Realizou-se há duas semanas no restaurante Jacinto, na zona antiga de Telheiras, em Lisboa, o muito aguardado jantar de degustação com vinhos Niepoort, promovido pela Wine O’Clock. Pela quantia de 50 euros os mastigantes e degustantes tiveram direito a uma entrada, um prato de peixe, dois de carne, duas sobremesas, 10 vinhos e uma aguardente, que incidiram basicamente nos que já tinham estado em prova na Wine O’Clock na semana anterior.
As Krónikas Vinícolas fizeram-se representar por este escriba e pelo Politikos, por sinal os primeiros a chegar ao restaurante. Começámos por ser brindados com um vinho do Porto branco Niepoort extra-seco de 1939! Um vinho castanho-cobre, a fazer lembrar um Tawny de 20 ou 30 anos, com uma frescura e intensidade aromática que nunca fariam supor estarmos perante um vinho com a idade do início da 2.ª Guerra Mundial! Notável!
Depois de completo o lote de participantes e já devidamente distribuídos pelas mesas, deu-se início às hostilidades. Tivemos a sorte de ficar na mesa do representante da Niepoort, José Teles, da área comercial, o que foi uma mais-valia, já que além do agradável convívio nos permitiu aprender um pouco mais, tendo mesmo ficado em aberto a visita a uma das quintas da Niepoort por altura das vindimas. A estratégia comercial das marcas passa hoje muito por (in)formar e aproximar os apreciadores/consumidores de vinho, e ainda bem.
Com o prato de entrada foi servido o Redoma rosé 2008, de momento o único rosé da Niepoort. Bastante equilibrado na boca, com aroma predominante a frutos vermelhos, boa estrutura e boa persistência. Fermentou em barricas novas de carvalho francês mas não foi submetido a qualquer estágio. Um vinho concebido para a mesa, mais do que para a esplanada, que casou bem com a salada de queijo de cabra com rúcula, que estava muito fresca e agradável.
Seguiu-se o prato de peixe, bacalhau confitado com pasta de azeitona, com o qual provámos dois vinhos brancos: o Tiara 2008 e o Redoma 2008. O Tiara, mais leve, mais aberto, mais suave e mais elegante, com um perfil mais mineral e cítrico, é um branco para pratos mais frescos e requintados. O Redoma, mais estruturado, resultado da fermentação em barricas de carvalho francês onde estagiou 9 meses, tem a madeira muito bem casada sem se sobrepor aos aromas nem retirar a frescura predominante. Pode ser um branco mais de Inverno que no entanto se enquadra bem no tempo mais quente e que fez boa parceria com os tacos de bacalhau. Em suma, dois brancos de perfis diferentes mas ambos muito agradáveis. Pelos preços anunciados, o Tiara será mais apetecível de comprar...
Finalmente, chegaram as carnes e os tintos, servidos aos pares: um representante da gama mais intermédia da Casa com outro da gama alta. Assim começámos com um Vertente 2007 e um Charme 2007, para acompanhar o mil-folhas de pato com alecrim. Em seguida, para o javali estufado com torta de legumes, uma parelha Redoma 2006 e Batuta 2007 (em garrafa ainda sem rótulo).
Tanto o Vertente como o Redoma são vinhos para um consumo mais imediato, com um perfil mais frutado e encorpado. O Vertente será talvez o mais simples e menos ambicioso, enquanto o Redoma apresenta outra complexidade. Sendo estes dois bons vinhos, não deixam de ser ofuscados pelos dois de topo. O Charme faz inteiro jus ao nome que ostenta: todo ele é charme desde a primeira impressão olfactiva até à prova de boca, marcada por extrema elegância, a pedir pratos plenos de requinte. Foi bem escolhido para o folhado de pato. Já o Batuta apresenta-se mais pujante e complexo, a pedir tempo para se mostrar em plenitude e a prometer longa vida e grandes voos.
Para as sobremesas ainda houve direito a um Porto Vintage de 2007, um Colheita de 98 e uma aguardente vínica. Só provei os Portos que não deixaram os créditos por copos alheios. Um dos primeiros Portos Vintage que me lembro de beber foi um Niepoort de 2003 que estava notável, e este não fugiu à regra. Grande corpo, grande profundidade, um vinho cheio de pujança que nunca mais acaba na boca, apresentando uma exemplar ligação entre a fruta e o álcool. Possivelmente um dos melhores Portos Vintage do país. O Colheita também não se saiu mal da função, com uma predominância a frutos secos e bastante elegante na prova. Já o Politikos, ainda molhou os lábios na aguardente vínica e reputou-a de excelente, aveludada e elegante, com a madeira muito presente mas sem ser agressiva.
Resta falar dos sólidos, onde não é fácil escolher, de tão bem confeccionados estavam. O bacalhau muito bem enquadrado com a pasta de azeitona, o mil-folhas de pato muito saboroso e macio e finalmente o javali, talvez o ponto alto da noite, bastante apetitoso e suculento.
Para as sobremesas veio uma encharcada alentejana em duelo com um pão de rala, irrepreensíveis, e para terminar com o Porto um Petit gâteau com gelado de baunilha que fechou a noite da melhor forma.
Serviço impecável, rápido e eficiente, tanto nos vinhos como nos pratos, não falhou nada nesta refeição magnífica onde todos estão de parabéns. A Wine o’clock porque promoveu, a Niepoort porque forneceu os vinhos, o Jacinto porque serviu, e nós, os felizardos que lá estivemos porque pudemos participar numa refeição notável. Parece que o Jacinto, que atravessou tempos difíceis, está de volta aos melhores dias e a tornar-se um ponto de referência na gastronomia lisboeta.
Kroniketas, enófilo e gastrónomo satisfeito, com Politikos
Restaurante: O Jacinto
Av. Ventura Terra, 2 (Telheiras)
1600 Lisboa
Telef: 21.759.17.28
Nota (0 a 5): 4,5
Região: Douro
Produtor: Niepoort Vinhos
Vinho: Redoma 2008 (R)
Grau alcoólico: 13,5%
Castas: Tinta Amarela, Touriga Franca, 50% outras
Nota (0 a 10): 7,5
Vinho: Tiara 2008 (B)
Grau alcoólico: 12%
Castas: Codega, Rabigato, Donzelinho, Viosinho, Cercial
Nota (0 a 10): 7,5
Vinho: Redoma 2008 (B)
Grau alcoólico: 13%
Castas: Codega, Rabigato, Donzelinho, Viosinho, Arinto
Nota (0 a 10): 8
Vinho: Vertente 2007 (T)
Grau alcoólico: 13%
Castas: Tinta Roriz, Touriga Franca, Tinta Amarela, Touriga Nacional
Nota (0 a 10): 7,5
Vinho: Redoma 2006 (T)
Grau alcoólico: 14%
Castas: Touriga Franca, Tinta Roriz, Tinta Amarela, Tinto Cão
Nota (0 a 10): 8
Vinho: Charme 2007 (T)
Grau alcoólico: 13,5%
Castas: Tinta Roriz, Touriga Franca
Nota (0 a 10): 8,5
Vinho: Batuta 2007 (T)
Grau alcoólico: 13%
Castas: Tinta Roriz, Touriga Franca, Touriga Nacional
Nota (0 a 10): 9
Vinho: Porto Niepoort Vintage 2007
Grau alcoólico: 20%
Castas: Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinto Cão, Tinta Francisca, Tinta Amarela, Sousão, Tinta Roriz
Nota (0 a 10): 9
Vinho: Porto Niepoort Colheita 1998
Grau alcoólico: 20%
Castas: Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinto Cão, Tinta Francisca, Tinta Amarela, Sousão, Tinta Roriz
Nota (0 a 10): 8
terça-feira, 28 de julho de 2009
No meu copo, na minha mesa 250 - Jantar Niepoort no restaurante Jacinto
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domingo, 17 de maio de 2009
No meu copo 239 - Porto Graham’s Vintage 94
Continuando no registo dos Portos, temos aqui outro Vintage que fez sucesso entre os degustantes cá do grupo. Com um perfil completamente diferente do Taylor’s Vargellas referido no post anterior, e também com mais idade, este Graham’s é marcado pela suavidade e elegância, sem deixar de mostrar alguma robustez.
Na prova apresenta uma predominância a frutos secos com um final longo e marcado por um toque amendoado. É um Vintage em plena maturidade que parece ter entrado num patamar estável de evolução, que dá uma prova muito agradável. Não é fácil encontrá-lo nem é barato, mas pelo prazer que dá é uma aposta inteiramente ganha e que merece uma abertura dos cordões à bolsa.
Kroniketas, enófilo esclarecido
Vinho: Porto Graham’s Vintage 94
Região: Douro/Porto
Produtor: Graham’s Port
Grau alcoólico: 20%
Preço em hipermercado: 55,80 €
Nota (0 a 10): 9
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Krónikas Vinícolas
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quarta-feira, 13 de maio de 2009
Perdizes por um, perdizes por mil
No meu copo 238 - Hexagon 2000; Cartuxa 2006; Porto Taylor’s Vargellas Vintage 2005
Os Comensais Dionisíacos, braço político gastro-etilista que integra os escribas das KV, além dos repastos “oficiais” entre membros celebra também refeições não menos bem regadas, mas mais alargadas em termos de mastigantes, sendo estes supranumerários geralmente os familiares mais próximos.
Sendo caçador um dos associados, é normal que por vezes nestas refeições intervenham como mastigados espécimes das nobres raças abatidas pelo dito cujo ou pelo grupo de caçadores a que se junta na função, geralmente perdizes, lebres ou javalis. Fomos portanto reunidos em casa do Kroniketas (que não é o membro caçador – é mais deglutidor) para degustar um grupo de perdizes incautas, cozinhadas pela consorte do caçador de formas simples mas saborosas: umas com um molho à base de natas e whisky com cogumelos, outras envolvidas em couve lombarda acolitada por tirinhas de bacon.
Outro objectivo que se mantém nestes repastos alargados é acompanhá-los de bons néctares – também conhecido no meio como “desbaste da garrafeira”! Para este em particular escolheram-se, além de alguns brancos sortidos e fresquinhos – provenientes da sempre bem recheada garrafeira do anfitrião (Alvor 2007, Quinta de Camarate branco seco 2007, Murganheira 2007) – para acompanharem as entradas, um Esporão Reserva de 2006, um Hexagon de 2000 em formato magnum (o tal vinho das 6 castas e 6 gerações) e um Cartuxa de 2006 que apareceu à última hora pela mão de um dos convivas. Para as sobremesas abriu-se um Porto Taylor’s Vargellas Vintage de 2005.
Coleccionando as reacções dos presentes, poderá dizer-se que o Esporão Reserva, após a recente experiência, re-deslumbrou, depois de uma travessia do deserto em algumas colheitas anteriores, com o Alicante Bouschet a dar-lhe um toque muito especial. Definitivamente um regressado aos mais altos lugares da nossa consideração vínica. O Hexagon, completamente diferente do anterior, mostrou-se um vinho de alto gabarito, com um perfil austero, ainda mais depois da festa que o Esporão tinha provocado no nariz e na boca dos beberrões, mas com uma estrutura extraordinária e a deixar-nos desconfiados de que ainda havia por ali muita coisa escondida. Comprem e bebam, porque é assim que um vinho excelente deve ser (uma das maneiras de o ser, como é óbvio). (Mete aqui a colherada o Kroniketas para ser mais generoso mas sucinto nos encómios. Só uma palavra: extraordinário!).
Ficou o Cartuxa para o final – uma ou outra ordem teria sempre justificação ou recusa – e não se deixou diminuir perante os outros dois. Sendo mais novo que o Hexagon e da mesma colheita que o Esporão, justificou-se plenamente a vivacidade exuberante, mostrando-se mais corpulento, mais fechado e mais robusto que o seu compadre alentejano, disse bem alto que estava ali para lutar: um vinho excelente que seria o centro das atenções se estivesse só. Teve um pouco de azar com os competidores.
Enfim, para não vos causar mais inveja, direi que, embora pessoalmente prefira os Vintage com um perfil como o utilizado pela Ramos Pinto, o Porto Vintage Vargellas cumpriu em pleno. Um festival de aromas a frutos vermelhos, de grande exuberância na boca e no nariz, pleno de vigor e juventude, a mostrar que está ali pronto para altos voos e longa vida na garrafa. O nosso único problema é comprá-lo e esperar uns 10 ou 20 anos até voltar a prová-lo. A verdade é que nem os morangos, nem a mousse de chocolate ou o bolo rançoso se queixaram.
Em resumo, um repasto que se pautou pela delícia gastronómica e pela excelência vínica. Para recordar.
tuguinho, enófilo impenitente e bloguista intermitente
Vinho: Hexagon 2000 (T) (garrafa magnum)
Região: Terras do Sado
Produtor: José Maria da Fonseca
Grau alcoólico: 14%
Castas: Trincadeira, Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinto Cão, Syrah e Tannat
Preço em supermercado: 53,89 €
Nota (0 a 10): 9,5
Vinho: Cartuxa 2006 (T)
Região: Alentejo (Évora)
Produtor: Fundação Eugénio de Almeida - Adega da Cartuxa
Grau alcoólico: 14,5%
Castas: Aragonês, Trincadeira, Alfrocheiro, Alicante Bouschet
Preço em feira de vinhos: 13,95 €
Nota (0 a 10): 8,5
Vinho: Porto Taylor’s Vargellas Vintage 2005
Região: Douro/Porto
Produtor: Taylor’s
Grau alcoólico: 20%
Preço em hipermercado: 33,48 €
Nota (0 a 10): 9
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Etiquetas: Alentejo, Alfrocheiro, Alicante Bouschet, Aragonez, Cartuxa, Evora, JM Fonseca, Syrah, Tannat, Taylor's, Terras Sado, Tinto Cao, Tintos, Touriga Franca, Touriga Nacional, Trincadeira, Vinho do Porto, Vintage
quarta-feira, 24 de setembro de 2008
No meu copo 201 - Porto Vintage Dow’s Quinta do Bomfim 87
Nos nossos repastos dos Comensais Dionisíacos temos vindo a introduzir cada vez mais frequentemente a componente do vinho do Porto para rematar a refeição, induzidos pelas escolhas do Politikos.
Este por acaso não foi uma escolha dele, e prometia, dada a idade e a marca. No entanto, à medida que vamos provando mais, vamos ficando mais exigentes. Ainda há pouco mais de dois anos eu escrevia aqui que não me sentia habilitado sequer a classificar um Porto LBV. Agora o leque tem-se alargado e já há alguns termos de comparação bastante interessantes.
Este Vintage da Dow’s mostrou-se uns furos abaixo de outros que temos vindo a provar. Algo parco de aromas e com o fruto meio desaparecido, sem aquela força que normalmente esperamos de um Vintage devido à idade, antes apresentando-se amaciado, mas pareceu que lhe faltava ali qualquer coisa, talvez uma personalidade mais marcada. Talvez a evolução não tenha sido a esperada, ou então não foi tão bom logo desde início.
Enfim, como em todas as categorias, há sempre uns melhores que outros. A verdade é que a Dow’s tem outros produtos de grande categoria, e não é por este não nos ter encantado que não voltaremos à carga.
Kroniketas, enófilo esclarecido
Vinho: Porto Vintage Dow’s Quinta do Bomfim 87 (T)
Região: Douro/Porto
Produtor: Dow’s
Grau alcoólico: 20%
Nota (0 a 10): 7
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quarta-feira, 28 de novembro de 2007
No meu copo 149 - Porto Vintage Fonseca 94; Porto Cálem 10 anos
O jantar de prova dos 3 Douros foi balizado por dois Vinhos do Porto, um antes e um depois. Há alguns meses tínhamos adquirido meia garrafa de um Porto Vintage Fonseca de 94, o ano perfeito dos Vintage segundo os especialistas. Este foi um dos vinhos portugueses mais pontuados de sempre na Wine Spectator e resolvemos dividir o mal pelas aldeias, que é como quem diz, os 100 € que custava a garrafa por 4.
Perante a preciosidade que tínhamos entre mãos, resolvemos degustá-lo antes do jantar, o que se afigurou assaz difícil porque a rolha se desfez à primeira tentativa, obrigando os comparsas a entreterem-se a tentar sacar a rolha e depois coar o vinho, enquanto eu me entretinha com os bifes à café.
A exígua quantidade disponível foi criteriosamente dividida pelos copos (enquanto eu continuava entretido com os bifes) e fomos deixando os aromas libertarem-se (enquanto eu acabava os bifes...). O primeiro contacto foi quase sublime. Uma cor carregada, opaca, aroma marcado a frutos secos (nozes) e algum caramelo. Na boca, o que se espera dum vinho destes: corpo interminável, grande estrutura mas também muita macieza para um vinho ainda não muito velho, terminando com alguma doçura. No fundo do copo os aromas ainda ficaram lá. Em suma, um vinho que nunca mais acaba.
O Porto Cálem foi trazido pelo Politikos, como vem sendo habitual, e ficou naturalmente para a sobremesa. Aqui o perfil é completamente diferente e não é possível comparar. Já bebi outros Portos de 10 anos e este não foi dos melhores. Uma cor acobreada, aroma também marcado por frutos secos e mel, mas pouco elegante na boca. Não é um vinho muito apetitoso, daqueles que apetece beber sempre mais, por isso sobrou quase metade da garrafa.
Kroniketas, enófilo esclarecido
Região: Douro/Porto
Vinho: Porto Vintage Fonseca 94 (T)
Produtor: Fonseca Guimaraens
Grau alcoólico: 20,5%
Preço em hipermercado: 102 € (garrafa de 37,5 cl)
Nota (0 a 10): 9
Vinho: Porto Cálem 10 anos
Produtor: A. A. Cálem & Filho
Grau alcoólico: 20%
Preço em hipermercado: cerca de 10 €
Nota (0 a 10): 6
quinta-feira, 19 de julho de 2007
No meu copo 130 - Porto Vintage Quinta do Castelinho 99; Porto Burmester LBV 2001; Quinta da Pacheca LBV 2002
Estes três Portos foram apreciados em outras tantas ocasiões diferentes pelos Comensais Dionisíacos, no fim dos repastos e mesmo acompanhando os doces para alguns dos mastigantes. As peças foram fornecidas pelo Politikos, já membro de facto do referido grupo de bandalhos.
Mostraram carácter diferenciado, embora dentro dos parâmetros de um Vintage e de Late Bottled Vintage, respectivamente.
O Quinta do Castelinho mostrou-se contido de aroma, de travo seco um pouco invulgar neste tipo de Porto. Sendo um vinho de nível aceitável, com boa cor e corpo mediano, o escriba prefere-os mais encorpados e a rescenderem a frutos vermelhos muito maduros, o que não seria invulgar num Vintage com esta (pouca) idade.
O LBV da Burmester mostrou-se mais “mainstream” em relação ao seu tipo, fácil de beber mas sem grande corpo para um vinho deste tipo. Cor profunda sem ser retinta, aroma agradável mas um pouco linear.
O Quinta da Pacheca esteve um pouco acima do anterior, com boa cor e aroma um pouco mais rico, e corpo bastante para se ter aguentado bem no fim de um repasto farto e com várias sobremesas.
O meu defeito é que depois de ter bebido Vintage e LBV’s que nos inundam as narinas de aromas e deixam o copo vermelho, quaisquer outros sabem a pouco… Portos da Ramos Pinto e da Fonseca Guimaraens, voltem que estão perdoados!
tuguinho, enófilo esforçado
Região: Douro/Porto
Vinho: Porto Vintage Quinta do Castelinho 99 (T)
Produtor: Quinta do Castelinho
Grau alcoólico: 20%
Preço em hipermercado: cerca de 25 €
Nota (0 a 10): 8
Vinho: Porto Burmester LBV 2001 (T)
Produtor: Casa Burmester
Grau alcoólico: 20%
Preço em hipermercado: cerca de 15 €
Nota (0 a 10): 7
Vinho: Porto Quinta da Pacheca LBV 2002 (T)
Produtor: Quinta da Pacheca
Grau alcoólico: 20%
Castas: Touriga Nacional, Tinta Roriz, Tinto Cão
Preço em hipermercado: cerca de 15 €
Nota (0 a 10): 7,5
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sábado, 10 de fevereiro de 2007
No meu copo 87 - Porto Vintage Niepoort 2003
Já aqui o referi anteriormente, não sou muito versado em termos de Vinho do Porto. Tenho bebido poucos ao longo da minha experiência enófila e quase nunca por minha iniciativa ou escolha, e na maioria Tawny’s que não me provocaram grandes sensações. Só recentemente comecei a dar mais atenção ao produto e resolvi comprar duas ou três garrafas de LBV, 10 anos e colheita. Isto leva tempo até se aprender.
Recentemente em casa de um amigo, ele resolveu começar o almoço com um Porto Vintage a acompanhar... as entradas. Disse que lhe apetecia um Porto como aperitivo e, se assim o pensou, melhor o fez. Na mesa, a par das fatias de salmão, tostas e patés, apareceu um Vintage de 2003 da Niepoort. E que posso dizer deste Vintage? Que estava óptimo, com toda a elegância que se espera dum vinho destes, e simultaneamente com alguma robustez na prova.
Claro que o problema foi passar depois para o vinho de mesa, pois este abafou um bocado o paladar. Foi preciso beber alguma água para começar de novo. Mas valeu a pena a experiência.
Kroniketas, enófilo esclarecido
Vinho: Porto Vintage Niepoort 2003
Região: Douro/Porto
Produtor: Niepoort Vinhos
Grau alcoólico: 20%
Preço: desconhecido
Nota (0 a 10): 8,5
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quinta-feira, 12 de janeiro de 2006
No meu copo, na minha mesa: Quinta da Terrugem 97; Herdade Grande 02; Aragonês Esporão 02; Sogrape Alentejo Reserva 00; Murganheira Bruto Reserva 02
Fomos atraídos por duas lebres, quais cães de caça em serviço. A diferença foi que neste caso as lebres já tinham entregue a alma ao criador e esperavam por nós dentro da panela, na casa do anfitrião, o famigerado Kroniketas.
Isto que vos vou contar foi no passado sábado, ao jantar, e tratou-se de uma reunião plenária do Grupo Gastrónomo-Etilista “Os Comensais Dionisíacos”, acrescentados das consortes e respectiva filiação. Ao todo onze crescidos, que são os que nos interessam para o caso, porque as criancinhas não degustaram os vinhos que acompanharam as lebres ao seu local de descanso final, os estômagos dos convivas.
Os lagomorfos (a terminação “morfos” não tem nada a ver com comida) estavam devidamente separados em pedaços em jeito de ensopado, com batata cozida e molho espesso, de que não guardo o segredo – só comi, não cozinhei! Também compareceram, para abrilhantar a festa, três perdizes perdidas escondidas no meio de lombarda e assaz (não assadas) apetitosas.
Os vinhos provieram dessa afamada adega que é a vasta garrafeira do Kroniketas (se bem que a do tuguinho não lhe fique atrás), reforçada com umas ofertas de peso.
Depois das cervejolas da praxe e das entradas, iniciou-se o repasto propriamente dito com um Quatro Regiões 97 da Sogrape. A apreciação do néctar foi díspar, e portanto resolvemos não atribuir nota. Iremos abrir outra botelha proximamente e então diremos de nossa justiça. Os pormenores sobre este vinho peculiar serão escalpelizados nessa próxima nota de prova.
Continuámos com um Quinta da Terrugem 97 das Caves Aliança, que se mostrou um tanto delgado para o que se esperava dele. Boa cor, aroma razoável. Talvez seja já da idade, demasiado avançada para um vinho alentejano.
A saga prolongou-se num Herdade Grande 2002, um Vidigueira produzido por António Manuel Lança, que nos surpreendeu pela positiva: excelente corpo, bom aroma e uma estrutura sólida com um fim de boca razoável provaram-nos mais uma vez que não é apenas o preço que distingue os vinhos.
Antes que nos chamem bêbedos, lembrem-se que eram onze pessoas, das quais sete beberam vinho tinto. É incrível como uma garrafa se esvazia depressa nestas circunstâncias!
O percurso etílico atravessou um Aragonês 2002 do Esporão, que cumpriu, como aliás é hábito. Um ligeiro aroma a mofo desvaneceu-se rapidamente no copo e deixou apreciar na sua plenitude este monocasta que é um valor seguro, com bom aroma característico da variedade, com evolução, e uma cor espessa que teve tradução na boa estrutura e nos taninos.
Finalmente, fizemos uma paragem numa garrafa de Sogrape Alentejo Reserva 2000. E em boa hora o deixámos para o fim! Ao contrário do esperado, suplantou o Aragonês do Esporão e guindou-se ao posto de melhor vinho da noite. Uma estrutura espantosa para um Alentejo com cinco anos, uma cor retinta, aromas secundários e terciários para dar e vender. Acima das expectativas portanto, se bem que as iniciais já fossem boas.
Houve também um D.O.A. (Death On Arrival), um Vale Barqueiros de 1998 que, pelo odor e pela cor quase de tijolo, serviria apenas para temperar qualquer coisa, não para beber.
Para aquela zona dos brindes e da sobremesa, começámos com um espumante Murganheira Bruto Reserva 2002, de bolha fina e sabor elegante, que não causou estragos nos estômagos já quase repletos.
A sobremesa propriamente dita constou de bolo rançoso e de charlote de chocolate – tudo coisas sem calorias e que não engordam de forma nenhuma. Para as acompanhar, além do dito espumante, um Porto Vintage 2001 da Real Companhia Velha – um vintage moderno, sem arestas, de cor carmim carregado e ainda com laivos de doce, que se portou muito bem –, e um whisky de malte Famous Grouse Single Malt de 12 anos, para os comensais que apreciam. Ainda vi por lá passar uma garrafa de aguardente bagaceira do I.V.V., com cerca de 13 anos de idade e bastante para contar sobre os cascos que a tornaram amarela.
E pronto. Depois de muita conversa animada que prolongou o plenário quase até às duas, cada um foi para sua casa com a sensação do dever cumprido.
Sim, porque nós somos uns escravos do dever!
tuguinho, enófilo sóbrio e escravo do dever
Kroniketas, anfitrião famigerado
Nota: Para ver as imagens das garrafas mais nítidas clique na foto
Vinho: Quinta da Terrugem 97 (T)
Região: Alentejo (Borba)
Produtor: Caves Aliança
Preço em feira de vinhos: 17,5 €
Nota (0 a 10): 6,5
Vinho: Herdade Grande 2002 (T)
Região: Alentejo (Vidigueira)
Produtor: António Manuel Lança
Preço em feira de vinhos: 9,79 € (preço da colheita de 2000)
Nota (0 a 10): 7,5
Vinho: Aragonês (Esporão) 2002 (T)
Região: Alentejo (Reguengos)
Produtor: Herdade do Esporão
Preço em feira de vinhos: 11,95 €
Nota (0 a 10): 8
Vinho: Sogrape Alentejo Reserva 2000 (T)
Região: Alentejo (Vidigueira)
Produtor: Sogrape
Preço em feira de vinhos: 9,89 €
Nota (0 a 10): 8,5
Vinho: Murganheira Espumante Bruto Reserva 2002 (T)
Região: Távora-Varosa
Produtor: Sociedade Agrícola e Comercial do Varosa
Preço em feira de vinhos: 8,75 €
Nota (0 a 10): 7
Vinho: Porto Vintage Real Companhia Velha 2001 (T)
Região: Douro/Porto
Produtor: Real Companhia Velha
Preço em feira de vinhos: 17,5 €
Nota (0 a 10): 7,5
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