Uma visita à Wine o’Clock para uma Prova Esporão foi o pretexto para, à última hora, uma fracção do núcleo duro dos Comensais Dionisíacos – composta por Kroniketas, Mancha e Politikos, à qual só faltou (como habitualmente, aliás) o tuguinho – acertar um repasto tardio.
Na Wine o’Clock a prova foi, como se esperava, excelente, passando em revista o portefólio da gama superior do Esporão:
- Esporão Reserva Branco 2009, um vinho moderno e fresco, com uns taninos finais que se sentem mas logo se recolhem;
- Private Selection Branco 2008, um branco de grande nível, complexo, amadeirado; que pode passar por tinto e acompanhar tudo à mesa;
- Quatro Castas Tinto 2009, que nesta colheita mudou o perfil e as castas – agora Alicante Bouschet, Aragonês, Touriga Franca e Touriga Nacional – quase podendo passar por Douro (nós preferimos o antigo, com verdadeiro perfil do Alentejo);
- Esporão Reserva Tinto 2008, um nosso velho conhecido, e que continua um excelente vinho e a dar cartas, numa boa escolha entre custo/qualidade;
- Private Selection Tinto 2007, excelentíssimo, elegantíssimo e complexo, que quase se mastiga, mas que todos nós achámos que para poder ser apreciado na sua plenitude é capaz de ganhar em ser bebido a solo e só com conversa, por se poder perder um pouco com a comida e sobretudo quando servido depois de outros, quando os estômagos já estão saciados e os palatos cansados.
- Rematámos em beleza com um Late Harvest 2009, bem feito e menos enjoativo do que outros que já provámos, sobretudo os do Novo Mundo. Não se aguenta com uma encharcada alentejana ou a acompanhar sobremesas muito doces, mas irá muito bem com uma salada de frutas, gelado ou tarte, por exemplo.
Em suma, a Herdade do Esporão continua a dar cartas.
(continua)
Politikos e Kroniketas, enófilos rendidos ao Esporão
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
Na Wine O’Clock 8 - Vinhos do Esporão
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terça-feira, 1 de dezembro de 2009
No meu copo 256 - Quatro Castas Reserva 2005
Ainda com as colheitas de 2002 e 2003 em casa, uma passagem pela Makro fez-nos deparar com a colheita de 2005 já à venda, que aproveitámos para comprar e beber de imediato ao jantar. Mais uma vez este tinto do Esporão, feito com as melhores quatro castas de cada ano (daí o nome) e que temos seguido desde o seu lançamento, encheu-nos as medidas, guindando-se a um patamar que rivaliza com o ícone da casa, o Esporão Reserva.
Não tendo decantado previamente a garrafa, o vinho começou por se apresentar um pouco fechado e com os aromas escondidos. Parecia algo curto e delgado na boca. Mas logo o tempo se encarregou de corrigir a situação. Meia hora e meia garrafa depois, aí estava ele em todo o seu esplendor, a mostrar toda a sua estrutura e robustez e a soltar toda uma panóplia de aromas. Mantém o perfil a que nos habituou, com um corpo e uma exuberância aromática notáveis, taninos bem firmes mas elegantes, madeira muito equilibrada e o álcool muito bem disfarçado e integrado no conjunto.
Correndo o risco de repetir o que já disse acerca deste vinho em posts anteriores, continuo a considerar que se bate de igual para igual com a marca que ostenta o nome da casa e por vezes o supera. São vinhos de perfis diferentes mas ambos excelentes. As recentes provas de ambos levam-nos a considerar para uma ocasião propícia uma prova comparada dos dois. Estou certo de que vai valer a pena.
Kroniketas, enófilo esclarecido
Vinho: Quatro Castas Reserva 2005 (T)
Região: Alentejo (Reguengos)
Produtor: Herdade do Esporão
Grau alcoólico: 14,5%
Castas: Aragonês, Trincadeira, Touriga Nacional, Syrah (em partes iguais)
Preço em feira de vinhos: 12,26 €
Nota (0 a 10): 9
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quinta-feira, 30 de abril de 2009
No meu copo 236 - Esporão Reserva 2006
Após um período mais ou menos sabático e mais ou menos prolongado, vejo-me impelido a voltar às lides por força dum vinho que me marcou. Falo da colheita 2006 do Esporão Reserva, um ícone do Alentejo, um clássico, um daqueles vinhos que considero incontornáveis. Ainda na minha fase inicial de descoberta, o Esporão era um dos vinhos mais em voga e um que me fez despertar para este mundo. Ficaram-me na memória mais recôndita os aromas frutados que de vez em quando recordo de forma difusa sem saber muito bem onde os encontrava.
Nos últimos anos, tal como acontece com outros vinhos, andei um pouco afastado deste produto. Pareceu-me que a qualidade estava a decair um pouco e que o vinho se estava, de certa forma, a vulgarizar. Comecei a dar preferência aos monocasta e principalmente ao excelente Quatro Castas, que nos últimos anos me pareceu ser claramente melhor que o emblema da casa.
Mas um dia teria de regressar às origens. Foi este mês, por ocasião duma efeméride familiar, comemorada com uma incursão ao Vasku's (outro regresso recorrente às origens) para comer o inigualável fondue do lombo. Olhando para a carta de vinhos e tentando encontrar algo a meio caminho entre o bom e o não muito caro, detive-me na extensa lista de vinhos alentejanos, quase todos entre os 20 e os 30 €. Lá no topo o Esporão constava a 33 €. Pensei “há tanto tempo que não o bebo, e hoje é dia de festa...”. E assim veio para a mesa uma garrafa do dito Reserva 2006, previamente decantado.
Em boa hora o escolhi. Só vos posso dizer que fiquei de novo rendido, perfeitamente encantado com este vinho. Estava lá tudo o que eu tinha nas profundezas da memória. Um vinho extremamente equilibrado em todas as suas componentes: corpo, profundidade aromática com fruto maduro bem evidente mas sem excessos, acidez, macieza, madeira, taninos, persistência e complexidade muito suave, tudo no ponto certo. E os 14,5% de álcool perfeitamente disfarçados pela envolvência do vinho, como é timbre da casa. Um vinho que apetece ir bebendo sempre mais e que não cansa nem enjoa, que se deseja que não acabe. De tal forma que não demorei a adquirir uma garrafa que poucos dias depois foi aberta à mesa com o tuguinho e o Politikos. A opinião foi coincidente entre os três: não conseguimos encontrar nada de menos bom neste vinho. É um regresso em grande e, claro, é para comprar mais e deixar na garrafeira. E um dia destes vou fazer a comparação com o Quatro Castas para tirar as teimas.
Kroniketas, enófilo regressado
Vinho: Esporão Reserva 2006 (T)
Região: Alentejo (Reguengos)
Produtor: Herdade do Esporão
Grau alcoólico: 14,5%
Castas: Aragonês, Trincadeira, Alicante Bouschet, Cabernet Sauvignon
Preço em hipermercado: 15,98 €
Nota (0 a 10): 9
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Etiquetas: Alentejo, Alicante Bouschet, Aragonez, Cabernet Sauvignon, Esporao, Reguengos, Tintos, Trincadeira
terça-feira, 27 de janeiro de 2009
No meu copo 231 - Quatro Castas Reserva 2001
Perdoem-me a insistência, mas beber este vinho é um prazer sempre renovado. Tinha provado a última da mesma colheita há cerca de um ano e agora parece que melhorou. Curiosamente, no blog Os Vinhos existe uma prova da colheita de 2002, onde o Pedro Rafael Barata refere que já passou o seu auge e o final é mediano.
Pois este de 2001, passado um ano, ainda está melhor. Mediano é que o final não é e pelo contrário talvez esteja, agora sim, no auge. O tempo em garrafa só lhe tem feito bem. Um corpo que nunca mais acaba, uma profundidade aromática espantosa, com aromas ainda exuberantes a fruta e algum toque a tostados e especiarias, com boa integração com a madeira e os taninos polidos mas ainda sólidos a darem grande firmeza a um conjunto homogéneo e equilibrado. E nem os 15 graus de álcool destoam do conjunto, tão bem disfarçados estão.
Definitivamente, um vinho que faz sempre os meus encantos por um preço que fica bem abaixo do que se poderia esperar. Para mim é incontornável e, repito o que disse há um ano, o melhor vinho do Esporão daqueles que já provei (continua a faltar o Private Selection e o caríssimo Torre do Esporão...).
Kroniketas, enófilo esclarecido
Vinho: Quatro Castas Reserva 2001 (T)
Região: Alentejo (Reguengos)
Produtor: Herdade do Esporão
Grau alcoólico: 15%
Castas (não mencionadas no contra-rótulo) - as quatro melhores do ano em partes iguais entre estas: Aragonês, Trincadeira, Touriga Nacional, Cabernet Sauvignon, Syrah, Bastardo, Alicante Bouschet
Preço em feira de vinhos: 10,79 €
Nota (0 a 10): 9
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Etiquetas: Alentejo, Alicante Bouschet, Aragonez, Bastardo, Cabernet Sauvignon, Esporao, Reguengos, Syrah, Tintos, Touriga Nacional, Trincadeira
terça-feira, 8 de janeiro de 2008
No meu copo 158 - Quatro Castas Reserva 2001
Há uns 6 anos deparámos com um novo vinho da Herdade do Esporão, denominado Quatro Castas. Tal como acontece com os vinhos da Sogrape, todos os vinhos desta proveniência interessam-nos sobremaneira e este não fugiu à regra.
Rapidamente tratámos de o adquirir e degustar com todo o interesse. O resultado foi... esmagador! Durante algum tempo considerámo-lo um dos melhores vinhos do país (dentro daqueles que conhecíamos, obviamente). E até hoje, excluindo o Torre do Esporão e os Private Selections, que ainda não bebemos, consideramo-lo sem dúvida o melhor vinho da herdade, acima do Esporão Reserva. Convém referir que há mais de 10 anos que conhecemos todos os outros vinhos da Herdade do Esporão, desde o Esporão Reserva, que foi uma das nossas primeiras preferências, passando pelo Monte Velho (de que acompanhámos praticamente todas as colheitas, quando ainda era um VQPRD com 11,5 graus de álcool macio e suave), o Alandra, todos os monocasta (a começar pelo Cabernet Sauvignon, seguindo pelo Aragonês e o Trincadeira, até aos neófitos Bastardo, Syrah, Touriga Nacional e Alicante Bouschet) e o mais recente Vinha da Defesa, sem esquecer os brancos.
O Quatro Castas foi uma surpresa, com um corpo, um bouquet, uma profundidade aromática, uma complexidade e uma persistência extraordinários, e as sucessivas provas confirmaram esta impressão: para nós, tornou-se inquestionavelmente o melhor vinho do Esporão. É um vinho feito com as melhores quatro castas de cada ano vinificadas em partes iguais, pelo que nunca sabemos que castas lá estão em cada colheita (essa informação não é mencionada no contra-rótulo, apenas no site para a colheita apresentada), mas a tendência é para ser entre Aragonês, Trincadeira, Touriga Nacional, Syrah, Alicante Bouschet, Bastardo e Cabernet Sauvignon (esta ultimamente abandonada nos varietais por, segundo os responsáveis, “perder a tipicidade”). É fermentado durante uma semana a temperaturas controladas em cubas de inox, com maceração prolongada, seguindo-se um estágio de 6 meses em barricas novas de carvalho americano e francês e mais 6 meses em garrafa. Normalmente chega ao mercado já com cerca de 3 anos de idade.
Agora, desde que temos o blog, as provas são mais diversificadas pelo que as oportunidades de repetir são menores. Mas um dia destes provámos a colheita de 2001, que confirmou tudo o que pensamos deste vinho. Não apresentou a exuberância de outros tempos, porque o tempo também não perdoa e nos vinhos do Alentejo ainda menos, mas continua (para nós) a ser um vinho de excepção: o bouquet já é mais discreto, o frutado menos pronunciado e a persistência menos prolongada. Mas as características originais estão todas lá. Além disso, tem um grau alcoólico elevadíssimo mas que não se sente na prova, pois como é apanágio dos vinhos do Esporão, está tão bem feito que não se sente o álcool. Tomara muitos dos vinhos da moda conseguirem ser assim.
Como ainda temos em stock as colheitas de 2002 e 2003, um dia destes vamos voltar à carga com uma comparação das várias colheitas. Porque este é outro daqueles vinhos que quase passam despercebidos, como o Garrafeira dos Sócios de que falámos noutro dia. Porque, como aquele, também não é um vinho da moda, daqueles que nos querem impingir à viva força como sendo os que os consumidores “preferem” (isso ainda está por provar). Pedimos desculpa pelo incómodo e por continuar a fugir à moda, mas para nós este é um vinho de excepção. E ninguém nos desvia daqui.
tuguinho e Kroniketas, enófilos e tal
Vinho: Quatro Castas Reserva 2001 (T)
Região: Alentejo (Reguengos)
Produtor: Herdade do Esporão
Grau alcoólico: 15%
Castas: quatro destas, conforme o ano - Aragonês, Trincadeira, Touriga Nacional, Cabernet Sauvignon, Syrah, Bastardo, Alicante Bouschet
Preço em feira de vinhos: 10,79 €
Nota (0 a 10): 9
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quarta-feira, 6 de junho de 2007
No meu copo, na minha mesa 118 - Alandra; Restaurante Tia Rosa (Melides)


O restaurante fica mesmo junto à estrada. Para quem apanha o ferry-boat para Tróia em Setúbal, depois de passar pela Comporta vira-se em direcção a Melides e depois de passar Pinheiro da Cruz e alguns parques, encontra-se o Tia Rosa à esquerda. Tem duas salas contíguas, uma mais iluminada que a outra, sendo que esta se torna algo escura se ficarmos longe da janela. Se bem me lembro, há 12 anos só existia a primeira sala, pelo que deve ter havido ampliação do espaço.
O pato assado no forno, primeira opção da ementa, vem cortado em metades, acompanhado de batatinhas assadas e rodelas de laranja. O molho é que se torna um pouco gorduroso demais, pelo que é preferível evitá-lo. Mas a melhor parte é o arroz de miúdos que vem à parte, que também passa pelo forno. Uma verdadeira delícia. Vale a pena lá ir pelo pato.
Para acompanhar pedimos um Alandra, o mais baixo da gama da Herdade do Esporão. Logo à entrada há umas estantes com várias garrafas em exposição, onde estão os varietais do Esporão, vários outros vinhos alentejanos e, claro, o Pinheiro da Cruz (que fica logo ali ao lado), embora na ementa só constem meia-dúzia de referências, e escolhemos a mais barata, a 4,5 €. Curiosamente, em cima das mesas estavam garrafas de Conventual, ao preço de 7,5 €, mas rejeitámos essa opção por ser um vinho que não nos convence.
Continua a ser um vinho simples mas que se bebe com agrado. Aconselha-se até que seja ligeiramente refrescado, o que não era o caso, mas não deixa de ser uma aposta simpática. De cor rubi brilhante, ligeiramente frutado, aberto, leve, macio, ainda assim com um final de boca simpático. Sem grandes pretensões, bom quanto baste e barato, para o dia-a-dia.
Kroniketas, enófilo esclarecido
Restaurante: Tia Rosa
Estrada Nacional 261 - Fontainhas do Mar
7560-661 Melides
Telef: 269.907.144
Preço médio por refeição: 20 €
Nota (0 a 5): 4
Vinho: Alandra (T) - sem data de colheita
Região: Alentejo (Reguengos)
Produtor: Herdade do Esporão
Grau alcoólico: 13%
Castas: Moreto, Castelão
Nota (0 a 10): 6
quinta-feira, 17 de maio de 2007
Prova à Quinta - O sexto
Para este desafio aqui lançado há duas semanas, as Krónikas Vinícolas foram às garrafeiras vasculhar o que havia de Cabernet Sauvignon, escolheram, escolheram, foram às várias regiões, reuniram e provaram não um, não dois, não três, mas quatro vinhos, a saber:
- Cabernet Sauvignon do Esporão 98, do Alentejo
- Quinta do Poço do Lobo 91, da Bairrada
- Fiúza Cabernet Sauvignon 2004, do Ribatejo
- Caves Velhas Cabernet Sauvignon 2000, da Estremadura
Estes vinhos representam as regiões onde têm sido feitos monovarietais de Cabernet com maior regularidade, faltando apenas os de Terras do Sado. Tivemos três vinhos já com alguma idade e um mais recente. De fora ficaram o Casa Cadaval de 99 e o Quinta de Pancas de 2001, por já terem sido feitas provas de exemplares desses vinhos, e para não ficarmos completamente embriagados no final...
Cabernet Sauvignon (Esporão) 1998
Começámos pelo Cabernet Sauvignon do Esporão. Apresentou-se macio, muito bem integrado e com aroma a frutos secos. A madeira estava bem casada no aroma e sem excessos, com um ligeiro fumado. Na boca mostrou um fundo de frutos muito maduros, ainda alguma adstringência e fim de boca prolongado e suave. Não se nota o álcool e a acidez está correcta. Um vinho com bom corpo, sendo já do ano de 1998.
Quinta do Poço do Lobo, Cabernet Sauvignon 1991
Este vinho foi comprado numa das feiras mais recentes, apesar da idade, e com o único intuito de ver como estaria um vinho desta casta com esta idade. Foi decantado cerca de uma hora antes da refeição e vertido para o copo com uns minutos de antecedência, para que pudesse abrir mais. Apesar de denotar a idade, mostrou estrutura e sabor ainda agradável, embora já não no seu auge. De cor granada escura, foi uma boa experiência, embora em circunstâncias normais já se devesse ter bebido.
Fiúza, Cabernet Sauvignon 2004
O Fiúza presenteou-nos com um aroma agressivo no bom sentido (pujante) e um fundo de erva fresca muito agradável. A boca estava no ponto, com alguns taninos e, se bem que curto, o fim de boca mostrou-se saboroso e com um ataque forte.
Ao fim de uma hora, como seria de esperar, estava muito mais macio, sem a tal agressividade inicial. Bom corpo. Bebeu-se o que restou no almoço do dia seguinte (esteve devidamente rolhado com rolha de vácuo) e mostrou-se algo decaído.
Caves Velhas, Cabernet Sauvignon 2000
Para o fim ficou o Caves Velhas de 2000, um dos melhores na prova. Aroma muito fumado, com fundo vegetal omnipresente mas sem subjugar os outros odores e uma cor rubi muito agradável.
Sabor a couro e vegetal, macio na boca mas persistente, com uma adstringência suave. Fim de boca longo com fundo de frutos secos. Mediano de corpo. Ao contrário do Fiúza, no dia seguinte mostrou-se ainda melhor.
Em conclusão, tivemos vinhos com algumas semelhanças devido à casta e até devido à idade algo avançada que lhes retirou alguma vivacidade, mas com perfis um pouco diferentes. Os mais equilibrados foram o do Esporão e o das Caves Velhas, com um bom balanço entre a acidez, o corpo e os aromas. O Poço do Lobo mostrou-se algo cansado e o Fiúza, embora vivo e mais exuberante que os outros, acabou por mostrar algum excesso de álcool, conquanto não chegasse a desequilibrar o vinho.
No conjunto, o do Esporão confirmou aquilo que se esperava dele, com um frutado ainda marcante e um belo corpo, sem dar sinais de exagero na componente vegetal, mais presente no Fiúza. De todo o modo, não se notou qualquer predominância dos famigerados pimentos verdes, que como diz o Copo de 3 parecem ensombrar os vinhos desta casta e parecem também tomar conta do imaginário dos enófilos. Como dissemos num comentário no post onde lançámos o desafio, um vinho bem feito não deve saber a pimentos verdes, senão algo está mal. Nesse aspecto, o Cabernet do Esporão, que entretanto deixou de ser feito, pede meças a qualquer outro, pois sempre teve uma predominância a frutos secos e vermelhos muito bem integrada com a madeira, com uma acidez correcta e um grau alcoólico moderado.
É pena que os caríssimos eno-bloguistas já não o possam provar (a não ser que ainda haja à venda nalgum sítio esquecido, ou na Herdade do Esporão), pois aqueles que não gostam desta casta talvez mudassem de ideia. Nós conhecemos este vinho desde o seu lançamento, com a colheita de 91, e acompanhámo-lo até ao fim, já em garrafas de meio-litro. As últimas sete, desta colheita de 98, foram compradas numa garrafeira da Praia da Rocha, em 2003, a 11 € cada uma. Ainda nos restam 2, para saborear os últimos prazeres.
Em conclusão, se esta casta é plantada em todo o mundo por alguma razão há-de ser. E para encontrar bons exemplares, mesmo portugueses, só há que procurá-los.
tuguinho e Kroniketas, enófilos esforçados e esclarecidos
Vinho: Cabernet Sauvignon (Esporão) 98 (T) (garrafa de ½ litro)
Região: Alentejo (Reguengos)
Produtor: Herdade do Esporão
Grau alcoólico: 13%
Preço: 11,37 €
Nota (0 a 10): 8
Vinho: Caves Velhas, Cabernet Sauvignon 2000 (T)
Região: Estremadura
Produtor: Caves Velhas
Grau alcoólico: 12,5%
Preço em feira de vinhos: 4,81 €
Nota (0 a 10): 7,5
Vinho: Fiúza, Cabernet Sauvignon 2004 (T)
Região: Ribatejo
Produtor: Fiúza & Bright
Grau alcoólico: 14,5%
Preço em feira de vinhos: 3,92 €
Nota (0 a 10): 7
Vinho: Quinta do Poço do Lobo, Cabernet Sauvignon 91 (T)
Região: Bairrada
Produtor: Caves São João
Grau alcoólico: 13%
Preço em feira de vinhos: 4,35 €
Nota (0 a 10): 6
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quarta-feira, 3 de janeiro de 2007
No meu copo, na minha mesa 78 - João Pires 2004; Vinha da Defesa 2004; A Travessa do Rio


Tratando-se de um grupo alargado com outros comensais e mais alguns descendentes, depois de alguns entreténs-de-boca como rissóis, queijos, presunto, ovas e filetes, o pessoal já estava meio jantado quando passámos à ementa. As opções eram variadas e para todos os gostos, mesmo não sendo em número muito elevado. Por consenso entre todos, para 8 adultos e 3 crianças pediram-se 3 doses de filetes de peixe-galo com arroz de marisco e 3 de palleta de cordeiro assada no forno.
Sem ser necessário pedi-lo expressamente, foram servidos primeiro os filetes, que estavam deliciosos assim como o arroz, que veio a acompanhar num prato à parte, malandrinho e de comer e chorar por mais. Rapidamente a minha dose de arroz desapareceu, e o mestre de serviço imediatamente se prontificou a trazer um reforço, mesmo sem eu pedir.
Terminada a função com o peixe, passámos então à carne, que cumpriu o que se esperava. Uns excelentes bocados de cabrito com batatinhas assadas e grelos cozidos, que marcharam até ao fim, embora nesta fase o apetite já fosse desaparecendo, mas perante tão deliciosos pitéus é difícil resistir.
Para acompanhar a refeição pedimos um vinho branco e um tinto. Dados os preços obscenos para o vinho que se continua a praticar nos restaurantes, cada vez é mais difícil escolher vinhos decentes sem ser por valores indecentes. Mas conseguimos fazer duas boas escolhas, dois vinhos que têm lugar assegurado nas nossas sugestões. Para o branco escolheu-se um João Pires, a 9,50 € (preço em feira de vinhos: 4,48 €), por sinal um dos meus brancos preferidos, e para o tinto um Vinha da Defesa, da Herdade do Esporão (que por coincidência foi o vinho bebido há exactamente um ano, na passagem-de-ano anterior), por 14,50 € (preço em feira de vinhos: 6,28 €). Ambos da colheita de 2004.
Como se esperava, estavam os dois excelentes. Já tínhamos feito uma apreciação ao João Pires de 2004. O Vinha da Defesa 2004 tem mais álcool que o de 2003, 14,5%, mostrando um aroma mais exuberante logo de início. Mantém o carácter frutado, com os taninos bem presentes, típicos do Aragonês, mas muito disfarçados por um corpo cheio e um leve toque caramelizado que lhe é dado pelo Castelão. Parece ter melhorado em relação ao de 2003, estar mais apurado, embora quanto a mim continue a verificar-se um excesso de álcool.
Como se aproximava a meia-noite e ainda havia uns doces para degustar em casa com o espumante, abdicámos das sobremesas.
A Travessa do Rio fica num beco entre a Estrada de Benfica e a Avenida Gomes Pereira. A pé pode-se entrar por baixo das arcadas da Estrada de Benfica e está-se imediatamente junto à porta. De carro entra-se pela avenida Gomes Pereira e vira-se para a Travessa do Rio, a última perpendicular antes da Estrada de Benfica. Foi a minha terceira vista a este restaurante, e esta foi a que mais me agradou em termos de refeição e de serviço. Casa cheia e, apesar de tudo, serviço eficiente, pronto, atencioso. Sempre que faltava algo na mesa (nas entradas, nas bebidas ou no prato) logo alguém se prontificava a trazer mais. O serviço de vinhos não é excepcional mas houve o cuidado de servir o vinho tinto em copos adequados, de pé alto, boca larga e em forma de tulipa para podermos arejar e aspirar o aroma do vinho.
Na conta é que fiquei com dúvidas sobre se tínhamos pago mais do que aquilo que comemos nas entradas, pois não sei se todas as doses foram encetadas. Os preços dos pratos não são suaves, na casa dos 15 euros ou mais, mas a qualidade dos mesmos e do serviço compensa largamente. De resto, numa refeição com menos entradas pode-se conseguir pagar um pouco menos. Uma referência a fixar.
Kroniketas, enófilo esclarecido
Restaurante: A Travessa do Rio
Travessa do Rio, 6
1500-551 Lisboa
Telef: 21.716.05.43
Preço por refeição: 30 a 35 €
Nota (0 a 5): 5
Vinho: João Pires 2004 (B)
Vinho: Vinha da Defesa 2004 (T)
Região: Alentejo (Reguengos)
Produtor: Herdade do Esporão
Grau alcoólico: 14,5%
Castas: Aragonês, Castelão
Preço em feira de vinhos: 6,28 €
Nota (0 a 10): 8
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quarta-feira, 8 de novembro de 2006
No meu copo 67 - Vinha da Defesa Rosé 2005
Uma refeição diferente levou-me, um destes fins-de-semana, a fazer uma prova diferente com o núcleo duro dos “Comensais dionisíacos”. Planeada a confecção dos saborosos filetes de robalo com agrião, para fugir à “ditadura” das carnes, decidi aproveitar a ocasião para fugir também à “ditadura” dos tintos e provar uns rosés que comprei nas feiras de vinhos.
Compareceram à ocasião um Clarete da Quinta do Monte d’Oiro, que o tuguinho já analisou em tempos, e um Vinha da Defesa, rosé, da Herdade do Esporão.
O tempo ainda estava quente e o arrefecimento dos líquidos não se processou como era desejável, apesar das várias horas que as garrafas estiveram no frigorífico e de ainda terem passado pelo congelador. Já estou a ver algumas pessoas a arrepelarem-se com esta heresia. Pois é, às vezes o recurso ao congelador, mau grado o que dizem os cânones expressos nos livros, é inevitável e a única solução para arrefecer um vinho até ao ponto desejado (mesmo os tintos no Verão, que normalmente estão mornos). E olhem que alguns críticos menos dogmáticos já o escreveram: um bocado de congelador não traz mal nenhum ao mundo nem ao vinho, desde que não nos esqueçamos dele lá...
Utilizado o termómetro de vinho no Clarete, este acusava 16 graus, que é uma boa temperatura para os tintos. Nem mesmo a manga de refrigeração chegou a tempo. Desta forma, apesar de apresentar uma suavidade assinalável, o Clarete não fez as delícias dos presentes.
A seguir experimentou-se o Vinha da Defesa, que tinha ficado no frio mais algum tempo e já se conseguiu baixar até aos 12 graus (embora o contra-rótulo aconselhasse entre os 8 e os 10). Depois do Clarete, mais seco, este Vinha da Defesa, mais adocicado, feito com as castas Aragonês e Syrah, também não fez o consenso à mesa, parecendo um pouco deslocado naquele filme. O próprio contra-rótulo o indica como bom aperitivo, mas valia a pena ver como se comportava com um prato de peixe, com agrião, ovo cozido, natas e pimenta. Apesar de também não ter brilhado, a metade que sobrou voltou para o frigorífico e no dia seguinte, mais fria, foi consumida com uma tarte de bacalhau com espinafres, e a sensação foi substancialmente diferente. Sem a pimenta e o ovo cozido a baralhar os sabores, o Vinha da Defesa pôde mostrar ali a sua verdadeira face, com outra frescura e os aromas muito mais exuberantes, notando-se algum frutado e um toque a frutos vermelhos.
É de facto um bom vinho para aperitivo, dada a sua delicadeza, pelo que poderá ser convenientemente apreciado com entradas não muito condimentadas, mas que merecerá, certamente, uma segunda prova para tirar as dúvidas. Sobretudo depois de devidamente refrescado.
Kroniketas, enófilo esclarecido
Vinho: Vinha da Defesa 2005 (R)
Região: Alentejo (Reguengos)
Produtor: Herdade do Esporão
Grau alcoólico: 12,5%
Castas: Aragonês, Syrah
Preço em feira de vinhos: 4,58 €
Nota (0 a 10): 6,5
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2006
No meu copo 17 - Esporão, Aragonês e Trincadeira 98
Isto é como a lei do eterno retorno: acabamos sempre por voltar ao ponto de partida. Voltar aos vinhos da Sogrape e do Esporão é, para nós, uma inevitabilidade tão natural como o nascimento do sol todos os dias. Depois do regresso à Sogrape na Herdade do Peso, regressamos mais uma vez à Herdade do Esporão, agora para revisitar dois monocastas guardados na garrafeira há uns anos: duas garrafas de meio-litro de Aragonês e Trincadeira de 1998 (os últimos exemplares desse ano), um formato que foi utilizado durante alguns anos para os varietais do Esporão e que entretanto já foi abandonado.
Desta vez houve o tempo e o cuidado para decantar as duas garrafitas, pois um vinho com esta idade já tem os aromas fechados há muito tempo, o que se revelou plenamente avisado pois assim evitou-se o despejar para dentro dos copos do depósito entretanto formado.
Como era de esperar, nenhum deles nos desiludiu, até porque também no Esporão só se sabe fazer vinho bom.
São ambos muitos encorpados, de grau alcoólico elevado mas com uma acidez correctíssima que disfarça completamente a eventual agressividade do álcool. Aromas exuberantes e uma estrutura que nos enche a boca e fica lá. O Trincadeira é mais suave, mais aveludado, um pouco mais delicado, enquanto o Aragonês, como é típico no Esporão, é mais robusto, mais vivo, com os taninos mais presentes.
Estamos a falar duma colheita que já foi ultrapassada pelo tempo, pois agora estão no mercado as colheitas de 2002 e 2003, mas o perfil destes vinhos mantém-se. O passar dos anos apenas os amacia mas não os deturpa. São vinhos acima dos 10 euros, mas são dos tais em que vale a pena não olhar para o preço. Naturalmente, têm lugar cativo nas nossas sugestões e presença obrigatória na nossa garrafeira. Para quem quer brilhar com o vinho que leva à mesa.
Kroniketas, enófilo esclarecido
Região: Alentejo (Reguengos)
Produtor: Herdade do Esporão
Vinho: Aragonês 98 (T) (garrafa de ½ litro)
Castas: Aragonês
Preço em feira de vinhos: 11,95 €
Nota (0 a 10): 8
Vinho: Trincadeira 98 (T) (garrafa de ½ litro)
Castas: Trincadeira
Preço em feira de vinhos: 10,95 €
Nota (0 a 10): 8
quinta-feira, 12 de janeiro de 2006
No meu copo, na minha mesa: Quinta da Terrugem 97; Herdade Grande 02; Aragonês Esporão 02; Sogrape Alentejo Reserva 00; Murganheira Bruto Reserva 02
Fomos atraídos por duas lebres, quais cães de caça em serviço. A diferença foi que neste caso as lebres já tinham entregue a alma ao criador e esperavam por nós dentro da panela, na casa do anfitrião, o famigerado Kroniketas.
Isto que vos vou contar foi no passado sábado, ao jantar, e tratou-se de uma reunião plenária do Grupo Gastrónomo-Etilista “Os Comensais Dionisíacos”, acrescentados das consortes e respectiva filiação. Ao todo onze crescidos, que são os que nos interessam para o caso, porque as criancinhas não degustaram os vinhos que acompanharam as lebres ao seu local de descanso final, os estômagos dos convivas.
Os lagomorfos (a terminação “morfos” não tem nada a ver com comida) estavam devidamente separados em pedaços em jeito de ensopado, com batata cozida e molho espesso, de que não guardo o segredo – só comi, não cozinhei! Também compareceram, para abrilhantar a festa, três perdizes perdidas escondidas no meio de lombarda e assaz (não assadas) apetitosas.
Os vinhos provieram dessa afamada adega que é a vasta garrafeira do Kroniketas (se bem que a do tuguinho não lhe fique atrás), reforçada com umas ofertas de peso.
Depois das cervejolas da praxe e das entradas, iniciou-se o repasto propriamente dito com um Quatro Regiões 97 da Sogrape. A apreciação do néctar foi díspar, e portanto resolvemos não atribuir nota. Iremos abrir outra botelha proximamente e então diremos de nossa justiça. Os pormenores sobre este vinho peculiar serão escalpelizados nessa próxima nota de prova.
Continuámos com um Quinta da Terrugem 97 das Caves Aliança, que se mostrou um tanto delgado para o que se esperava dele. Boa cor, aroma razoável. Talvez seja já da idade, demasiado avançada para um vinho alentejano.
A saga prolongou-se num Herdade Grande 2002, um Vidigueira produzido por António Manuel Lança, que nos surpreendeu pela positiva: excelente corpo, bom aroma e uma estrutura sólida com um fim de boca razoável provaram-nos mais uma vez que não é apenas o preço que distingue os vinhos.
Antes que nos chamem bêbedos, lembrem-se que eram onze pessoas, das quais sete beberam vinho tinto. É incrível como uma garrafa se esvazia depressa nestas circunstâncias!
O percurso etílico atravessou um Aragonês 2002 do Esporão, que cumpriu, como aliás é hábito. Um ligeiro aroma a mofo desvaneceu-se rapidamente no copo e deixou apreciar na sua plenitude este monocasta que é um valor seguro, com bom aroma característico da variedade, com evolução, e uma cor espessa que teve tradução na boa estrutura e nos taninos.
Finalmente, fizemos uma paragem numa garrafa de Sogrape Alentejo Reserva 2000. E em boa hora o deixámos para o fim! Ao contrário do esperado, suplantou o Aragonês do Esporão e guindou-se ao posto de melhor vinho da noite. Uma estrutura espantosa para um Alentejo com cinco anos, uma cor retinta, aromas secundários e terciários para dar e vender. Acima das expectativas portanto, se bem que as iniciais já fossem boas.
Houve também um D.O.A. (Death On Arrival), um Vale Barqueiros de 1998 que, pelo odor e pela cor quase de tijolo, serviria apenas para temperar qualquer coisa, não para beber.
Para aquela zona dos brindes e da sobremesa, começámos com um espumante Murganheira Bruto Reserva 2002, de bolha fina e sabor elegante, que não causou estragos nos estômagos já quase repletos.
A sobremesa propriamente dita constou de bolo rançoso e de charlote de chocolate – tudo coisas sem calorias e que não engordam de forma nenhuma. Para as acompanhar, além do dito espumante, um Porto Vintage 2001 da Real Companhia Velha – um vintage moderno, sem arestas, de cor carmim carregado e ainda com laivos de doce, que se portou muito bem –, e um whisky de malte Famous Grouse Single Malt de 12 anos, para os comensais que apreciam. Ainda vi por lá passar uma garrafa de aguardente bagaceira do I.V.V., com cerca de 13 anos de idade e bastante para contar sobre os cascos que a tornaram amarela.
E pronto. Depois de muita conversa animada que prolongou o plenário quase até às duas, cada um foi para sua casa com a sensação do dever cumprido.
Sim, porque nós somos uns escravos do dever!
tuguinho, enófilo sóbrio e escravo do dever
Kroniketas, anfitrião famigerado
Nota: Para ver as imagens das garrafas mais nítidas clique na foto
Vinho: Quinta da Terrugem 97 (T)
Região: Alentejo (Borba)
Produtor: Caves Aliança
Preço em feira de vinhos: 17,5 €
Nota (0 a 10): 6,5
Vinho: Herdade Grande 2002 (T)
Região: Alentejo (Vidigueira)
Produtor: António Manuel Lança
Preço em feira de vinhos: 9,79 € (preço da colheita de 2000)
Nota (0 a 10): 7,5
Vinho: Aragonês (Esporão) 2002 (T)
Região: Alentejo (Reguengos)
Produtor: Herdade do Esporão
Preço em feira de vinhos: 11,95 €
Nota (0 a 10): 8
Vinho: Sogrape Alentejo Reserva 2000 (T)
Região: Alentejo (Vidigueira)
Produtor: Sogrape
Preço em feira de vinhos: 9,89 €
Nota (0 a 10): 8,5
Vinho: Murganheira Espumante Bruto Reserva 2002 (T)
Região: Távora-Varosa
Produtor: Sociedade Agrícola e Comercial do Varosa
Preço em feira de vinhos: 8,75 €
Nota (0 a 10): 7
Vinho: Porto Vintage Real Companhia Velha 2001 (T)
Região: Douro/Porto
Produtor: Real Companhia Velha
Preço em feira de vinhos: 17,5 €
Nota (0 a 10): 7,5
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Krónikas Vinícolas
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Etiquetas: Alentejo, Aliança, Aragonez, Borba, Esporao, Espumantes, Herdade Peso, Lanca, Murganheira, Real C Velha, Reguengos, Sogrape, Tavora-Varosa, Tintos, Vidigueira, Vinho do Porto, Vintage
quarta-feira, 4 de janeiro de 2006
No meu copo 8 - Vinha da Defesa 2003
O vinho do jantar de fim de ano, cujo restaurante analisámos no post anterior, foi o Vinha da Defesa tinto de 2003, da Herdade do Esporão. Dentro da vasta gama de vinhos daquela herdade, o Vinha da Defesa situa-se num patamar intermédio de preço e qualidade, acima dos produtos de combate da gama média e média-baixa, como o Monte Velho (o campeão de vendas da empresa) e o Alandra, e abaixo dos de qualidade superior como os diversos varietais, o Esporão Reserva e aquele que, não sendo o topo de gama da casa, para mim é o melhor vinho da empresa e um dos melhores do país, merecedor de nota máxima: o Quatro Castas (consultar as nossas escolhas).
O Vinha da Defesa tinto, com 14 graus de álcool, revelou-se inicialmente algo agressivo, logo após a abertura. No entanto, à medida que a garrafa foi esvaziando e o vinho arejando, na garrafa e nos copos, a adstringência inicial foi-se esbatendo, os aromas foram-se libertando, revelando um ligeiro toque a especiarias em harmonia com um carácter frutado, tornando o conjunto bastante mais agradável. Aliás, é uma característica comum nos vinhos da Herdade do Esporão que não me canso de realçar: são tão bem feitos que, mesmo tendo um grau alcoólico normalmente acima dos 13º, não se nota quando se bebe, porque está bem envolvido pelo corpo, pelos aromas e pela acidez do vinho.
Para mim este Vinha da Defesa, não sendo extraordinário, não deslustra o nome da casa e pode ser um compromisso interessante para quem não quer gastar muito dinheiro mas pretende algo mais que um vinho para o dia-a-dia, como o inevitável Monte Velho, também ele uma referência nos vinhos da gama média. Como não é muito robusto é aconselhado para acompanhar pratos de carne requintados, não excessivamente temperados (de que o tornedó é um bom exemplo). O seu preço situa-se no mesmo patamar do Duas Quintas, já referido noutro post, embora o consideremos um pouco inferior a este vinho do Douro.
Kroniketas, enófilo esclarecido
Vinho: Vinha da Defesa 2003 (T)
Região: Alentejo (Reguengos)
Produtor: Herdade do Esporão
Grau alcoólico: 14%
Castas: Aragonês, Castelão
Preço em feira de vinhos: 6,37 €
Nota (0 a 10): 7,5
PS: Este post foi escrito ao som do Danúbio Azul e da Marcha Radetzsky, de Johann Strauss, transmitidas pela RTP no concerto de ano novo da orquestra filarmónica de Viena. O que pode haver de mais sublime, para além do próprio vinho?