A propósito dum evento futebolístico, juntou-se o núcleo duro dos Comensais Dionisíacos na casa do Politikos, a jogar em casa nas duas vertentes. Para o evento reservámos umas compras especiais que tinham sido adquiridas em conjunto.
Tivemos perante nós uma plêiade de tintos do Douro de altíssimo nível que resolvemos guardar para ocasião propícia a fim de os desfrutar em confronto com uns bifes à minha moda. A dúvida estava em saber por qual começar. Assim sendo, resolvemos decantá-los com alguma antecedência, depois de os colocar à temperatura adequada, e servimos um pouco de cada para uma primeira aproximação ao modo como cada um iria evoluir.
Acabámos por optar, em primeiro lugar, pelo Poeira 2004, porque foi o que se mostrou desde logo com grande vivacidade. Uma exuberância de aromas frutados e uma estrutura a marcarem a prova, final longo e persistente, a madeira muito discreta e os taninos muito vivos, a conferirem complexidade ao conjunto, foram os traços marcantes deste vinho que já é uma marca de referência nos grandes tintos do Douro, e bem o justificou.
Ficámos então com um duo de tintos Niepoort para o resto da refeição. Depois de eu e o Politikos já termos tido contacto com o portefólio da Niepoort, no fantástico jantar Niepoort promovido pela Wine O’Clock no Jacinto, tínhamos agora a possibilidade de confrontar os vinhos que o integram com os de colheitas já com alguns anos, possivelmente menos marcados pela juventude dos da prova anterior e num patamar de evolução mais favorável à expressão das suas qualidades.
Começámos obviamente pelo Redoma 2003, o do nível intermédio, que acabou por se apresentar com um perfil semelhante ao de 2006, provado anteriormente. Alguma complexidade, macieza e estrutura média, ainda com uma certa frescura na boca. Estava num bom momento para consumir.
Finalmente o Batuta 2004, o topo de gama da casa, que se voltou a mostrar um vinho extraordinário, como já tinha acontecido no jantar da Wine O’Clock, onde se guindou ao primeiro lugar das nossas preferências. Aqui bastante mais domado que o anterior, num patamar de evolução mais tranquilo mas a prometer poder expressar ainda mais qualquer coisa. É um vinho ao mesmo tempo complexo e suave, distinto e elegante. O preço penaliza o consumo, mas esta prova abriu o apetite para voltarmos à carga. A Revista de Vinhos classificou-o, não há muito tempo, como um vinho a caminho da perfeição...
Para finalizar, mais uma surpresa da garrafeira do Politikos na área dos Portos: um 30 anos da Quinta do Portal. Não paro de me surpreender com as provas de vinho do Porto que tive oportunidade de fazer ultimamente, e depois do branco extra-seco de 1939, no jantar Niepoort, e do Lacrima Christi de 1908, no jantar de perdizes antes de férias, este conseguiu subir ainda mais alto e tocar os céus. É provavelmente o melhor vinho do Porto que já bebi. Para fim de noite não podia ter sido melhor. Se o Lacrima Christi foi sublime, este só pode ser celestial! É possivelmente o vinho perfeito.
Feliz noite esta em que tivemos a felicidade de degustar quatro vinhos extraordinários.
Ah, é verdade, também houve um jogo de futebol, que não acabou bem como se desejava. Mas quem se lembrou dele?
tuguinho, Kroniketas, Mancha e Politikos a jogar em casa
Vinho: Poeira 2004 (T)
Região: Douro
Produtor: Jorge Moreira
Grau alcoólico: 14,5%
Preço: 25,90 €
Nota (0 a 10): 8,5
Vinho: Redoma 2003 (T)
Região: Douro
Produtor: Niepoort Vinhos
Grau alcoólico: 13,5%
Castas: Touriga Franca, Touriga Nacional, Tinta Roriz, Tinta Amarela, Tinto Cão
Preço: 26,32 €
Nota (0 a 10): 8
Vinho: Batuta 2004 (T)
Região: Douro
Produtor: Niepoort Vinhos
Grau alcoólico: 14%
Castas: Tinta Roriz, Touriga Franca, Touriga Nacional e outras
Preço: 57,50 €
Nota (0 a 10): 9
Vinho: Portal 30 anos
Região: Douro/Porto
Produtor: Quinta do Portal
Grau alcoólico: 20%
Nota (0 a 10): 10
sábado, 14 de novembro de 2009
No meu copo 252 - Poeira 2004; Redoma 2003; Batuta 2004; Portal 30 anos
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terça-feira, 28 de julho de 2009
No meu copo, na minha mesa 250 - Jantar Niepoort no restaurante Jacinto
Realizou-se há duas semanas no restaurante Jacinto, na zona antiga de Telheiras, em Lisboa, o muito aguardado jantar de degustação com vinhos Niepoort, promovido pela Wine O’Clock. Pela quantia de 50 euros os mastigantes e degustantes tiveram direito a uma entrada, um prato de peixe, dois de carne, duas sobremesas, 10 vinhos e uma aguardente, que incidiram basicamente nos que já tinham estado em prova na Wine O’Clock na semana anterior.
As Krónikas Vinícolas fizeram-se representar por este escriba e pelo Politikos, por sinal os primeiros a chegar ao restaurante. Começámos por ser brindados com um vinho do Porto branco Niepoort extra-seco de 1939! Um vinho castanho-cobre, a fazer lembrar um Tawny de 20 ou 30 anos, com uma frescura e intensidade aromática que nunca fariam supor estarmos perante um vinho com a idade do início da 2.ª Guerra Mundial! Notável!
Depois de completo o lote de participantes e já devidamente distribuídos pelas mesas, deu-se início às hostilidades. Tivemos a sorte de ficar na mesa do representante da Niepoort, José Teles, da área comercial, o que foi uma mais-valia, já que além do agradável convívio nos permitiu aprender um pouco mais, tendo mesmo ficado em aberto a visita a uma das quintas da Niepoort por altura das vindimas. A estratégia comercial das marcas passa hoje muito por (in)formar e aproximar os apreciadores/consumidores de vinho, e ainda bem.
Com o prato de entrada foi servido o Redoma rosé 2008, de momento o único rosé da Niepoort. Bastante equilibrado na boca, com aroma predominante a frutos vermelhos, boa estrutura e boa persistência. Fermentou em barricas novas de carvalho francês mas não foi submetido a qualquer estágio. Um vinho concebido para a mesa, mais do que para a esplanada, que casou bem com a salada de queijo de cabra com rúcula, que estava muito fresca e agradável.
Seguiu-se o prato de peixe, bacalhau confitado com pasta de azeitona, com o qual provámos dois vinhos brancos: o Tiara 2008 e o Redoma 2008. O Tiara, mais leve, mais aberto, mais suave e mais elegante, com um perfil mais mineral e cítrico, é um branco para pratos mais frescos e requintados. O Redoma, mais estruturado, resultado da fermentação em barricas de carvalho francês onde estagiou 9 meses, tem a madeira muito bem casada sem se sobrepor aos aromas nem retirar a frescura predominante. Pode ser um branco mais de Inverno que no entanto se enquadra bem no tempo mais quente e que fez boa parceria com os tacos de bacalhau. Em suma, dois brancos de perfis diferentes mas ambos muito agradáveis. Pelos preços anunciados, o Tiara será mais apetecível de comprar...
Finalmente, chegaram as carnes e os tintos, servidos aos pares: um representante da gama mais intermédia da Casa com outro da gama alta. Assim começámos com um Vertente 2007 e um Charme 2007, para acompanhar o mil-folhas de pato com alecrim. Em seguida, para o javali estufado com torta de legumes, uma parelha Redoma 2006 e Batuta 2007 (em garrafa ainda sem rótulo).
Tanto o Vertente como o Redoma são vinhos para um consumo mais imediato, com um perfil mais frutado e encorpado. O Vertente será talvez o mais simples e menos ambicioso, enquanto o Redoma apresenta outra complexidade. Sendo estes dois bons vinhos, não deixam de ser ofuscados pelos dois de topo. O Charme faz inteiro jus ao nome que ostenta: todo ele é charme desde a primeira impressão olfactiva até à prova de boca, marcada por extrema elegância, a pedir pratos plenos de requinte. Foi bem escolhido para o folhado de pato. Já o Batuta apresenta-se mais pujante e complexo, a pedir tempo para se mostrar em plenitude e a prometer longa vida e grandes voos.
Para as sobremesas ainda houve direito a um Porto Vintage de 2007, um Colheita de 98 e uma aguardente vínica. Só provei os Portos que não deixaram os créditos por copos alheios. Um dos primeiros Portos Vintage que me lembro de beber foi um Niepoort de 2003 que estava notável, e este não fugiu à regra. Grande corpo, grande profundidade, um vinho cheio de pujança que nunca mais acaba na boca, apresentando uma exemplar ligação entre a fruta e o álcool. Possivelmente um dos melhores Portos Vintage do país. O Colheita também não se saiu mal da função, com uma predominância a frutos secos e bastante elegante na prova. Já o Politikos, ainda molhou os lábios na aguardente vínica e reputou-a de excelente, aveludada e elegante, com a madeira muito presente mas sem ser agressiva.
Resta falar dos sólidos, onde não é fácil escolher, de tão bem confeccionados estavam. O bacalhau muito bem enquadrado com a pasta de azeitona, o mil-folhas de pato muito saboroso e macio e finalmente o javali, talvez o ponto alto da noite, bastante apetitoso e suculento.
Para as sobremesas veio uma encharcada alentejana em duelo com um pão de rala, irrepreensíveis, e para terminar com o Porto um Petit gâteau com gelado de baunilha que fechou a noite da melhor forma.
Serviço impecável, rápido e eficiente, tanto nos vinhos como nos pratos, não falhou nada nesta refeição magnífica onde todos estão de parabéns. A Wine o’clock porque promoveu, a Niepoort porque forneceu os vinhos, o Jacinto porque serviu, e nós, os felizardos que lá estivemos porque pudemos participar numa refeição notável. Parece que o Jacinto, que atravessou tempos difíceis, está de volta aos melhores dias e a tornar-se um ponto de referência na gastronomia lisboeta.
Kroniketas, enófilo e gastrónomo satisfeito, com Politikos
Restaurante: O Jacinto
Av. Ventura Terra, 2 (Telheiras)
1600 Lisboa
Telef: 21.759.17.28
Nota (0 a 5): 4,5
Região: Douro
Produtor: Niepoort Vinhos
Vinho: Redoma 2008 (R)
Grau alcoólico: 13,5%
Castas: Tinta Amarela, Touriga Franca, 50% outras
Nota (0 a 10): 7,5
Vinho: Tiara 2008 (B)
Grau alcoólico: 12%
Castas: Codega, Rabigato, Donzelinho, Viosinho, Cercial
Nota (0 a 10): 7,5
Vinho: Redoma 2008 (B)
Grau alcoólico: 13%
Castas: Codega, Rabigato, Donzelinho, Viosinho, Arinto
Nota (0 a 10): 8
Vinho: Vertente 2007 (T)
Grau alcoólico: 13%
Castas: Tinta Roriz, Touriga Franca, Tinta Amarela, Touriga Nacional
Nota (0 a 10): 7,5
Vinho: Redoma 2006 (T)
Grau alcoólico: 14%
Castas: Touriga Franca, Tinta Roriz, Tinta Amarela, Tinto Cão
Nota (0 a 10): 8
Vinho: Charme 2007 (T)
Grau alcoólico: 13,5%
Castas: Tinta Roriz, Touriga Franca
Nota (0 a 10): 8,5
Vinho: Batuta 2007 (T)
Grau alcoólico: 13%
Castas: Tinta Roriz, Touriga Franca, Touriga Nacional
Nota (0 a 10): 9
Vinho: Porto Niepoort Vintage 2007
Grau alcoólico: 20%
Castas: Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinto Cão, Tinta Francisca, Tinta Amarela, Sousão, Tinta Roriz
Nota (0 a 10): 9
Vinho: Porto Niepoort Colheita 1998
Grau alcoólico: 20%
Castas: Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinto Cão, Tinta Francisca, Tinta Amarela, Sousão, Tinta Roriz
Nota (0 a 10): 8
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Etiquetas: Arinto, Brancos, Cerceal, Douro, Lisboa, Niepoort, Restaurantes, Rosé, Sousão, Tinta Amarela, Tinta Francisca, Tinta Roriz, Tinto Cao, Tintos, Touriga Franca, Touriga Nacional, Vinho do Porto, Vintage, Viosinho, Wine O'Clock
terça-feira, 7 de julho de 2009
Na Wine O'Clock 7 - Vinhos Niepoort
No final ainda conseguimos de lá sair mais ou menos lúcidos e com grande expectativa para o jantar Niepoort que se vai realizar no próximo dia 16. Este foi um bom aperitivo.
Kroniketas, enófilo expectante
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Etiquetas: Niepoort, Wine O'Clock
quinta-feira, 17 de julho de 2008
No meu copo 191 - Planalto 2007; Diálogo 2005
A primeira passagem pel'Os Arcos agradou, pelo que resolvemos voltar à carga, desta vez para um prato de carne. Como o tempo estava quente, resolvemos começar por refrescar com meia garrafa de Planalto, o branco seco do Douro da Sogrape que é sempre uma aposta simpática. À semelhança de outros brancos relativamente leves e secos, este é sempre agradável de beber, com uma boa acidez e notas florais, corpo médio e um final persistente e refrescante. Nota-se a presença da Malvasia Fina a dar um perfil mais arredondado ao vinho dentro do seu carácter predominantemente seco. Neste caso acompanhámo-lo apenas com uns entreténs-de-boca enquanto aguardávamos a “pièce de résistance” que neste caso eram duas, divididas a meias: uma posta à mirandesa e um bife Wellington. Ela na sua tradicional disposição, ele acoitado em massa folhada, muito tenro e suculento.
Para a carne escolhemos um Diálogo, uma das recentes criações de Dirk Niepoort já divulgada por alguns comparsas da blogosfera, como o Vinho da casa e Os Vinhos. Este vinho tem a particularidade de apresentar um rótulo ilustrado pelo cartoonista Luís Afonso, sobejamente conhecido pelos cartoons que faz há muitos anos quer no jornal A Bola quer no Público, com o célebre Bartoon. É aliás nas personagens do Bartoon que este alentejano de Serpa se inspira para ilustrar o diálogo do rótulo entre o barman e um cliente.
Quanto ao conteúdo líquido, encontrámos um vinho macio, pronto a beber, tal como o produtor anuncia adequado “para todos os dias e não apenas para momentos especiais”. Apresenta-se com uma cor carregada, aroma a frutos vermelhos, redondo na boca sem deixar de mostrar alguns taninos bem amansados e um leve toque a especiarias. Apenas 20% da produção estagiou em barrica, pelo que a madeira passa aqui quase despercebida.
Enfim, o que se pode dizer é que é um vinho relativamente despretensioso e que nesse registo cumpre bem a sua função, sem deixar de mostrar uma qualidade apetecível. A macieza e frescura que apresenta podem torná-lo um bom tinto de Verão.
tuguinho e Kroniketas, enófilos e gastrónomos e etc.
Vinho: Planalto 2007 (B)
Região: Douro
Produtor: Sogrape
Grau alcoólico: 12,5%
Castas: Malvasia Fina, Gouveio, Viosinho, Códega
Preço em feira de vinhos: 4,59 €
Nota (0 a 10): 7,5
Vinho: Diálogo 2005 (T)
Região: Douro
Produtor: Niepoort Vinhos
Grau alcoólico: 13%
Castas: Touriga Franca, Touriga Nacional, Tinta Roriz, Tinta Amarela, Tinto Cão
Preço: cerca de 7,5 €
Nota (0 a 10): 7
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Etiquetas: Brancos, Codega, Douro, Gouveio, Malvasia Fina, Niepoort, Sogrape, Tinta Amarela, Tinta Roriz, Tinto Cao, Tintos, Touriga Franca, Touriga Nacional, Viosinho
sábado, 10 de fevereiro de 2007
No meu copo 87 - Porto Vintage Niepoort 2003
Já aqui o referi anteriormente, não sou muito versado em termos de Vinho do Porto. Tenho bebido poucos ao longo da minha experiência enófila e quase nunca por minha iniciativa ou escolha, e na maioria Tawny’s que não me provocaram grandes sensações. Só recentemente comecei a dar mais atenção ao produto e resolvi comprar duas ou três garrafas de LBV, 10 anos e colheita. Isto leva tempo até se aprender.
Recentemente em casa de um amigo, ele resolveu começar o almoço com um Porto Vintage a acompanhar... as entradas. Disse que lhe apetecia um Porto como aperitivo e, se assim o pensou, melhor o fez. Na mesa, a par das fatias de salmão, tostas e patés, apareceu um Vintage de 2003 da Niepoort. E que posso dizer deste Vintage? Que estava óptimo, com toda a elegância que se espera dum vinho destes, e simultaneamente com alguma robustez na prova.
Claro que o problema foi passar depois para o vinho de mesa, pois este abafou um bocado o paladar. Foi preciso beber alguma água para começar de novo. Mas valeu a pena a experiência.
Kroniketas, enófilo esclarecido
Vinho: Porto Vintage Niepoort 2003
Região: Douro/Porto
Produtor: Niepoort Vinhos
Grau alcoólico: 20%
Preço: desconhecido
Nota (0 a 10): 8,5
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Etiquetas: Niepoort, Vinho do Porto, Vintage
sábado, 13 de janeiro de 2007
I Encontro de Eno-blogs - O evento
E esta noite deu-se o grande acontecimento. Na York House, às Janelas Verdes, encontraram-se os autores de vários blogs vinícolas mais respectivos convidados e alguns independentes que se quiseram associar à iniciativa (e muito bem), o que proporcionou momentos de animado convívio e trocas de opiniões, a prova de algumas boas pingas e um jantar repleto de deliciosas iguarias.
Se não me falham as contas, registámos a presença do Copo de 3, do Saca-a-rolha, de Os vinhos, do Vinho a copo, além do promotor da iniciativa, o Pingas no Copo e os independentes Chapim, AJS, Pedro Sousa (PT) e Chicão (peço desculpa se me faltou alguém, mas no primeiro encontro é difícil fixar os nomes e as caras de toda a gente e associá-los desde logo aos pseudónimos usados nos blogs). O comparsa madeirense do Elixir de Baco também quis associar-se através de duas garrafitas de Verdelho da Madeira, que marcharam logo na prova, provocando algumas opiniões divergentes devido à discrepância entre o agrado da prova de boca e o seu final quase instantâneo. Mas valeu a pena a prova. Uma saúde para ti, companheiro. E que a próxima nos permita contar com a tua presença.
As Krónikas Vinícolas fizeram-se representar em peso, pois levaram 3 convidados que participam habitualmente nos repastos do Grupo Gastrónomo-Etilista “Os Comensais Dionisíacos” (entre eles o Politikos, do Polis&Etc), pelo que, juntamente com o Vinho a Copo, fomos o blog mais representado.
No meio de tantos vinhos degustados antes e durante o jantar, como não tirámos notas é difícil sistematizar tudo o que foi provado, mas salvaguardados os diferentes gostos e preferências de cada um, para mim houve um claro vencedor da noite: o Hexagon, da José Maria da Fonseca, numa garrafa de litro e meio, que me encheu as medidas mais que qualquer outro (devo dizer que esta opinião não é sequer unânime entre o grupo das Krónikas Vinícolas, é puramente pessoal). Grande corpo, grande estrutura, excelente exuberância aromática, este topo de gama criado, como sempre, sob a batuta de Domingos Soares Franco, que deve ter um preço proibitivo aí no mercado. Não me lembro quem levou o vinho, mas em boa hora o fez e tiro-lhe o meu chapéu.
Do lado contrário, a decepção da noite foi um Dão Casa de Santar Tinto Superior, de 2001. Dado o patamar de qualidade a que esta casa nos habituou, esperava-se que este Tinto Superior, que suponho estar situado num patamar acima do Reserva (que já é um vinho de superior qualidade), estivesse próximo do sublime, mas afinal acabou por revelar-se vulgar, sem encantar, ao que me pareceu, nenhum dos presentes. O meu comentário na hora foi que lhe faltava corpo... e alma, e está tudo dito.
No final da refeição houve dois vinhos do Porto para comparar, um Colheita de 91 (da Niepoort) e um LBV (da Warre's), e o meu veredicto é... X. Gostei de ambos, cada um com o seu perfil., embora não sejam comparáveis, mas não consigo pender para qualquer dos lados. Para mais pormenores, aconselho a leitura dos outros blogs presentes, onde certamente haverá uma descrição mais detalhada das muitas provas realizadas.
Quanto ao repasto, a entrada de folhado de pato estava saborosíssima, os filetes de linguado excelentes (marcharam enquanto o diabo esfrega um olho), e as presas de porco (que substituíram as costeletas de borrego devido a imponderáveis de última hora) também se comeram bem, embora fossem o prato mais vulgar dos três. Também a tarte estava muito boa, com um gelado e um toque de canela bastante agradáveis.
No final de tudo, o regresso processou-se de táxi, tal como a ida, para não arriscar, mas afinal não estávamos tão afectados como seria de supor, pois bebeu-se com moderação e sem exageros. Afinal, somos todos amantes dos néctares de Baco mas não alcoólicos.
Só me resta agradecer ao anfitrião da York House, José Tomaz de Mello Breyner, pela disponibilidade demonstrada para acolher esta iniciativa, ao Pingus Vinicus por ter dinamizado a coisa e concentrado a informação para os preparativos do acto, e a todos os comparsas que escrevem, lêem e comentam os nossos blogs, e que tive o prazer de conhecer neste encontro e com os quais troquei opiniões bastante interessantes, enriquecendo mais um pouco os meus conhecimentos sobre este mundo tão fascinante que é o do vinho. Faço votos para que esta tenha sido apenas a primeira de muitas iniciativas do género que se repitam pelo tempo fora. Um brinde a vocês todos.
À nossa!
Kroniketas, enófilo esclarecido e ainda sóbrio
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Krónikas Vinícolas
à(s)
02:28
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Etiquetas: Brancos, Dao, Dao Sul, Encontros, JM Fonseca, Lisboa, Madeira, Niepoort, Restaurantes, Santar, Terras Sado, Tintos, Verdelho, Vinho do Porto