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sábado, 27 de fevereiro de 2010

No meu copo 269 - Os Follies da Aveleda

Alvarinho 06; Alvarinho 07; Alvarinho-Loureiro 08; Loureiro-Trajadura 07; Chardonnay-Maria Gomes 06




A Quinta da Aveleda é conhecida desde há muito pelos seus vinhos verdes, de que o mais conhecido é um branco de combate com o nome da Quinta que se bebe com facilidade. Por altura da Expo 98, um dos pavilhões presentes no certame era do G7, que englobava as 7 maiores empresas vinícolas do país, uma das quais era a Aveleda.
Nos últimos anos a empresa alargou o leque de produtos a partir do conceito de Follies, que foi buscar à arquitectura. Segundo a informação do site da empresa, “a Folly coincide com uma estrutura decorativa, não funcional, excêntrica e simbólica, erguida por alguém que se alimenta pela simples paixão de construir.”
Assim, foram lançados brancos e tintos de várias regiões do país que celebram, através de cada um dos seus rótulos, as Follies da Aveleda, dos quais já tivemos oportunidade de provar alguns brancos.
Começamos pelos Alvarinhos, cuja Folly é a Fonte das Quatro Irmãs. Voltando à informação constante no site, “a Fonte das Quatro Irmãs representa a dinâmica da Vida em constante mutação, o fim que retorna ao princípio, renascendo para uma dimensão nova. Erguida na década de 1920, a fonte foi finalizada pelo Mestre João da Silva ao gravar nela os perfis em mármore das quatro irmãs Guedes, filhas do proprietário da Quinta, Fernando Guedes da Silva da Fonseca. Cada Senhora personifica uma das Quatro Estações do ano ou, noutra perspectiva, as diversas fases na dança perpétua da vinha e do vinho, sempre igual mas simultaneamente sempre diferente.”
Dos Alvarinhos já tivemos a oportunidade de provar o 2006 e o 2007. Não se nota grande diferença entre as colheitas. Trata-se de um vinho bem estruturado e muito equilibrado, que prima pela elegância, com a acidez característica dos Alvarinhos e boa intensidade aromática. Mais um bom Alvarinho para juntar a outros recomendáveis.
Temos em seguida duas combinações de Loureiro com outra casta, representados por uma janela manuelina do século XVI. Passemos à História. “Foi numa casa da Ribeira, no Porto, que a Rainha D. Filipa de Lancastre deu à luz o seu filho Infante D. Henrique, o mesmo local onde muitos reis haviam pernoitado aquando das suas visitas à cidade Invicta. Havia uma janela especial onde, segundo a tradição, D. João IV terá sido aclamado Rei de Portugal. A janela foi doada, mais tarde, a Manoel Pedro Guedes da Silva da Fonseca, que a transportou para os jardins da Quinta da Aveleda, sua propriedade.”
O Alvarinho-Loureiro de 2008 apresenta-se com aroma intenso, elegante e com final prolongado, com aquele perfil arredondado e a frescura do Loureiro, uma casta que não costuma ser muito badalada na região dos Vinhos Verdes mas que nos últimos anos tem vindo a ser cada vez mais valorizada. Temos aqui, sem dúvida, um bom casamento com o Alvarinho.
Noutra combinação surge um lote Loureiro-Trajadura de 2007, menos exuberante no aroma mas igualmente muito fresco e apelativo. Menos encorpado, não deixa de ser um vinho bastante agradável que se recomenda para refeições de Verão.
Da região dos Vinhos Verdes passamos agora para a Bairrada, donde vem um lote de Chardonnay e Maria Gomes, representado pela Torre das Cabras. “Numa ode à natureza e às antigas gerações da Quinta da Aveleda, foi edificada uma torre de três andares, com uma rampa em espiral de madeira para albergar cabras anãs. Símbolo da fertilidade e da abundância, a cabra protagoniza o mito de uma terra que soube sempre dar o seu melhor fruto.”
Este Chardonnay-Maria Gomes de 2006 acabou por ser o mais surpreendente de todos estes brancos, e aquele de que mais gostei. Tem perfil para pratos de peixe mais exigentes que os outros brancos, pois apresenta uma boa estrutura na boca, final persistente e delicado e muito equilíbrio. Fermentado em cascos de carvalho, o Chardonnay aparece bem contrabalançado pela Maria Gomes que dá ao conjunto um toque mais floral e aromático que contraria a habitual untuosidade do Chardonnay. Um bom branco de Inverno.
E assim terminamos este primeiro périplo pelos Follies da Aveleda, deixando já na calha futuras visitas aos tintos e às novas colheitas de brancos que for possível encontrar. Não são vinhos que se vejam muito à venda e estes brancos agora provados foram quase todos encontrados no Verão passado numa garrafeira de Alvor, contando com a prestimosa colaboração do confrade Politikos que assegurou a aquisição e o transporte dos mesmos. A excepção foi o Alvarinho-Loureiro, adquirido com a Revista de Vinhos de Julho de 2009.

Kroniketas, enófilo esclarecido

Produtor: Sociedade Agrícola e Comercial Quinta da Aveleda

Vinho: Follies Alvarinho 2006 (B)
Região: Vinhos Verdes
Grau alcoólico: 12,5%
Casta: Alvarinho
Preço em feira de vinhos: 6,72 €
Nota (0 a 10): 8

Vinho: Follies Alvarinho 2007 (B)
Região: Vinhos Verdes
Grau alcoólico: 12,5%
Casta: Alvarinho
Preço: 8,99 €
Nota (0 a 10): 8

Vinho: Follies Alvarinho-Loureiro 2008 (B)
Região: Regional Minho
Grau alcoólico: 12%
Castas: Alvarinho, Loureiro
Preço com a Revista de Vinhos: 5,95 €
Nota (0 a 10): 7,5

Vinho: Follies Loureiro-Trajadura 2007 (B)
Região: Vinhos Verdes
Grau alcoólico: 11,5%
Castas: Loureiro, Trajadura
Preço: 5,19 €
Nota (0 a 10): 7

Vinho: Follies Chardonnay-Maria Gomes 2006 (B)
Região: Bairrada
Grau alcoólico: 13%
Castas: Chardonnay, Maria Gomes
Preço: 5,19 €
Nota (0 a 10): 8

quarta-feira, 22 de novembro de 2006

Na minha mesa 69 - Restaurante Arcoense (Braga)



Levaram-me os afazeres profissionais até à cidade dita dos arcebispos, Braga.
Aproximando-se inexoravelmente a hora do jantar e não havendo ninguém disposto a jantar no hotel, um daqueles vetustos no parque do Bom Jesus, sugeri eu a Adega Arcoense, restaurante a que já não ia há uns anos, mas que belíssimas recordações me deixara.
Não vou aqui entrar em grandes pormenores sobre as peripécias que passámos para encontrar o dito retiro, porque eu tinha apenas recordações da zona da cidade onde se encontrava e faltou-nos um golpe de asa para o atingirmos sozinhos. Depois de quase uma hora a deambular pela urbe ao volante, valeu-nos o dono do restaurante que nos serviu de navegador telefónico e nos levou a bom porto (neste caso Braga, mas enfim).
Em boa hora insistimos e não desistimos. Na mesa já preparada encontravam-se um prato com rodelas de um enchido assim entre o paio e o salame, um belíssimo queijo amanteigado e pão do bom. Foram chegando pimentos guisados, pataniscas, jaquinzinhos bem fritos, gambas al ajillo, outras simplesmente cozidas, pimentos morrones, choquinhos fritos naquela polpa que se usa para os “calamares”, um salpicão de porco preto com grelos sateados, alheira de caça com batatinhas assadas, e outros acepipes que de tanta variedade acabaram por me baralhar a memória.
Este rol de entradas já seria o suficiente para muitos estômagos. Algures pelo meio foi-nos descrita a ementa, cheia de coisas boas, de um misto de carnes assadas ao lombo estufado de boi com arroz de caça, do sarrabulho até ao bom bacalhau cozinhado de várias formas.
Optámos pelo assado misto, mas conseguimos trazer à prova o arroz de caça, feito na hora apenas para acompanhamento do tal boi (de que também havia notícia de uns nacos grelhados apenas com sal…), e de que o simpático proprietário obteve o excedente do que tinha feito um pouco antes para uma outra mesa. Profuso de carniças várias, com um ligeiro toque de sangue a lembrar remotamente as cabidelas, bem untuoso sem ser um pingo de enjoativo, teve o aval entusiasta dos amesendados.
O tal assado que escolhemos (Assado Misto na Pingadeira) incluía cabrito, vitela (uns nacos bem suculentos e tenros) e costela mindinha (penitencio-me já aqui, porque esta foi a peça que mais me agradou, mas não sei de que alimária era…), acolitados por batatinha nova e castanha saborosa, reforçados com uma travessita de grelos de couve salteados e arroz de forno feito com os miúdos da bestita mais ligeira, o cabrito. Tudo no ponto e de qualidade e frescura irrepreensíveis, para as quais também contribui o facto de muitos dos ingredientes, inclusive carnes das bestitas mais avantajadas, provirem de uma quinta que pertence ao dono do restaurante.
Para acompanhar condignamente este roteiro gastronómico escolhemos um valor seguro: um Sogrape Reserva do Douro, colheita de 2001, que esteve mais que à altura de tudo o que se provou. Um grande bem haja para a Sogrape, que nunca me deixou mal.
Mudou de nome, perdeu um balcão que tinha à entrada, mas não perdeu nenhuma das qualidades de que eu me recordava. Pelo contrário, achei-o ainda melhor. Portanto, quando for a Braga, e mesmo que não o encontre às primeiras, não desista! Vai ver que vale a pena.
(não há fotos, porque aqui o quadrúpede regenerado não levou a máquina)

tuguinho, enófilo esforçado

Restaurante: Arcoense
Rua José Justino Amorim, 96
4715-023 Braga
Telef: 253278952
Preço médio por refeição: 40 €
Nota (0 a 5): 5

domingo, 5 de novembro de 2006

No meu copo 66 - Vinho Verde Espumante - Torre de Menagem Reserva Bruto 2004

O feriado de 1 de Novembro deu-me a oportunidade de me deslocar ao Festival de Gastronomia de Santarém. Nem sempre a oportunidade pode ser aproveitada, mas desta vez fez-se por isso, tal como o ano passado.
Como à noite havia jogo para ir ver ao estádio, o passeio foi planeado para o almoço. Apesar de nos termos deslocado cedo (antes das 12:30 já lá estávamos), deparámos com um cenário que não esperávamos: as tasquinhas repletas de gente a almoçar e muito mais gente à espera. Ficámos a pensar se terão ido para lá à hora do pequeno-almoço.
Dando uma volta pelo recinto para identificar a oferta, verificámos que os presentes são praticamente os mesmos do ano passado, nos mesmos locais. Perante tão densa multidão, havia que escolher um local para abancar e ficar à espera de vez. Ao passarmos num restaurante do Minho, gostámos do aspecto dum prato que vimos na mesa e decidimos ficar por ali e dar o nome. Eram 7 pessoas (2 casais e 3 filhos), pelo que se afigurava difícil conseguir mesa nos próximos minutos. Assim, aproveitámos para ir tentar comer uma sopa da pedra ali perto, noutra tasquinha do Ribatejo, mas ao balcão. Depois de esperar pacientemente por uma aberta, lá conseguimos pedir 4 malgas de sopa, que estava um pouco insossa e pouco apaladada para o que é habitual (até porque ainda nos lembrávamos da do ano anterior). Mas dado o tempo de espera, sempre aconchegou o estômago dos 4 resistentes.
Voltámos à tasquinha do Minho, pertencente ao restaurante Torres, de Vila Verde. Quando chegou a nossa vez de abancar pedimos duas doses e rojões e um costeletão de boi azeitado, para 2 pessoas, além de um caldo verde e um mini-prato de papas de sarrabulho. Não foi fácil de despachar, este.
Os rojões estavam muito tenros e saborosos, com um toque de cominhos no tempero, mas a mim coube enfrentar o costeletão de boi, já fatiado e mal passado como se impunha. Bastante saboroso e igualmente tenro.
Para acompanhar estes pitéus, resolvemos experimentar uma novidade: um espumante de vinho verde. De seu nome, Torre de Menagem, pertencente à sub-região de Monção e feito com 95% da casta Alvarinho e 5% de Trajadura. E foi uma surpresa muito agradável. Eu, que costumo elogiar o Murganheira, fiquei rendido a este tipo de espumante. Com uma cor citrina brilhante, muito aromático e frutado, com um toque a maçã, de grande frescura na boca, bastante suave, com bolha muito fina e sem ser gasoso em excesso, é um espumante guloso, que apetece ir bebendo sem pensar na comida, quase como se de refresco se tratasse. Quase despejámos a primeira garrafa enquanto esperávamos pelos pratos. Mas cuidado com os 13% de álcool, pois corremos o risco de, sem dar por isso, ficarmos incapazes de nos levantarmos da cadeira.
Este entrou directamente para a nossa lista de preferências, o que levou a fazer uma actualização nas nossas escolhas para incluir o grupo dos espumantes, que estava esquecido. Este espumante deixou-me de sobreaviso para os espumantes de vinho verde, que a julgar por este parecem ter grandes potencialidades para se impor rapidamente no panorama nacional, destronando alguns clássicos da Bairrada e de Távora-Varosa e, sobretudo, deixando a grande distância a maioria dos que se fazem nas outras regiões.
Para finalizar a visita, ainda fomos comer a sobremesa a uma tasquinha de Portalegre, do restaurante “A gruta”, onde tal como há um ano saboreámos a deliciosa encharcada alentejana, polvilhada com canela. É difícil haver doce melhor que aquele, e os alentejanos são mestres em doces. Não é, Pingus Vinicus?

Kroniketas, enófilo esclarecido

Vinho: Torre de Menagem Reserva, Espumante Bruto 2004 (B)
Região: Vinhos Verdes (Monção)
Produtor: Quintas de Melgaço, Agricultura e Turismo, SA
Grau alcoólico: 13%
Castas: Alvarinho (95%), Trajadura

Preço no restaurante: 13,50 €
Nota (0 a 10): 9