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terça-feira, 17 de abril de 2007

No meu copo, na minha mesa 106 - Casal da Coelheira Reserva 2003; Chico Elias (Tomar)



Este é um daqueles restaurantes que aparecem em todos os roteiros gastronómicos, tendo granjeado tal fama que só se consegue lá ir marcando mesa com antecedência. Fica situado no lugar de Algarvias, na periferia de Tomar.
Fui lá almoçar num domingo e cheguei cedo, quando o restaurante ainda estava vazio. Existe uma primeira sala que dá acesso à sala maior, decorada com alguns motivos alusivos ao Ribatejo. Uma das principais referências da ementa é o coelho na abóbora e foi esse o prato previamente encomendado. O dito animal vem cozinhado dentro duma abóbora, cujo tamanho varia com o tamanho da dose, sendo acompanhado por batatas e grelos cozidos. Para quatro adultos e duas crianças calhou-nos uma abóbora… enorme, donde sobrou quase metade.
O coelho vem cozido num molho muito espesso que só é entrecortado pelos legumes do acompanhamento. Come-se, come-se, e aquilo nunca mais acaba. Convém não esquecer que antes do prato propriamente dito, vêm para a mesa uma série de entradas que desde logo enchem metade do estômago se formos atrás do engodo: feijoada de caracóis (picante), morcela de arroz e petingas no forno.
Quando finalmente somos derrotados pela quantidade de comida, abre-se outro leque de escolhas para a sobremesa, onde acabámos por cair no tradicional leite-creme.
E depois deste fartanço, perguntam vocês, qual é o balanço? Pois digo que todos esperávamos... não mais, mas melhor. Tudo em grande quantidade, mas a qualidade não é nada de extraordinário que justifique tanta fama. Estaremos perante um daqueles casos em que se adormece à sombra da fama adquirida, ou será que a fama é mais artificial do que merecida? Já me aconteceram outros casos de grandes famas não corresponderem à realidade encontrada, como foi o caso do Ramalhão, em Montemor-o-Velho. Enfim, vale a pena a experiência, mas fica aquém da expectativa criada por tanta publicidade. O Expresso, por exemplo, deu-lhe “garfo de ouro” em 2004, 2005 e 2006. Vale a pena ir ao site do jornal e ver os comentários dos leitores na secção “Boa cama, boa mesa”.
Quanto ao vinho, as opções não eram muito variadas, e mais uma vez houve alguma dificuldade para encontrar um vinho da região (Ribatejo) de qualidade, como já tinha acontecido no Almourol. Para não cairmos sempre nos alentejanos, escolhemos um tinto Casal da Coelheira Reserva de 2003. Diga-se que não passa da mediania. É um vinho medianamente encorpado, não muito robusto e não muito aromático. Está longe de outros como os Fiúza, os Casa Cadaval ou o Falcoaria, por exemplo, e também não parece querer ir muito mais além.

Kroniketas, enófilo esclarecido

Restaurante: Chico Elias
Rua Principal, 70 - Algarvias
2300-302 Tomar
Telef: 249.311.067
Preço médio por refeição: 30 €
Nota (0 a 5): 3,5

Vinho: Casal da Coelheira Reserva 2003 (T)
Região: Ribatejo
Produtor: Centro Agrícola de Tramagal
Grau alcoólico: 13,5%
Castas: Touriga Nacional, Cabernet Sauvigon, Alicante Bouschet
Preço no restaurante: 10 €
Nota (0 a 10): 5,5

domingo, 23 de abril de 2006

Krónikas duma viagem ao Douro - 1

Na minha mesa 40 - Almourol





A pausa da quadra pascal foi aproveitada para uma viagem exploratória ao Douro Superior, com algumas incursões gastronómicas de que iremos dando conta nos próximos dias.
A primeira paragem foi em Tancos, localidade situada à beira-Tejo mais conhecida pelas vastas instalações para instrução militar. Ninguém ali iria de propósito a não ser por indicação expressa para visitar um restaurante. Tem o nome de Almourol, tem janela para o rio e para o castelo de Almourol, algumas centenas de metros para montante.
Visto de fora é uma vivenda com esplanada interior, que funciona como uma espécie de antecâmara do restaurante, onde o visitante é confrontado com algumas referências à gastronomia ribatejana. Franqueada a porta do restaurante propriamente dito, encontramos uma sala não muito grande, onde para além das referências gastronómicas são ainda apresentadas em destaque as referências vinícolas da região. Não deixa de ser curioso, no entanto, que estejam expostos alguns exemplares significativos de vinhos do Alentejo.
Dadas as limitações de espaço, quem for sem marcação deve chegar cedo. Para almoçar é conveniente estar lá até às 13 h, sob pena de não ter mesa. De qualquer ponto da sala vê-se o Tejo a deslizar quase por baixo dos nossos pés, e na margem oposta a localidade de Arrepiado. A recepção é simpática, o ambiente luminoso e arejado.
Ao sentarmo-nos encontramos um pequeno desdobrável na mesa onde é pedido ao cliente que faça a sua apreciação do restaurante sob vários parâmetros: a recepção, o tempo de espera, o asseio e a decoração do espaço, a qualidade e confecção dos produtos consumidos, a relação qualidade/preço, etc. Uma iniciativa interessante que outros deviam seguir.
Escolhidas cuidadosamente as iguarias, vieram uns lombinhos de porco em vinha d’alhos e uma espetada de vitela. Os lombinhos estavam excelentes de sabor e magnificamente tenros, como é raro. Já a espetada estava um pouco seca, embora saborosa. De destacar o facto de, nos acompanhamentos, termos uma travessa de barro com umas excelentes migas com grelos, que ainda sobraram.
No serviço dos vinhos é que aconteceu uma surpresa: pretendia-se beber meia garrafa de um vinho ribatejano, para fazer jus à região onde estávamos. A surpresa é que nos foram anunciados vinhos alentejanos, enquanto do Ribatejo só havia o Capítulo, de Tomar, e o Casal da Coelheira, do Tramagal. Optou-se por este último, que não sendo nada de extraordinário saiu-se satisfatoriamente da função.
Nas sobremesas ficámos extasiados com um doce regional de Tancos, à base de ovos e canela (ilustrado na foto). O preço também não pesa em excesso, ficando-se por cerca de 15 € numa refeição média sem exageros de entradas e digestivos.
No final ainda nos vieram pedir o código postal, para estatísticas internas do restaurante. Curioso foi o facto de o gerente, vendo o guia de restaurantes da Visão em cima da mesa, ter perguntado se lá constava e pedir para fotocopiar a respectiva página...
Para digerir o almoço, nada como um passeio até ao castelo de Almourol, ali a 5 minutos. Pode-se fazer um passeio de barco à volta da ilha e subir até ao castelo. Em suma, são uns momentos bem passados, onde se pode comer bem e depois respirar ar puro enquanto se vê patinhos a nadar.

Kroniketas, enófilo esclarecido

Restaurante: Almourol
Rua Cais de Tancos, 6
Tancos - Vila Nova da Barquinha
Telef: 249.720.100
Preço médio por refeição: 15 €
Nota (0 a 5): 4