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sábado, 14 de novembro de 2009

No meu copo 252 - Poeira 2004; Redoma 2003; Batuta 2004; Portal 30 anos

A propósito dum evento futebolístico, juntou-se o núcleo duro dos Comensais Dionisíacos na casa do Politikos, a jogar em casa nas duas vertentes. Para o evento reservámos umas compras especiais que tinham sido adquiridas em conjunto.
Tivemos perante nós uma plêiade de tintos do Douro de altíssimo nível que resolvemos guardar para ocasião propícia a fim de os desfrutar em confronto com uns bifes à minha moda. A dúvida estava em saber por qual começar. Assim sendo, resolvemos decantá-los com alguma antecedência, depois de os colocar à temperatura adequada, e servimos um pouco de cada para uma primeira aproximação ao modo como cada um iria evoluir.
Acabámos por optar, em primeiro lugar, pelo Poeira 2004, porque foi o que se mostrou desde logo com grande vivacidade. Uma exuberância de aromas frutados e uma estrutura a marcarem a prova, final longo e persistente, a madeira muito discreta e os taninos muito vivos, a conferirem complexidade ao conjunto, foram os traços marcantes deste vinho que já é uma marca de referência nos grandes tintos do Douro, e bem o justificou.
Ficámos então com um duo de tintos Niepoort para o resto da refeição. Depois de eu e o Politikos já termos tido contacto com o portefólio da Niepoort, no fantástico jantar Niepoort promovido pela Wine O’Clock no Jacinto, tínhamos agora a possibilidade de confrontar os vinhos que o integram com os de colheitas já com alguns anos, possivelmente menos marcados pela juventude dos da prova anterior e num patamar de evolução mais favorável à expressão das suas qualidades.
Começámos obviamente pelo Redoma 2003, o do nível intermédio, que acabou por se apresentar com um perfil semelhante ao de 2006, provado anteriormente. Alguma complexidade, macieza e estrutura média, ainda com uma certa frescura na boca. Estava num bom momento para consumir.
Finalmente o Batuta 2004, o topo de gama da casa, que se voltou a mostrar um vinho extraordinário, como já tinha acontecido no jantar da Wine O’Clock, onde se guindou ao primeiro lugar das nossas preferências. Aqui bastante mais domado que o anterior, num patamar de evolução mais tranquilo mas a prometer poder expressar ainda mais qualquer coisa. É um vinho ao mesmo tempo complexo e suave, distinto e elegante. O preço penaliza o consumo, mas esta prova abriu o apetite para voltarmos à carga. A Revista de Vinhos classificou-o, não há muito tempo, como um vinho a caminho da perfeição...
Para finalizar, mais uma surpresa da garrafeira do Politikos na área dos Portos: um 30 anos da Quinta do Portal. Não paro de me surpreender com as provas de vinho do Porto que tive oportunidade de fazer ultimamente, e depois do branco extra-seco de 1939, no jantar Niepoort, e do Lacrima Christi de 1908, no jantar de perdizes antes de férias, este conseguiu subir ainda mais alto e tocar os céus. É provavelmente o melhor vinho do Porto que já bebi. Para fim de noite não podia ter sido melhor. Se o Lacrima Christi foi sublime, este só pode ser celestial! É possivelmente o vinho perfeito.
Feliz noite esta em que tivemos a felicidade de degustar quatro vinhos extraordinários.
Ah, é verdade, também houve um jogo de futebol, que não acabou bem como se desejava. Mas quem se lembrou dele?

tuguinho, Kroniketas, Mancha e Politikos a jogar em casa

Vinho: Poeira 2004 (T)
Região: Douro
Produtor: Jorge Moreira
Grau alcoólico: 14,5%
Preço: 25,90 €
Nota (0 a 10): 8,5

Vinho: Redoma 2003 (T)
Região: Douro
Produtor: Niepoort Vinhos
Grau alcoólico: 13,5%
Castas: Touriga Franca, Touriga Nacional, Tinta Roriz, Tinta Amarela, Tinto Cão
Preço: 26,32 €
Nota (0 a 10): 8

Vinho: Batuta 2004 (T)
Região: Douro
Produtor: Niepoort Vinhos
Grau alcoólico: 14%
Castas: Tinta Roriz, Touriga Franca, Touriga Nacional e outras
Preço: 57,50 €
Nota (0 a 10): 9

Vinho: Portal 30 anos
Região: Douro/Porto
Produtor: Quinta do Portal
Grau alcoólico: 20%
Nota (0 a 10): 10

terça-feira, 28 de julho de 2009

No meu copo, na minha mesa 250 - Jantar Niepoort no restaurante Jacinto





Realizou-se há duas semanas no restaurante Jacinto, na zona antiga de Telheiras, em Lisboa, o muito aguardado jantar de degustação com vinhos Niepoort, promovido pela Wine O’Clock. Pela quantia de 50 euros os mastigantes e degustantes tiveram direito a uma entrada, um prato de peixe, dois de carne, duas sobremesas, 10 vinhos e uma aguardente, que incidiram basicamente nos que já tinham estado em prova na Wine O’Clock na semana anterior.
As Krónikas Vinícolas fizeram-se representar por este escriba e pelo Politikos, por sinal os primeiros a chegar ao restaurante. Começámos por ser brindados com um vinho do Porto branco Niepoort extra-seco de 1939! Um vinho castanho-cobre, a fazer lembrar um Tawny de 20 ou 30 anos, com uma frescura e intensidade aromática que nunca fariam supor estarmos perante um vinho com a idade do início da 2.ª Guerra Mundial! Notável!
Depois de completo o lote de participantes e já devidamente distribuídos pelas mesas, deu-se início às hostilidades. Tivemos a sorte de ficar na mesa do representante da Niepoort, José Teles, da área comercial, o que foi uma mais-valia, já que além do agradável convívio nos permitiu aprender um pouco mais, tendo mesmo ficado em aberto a visita a uma das quintas da Niepoort por altura das vindimas. A estratégia comercial das marcas passa hoje muito por (in)formar e aproximar os apreciadores/consumidores de vinho, e ainda bem.
Com o prato de entrada foi servido o Redoma rosé 2008, de momento o único rosé da Niepoort. Bastante equilibrado na boca, com aroma predominante a frutos vermelhos, boa estrutura e boa persistência. Fermentou em barricas novas de carvalho francês mas não foi submetido a qualquer estágio. Um vinho concebido para a mesa, mais do que para a esplanada, que casou bem com a salada de queijo de cabra com rúcula, que estava muito fresca e agradável.
Seguiu-se o prato de peixe, bacalhau confitado com pasta de azeitona, com o qual provámos dois vinhos brancos: o Tiara 2008 e o Redoma 2008. O Tiara, mais leve, mais aberto, mais suave e mais elegante, com um perfil mais mineral e cítrico, é um branco para pratos mais frescos e requintados. O Redoma, mais estruturado, resultado da fermentação em barricas de carvalho francês onde estagiou 9 meses, tem a madeira muito bem casada sem se sobrepor aos aromas nem retirar a frescura predominante. Pode ser um branco mais de Inverno que no entanto se enquadra bem no tempo mais quente e que fez boa parceria com os tacos de bacalhau. Em suma, dois brancos de perfis diferentes mas ambos muito agradáveis. Pelos preços anunciados, o Tiara será mais apetecível de comprar...
Finalmente, chegaram as carnes e os tintos, servidos aos pares: um representante da gama mais intermédia da Casa com outro da gama alta. Assim começámos com um Vertente 2007 e um Charme 2007, para acompanhar o mil-folhas de pato com alecrim. Em seguida, para o javali estufado com torta de legumes, uma parelha Redoma 2006 e Batuta 2007 (em garrafa ainda sem rótulo).
Tanto o Vertente como o Redoma são vinhos para um consumo mais imediato, com um perfil mais frutado e encorpado. O Vertente será talvez o mais simples e menos ambicioso, enquanto o Redoma apresenta outra complexidade. Sendo estes dois bons vinhos, não deixam de ser ofuscados pelos dois de topo. O Charme faz inteiro jus ao nome que ostenta: todo ele é charme desde a primeira impressão olfactiva até à prova de boca, marcada por extrema elegância, a pedir pratos plenos de requinte. Foi bem escolhido para o folhado de pato. Já o Batuta apresenta-se mais pujante e complexo, a pedir tempo para se mostrar em plenitude e a prometer longa vida e grandes voos.
Para as sobremesas ainda houve direito a um Porto Vintage de 2007, um Colheita de 98 e uma aguardente vínica. Só provei os Portos que não deixaram os créditos por copos alheios. Um dos primeiros Portos Vintage que me lembro de beber foi um Niepoort de 2003 que estava notável, e este não fugiu à regra. Grande corpo, grande profundidade, um vinho cheio de pujança que nunca mais acaba na boca, apresentando uma exemplar ligação entre a fruta e o álcool. Possivelmente um dos melhores Portos Vintage do país. O Colheita também não se saiu mal da função, com uma predominância a frutos secos e bastante elegante na prova. Já o Politikos, ainda molhou os lábios na aguardente vínica e reputou-a de excelente, aveludada e elegante, com a madeira muito presente mas sem ser agressiva.
Resta falar dos sólidos, onde não é fácil escolher, de tão bem confeccionados estavam. O bacalhau muito bem enquadrado com a pasta de azeitona, o mil-folhas de pato muito saboroso e macio e finalmente o javali, talvez o ponto alto da noite, bastante apetitoso e suculento.
Para as sobremesas veio uma encharcada alentejana em duelo com um pão de rala, irrepreensíveis, e para terminar com o Porto um Petit gâteau com gelado de baunilha que fechou a noite da melhor forma.
Serviço impecável, rápido e eficiente, tanto nos vinhos como nos pratos, não falhou nada nesta refeição magnífica onde todos estão de parabéns. A Wine o’clock porque promoveu, a Niepoort porque forneceu os vinhos, o Jacinto porque serviu, e nós, os felizardos que lá estivemos porque pudemos participar numa refeição notável. Parece que o Jacinto, que atravessou tempos difíceis, está de volta aos melhores dias e a tornar-se um ponto de referência na gastronomia lisboeta.

Kroniketas, enófilo e gastrónomo satisfeito, com Politikos

Restaurante: O Jacinto
Av. Ventura Terra, 2 (Telheiras)
1600 Lisboa
Telef: 21.759.17.28
Nota (0 a 5): 4,5


Região: Douro
Produtor: Niepoort Vinhos

Vinho: Redoma 2008 (R)
Grau alcoólico: 13,5%
Castas: Tinta Amarela, Touriga Franca, 50% outras
Nota (0 a 10): 7,5

Vinho: Tiara 2008 (B)
Grau alcoólico: 12%
Castas: Codega, Rabigato, Donzelinho, Viosinho, Cercial
Nota (0 a 10): 7,5

Vinho: Redoma 2008 (B)
Grau alcoólico: 13%
Castas: Codega, Rabigato, Donzelinho, Viosinho, Arinto
Nota (0 a 10): 8

Vinho: Vertente 2007 (T)
Grau alcoólico: 13%
Castas: Tinta Roriz, Touriga Franca, Tinta Amarela, Touriga Nacional
Nota (0 a 10): 7,5

Vinho: Redoma 2006 (T)
Grau alcoólico: 14%
Castas: Touriga Franca, Tinta Roriz, Tinta Amarela, Tinto Cão
Nota (0 a 10): 8

Vinho: Charme 2007 (T)
Grau alcoólico: 13,5%
Castas: Tinta Roriz, Touriga Franca
Nota (0 a 10): 8,5

Vinho: Batuta 2007 (T)
Grau alcoólico: 13%
Castas: Tinta Roriz, Touriga Franca, Touriga Nacional
Nota (0 a 10): 9

Vinho: Porto Niepoort Vintage 2007
Grau alcoólico: 20%
Castas: Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinto Cão, Tinta Francisca, Tinta Amarela, Sousão, Tinta Roriz
Nota (0 a 10): 9

Vinho: Porto Niepoort Colheita 1998
Grau alcoólico: 20%
Castas: Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinto Cão, Tinta Francisca, Tinta Amarela, Sousão, Tinta Roriz
Nota (0 a 10): 8

quinta-feira, 17 de julho de 2008

No meu copo 191 - Planalto 2007; Diálogo 2005


A primeira passagem pel'Os Arcos agradou, pelo que resolvemos voltar à carga, desta vez para um prato de carne. Como o tempo estava quente, resolvemos começar por refrescar com meia garrafa de Planalto, o branco seco do Douro da Sogrape que é sempre uma aposta simpática. À semelhança de outros brancos relativamente leves e secos, este é sempre agradável de beber, com uma boa acidez e notas florais, corpo médio e um final persistente e refrescante. Nota-se a presença da Malvasia Fina a dar um perfil mais arredondado ao vinho dentro do seu carácter predominantemente seco. Neste caso acompanhámo-lo apenas com uns entreténs-de-boca enquanto aguardávamos a “pièce de résistance” que neste caso eram duas, divididas a meias: uma posta à mirandesa e um bife Wellington. Ela na sua tradicional disposição, ele acoitado em massa folhada, muito tenro e suculento.
Para a carne escolhemos um Diálogo, uma das recentes criações de Dirk Niepoort já divulgada por alguns comparsas da blogosfera, como o Vinho da casa e Os Vinhos. Este vinho tem a particularidade de apresentar um rótulo ilustrado pelo cartoonista Luís Afonso, sobejamente conhecido pelos cartoons que faz há muitos anos quer no jornal A Bola quer no Público, com o célebre Bartoon. É aliás nas personagens do Bartoon que este alentejano de Serpa se inspira para ilustrar o diálogo do rótulo entre o barman e um cliente.
Quanto ao conteúdo líquido, encontrámos um vinho macio, pronto a beber, tal como o produtor anuncia adequado “para todos os dias e não apenas para momentos especiais”. Apresenta-se com uma cor carregada, aroma a frutos vermelhos, redondo na boca sem deixar de mostrar alguns taninos bem amansados e um leve toque a especiarias. Apenas 20% da produção estagiou em barrica, pelo que a madeira passa aqui quase despercebida.
Enfim, o que se pode dizer é que é um vinho relativamente despretensioso e que nesse registo cumpre bem a sua função, sem deixar de mostrar uma qualidade apetecível. A macieza e frescura que apresenta podem torná-lo um bom tinto de Verão.

tuguinho e Kroniketas, enófilos e gastrónomos e etc.

Vinho: Planalto 2007 (B)
Região: Douro
Produtor: Sogrape
Grau alcoólico: 12,5%
Castas: Malvasia Fina, Gouveio, Viosinho, Códega
Preço em feira de vinhos: 4,59 €
Nota (0 a 10): 7,5

Vinho: Diálogo 2005 (T)
Região: Douro
Produtor: Niepoort Vinhos
Grau alcoólico: 13%
Castas: Touriga Franca, Touriga Nacional, Tinta Roriz, Tinta Amarela, Tinto Cão
Preço: cerca de 7,5 €
Nota (0 a 10): 7

terça-feira, 8 de julho de 2008

No meu copo 188 - Valle Pradinhos 2001

Poucas vezes um vinho feito com um lote de castas me mostra o que lá tem logo à primeira. Vou tentando umas aproximações, às vezes consegue-se perceber melhor o que lá está, outras vezes tentamos adivinhar mas atiramos ao lado. Há algum tempo eu e o tuguinho abrimos uma garrafa de Valle Pradinhos, vinho transmontano de Macedo de Cavaleiros que já tinha provado há muitos anos mas de que não tinha memória.
Ao aspirar os aromas, e sem sequer olhar para a informação da garrafa, soltei esta sugestão: “parece-me Cabernet...”. Depois fiz outra aproximação e acrescentei: “ou então Touriga...”. Para tirar as dúvidas olhámos ao contra-rótulo. Para minha própria surpresa, encontrei lá precisamente as duas! Desta vez a impressão foi correcta, o que é quase acertar no bingo...
Passando da prova olfactiva para a gustativa, o vinho acabou por ficar um pouco aquém das expectativas. Já com alguma evolução, o corpo apareceu um pouco para o delgado e o final algo curto. Os traços mais marcantes das castas menos pronunciados que no nariz, já algo desmaiados.
Não sei se o vinho não aguenta esta idade, pelo que vou voltar à carga com uma colheita mais recente. O potencial pareceu estar lá mas ter fugido. Vamos aguardar pela próxima.

Kroniketas, enófilo esclarecido

Vinho: Valle Pradinhos 2001 (T)
Região: Trás-os-Montes
Produtor: Maria Antónia Mascarenhas
Grau alcoólico: 14%
Castas: Cabernet Sauvignon, Touriga Nacional, Tinta Amarela
Preço em feira de vinhos: 7,28 €
Nota (0 a 10): 7