Para este tempo de Verão nada como um bom gelado para satisfazer os mais gulosos. Nós aqui, como aficionados do chocolate, propomos uma receita caseira, muito fácil de fazer e que dá um resultado magnífico.
Ingredientes:
- 1 litro de leite
- 6 gemas
- 250 g de açúcar
- 75 g de chocolate em pó
Coloque o leite a ferver moderadamente até estar reduzido a 7,5 dl. Este processo demora algum tempo e é necessário ir medindo de vez em quando. O objectivo é reduzir substancialmente a quantidade de água presente no leite. O resto do processo é bem mais simples.
À parte bata as gemas com o açúcar. Junte o leite e leve ao lume até engrossar. Retire do lume e ainda quente junte o chocolate em pó.
Deixe arrefecer um pouco e leve ao congelador, cobrindo com uma folha de alumínio para reduzir a formação de gelo à superfície. Quando começar a congelar, mas ainda meio líquido, pode bater o preparado para desfazer os cristais de gelo que começam a formar-se e deixe acabar de congelar até ao dia seguinte.
Para servir retire o gelado do congelador um pouco antes para o deixar amolecer ligeiramente. Se ainda estiver muito rijo corte umas fatias de gelado com uma faca... e delicie-se com esta maravilha.
Kroniketas, cozinheiro que não enfia o barrete
sábado, 14 de julho de 2007
Na minha cozinha 129 - Gelado de chocolate
domingo, 1 de abril de 2007
quarta-feira, 8 de novembro de 2006
No meu copo 67 - Vinha da Defesa Rosé 2005
Uma refeição diferente levou-me, um destes fins-de-semana, a fazer uma prova diferente com o núcleo duro dos “Comensais dionisíacos”. Planeada a confecção dos saborosos filetes de robalo com agrião, para fugir à “ditadura” das carnes, decidi aproveitar a ocasião para fugir também à “ditadura” dos tintos e provar uns rosés que comprei nas feiras de vinhos.
Compareceram à ocasião um Clarete da Quinta do Monte d’Oiro, que o tuguinho já analisou em tempos, e um Vinha da Defesa, rosé, da Herdade do Esporão.
O tempo ainda estava quente e o arrefecimento dos líquidos não se processou como era desejável, apesar das várias horas que as garrafas estiveram no frigorífico e de ainda terem passado pelo congelador. Já estou a ver algumas pessoas a arrepelarem-se com esta heresia. Pois é, às vezes o recurso ao congelador, mau grado o que dizem os cânones expressos nos livros, é inevitável e a única solução para arrefecer um vinho até ao ponto desejado (mesmo os tintos no Verão, que normalmente estão mornos). E olhem que alguns críticos menos dogmáticos já o escreveram: um bocado de congelador não traz mal nenhum ao mundo nem ao vinho, desde que não nos esqueçamos dele lá...
Utilizado o termómetro de vinho no Clarete, este acusava 16 graus, que é uma boa temperatura para os tintos. Nem mesmo a manga de refrigeração chegou a tempo. Desta forma, apesar de apresentar uma suavidade assinalável, o Clarete não fez as delícias dos presentes.
A seguir experimentou-se o Vinha da Defesa, que tinha ficado no frio mais algum tempo e já se conseguiu baixar até aos 12 graus (embora o contra-rótulo aconselhasse entre os 8 e os 10). Depois do Clarete, mais seco, este Vinha da Defesa, mais adocicado, feito com as castas Aragonês e Syrah, também não fez o consenso à mesa, parecendo um pouco deslocado naquele filme. O próprio contra-rótulo o indica como bom aperitivo, mas valia a pena ver como se comportava com um prato de peixe, com agrião, ovo cozido, natas e pimenta. Apesar de também não ter brilhado, a metade que sobrou voltou para o frigorífico e no dia seguinte, mais fria, foi consumida com uma tarte de bacalhau com espinafres, e a sensação foi substancialmente diferente. Sem a pimenta e o ovo cozido a baralhar os sabores, o Vinha da Defesa pôde mostrar ali a sua verdadeira face, com outra frescura e os aromas muito mais exuberantes, notando-se algum frutado e um toque a frutos vermelhos.
É de facto um bom vinho para aperitivo, dada a sua delicadeza, pelo que poderá ser convenientemente apreciado com entradas não muito condimentadas, mas que merecerá, certamente, uma segunda prova para tirar as dúvidas. Sobretudo depois de devidamente refrescado.
Kroniketas, enófilo esclarecido
Vinho: Vinha da Defesa 2005 (R)
Região: Alentejo (Reguengos)
Produtor: Herdade do Esporão
Grau alcoólico: 12,5%
Castas: Aragonês, Syrah
Preço em feira de vinhos: 4,58 €
Nota (0 a 10): 6,5
sexta-feira, 3 de novembro de 2006
No meu copo 65 - Caves Velhas, 3 “terroirs”; Caves São João Reserva 85
O FC Porto-Benfica de sábado serviu de pretexto para dar um primeiro passo na operação “O desbaste da garrafeira - fase 1”. Perante o excesso de stock que de momento se verifica nas nossas garrafeiras após as compras das feiras, as Krónikas Vinícolas empenham-se no fornecimento dos líquidos para os repastos que se querem frequentes.
Compareceram à chamada o tuguinho (escreve-se sempre com minúscula), o Kroniketas, o Mancha na qualidade de anfitrião, o Pirata e ainda o Politikos na qualidade de artista convidado. Faltou o Caçador, que anda entretido com a caça (vamos ver se dali sai algum material para mais um repasto).
Não tendo havido acordo prévio acerca dos vinhos a servir, decidimos escolher, cada um, dois grupos de 3 garrafas de uma região, para depois submeter à votação.
O tuguinho apresentou 3 varietais do Douro:
- 1 Quinta da Urze Touriga Nacional
- 1 Quinta do Cachão Tinta Roriz
- 1 Quinta do Cachão Tinto Cão
A estes juntaram-se 3 vinhos de Castelão feitos pelas Caves Velhas em 3 regiões diferentes:
- 1 no Ribatejo
- 1 na Estremadura
- 1 em Palmela
O Kroniketas optou por 3 varietais da Casa Cadaval:
- 1 Trincadeira Preta
- 1 Merlot
- 1 Pinot Noir
Como segundo grupo apresentou 3 relíquias da Bairrada:
- 1 Messias Garrafeira de 83
- 1 Vilarinho do Bairro Garrafeira de 83
- 1 Caves São João Reserva de 85
Apareceram ainda um Reserva do Esporão de 1990, levado pelo Pirata, e um Herdade do Pinheiro levado pelo Politikos. O aspecto geral do painel era o que se pode ver no post introdutório a este.
Apesar da insistência do tuguinho, os varietais do Douro foram desde logo rejeitados, porque ninguém estava para aí virado, até porque era inoportuno. Levar vinho do Douro em dia de Porto-Benfica só podia dar azar.
Acabámos por escolher os 3 Caves Velhas, uma compra partilhada de há alguns anos que nos despertou a atenção por terem sido elaborados com a casta Castelão cultivada em 3 regiões diferentes, daí o conjunto ser conhecido como 3 “terroirs”. Deixou-se a respirar o Caves São João, depois de devidamente decantado, para apreciar lá mais para o fim.
Para o repasto compraram-se uns bifes de vazia do Brasil, bem assessorados por uma dose extra de medalhões do lombo da raça Angus. Para a cozinha avançou o Kroniketas, tendo os ditos sido temperados com sal e pimenta e fritos em margarina a que se juntou limão, mostarda, natas e ervas de Provence, que deram um toque aromático excelente. Depois de fritos no ponto certo para deixar a carne tenra e ainda bem rosada, juntaram-se umas gotas de whisky ao molho que ferveu um pouco para engrossar. Regaram-se os bifes com o molho e serviram-se acompanhados por uma dose generosa de batatas fritas.
Passou-se então à degustação dos vinhos.
Começou-se a contenda pelo Caves Velhas do Ribatejo, que pela análise do aroma nos pareceu ser o “mais pronto” para ser bebido. O dito aroma era a frutos vermelhos maduros, o corpo era médio e na boca também se mostrou meão.
Seguiu-se o da Estremadura: o aroma estava um bocado sujo e na boca surgiu com um ligeiro gás a torná-lo desagradável. Parecia demasiado evoluído, mas como muita coisa na vida, nem tudo o que parece é - depois de estagiar por minutos nos copos esse gasoso foi-se e mostrou-se um vinho que, embora não sendo um portento de corpo, revelou sabores que só se apanham num vinho com alguns anos e acabou por ultrapassar o do Ribatejo nas opiniões dos convivas.
A versão Palmela mostrou o que já esperávamos: um Castelão típico, com o sabor a caramelo característico da casta quando criada na suas região de eleição, um corpo razoável e um fim de boca médio.
Mais do que a qualidade intrínseca de cada vinho, que não era nada de extraordinário, o que foi mais interessante nesta prova foi mesmo ver como a mesma casta, em regiões relativamente próximas e com um tratamento idêntico, deu origem a vinhos tão diferentes.
Deixámos o Bairrada para o fim, por respeito aos mais velhos. Mostrou-se saudável, com bons aromas e algo delgado de corpo, embora já não estivesse no seu auge - um Bairrada à moda antiga, daqueles que já se fazem pouco hoje em dia mas que dão muita satisfação a quem sabe esperar para os beber.
Enfim, foi melhor o repasto do que o resultado do futebol.
tuguinho e Kroniketas, enófilos e tudo
Vinhos: Castelão 2000 (T)
Regiões: Ribatejo, Estremadura e Palmela
Produtor: Caves Velhas
Grau alcoólico: 12%
Preço: não disponível
Nota (0 a 10): 6,5
Vinho: Caves São João Reserva 85
Região: Bairrada
Produtor: Caves São João
Grau alcoólico: 12,5%
Preço: cerca de 1600 $
Nota (0 a 10): 7
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Krónikas Vinícolas
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Etiquetas: Bairrada, Bifes, Carnes, Castelao, Caves S Joao, Caves Velhas, Estremadura, Receitas, Ribatejo, Terras Sado, Tintos
quinta-feira, 30 de março de 2006
Na nossa cozinha 36 1/2 - Mousse de Chocolate
O sentido prático do Kroniketas conseguiu despachar a receita de mousse num parágrafo e depois tecer vários de considerações, embora todas oportunas.
Por isso mesmo, e para terem algo que mastigar no texto desta receita, aqui vai a versão tuguinho da mesmíssima gulodice. Se ainda não leu o post do Kroniketas, vá aqui abaixo deste e leia-o! Depois volte.
Obtenha, por qualquer meio, sete ovos completos e sem gripe. Peça emprestada à Nestlé uma tablete de chocolate culinário, de quarto de quilo. Roube às formigas a quantidade de açúcar necessária ao enchimento de sete colheres de sopa e arranje uma das mesmas colheres (mas sem açúcar!) cheia de manteiga magra (aqui em casa não se usa margarina para cozinhar).
Neste momento tem disponível tudo o que a mousse vai conter, o que não quer dizer que se juntar tudo e bater bem venha a obter mousse. Há mais 2 ou 3 coisinhas que vai ter que fazer e por uma certa ordem. Sim, eu sei que é difícil, mas vá lá, você também tirou a carta à terceira! Vai ver que consegue.
Parta a casca dos ovos (não use um martelo, bata com eles suavemente numa esquina da banca de cozinha e depois aproveite esse buraquinho para meter os dedos – não seja alarve, não é disso que estou a falar! – e separar a casca em duas calotes, uma das quais conterá a gema e a clara) e faça despenhar as gemas para um recipiente, colocando as claras noutro.
Peça a alguém para bater as claras em castelo… onde é que você vai?!... qual castelo de São Jorge, qual carapuça! Você vai bater as claras em castelo com a batedeira (exige menos esforço), ou com um garfo (se precisar de exercitar os músculos do braço), mas não as bata em excesso. Como dizia o Kroniketas, queremos uma mousse e não um balde de cimento cor de chocolate.
Entretanto, o chocolate, partido aos pedaços, deve sofrer um auto-de-fé conjunto com a manteiga, até se transformar numa massa pastosa (eu bem ouvi a sua mente perversa a resvalar para a escatologia!). O ideal seria fazê-lo num pequeno recipiente em banho-maria (poderia fazer piada com a expressão, mas não vou fazer), mas se o fizer directamente sobre lume brando também dá.
Entrementes (não quis repetir entretanto), os embriões falhados (ah, agora surpreendi-o; aposto que nunca pensou nas gemas nesta perspectiva!) devem ser misturados de forma homogénea com a tal massa pastosa, de forma rápida para evitar que as gemas talhem (aposto que já se tinha esquecido que o chocolate derretido estava quente!). Adicione depois as tais sete colheres de açúcar (sem formigas). Aqui por casa nunca apareceram granhões, seja lá o que isso for, mas de qualquer forma tenha cuidado porque podem morder. Pode acontecer é que se formem grânulos se for azelha a fazer a incorporação…
Finalmente, depois de esta mistura ser escorrida para um recipiente com tonelagem para a totalidade da mousse, deve misturar pouco a pouco as claras que foram batidas em castelo (foi azar, elas hão-de ganhar para a próxima vez, quando jogarem em casa…). Vai ver que a coisa engrossa (irra, mas você só pensa nisso?!) e fica com um aspecto lustroso, enchendo todo o espaço do vasilhame escolhido. Cubra-a com uma prata mas não seja mão-fechada: use papel de alumínio e deixe a prata do chocolate em paz.
Deve repousar no frigorífico durante a noite, para poder ser comida à vontade no dia seguinte.
E pronto, caro(a) leitor(a). Como viu, foi fácil. Agora veja lá não abuse, que eu não quero ser considerado o culpado pelas suas artérias entupidas.
tuguinho, gastrónomo popular
Na minha cozinha 36 - Mousse de chocolate
Como sobremesa depois dum bife à café, e a pedido de várias famílias, cá vai.
Ingredientes:
1 tablete para culinária de 200 g (aconselha-se a Nestlé)
7 gemas e 7 claras em castelo
7 colheres de sopa de açúcar
1 colher de sopa de margarina
Derrete-se a tablete em banho-maria com a margarina. Em seguida juntam-se as 7 gemas e liga-se bem; depois misturam-se as 7 colheres de açúcar; finalmente as claras batidas em castelo bem firme (mas não em excesso), a pouco e pouco, mexendo muito suavemente.
Colocar numa taça e levar ao frigorífico até ao dia seguinte coberta com uma prata (pode ser a da tablete).
A receita original era com 6 ovos e 6 colheres de açúcar, mas acrescentando mais um ovo a mousse fica menos carregada e mais suave. Pessoalmente prefiro assim, mas é uma questão de gosto. Há quem misture directamente as gemas com o açúcar e junte a mistura ao chocolate, mas eu prefiro fazer assim para envolver as gemas mais suavemente com o chocolate. É importante que o açúcar seja misturado a pouco e pouco e muito bem mexido para evitar a formação de grânulos. Quanto à margarina, ao contrário de algumas receitas que falam em 250 gramas, acho que serve apenas para ajudar a derreter o chocolate. 250 gramas é um exagero e faz a mousse ficar gordurosa, e não tem qualquer justificação e não acrescenta nada ao doce.
É importante, finalmente, que as claras sejam misturadas com muita suavidade para a mousse ficar espessa e não rala. Uma boa mistura faz com que comecem a aparecer bolhas de ar à superfície, o que é um bom sinal. E um mau sinal é quando aparecem claras precipitadas no fundo: quer dizer que foram mal batidas ou demasiado batidas, ou mal misturadas.
Deixar a mousse no frigorífico até ao dia seguinte faz com que fique mais fresca e consistente. É importante que não fique rala, mas também não deve ser cimento.
Kroniketas, cozinheiro que não enfia o barrete
Na minha cozinha 35 - Bife à café
Esta é uma versão popular dum famoso bife chamado “Bife à Marrare”, que era servido nos cafés e cervejarias lisboetas. Ao contrário do que o nome possa sugerir, e do que tenho visto nalguns locais, o café não é um ingrediente deste prato.
A importância da escolha da carne é fundamental. Não há nada como um bife tenro, a para isso pode-se optar pelo acém, que é sempre tenro e é barato. Para quem quiser uma carne mais sofisticada, a opção deve recair no lombo (a mais cara) ou na vazia. Não aconselho a alcatra nem o pojadouro, porque ficam rijos muito facilmente.
Ingredientes:
Bifes de vaca (acém, lombo ou vazia)
Sal e pimenta
Margarina
Leite
Mostarda
Sumo de limão
Tempere os bifes com um pouco de sal e pimenta. Aqueça um pouco de margarina numa frigideira e passe os bifes rapidamente em lume forte só para alourar. Em seguida baixe o lume, acrescente mais margarina e vá juntando leite, mostarda e sumo de limão. Agite a frigideira para misturar todos os ingredientes e para o leite não coalhar no molho.
Deixe cozer em lume brando e vá controlando os temperos. Prove o molho e se necessário acrescente mais limão, mostarda ou pimenta, conforme o gosto. Para fazer uma maior quantidade de molho acrescente mais leite e rectifique os restantes ingredientes.
Não deixe os bifes passar demais. Se ficarem muito cozidos já não há retorno. Apague o lume quando ainda estiverem meio crus e pique-os com um garfo para fazer sair o sangue da carne. Em seguida misture bem o sangue com o molho, o que fará o molho ficar mais grosso. Acenda o lume novamente e dê apenas um ar de calor agitando a frigideira para ligar o molho e sirva imediatamente.
Regue os bifes com uma dose generosa de molho e acompanhe com batatas fritas. Previna-se com uma carcaça para molhar no molho. Acompanhe com um vinho tinto medianamente encorpado. Qualquer região serve para este caso.
Kroniketas, cozinheiro que não enfia o barrete
domingo, 12 de março de 2006
Na minha cozinha 28 - Filetes de robalo com agrião
Hoje proponho-vos um prato menos vulgar e extremamente agradável. Excelente para quem não é grande apreciador de peixe, porque há outros sabores que envolvem o prato. Tem também a vantagem de ser leve e incluir produtos variados.
Ingredientes:
1 embalagem de filetes de robalo (ou maruca se não houver dos outros)
2 molhos grandes de agrião
1 pacote de natas
3 ovos cozidos
2 rolos de massa folhada
Sumo de limão
Sal, pimenta e salsa
Descongelam-se os filetes e temperam-se com sal, pimenta, sumo de limão e salsa.
Cozem-se os agriões, picam-se e com a varinha mágica faz-se uma papa destes com as natas e um pouco de sumo de limão.
Picam-se os ovos cozidos o mais fino possível e temperam-se com sal, pimenta e sumo de limão.
Estende-se a massa folhada fina. Coloca-se uma parte sobre um tabuleiro untado com margarina (também se pode forrar o tabuleiro com o papel envolvente da massa: é mais prático e não pega). Sobre a massa coloca-se sucessivamente uma parte dos ovos picados, uma parte da pasta de agrião com natas, os filetes espremidos o mais possível, e o resto da pasta de agrião e dos ovos (isto se as quantidades derem para isso).
Tapa-se com o resto da massa folhada, tendo o cuidado de os lados ficarem bem vedados, passa-se uma gema de ovo sobre a massa (esta parte pode ser omitida) e vai ao forno até alourar.
Acompanhe-se com um vinho branco leve, suave e aromático. Prova Régia (Bucelas) e João Pires (Setúbal) serão escolhas acertadas.
Kroniketas, cozinheiro que não enfia o barrete
domingo, 5 de março de 2006
Na minha cozinha 25 - Surf'n'Turf com legumes chineses no wok
Primeira coisa a dizer: quem não tem wok, caça com frigideira! Ou seja, se não tem um wok, use uma frigideira grande e funda.
Segunda coisa a dizer: porquê surf’n’turf? Resolvi armar ao snob e usar a expressão americana para pratos que têm carne e peixe ou marisco na sua composição. “Prontos”, achei que Terra e Mar não ficava tão bem…
Depois destas ressalvas, falemos um pouco dos ingredientes. Suporemos que os convivas são quatro. Vamos precisar de carne, gambas, a tal mistura de legumes chineses e batatas, além de uma garrafa de um bom single malt da terra dos kilts. A carne que costumo usar é o entrecote de vaca, que geralmente está disponível em bifes com boa altura. Ponha em sentido dois bifes destes e prepare-os para a batalha. As gambas devem ser duas dúzias se forem de calibre 20/30, para calibres mais baixos multiplique proporcionalmente (não queria que eu fosse fazer as contas agora, pois não?). A parte da mistura de legumes chineses é fácil: vá ao Pingo Doce e compre dois pacotes. Estão na secção de congelados. Deve haver produtos semelhantes noutros super ou hipermercados, mas só conheço este. As batatas são para fritar, para acompanhamento. Reserve a garrafa de whisky.
Para a confecção, comece por abrir a garrafa de whisky, encha meio copo e dê uns bons goles. Sente-se melhor, não sente? Bem me parecia. Agora vamos tratar da comida.
Parta os bifes em pedaços de tamanho médio (um pouco mais pequenos do que os pedaços para fondue), tempere-os com sal, alho cortadinho e um pouco de pimenta e reserve.
Vamos cozer as gambas. Passe-as por água fria e coloque-as num tacho com água a ferver temperada com sal. Não se distraia com o whisky, não as deixe cozer demais!
Noutro tacho deite a água suficiente para cozinhar a mistura de legumes, ponha-lhe sal e pimenta e deixe-a ferver. Quando isso acontecer, faça os legumes tomarem banho nela, vindos directamente do congelador. Convém retirá-los da embalagem de plástico antes de irem ao banho. Beba mais um pouco de whisky. Se já não houver, vá buscar a garrafa e deite mais no copo. O banho deve demorar entre 5 e 8 minutos.
Lembra-se das gambas? Estão à sua espera. Tire-as da água assim que estiverem cozidas, passe-as por água fria e descasque-as. Se molhar as mãos com água evitará queimaduras de 3º grau. Reserve meio copo da água da cozedura, previamente coada.
Entretanto os legumes já devem ter o banho tomado. Escorra-os e reserve.
Convém que nesta altura as batatas já estejam fritas e guardadas em local aconchegado, para não arrefecerem. Não pense que lhe vou dizer como se fritam, mas use azeite, que é mais saudável.
Podemos agora dar novamente atenção à carne. No wok (ou na tal frigideira grande e funda) verta um pouco de azeite, o suficiente para fritar os bifes. Maneje o wok (ou a tal frigideira grande e funda) de modo a que o azeite passe por toda a sua superfície.
Coloque-o em lume forte. Quando o azeite estiver quente, reduza o lume e deite os pedaços do entrecote lá para dentro. Aloure todas as faces dos pedaços de carne e retire-as do wok (ou da tal frigideira grande e funda) para um prato ou travessa. Se conseguir, vá beberricando o seu whisky entre as manobras.
Suba o lume e coloque a mistura de legumes naquilo que vocês sabem, mexendo sempre para saltear bem. Após alguns momentos, junte as gambas e verta um pouco da água da sua cozedura nesta mistura. Por favor não se engane no copo porque corre o perigo de estragar o seu whisky.
Deixe reduzir um pouco o molho, mexendo sempre, e adicione a carne. Não a deixe fritar muito. Se não gosta da carne mal passada, vá ler outro post.
Retire do lume e leve à mesa no próprio wok (ou na tal frigideira grande e funda).
Neste momento, se é um habitué do destilado escocês, deve estar bem disposto e com fome. Se está mais próximo do tipo abstémio, a sua família deve estar a sofrer com a sua imitação do Andrea Bocelli. Neste caso cale-se, tente manter-se em pé e avance para a mesa. Peça a outra pessoa para levar a comida.
Quanto a líquidos, largue o whisky e abra uma garrafa de tinto jovem e frutado, ou mesmo de um branco com madeira (espero que este não seja o primeiro post que lê neste blog, para não andar à procura de pedaços de madeira dentro da garrafa…). Como é um prato com frescura, não se aconselham os tintos velhos. Como não é tão leve como isso, também não se aconselham brancos “normais”, mas é uma questão de gosto. Um tintinho de 2003 cai bem de certeza.
Para sobremesa prefira fruta. Termine com um praliné acompanhado por um whisky de malte suave. Sugiro um Cragganmore, difícil de encontrar mas de suavidade garantida.
Depois de tudo isto vai estar cheio de certeza. Sente-se no sofá e espere que passe. Vai ver que pela hora do jantar já nem se lembra.
tuguinho, gastrónomo popular
sexta-feira, 3 de março de 2006
Na minha cozinha 24 - Waterzoo de frango
A pedido de várias famílias, aqui vai a receita do “waterzoo” para aguçar o apetite.
Ingredientes:
1 frango
4 cenouras
2 alhos franceses
2 cebolas
1 aipo
1 ramo de salsa
2 colheres de sopa de margarina
1 cubo de caldo de galinha
2 gemas
1/2 copo de natas
Sal e pimenta q. b.
Corte o frango aos bocados. Descasque as cenouras e corte em palitos. Pique os alhos franceses, as cebolas e o aipo.
Num tacho, deite os legumes e o ramo de salsa e faça cozer em lume brando com a margarina. Junte o frango e o caldo de galinha. Cubra com água e pimenta e deixe cozer cerca de 30 minutos.
Entretanto bata as gemas com as natas e uma colher de margarina. Retire o frango depois de cozido. Junte ao molho as gemas com as natas e a margarina e mexa bem em lume brando até ligar o molho.
Rectifique os temperos. Cubra o frango com o molho e sirva com batatas cozidas.
Kroniketas, cozinheiro que não enfia o barrete
PS: Esta é uma receita que foi apresentada na televisão há muitos anos pelo cozinheiro Michel, que é belga. É referida como sendo uma sopa de galinha flamenga, que tem origem precisamente na Flandres. Este nome é mencionado na história “Astérix entre os belgas” (de Uderzo/Goscinny), quando um guerreiro belga olha para uma malga de sopa e exclama: “Waterzooie! Waterzooie! Prato insípido!” É também nesta história que o mesmo guerreiro se lembra pela primeira vez de sugerir à mulher para fritar batatas.
quarta-feira, 1 de março de 2006
Salivar por antecipação
No próximo domingo (o domingo para mim dura aí até às duas da manhã de 2ª feira) prometo que estará por aqui postada (mas não prostrada!) a insolente receita "Surf'n'Turf com legumes chineses no wok"! Salivai pecadores, que a receita está próxima!!
Seguir-se-ão, fiquem já a saber, os magníficos Rissóis de Camarão à Moda da Mãe, os Ovos Verdes à dita cuja e, provavelmente, a Massada de Cherne com Gambas.
Embrulhem! (e levem para comer em casa...)
tuguinho, gastrónomo popular
quarta-feira, 25 de janeiro de 2006
Na minha cozinha 13 - Cataplana de Robalo e Gambas
Ora aqui estamos para, qual Maria de Lurdes Modesto, vos deixar a babar com uma receita simples que qualquer pessoa pode fazer e é deliciosa!
Vamos fazer uma simples cataplana de robalo com gambas, para ser apreciada com um branquinho de truz ou um singelo rosé (tá bem, também pode ser um tinto jovem e frutado, mas aqui concordo com o Kroniketas – o branco está nas suas sete quintas!).
São necessários um ou dois robalos médios, de acordo com a quantidade de mandíbulas presentes, e cerca de quilo e meio de gamba graúda (20/40). O resto não é acessório – os acompanhantes vegetais é que moldam o carácter do prato. Anotem lá: batatas às rodelas grossas (tipo caldeirada), pimento verde e vermelho às tiras, cebola às rodelas, tomate aos pedaços, alho cortadinho (não picado).
Se não têm, vão comprar uma cataplana de cobre, vertam azeite no fundo e façam-no circular pelo hemisfério todo. Arrumem os vegetais em alegre balbúrdia e vão cobrindo as camadas com um pouco de colorau para dar cor e sabor. Disponham as postas do peixe no topo e distribuam também aí as gambas cozidas previamente e descascadas. É bom reservar umas 6 ou 7 para serem incluídas cruas e darem ainda mais sabor à cataplana. Convém despejar sobre esta amálgama um copo da água de cozedura das gambas, depois de coada. Junte mais um pouco de azeite e um raminho de salsa fresca e não se esqueça do sal e de um pouco de pimenta ou piri-piri!
Não seja bruto nas quantidades senão não vai conseguir fechar a cataplana! Se tem muita gente a babar-se na sala de jantar use duas cataplanas, não tente meter o Rossio na Rua da Betesga!
As duas hemisferas devem cozinhar o conteúdo (em lume não muito forte) em cerca de 30 a 40 minutos. Depois é só levar para a mesa, abrir a cataplana e tentar não se alambazar com o conteúdo! Acompanhe com um branco ou rose sem estarem demasiado frescos.
tuguinho, gastrónomo da corda