 13,5%
Casta: Touriga Nacional
Preço em hipermercado: 22,90 €
Nota (0 a 10): 8,5

quinta-feira, 17 de julho de 2008

No meu copo 191 - Planalto 2007; Diálogo 2005


A primeira passagem pel'Os Arcos agradou, pelo que resolvemos voltar à carga, desta vez para um prato de carne. Como o tempo estava quente, resolvemos começar por refrescar com meia garrafa de Planalto, o branco seco do Douro da Sogrape que é sempre uma aposta simpática. À semelhança de outros brancos relativamente leves e secos, este é sempre agradável de beber, com uma boa acidez e notas florais, corpo médio e um final persistente e refrescante. Nota-se a presença da Malvasia Fina a dar um perfil mais arredondado ao vinho dentro do seu carácter predominantemente seco. Neste caso acompanhámo-lo apenas com uns entreténs-de-boca enquanto aguardávamos a “pièce de résistance” que neste caso eram duas, divididas a meias: uma posta à mirandesa e um bife Wellington. Ela na sua tradicional disposição, ele acoitado em massa folhada, muito tenro e suculento.
Para a carne escolhemos um Diálogo, uma das recentes criações de Dirk Niepoort já divulgada por alguns comparsas da blogosfera, como o Vinho da casa e Os Vinhos. Este vinho tem a particularidade de apresentar um rótulo ilustrado pelo cartoonista Luís Afonso, sobejamente conhecido pelos cartoons que faz há muitos anos quer no jornal A Bola quer no Público, com o célebre Bartoon. É aliás nas personagens do Bartoon que este alentejano de Serpa se inspira para ilustrar o diálogo do rótulo entre o barman e um cliente.
Quanto ao conteúdo líquido, encontrámos um vinho macio, pronto a beber, tal como o produtor anuncia adequado “para todos os dias e não apenas para momentos especiais”. Apresenta-se com uma cor carregada, aroma a frutos vermelhos, redondo na boca sem deixar de mostrar alguns taninos bem amansados e um leve toque a especiarias. Apenas 20% da produção estagiou em barrica, pelo que a madeira passa aqui quase despercebida.
Enfim, o que se pode dizer é que é um vinho relativamente despretensioso e que nesse registo cumpre bem a sua função, sem deixar de mostrar uma qualidade apetecível. A macieza e frescura que apresenta podem torná-lo um bom tinto de Verão.

tuguinho e Kroniketas, enófilos e gastrónomos e etc.

Vinho: Planalto 2007 (B)
Região: Douro
Produtor: Sogrape
Grau alcoólico: 12,5%
Castas: Malvasia Fina, Gouveio, Viosinho, Códega
Preço em feira de vinhos: 4,59 €
Nota (0 a 10): 7,5

Vinho: Diálogo 2005 (T)
Região: Douro
Produtor: Niepoort Vinhos
Grau alcoólico: 13%
Castas: Touriga Franca, Touriga Nacional, Tinta Roriz, Tinta Amarela, Tinto Cão
Preço: cerca de 7,5 €
Nota (0 a 10): 7

segunda-feira, 14 de julho de 2008

No meu copo 190 - Bons Ares branco 2005

Estamos na época em que os vinhos frescos apetecem mais, e daqui até ao fim do Verão os vou ter oportunidade de provar brancos e rosés certamente em maior quantidade que os tintos. Mas este de que vou falar é mais um branco de Inverno que de Verão.
Ramos Pinto, um nome sobejamente conhecido, que dispensa grandes considerandos acerca da casa e do responsável pelos seus vinhos, um dos produtores mais referidos neste blog, é desta casa este branco Bons Ares, parceiro do tinto do mesmo nome e do “primo” Duas Quintas.
Se o Bons Ares tinto é uma das nossas referências permanentes, já este branco me pareceu alguns furos abaixo. Predominam algumas notas tropicais num todo envolvente com final persistente. Tem uma boa estrutura e alguma frescura, é nitidamente um vinho gastronómico, a pedir pratos com alguma substância, mas não é bem o perfil de branco que mais me agrada. Disso o vinho não tem culpa, naturalmente, mas eu gosto deles mais leves e aromáticos, e este não era particularmente aromático. Mas não quer dizer que o rejeite noutra ocasião, tem é que ser com um prato bem escolhido para lhe fazer companhia de modo a mostrar-se em pleno, caso contrário pode ter um peso excessivo na boca.

Kroniketas, enófilo esclarecido

Vinho: Bons Ares 2005 (B)
Região: Douro
Produtor: Ramos Pinto
Grau alcoólico: 13%
Castas: Viosinho, Sauvignon
Preço em feira de vinhos: 5,45 €
Nota (0 a 10): 7

segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

No meu copo 83 - Vinha Grande branco 2005

O Vinha Grande 2005 é o primeiro branco da Casa Ferreirinha, actualmente propriedade do grupo Sogrape. Segundo informações apresentadas no guia de João Paulo Martins para 2007 (que naturalmente carecem de confirmação prática), este branco vem substituir o Douro Reserva Sogrape, à semelhança do que vai acontecer com os outros vinhos de reserva da marca, que serão substituídos por outras marcas já existentes na empresa.
Pela parte que me toca, para já acho que não ficamos a ganhar. O Douro Sogrape Reserva branco era um dos nossos brancos preferidos (aliás faz parte das nossas sugestões) e este Vinha Grande não me convenceu. Enquanto aquele apresentava uma boa estrutura e robustez na boca mas era equilibrado no seu conjunto, este Vinha Grande pareceu-me ainda pouco moldado e algo rústico.
Tem uma cor citrina carregada e algum frutado, mas como às vezes acontece nos brancos com madeira, esta pareceu-me um pouco sobreposta aos sabores do vinho. Tem alguma complexidade e poderá bater-se com peixes gordos ou mesmo com algumas carnes brancas, mas achei-o algo áspero.
Definitivamente, não sou grande fã dos brancos com madeira, mas curiosamente, por contraste, depois deste provei um outro branco de que falarei no próximo post e, embora com mais álcool e também com madeira, me pareceu mais bem conseguido.
Quanto a esta substituição dos Reservas Sogrape por outras marcas, a confirmar-se, vamos ver se a maior empresa de vinhos do país conseguirá apostas tão certeiras como foram ao longo de mais de uma década os Reservas Douro, Dão, Bairrada e Alentejo. Vou sentir falta deles. Tenho de fazer um reforço do stock antes que desapareçam.

Kroniketas, enófilo esclarecido

Vinho: Vinha Grande 2005 (B)
Região: Douro
Produtor: Casa Ferreirinha - Sogrape
Grau alcoólico: 13%
Castas: Malvasia Fina, Viosinho, Gouveio

Preço em feira de vinhos: 8,57 €
Nota (0 a 10): 6

domingo, 14 de maio de 2006

Krónikas duma viagem ao Douro - 5

No meu copo, na minha mesa 44 - Planalto; Cacho D’Oiro (Régua)

De passagem por Peso da Régua, uma sugestão dum guia de restaurantes encaminha-nos para o centro da cidade à procura do restaurante Cacho D’Oiro. A procura não é grande, porque aparece uma placa a indicar o restaurante num beco sem saída. Há uns quantos lugares para estacionar, mas é preciso fazer umas quantas manobras para virar o carro no pouco espaço disponível sem bater nos que lá estão.
Franqueada a porta, encontramos um espaço amplo, com escada para um andar superior e mesas em quantidade. É sábado ao almoço, pelo que é fácil sentar, mas a pouco e pouco começam a chegar grupos de pessoas que acabam por lotar o espaço.
A ementa é variada dentro dos pratos normais na região. Escolheu-se uns filetes de polvo e um cabrito assado. Os filetes são tenros e saborosos, mas trazem um acompanhamento pouco adequado, batatas fritas, o que torna necessário pedir arroz branco. Não há mais nenhum, nem de tomate nem de feijão, o que se lamenta. O cabrito cumpre aquilo que sempre se espera deste prato, com acompanhamento de batatas e legumes.
Para acompanhar pediu-se vinho branco Planalto, da Sogrape. É um vinho de cor citrina seco e aromático, frutado quanto baste, com boa acidez que vai muito bem com os filetes e bebe-se de forma gulosa. Não sendo muito leve, acompanha pratos de peixe com algum tempero, mas não convém exagerar. Convém mantê-lo num frappé ou numa manga de refrigeração para que não aqueça durante a refeição.
O atendimento é simpático e eficiente, com pessoal jovem e solícito que responde rapidamente às chamadas. A refeição é satisfatória, mas nada de extraordinário nem de nos deixar de boca aberta. Ou seja, estando na Régua vale a pena ir lá, mas não valerá ir lá de propósito como a Valhelhas para ir ao Vallecula.

Kroniketas, enófilo esclarecido

Restaurante: Cacho D’Oiro
Rua Branca Martinho
5050-292 Peso da Régua
Telef: 254.321.455
Preço médio por refeição: 20 €
Nota (0 a 5): 3

Vinho: Planalto (B)
Região: Douro
Produtor: Sogrape
Grau alcoólico: 12,5%

Castas: Malvasia Fina, Viosinho, Gouveio
Preço em feira de vinhos: 3,95 €
Nota (0 a 10): 7