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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

No meu copo 267 - Domingos Soares Franco Colecção Privada: Verdelho branco 08; Moscatel Roxo rosé 08

Domingos Soares Franco (DSF)tem sido um precursor e um inovador no estudo das castas portuguesas. Nas vinhas plantadas na Quinta de Camarate, que acolhe uma colecção ampelográfica de cerca de 500 castas, o enólogo-chefe e vice-presidente da empresa José Maria da Fonseca – produtora do vinho de mesa mais antigo em Portugal, o Periquita, criado em 1850 – tem levado a cabo amplas experiências na caracterização de inúmeras castas, aproveitando os conhecimentos adquiridos para a modelagem dos seus vinhos.

Foi um dos primeiros a introduzir a minhota Alvarinho no sul do país, introduziu o Verdelho, juntamente com aquela, no Quinta de Camarate branco seco, e recuperou a quase desaparecida Moscatel Roxo. É precisamente de duas destas castas que falamos agora, a propósito dum branco de Verdelho e dum rosé de Moscatel Roxo.

No contra-rótulo das garrafas, Domingos Soares Franco conta em poucas palavras as motivações que o levaram a criar estes dois monocastas que incluiu numa nova linha que baptizou como Colecção Privada. O Verdelho, casta branca até há poucos anos quase só conhecida na Madeira, já chegou à Austrália e foi lá que DSF encontrou o estilo que mais lhe agradou para moldar este excelente branco. Marcadamente seco e aromático, com boa persistência e algumas notas cítricas, revelou-se um excelente companheiro de mesa para pratos requintados de peixe mas também para acompanhar uns acepipes de entrada ou ser bebido a solo.

Quanto ao rosé de Moscatel Roxo, apareceu pela primeira vez na colheita de 2007, causando alguma celeuma pela utilização duma casta quase esquecida e mais habitual no Moscatel de Setúbal para elaboração de um rosé, que como se sabe ainda é um tipo de vinho mal-amado em Portugal. A verdade é que logo no primeiro ano o sucesso foi tal que o vinho desapareceu rapidamente do mercado.

Devo dizer, no entanto, que este não me encheu as medidas como o Verdelho. É um rosé com uma cor salmão desmaiada, leve como gosto num rosé mas achei-lhe falta de mais algum corpo e estrutura. Curiosa a descrição do contra-rótulo, referindo a “fineza e exuberância aromática das flores de jasmim”. É recomendado para refeições ligeiras ou pratos orientais, mas parece ser mais adequado para beber no Verão como aperitivo do que para acompanhar a refeição.

De qualquer modo, com sensações diferentes causadas por estes dois vinhos originais, não deixa de ser uma experiência que vale a pena. E no caso do Verdelho, fiquei fã incondicional.

Kroniketas, enófilo esclarecido

Região: Terras do Sado
Produtor: José Maria da Fonseca

Vinho: Domingos Soares Franco Colecção Privada, Verdelho 2008 (B)
Grau alcoólico: 13%
Casta: Verdelho
Preço em feira de vinhos: 7,95 €
Nota (0 a 10): 8,5

Vinho: Domingos Soares Franco Colecção Privada, Moscatel Roxo 2008 (R)
Grau alcoólico: 13%
Casta: Moscatel Roxo
Preço: 10,95 €
Nota (0 a 10): 7

quarta-feira, 27 de maio de 2009

No meu copo 242 - Quinta do Peru branco 2008; Dão Borges, Touriga Nacional 2005

Uma surtida com o tuguinho e o Politikos levou-nos aos Arcos, já um lugar obrigatório pela excelência do serviço e da culinária, para repetir o saboroso robalo no capote e o bife Wellington, desta vez complementados com um delicioso e suculento bife pimenta. Tal como nas visitas anteriores, 5 estrelas.
Para os líquidos, com uma vasta escolha à disposição, estivemos algo indecisos. O objectivo, como fazemos muitas vezes nestas ocasiões, era experimentar vinhos que não conhecêssemos, e assim acabámos por seguir a sugestão do escanção de serviço, quer para o acompanhamento do peixe quer da carne.
Deste modo travámos conhecimento com um Quinta do Peru branco de 2008, produzido em Azeitão, que fomos bebericando enquanto esperávamos pacientemente pela confecção do robalo no capote. Apresentou-se um vinho com bom aroma como é habitual nos brancos da península de Setúbal que, apesar dos seus 13,5 graus de álcool, não se mostrou pesado nem com o teor alcoólico excessivamente marcado. Uma pouco habitual combinação de duas castas que começam a impor-se um pouco por todo o lado, Viosinho e Verdelho, resultou neste branco em que uma acidez correcta, boca fresca, corpo e final medianos, cor entre o citrino e o palha e algumas notas de frutos brancos foram as características mais evidentes. Acompanhou com agrado o robalo e os entreténs-de-boca, de tal modo que ainda tivemos que pedir um reforço antes de passarmos aos substanciais bifes.
Para os bifes, seguindo novamente a sugestão do escanção, apontámos ao Dão para um Touriga Nacional da Borges de 2005 que foi uma belíssima revelação. Era um vinho debaixo de olho há muito tempo mas ainda não tinha calhado cruzar-me com ele. Veio na melhor altura, batendo-se em grande estilo com os bem temperados bifes. Tivemos aqui um exemplar da Touriga Nacional ao melhor nível, fugindo um pouco ao habitual floral e marcado por uma evidente robustez e taninos bem firmes. Ganhou com a decantação e foi-se revelando em aromas frutados ao longo da refeição, mantendo sempre uma admirável persistência. Ficámos rendidos a este belíssimo representante do novo fôlego do Dão.
Ainda deixámos umas gotas para o misto de sobremesas que encerrou o magnífico repasto, onde fomos reencontrar algumas já provadas nas anteriores visitas. O preço foi bem puxado (53 € por cabeça), mas caramba, para aquele nível até não se pode considerar chocante.

Kroniketas, com tuguinho e Politikos em trânsito pela marginal

Vinho: Quinta do Peru 2008 (B)
Região: Terras do Sado
Produtor: Sociedade Agrícola Ribeira da Várzea
Grau alcoólico: 13,5%
Castas: Viosinho, Verdelho
Preço em hipermercado: 9,46 €
Nota (0 a 10): 7

Vinho: Borges, Touriga Nacional 2005 (T)
Região: Dão
Produtor: Sociedade dos Vinhos Borges
Grau alcoólico: 13,5%
Casta: Touriga Nacional
Preço em hipermercado: 22,90 €
Nota (0 a 10): 8,5

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

No meu copo 194 - Quinta de Camarate branco seco 2007

Não quis deixar de publicar este post antes mesmo de ir de férias, porque há dias tive um excelente e surpreendente reencontro com um velho conhecido que tem andado esquecido por aqui. Um dos brancos da José Maria da Fonseca, numa garrafa de imagem renovada, este Quinta de Camarate branco seco de que pouco se fala parece ter ganho novo fôlego.
Com uma bela cor amarela brilhante e alguma predominância de aromas citrinos não muito pronunciados, tem boa estrutura na boca e um final persistente e refrescante. Vinho muito aromático e suave, frutado e delicado, que combina muito bem a acidez e frescura do Alvarinho, aqui importado para a península de Setúbal, com a doçura do típico Moscatel e com o Verdelho, uma casta em ascensão em várias regiões e que começa a aparecer cada vez mais, a integrar-se bem no lote.
Uma boa experiência de Domingos Soares Franco, pioneiro em muitas inovações enológicas e no estudo aprofundado de castas em Portugal. Já ouviram falar dum rosé feito por ele com uvas de Moscatel Roxo?
Sem dúvida um belíssimo branco para o Verão e para todos os meses do ano. Nestas últimas semanas tenho provado alguns bons brancos, mas a verdade é que este branco seco está num patamar acima. Não há dúvida que os brancos estão em franca retoma e ainda bem, como o Pingus Vinicus já tinha previsto há mais de um ano quando intitulou como “Brancos, a vingança?”, um post que serviu para o Saca-a-rolha pegar no mote e lançar alguma discussão sobre o tema. Na altura eu não andava muito convencido mas tenho que dar a mão à palmatória, porque a qualidade melhora a olhos vistos e conseguem-se muito bons produtos a preços bastante simpáticos. Parece que os enólogos encontraram o mapa da mina e estão a fazê-los cada vez melhores, aliás tal como os rosés.
O consumidor agradece.

Boas férias para os eno-bloguistas e para todos os enófilos em geral, e boas provas.

Kroniketas, enófilo de malas aviadas para as praias algarvias

Vinho: Quinta de Camarate Seco 2007 (B)
Região: Terras do Sado
Produtor: José Maria da Fonseca
Grau alcoólico: 12,5%
Castas: Alvarinho, Moscatel, Verdelho
Preço em hipermercado: 6,44 €
Nota (0 a 10): 8,5


PS: este é mesmo o último post quase antes de me sentar no carro e rumar a Sul. Como sempre, por lá as provas são capazes de ser muitas mas os escritos poucos ou quase nenhuns. Se a oportunidade se proporcionar e a disposição ajudar, pode ser que se vá contando por aqui algumas deambulações gastronómicas. Só que agora o blogger proporciona-nos uma ferramenta que antes não tinha: podemos deixar os posts agendados para publicar quando quisermos mesmo sem lhes mexer. Por isso é possível que apareçam por aqui alguns artigos enquanto eu estou a banhos ou sentado nalguma esplanada... ou quem sabe numa patuscada. Maravilhas da tecnologia...

sábado, 13 de janeiro de 2007

I Encontro de Eno-blogs - O evento

E esta noite deu-se o grande acontecimento. Na York House, às Janelas Verdes, encontraram-se os autores de vários blogs vinícolas mais respectivos convidados e alguns independentes que se quiseram associar à iniciativa (e muito bem), o que proporcionou momentos de animado convívio e trocas de opiniões, a prova de algumas boas pingas e um jantar repleto de deliciosas iguarias.
Se não me falham as contas, registámos a presença do Copo de 3, do Saca-a-rolha, de Os vinhos, do Vinho a copo, além do promotor da iniciativa, o Pingas no Copo e os independentes Chapim, AJS, Pedro Sousa (PT) e Chicão (peço desculpa se me faltou alguém, mas no primeiro encontro é difícil fixar os nomes e as caras de toda a gente e associá-los desde logo aos pseudónimos usados nos blogs). O comparsa madeirense do Elixir de Baco também quis associar-se através de duas garrafitas de Verdelho da Madeira, que marcharam logo na prova, provocando algumas opiniões divergentes devido à discrepância entre o agrado da prova de boca e o seu final quase instantâneo. Mas valeu a pena a prova. Uma saúde para ti, companheiro. E que a próxima nos permita contar com a tua presença.
As Krónikas Vinícolas fizeram-se representar em peso, pois levaram 3 convidados que participam habitualmente nos repastos do Grupo Gastrónomo-Etilista “Os Comensais Dionisíacos” (entre eles o Politikos, do Polis&Etc), pelo que, juntamente com o Vinho a Copo, fomos o blog mais representado.
No meio de tantos vinhos degustados antes e durante o jantar, como não tirámos notas é difícil sistematizar tudo o que foi provado, mas salvaguardados os diferentes gostos e preferências de cada um, para mim houve um claro vencedor da noite: o Hexagon, da José Maria da Fonseca, numa garrafa de litro e meio, que me encheu as medidas mais que qualquer outro (devo dizer que esta opinião não é sequer unânime entre o grupo das Krónikas Vinícolas, é puramente pessoal). Grande corpo, grande estrutura, excelente exuberância aromática, este topo de gama criado, como sempre, sob a batuta de Domingos Soares Franco, que deve ter um preço proibitivo aí no mercado. Não me lembro quem levou o vinho, mas em boa hora o fez e tiro-lhe o meu chapéu.
Do lado contrário, a decepção da noite foi um Dão Casa de Santar Tinto Superior, de 2001. Dado o patamar de qualidade a que esta casa nos habituou, esperava-se que este Tinto Superior, que suponho estar situado num patamar acima do Reserva (que já é um vinho de superior qualidade), estivesse próximo do sublime, mas afinal acabou por revelar-se vulgar, sem encantar, ao que me pareceu, nenhum dos presentes. O meu comentário na hora foi que lhe faltava corpo... e alma, e está tudo dito.
No final da refeição houve dois vinhos do Porto para comparar, um Colheita de 91 (da Niepoort) e um LBV (da Warre's), e o meu veredicto é... X. Gostei de ambos, cada um com o seu perfil., embora não sejam comparáveis, mas não consigo pender para qualquer dos lados. Para mais pormenores, aconselho a leitura dos outros blogs presentes, onde certamente haverá uma descrição mais detalhada das muitas provas realizadas.
Quanto ao repasto, a entrada de folhado de pato estava saborosíssima, os filetes de linguado excelentes (marcharam enquanto o diabo esfrega um olho), e as presas de porco (que substituíram as costeletas de borrego devido a imponderáveis de última hora) também se comeram bem, embora fossem o prato mais vulgar dos três. Também a tarte estava muito boa, com um gelado e um toque de canela bastante agradáveis.
No final de tudo, o regresso processou-se de táxi, tal como a ida, para não arriscar, mas afinal não estávamos tão afectados como seria de supor, pois bebeu-se com moderação e sem exageros. Afinal, somos todos amantes dos néctares de Baco mas não alcoólicos.
Só me resta agradecer ao anfitrião da York House, José Tomaz de Mello Breyner, pela disponibilidade demonstrada para acolher esta iniciativa, ao Pingus Vinicus por ter dinamizado a coisa e concentrado a informação para os preparativos do acto, e a todos os comparsas que escrevem, lêem e comentam os nossos blogs, e que tive o prazer de conhecer neste encontro e com os quais troquei opiniões bastante interessantes, enriquecendo mais um pouco os meus conhecimentos sobre este mundo tão fascinante que é o do vinho. Faço votos para que esta tenha sido apenas a primeira de muitas iniciativas do género que se repitam pelo tempo fora. Um brinde a vocês todos.
À nossa!

Kroniketas, enófilo esclarecido e ainda sóbrio