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sexta-feira, 31 de julho de 2009

Perdizes por um, perdizes para dez

No meu copo 251 - Veuve Roth, Pinot Gris 2007; Delicato, Chardonnay 2005; Delicato, Zinfandel 2005 rosé; Herdade do Pinheiro 2007 rosé; Herdade do Perdigão Reserva 2005; Quinta da Viçosa 2003; Herdade do Meio Garrafeira 2003; Vieux Magon 2001




E pronto, para assinalar o fim do ano de trabalho e ajudar a esgotar o stock de perdizes do caçador de serviço, juntando mais uma operação da missão nunca terminada de “desbaste da garrafeira”, o plenário dos Comensais Dionisíacos reuniu-se em versão familiar para o que já começa a ser um “must” na primeira metade do Verão: o “jantar de fim de época”, desta vez em versão caseira com o Politikos e respectiva consorte e descendência a servirem de anfitriões para o repasto. Compareceram à chamada quase todos os membros efectivos, só havendo faltas por impossibilidade justificada.
Enquanto as senhoras se dedicavam à confecção das aves, os homens entretinham-se com a selecção das garrafas. Para começar optou-se por um Veuve Roth, Pinot Gris 2007, um branco francês que tinha provado há algum tempo na Wine O’Clock. Muito macio, delicado e de grande suavidade, ligeiramente adocicado mas com uma excelente acidez que o torna muito fresco e equilibrado, já me tinha conquistado na prova anterior e voltou a fazê-lo. Não é um vinho para grandes refeições mas como aperitivo ou entrada ou com pratos delicados vai francamente bem.
Seguiu-se um Delicato Chardonnay 2005, desta vez um branco californiano que apareceu mais suave do que a maioria dos Chardonnay, mais frutado e sem aquele amanteigado que marca muitos dos vinhos da casta, com aromas tropicais e sem a habitual marca da madeira que o torna demasiado pesado para o meu gosto.
Passou-se depois para os rosés. O anfitrião insistiu em que experimentássemos outro Delicato que não fez o pleno das opiniões. Um verdadeiro rosé de esplanada, adocicado e não muito gastronómico. No entanto algumas das senhoras preferem os mais doces pelo que ainda houve aproveitamento do conteúdo da garrafa. Passou-se imediatamente a outro rosé que já estava preparado, um Herdade do Pinheiro 2007. Mais seco, persistente e com maior acidez, agradou à generalidade dos presentes.
Quando as perdizes vieram para a mesa, confeccionadas em duas variedades já experimentadas com sucesso (estufadas com couve lombarda e com cogumelos em molho de natas de soja) passou-se então ao painel dos tintos, constituído por belos vinhos do Alentejo. A escolha para início das hostilidades recaiu num Herdade do Perdigão Reserva 2005. Foi um sucesso. Alvo dos maiores encómios, mostrou-se um vinho de grande carácter, pujante, persistente, muito vivo mas arredondado, a mostrar que está para durar. Sem dúvida um vinho a repetir.
Seguiu-se um Quinta da Viçosa 2003, um dos vinhos especiais de João Portugal Ramos. É feito com a melhor casta portuguesa e a melhor casta estrangeira da colheita de cada ano. Neste caso temos uma combinação algo “sui generis “de Touriga Nacional e Merlot, tal como já houve outras combinações improváveis como Aragonês e Petit Verdot ou Trincadeira e Syrah. Este 2003 apresentou-se essencialmente elegante e suave, em claro contraste com o Herdade do Perdigão. Um vinho mais aconselhado para pratos delicados e requintados, talvez pouco adequado para a caça que tínhamos no prato mas que também merece outra oportunidade.
Continuando no Alentejo, experimentámos depois um Herdade do Meio Garrafeira 2003, uma promoção da feira de vinhos do Continente de 2008. A prova anterior desta casa não agradou mas este mostrou outro nível. Muito bem estruturado, encorpado e persistente, com taninos firmes mas domados. Uma bela surpresa pelo preço que custou.
Por fim, o anfitrião ainda fez questão de nos brindar com uma garrafa de vinho da Tunísia, produzido na região da antiga Cartago. Contra as expectativas mais pessimistas, não defraudou. Apresentou-se elegante e suave na boca, medianamente encorpado, com boa concentração de cor e alguma persistência de madeira. Não sendo excepcional, não é de menosprezar.
Para fecho da noite, já atirados a uma mousse e a um gelado de chocolate, tivemos o ponto alto com a abertura duma relíquia que o Politikos tinha lá em casa: um Lacrima Christi sem data, mas com uma indicação de 1908 no contra-rótulo! Sublime! Não há palavras para descrevê-lo. E ainda houve tempo para os mais resistentes provarem uma aguardente de figo da Tunísia, Boukha Gold, com 36% de álcool.
Depois ainda se seguiram algumas baforadas de charuto e cachimbo para os mais aficionados, mas isso são outras histórias... Agora vamos a banhos.

Kroniketas, tuguinho, e os outros todos

Vinho: Veuve Roth, Pinot Gris 2007 (B)
Região: Alsácia (França)
Produtor: Les Caves de La Route du Vin
Grau alcoólico: 12,5%
Casta: Pinot Gris
Preço: 9,50 €
Nota (0 a 10): 8

Vinho: Delicato, Chardonnay 2005 (B)
Região: Califórnia (EUA)
Produtor: Delicato Family Vineyards - Manteca - Califórnia
Grau alcoólico: 13,5%
Casta: Chardonnay
Preço: 4,22 €
Nota (0 a 10): 7

Vinho: Delicato, Zinfandel 2005 (R)
Região: Califórnia (EUA)
Produtor: Delicato Family Vineyards - Manteca - Califórnia
Grau alcoólico: 10%
Casta: White Zinfandel
Preço: 3,96 €
Nota (0 a 10): 5,5

Vinho: Herdade do Pinheiro 2007 (R)
Região: Alentejo (Ferreira)
Produtor: Sociedade Agrícola Silvestre Ferreira
Grau alcoólico: 13,5%
Castas: Touriga Nacional, Cabernet Sauvignon
Preço: 4,88 €
Nota (0 a 10): 7

Vinho: Herdade do Perdigão Reserva 2005 (T)
Região: Alentejo (Monforte)
Produtor: Herdade do Perdigão
Grau alcoólico: 14,5%
Castas: Trincadeira, Aragonês, Cabernet Sauvignon
Preço: 12,50 €
Nota (0 a 10): 8,5

Vinho: Quinta da Viçosa 2003 (T)
Região: Alentejo (Estremoz - Borba)
Produtor: João Portugal Ramos
Grau alcoólico: 14,5%
Castas: Touriga Nacional, Merlot
Preço: 22,10 €
Nota (0 a 10): 8

Vinho: Herdade do Meio Garrafeira 2003 (T)
Região: Alentejo (Portel)
Produtor: Casa Agrícola João & António Pombo - Herdade do Meio
Grau alcoólico: 14,5%
Castas: Trincadeira, Aragonês, Alicante Bouschet, Castelão
Preço em feira de vinhos: 7,99 €
Nota (0 a 10): 8

Vinho: Vieux Magon 2001 (T)
Região: Mornag (Tunísia)
Produtor: Les Vignerons de Carthage - Tunis
Grau alcoólico: 13%
Preço: 9 €
Nota (0 a 10): 7

sábado, 6 de junho de 2009

No meu copo 245 - Miolo Terroir, Merlot 2005

O Vale dos Vinhedos é uma pequena região de 82 quilómetros quadrados situada no estado brasileiro do Rio Grande do Sul, a cerca de 130 km de Porto Alegre, na zona de serra. Daí veio esta garrafa pela mão de alguém ligado à família. Uma garrafa pesada, mais que o habitual (mais de 1 kg) e com um vinho surpreendente lá dentro. Nunca tinha bebido um vinho do Brasil e foi uma completa revelação.

Sabendo-se como costumam ser os vinhos de Merlot, marcados essencialmente pela suavidade, a maior surpresa foi encontrar neste Miolo Terroir uma estrutura, um corpo e grande persistência a fazer lembrar outras castas que costumam conferir aos vinhos maior robustez. Claro que as características habituais da casta não deixaram de estar lá, mas este vinho pareceu dar uma nova faceta ao Merlot. Pareceu ser um vinho ao estilo do velho mundo, talvez pela latitude a que é produzido (cerca de 29º Sul), já bem afastada do trópico e com um clima atlântico.

Ficou a curiosidade para ver como serão outros vinhos do Brasil, nomeadamente os do tão badalado paralelo 8. Aguardamos a oportunidade.

Kroniketas, enófilo esclarecido

Vinho: Miolo Terroir, Merlot 2005 (T)
Região: Vale dos Vinhedos (Brasil)
Produtor: Vinícola Miolo
Grau alcoólico: 14%
Casta: Merlot
Nota (0 a 10): 8,5

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

No meu copo, na minha mesa 221 - Neethlingshof, Merlot 2001; Stellenzicht, Shiraz 2000; Restaurante A Carvoaria










Um regresso à Carvoaria, restaurante sul-africano de Cascais, para responder ao desafio de comer um bife tártaro: estamos a falar de carne crua picada. O prato tem de ser encomendado de véspera para que a carne seja devidamente preparada de modo a ficar comestível.
Antes do início das hostilidades o dono veio trazer-nos uma pequena porção para darmos a nossa impressão acerca dos temperos. Um deles era um picante intenso, de que eu abdiquei. Mesmo assim o meu prato estava picante, embora menos que os dos outros comparsas.
Em pequenas garfadas lá se foi comendo o bife tártaro, sem fazer grande sacrifício. Como eu gosto de bifes mal passados o facto de a carne estar crua não me repugna. Valeu como experiência mas, de qualquer modo, não fiquei grande fã. Apesar de tudo prefiro algum cozinhado, mesmo que pouco.
Para acompanhar voltámos aos vinhos sul-africanos, tal como na visita anterior. Entre vários nomes totalmente desconhecidos, começámos por escolher um monocasta de Merlot. Apresentou-se com uma cor rubi aberta, macio e suave, com corpo e persistência média, medianamente frutado com nuances de cereja e alguma hortelã, grau alcoólico elevado razoavelmente disfarçado. Aconselhado para pratos não muito robustos.
Esgotada a primeira garrafa, optámos a seguir por outro varietal mas desta vez de Syrah (ou Shiraz na designação do rótulo). Fermentado em carvalho francês e americano, apresentou-se mais encorpado, com notas marcantes a especiarias e bouquet mais profundo, com boa persistência final. Muito mais adequado aos sabores do bife tártaro e capaz de se bater com o picante.
Ambos os vinhos são originários da região de Stellenbosch, situada na província de Western Cape na costa sudoeste do país e no coração da região vitivinícola que circunda a Cidade do Cabo. No caso do segundo, as vinhas estão situadas na costa oeste da montanha Helderberg, entre a cidade de Stellenbosch e o mar em False Bay, a sul de Cape Town.
Neste regresso à Carvoaria repeti as impressões colhidas anteriormente. É um restaurante que se recomenda, onde se come bem e o serviço é simpático e eficiente. Em suma, um lugar agradável de onde se sai satisfeito.

Kroniketas, enófilo esclarecido

Restaurante: A Carvoaria (sul-africano)
Rua João Luís de Moura, 24
2750-387 Cascais
Telef: 21.483.04.06
Preço por refeição: 30 €
Nota (0 a 5): 4,5

Vinho: Neethlingshof, Merlot 2001 (T)
Região: Stellenbosch (África do Sul)
Produtor: Neethlingshof
Grau alcoólico: 14%
Casta: Merlot
Preço no restaurante: 14 €
Nota (0 a 10): 7

Vinho: Stellenzicht, Shiraz 2000 (T)
Região: Stellenbosch (África do Sul)
Produtor: Stellenzicht
Grau alcoólico: 14%
Casta: Shiraz
Preço no restaurante: 14 €
Nota (0 a 10): 8

sábado, 22 de novembro de 2008

No meu copo 214 - Quinta da Bacalhôa 2003

Aqui está um vinho famoso que nunca me convenceu. Sempre achei que tinha excesso de madeira, aliás um traço que é muito comum em variadíssimos vinhos da região de Setúbal. O vinho estagia 11 meses em barricas novas de carvalho francês e talvez o balanço entre a madeira e os aromas não seja o ideal, pelo menos para o meu gosto.

Ao fim de muitos anos voltei a prová-lo. Tratei-o com todos os mimos, pu-lo à temperatura adequada e decantei-o cerca de uma hora antes. Não posso dizer que desta vez fiquei encantado mas também não fiquei desiludido. Fiquemo-nos pelo meio-termo. Apresentou-se com uma cor rubi intensa, algum aroma a frutos vermelhos misturado com a madeira e após a decantação libertou mais os aromas e apresentou-se mais macio e equilibrado.

No conjunto, considero-o um bom vinho mas acho que não justifica o preço que custa.

Kroniketas, enófilo esclarecido


Vinho: Quinta da Bacalhôa 2003 (T)
Região: Terras do Sado
Produtor: Bacalhôa Vinhos
Grau alcoólico: 13,5%
Castas: Cabernet Sauvignon, Merlot
Preço em feira de vinhos: 14,49 €
Nota (0 a 10): 7,5

segunda-feira, 14 de maio de 2007

No meu copo 113 - Fiúza, Merlot 2000

Foi a primeira vez que apreciei este vinho extreme da casta Merlot da casa Fiúza. Portou-se bem apesar da idade, apresentando uma cor aberta e limpa e aroma moderado. Foi degustado com um prato leve, visto que a Merlot não é propriamente conhecida por fazer vinhos encorpados e que aguentem com pratos mais consistentes. É precisamente aí que penso que mora o calcanhar de Aquiles destes vinhos – têm pouco corpo! É óbvio que nem só de vinhos encorpados se faz o mundo dos vinhos, mas o corpo demasiado delgado deste Merlot fica-me sempre atravessado, como se lhe faltasse qualquer coisa, o golpe de asa para alcançar voos mais altos. E com o corpo delgado vem também um fim de boca demasiado breve...
Apesar destas considerações, não se pense que é um mau vinho. Aliás, já o referi no início, não se portou nada mal. Mas podia ser melhor.

tuguinho, enófilo esforçado

Vinho: Fiúza, Merlot 2000 (T)
Região: Ribatejo
Produtor: Fiúza & Bright
Grau alcoólico: 13º
Casta: Merlot

Preço em feira de vinhos: 7,95 €
Nota (0 a 10): 6,5

terça-feira, 1 de maio de 2007

Krónikas duma viagem a Paris - 1



As férias escolares da Páscoa foram aproveitadas para uma deslocação a uma das cidades míticas do mundo: Paris. Por sinal, a única onde já me desloquei mais de uma vez. Já lá fui solteiro, recém-casado, e desta vez o objectivo foi levar os filhos para conhecerem a Eurodisney.
As constantes deambulações pela cidade e as deslocações ao parque Disneyland não deixaram grande folga para repastos de nouvelle cuisine e muito menos para degustações vinícolas a condizer. A primeira abordagem ocorreu logo no dia da chegada, já para lá das 3 da tarde, hora local.
Cansados da viagem e esfomeados, fora de horas para almoçar, demos uma volta pelo 17ème arrondissement à procura da salvação, e esta apareceu-nos num restaurante chinês tipo self-service, depois de conduzidos de táxi por um motorista chinês. Esta coincidência viria a revelar um padrão que se repetiu nos dias seguintes: em Paris, os chineses são os trabalhadores e os japoneses são os turistas...
No dito chinês, onde ainda voltaríamos num dos regressos da Disney, depois de escolhermos todas as massas e arrozes mais o pato, a galinha e as gambas, vi umas garrafas na vitrina que me chamaram a atenção. Resolvi experimentar meia de Côtes du Rhône. O vinho estava ligeiramente refrescado e, para minha surpresa, não se saiu nada mal com a comida chinesa. Revelou-se um vinho aberto, muito suave e aromático, extremamente fácil de beber. Pareceu-me ser apropriado para refeições não muito condimentadas.
Noutra ocasião, depois dum dia cansativo a percorrer a cidade desde Montmartre até Pigalle, desde a Torre Eiffel ao Arco do Triunfo, usando todas as linhas de metropolitano possíveis e passando ainda por um passeio de Bateau Parisien, com frio e chuva à mistura, acabámos a jantar num restaurante libanês, sob alguma desconfiança. Mas o atendimento simpático ajudou-nos a escolher umas brochettes (espetadas) de carne de porco, vaca e frango, acompanhadas com um arroz e uma salada à moda do local, e um vinho também do país. Um Clos St. Thomas de 2002, com 14% de álcool mas sem ser agressivo. Um vinho de perfil moderno, feito com as castas omnipresentes onde quer que se vá: Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah e uma menos conhecida, Grenache. Bebeu-se bem, seguindo a tendência dos vinhos da moda.
Na segunda visita ao chinês ainda repeti o Côtes du Rhône e noutra ocasião experimentei um rosé barato. E por aqui ficou a experiência francesa no que toca a vinhos. Na véspera do regresso ainda fiz uma visita a um supermercado, de que darei conta na segunda parte desta croniqueta.

Kroniketas, enófilo viajante

sexta-feira, 6 de abril de 2007

No meu copo 102 - Serras de Azeitão 2005


Foi este o vinho bebido na refeição descrita no post anterior. Produzido pela Bacalhôa Vinhos, é um vinho aberto, macio, com pouco corpo e ainda com muita juventude que lhe dá alguma frescura na prova, adequado para refeições mais simples. Com pratos de confecção complexa perde-se no meio de tantos sabores porque não tem estrutura nem aromas que possam enfrentar a riqueza daqueles pratos.

Sendo barato, posiciona-se no fundo da gama de vinhos da Bacalhôa. É um vinho simples e honesto, uma aposta para o dia-a-dia, sem pretensões a grandes voos e nesse patamar bebe-se bem, tanto assim que o incluímos nas nossas sugestões.

Bom para uns grelhados ao ar livre em tarde de sol, é o que o perfil deste vinho me traz à ideia. Provavelmente num dia de verão e ligeiramente refrescado.

Kroniketas, enófilo esclarecido

Vinho: Serras de Azeitão 2005 (T)
Região: Terras do Sado
Produtor: Bacalhôa Vinhos
Grau alcoólico: 13,5%
Castas: Touriga Nacional, Aragonês, Syrah, Merlot

Preço em feira de vinhos: 2,35 €
Nota (0 a 10): 6

sexta-feira, 9 de março de 2007

No meu copo 95 - Quinta do Encontro, Merlot-Baga 2001

Se fosse agora este vinho seria certamente um Bairrada. Como é de 2001, apesar de ser duma empresa da Anadia, que fica em pleno coração da Bairrada, é um Regional Beiras porque tem Merlot.
Eis aqui uma combinação interessante. Neste vinho a casta Merlot desempenha um papel semelhante àquele que tem nas combinações com Cabernet Sauvignon. Amacia a aspereza da casta mais adstringente. Neste Quinta do Encontro nota-se o frutado e a macieza do Merlot sem deixar de se sentir a pujança da Baga, embora já um pouco diluída.
Resultou um vinho equilibrado, com bom corpo e uma boa estrutura, mas suave. Para aqueles que não são apreciadores do Bairrada clássico devido precisamente à adstringência característica dos vinhos de Baga enquanto jovens, este casamento entre Merlot e Baga permite uma abordagem diferente e mais suave. A idade do vinho também ajuda, pois já repousou algum tempo na garrafa, mas ainda mostra uma grande vivacidade, sem sinais de cansaço nem evolução excessiva.
Foi comprado na feira de vinhos do Pingo Doce de 2002 e, por aquilo que custou, apresenta uma boa relação preço-qualidade.

Kroniketas, enófilo esclarecido

PS: Este vinho, na colheita de 2004, já aqui tinha sido comentado num post do desafio "Prova à Quinta" sobre vinhos feitos com Baga.

Vinho: Quinta do Encontro, Merlot-Baga 2001 (T)
Região: Beiras
Produtor: Dão Sul, Sociedade Vitivinícola - Quinta do Encontro
Grau alcoólico: 13%
Castas: Baga, Merlot

Preço em feira de vinhos: 6,25 €
Nota (0 a 10): 7

quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

No meu copo, na minha mesa 82 - Text Cabernet-Merlot; A Carvoaria (Cascais)


Um restaurante e um vinho surpreendentes. A Carvoaria fica em Cascais num bairro de ruas estreitas junto ao Pavilhão do Dramático, que nos anos 70 e 80 era a catedral dos concertos de rock em Portugal. Algures por ali encontra-se este restaurante à base de carne confeccionada à moda da África do Sul. As opções são imensas mas todas à volta de pratos sul-africanos, com destaque para uma série de bifes com nomes ingleses.
Para duas pessoas escolhemos dois bifes “Charolais” com molho de natas e pimenta verde, mal passados como se impunha. Vieram duas peças de carne alta e rosada muito tenra e saborosa, com um molho espesso e não excessivamente apimentado. Outra surpresa foi um acompanhamento de rodelinhas de cebola frita, muito saborosa, que ao contrário do que eu esperava não provocou mau hálito nem dificuldades de digestão.
Na parte dos vinhos, a carta não é muito extensa mas as opções são boas e suficientes para vários gostos e preços. Também aqui havia a opção de vinhos sul-africanos, embora dois dos quatro da lista não existissem (um péssimo hábito cada vez mais comum em Portugal), acabando por ser escolhido um que não constava da lista sugerido pelo chefe, único funcionário a atender os clientes (aparentemente é o dono do local).
O vinho escolhido, completamente desconhecido, dava pelo nome de “Text” e era composto por um lote das castas Cabernet Sauvignon e Merlot. Mostrou uma cor rubi bastante concentrada. Ao primeiro contacto olfactivo sobressaíram desde logo os aromas a frutos vermelhos, pimentos verdes, groselha, um pouco achcolatados, tão típicos da Cabernet. É um aroma que me apaixona e parece ir buscar quaisquer memórias escondidas sempre que cheiro os vinhos desta casta.
Na boca o vinho apresentou-se macio, pois a Merlot equilibra a adstringência natural da Cabernet e retirou-lhe a predominância habitual de especiarias que esta apresenta quando vinificada em extreme. Um corpo suave e elegante, embora suficientemente poderoso para encher o palato e proporcionar um final de boca prolongado mas macio.
Em resumo, é um vinho de perfil moderno, que se bebe com facilidade. Para mim é daqueles vinhos que apetece ir bebendo quase sem se dar por isso, até porque não segue a moda, tão em voga em Portugal, do álcool excessivo, ficando-se por uns aceitáveis 13 graus, que estão perfeitamente ajustados para o corpo e a acidez moderada do vinho.
O restaurante é daqueles onde vale a pena ir para almoçar ou jantar sossegadamente, num ambiente quase intimista. O espaço não é grande, tem apenas 40 lugares, o ambiente é calmo e sossegado, o serviço rápido e atencioso, a confecção é excelente. Tem tudo para nos sentirmos lá bem e sairmos melhor.

Kroniketas, enófilo esclarecido

Restaurante: A Carvoaria (sul-africano)
Rua João Luís de Moura, 24
2750-387 Cascais
Telef: 21.483.04.06
Preço médio por refeição: 20 a 25 €
Nota (0 a 5): 4,5

Vinho: Text, Cabernet Sauvignon e Merlot (T) (sem data de colheita)
Região: Western Cape (África do Sul)
Produtor: Text Wine - Craighall
Grau alcoólico: 13%
Castas: Cabernet Sauvignon, Merlot
Preço no restaurante: 13,50 €
Nota (0 a 10): 7,5

sábado, 23 de dezembro de 2006

No meu copo 76 - Má Partilha, Merlot 2000

Foi com alguma expectativa que abri esta garrafa. Foi adquirida com a Revista de Vinhos em 2005 com a indicação de guardar por algum tempo. Passado cerca de um ano e meio, dada a idade do vinho, considerei que era chegada a altura de bebê-lo.
Abriu-se a garrafa com alguma antecedência. Inicialmente os aromas apresentaram-se fechados, como seria de esperar, mas o arejamento não melhorou grande coisa. Mostrou-se pouco exuberante e medianamente encorpado, já com alguma evolução nos aromas e na cor. Na boca a fruta andou um pouco escondida e deixou um final um pouco curto.
Embora não desagradasse, não me pareceu ser um vinho de encantar. A casta Merlot origina vinhos suaves, sendo usada em França para equilibrar a maior adstringência da Cabernet Sauvignon. No entanto este Má Partilha acabou por ficar aquém das expectativas. Esperava um vinho com maior frescura, maior vivacidade, o que me levou a não compreender a razão de ser comercializado já com esta idade, pois parece caminhar para algum declínio ou ter estabilizado num patamar donde já não sairá para melhor. Sendo, além disso, comercializado normalmente a preços algo elevados (na casa dos 10 euros ou mais), era de esperar algo mais na linha da “potência, riqueza e complexidade dos seus aromas”, como diz o contra-rótulo. Mas não os encontrei lá. Enfim, fica para uma segunda oportunidade tentar descobrir os encantos escondidos que esta garrafa não me revelou.

Kroniketas, enófilo esclarecido

Vinho: Má Partilha, Merlot 2000 (T)
Região: Terras do Sado
Produtor: J. P. Vinhos (agora Bacalhôa Vinhos)
Grau alcoólico: 13%
Casta: Merlot

Preço com a Revista de Vinhos: 5,95 €
Nota (0 a 10): 7