Como eu costumo dizer (e também é válido para o vinho aqui acima), aqui está um vinho que nunca nos deixa ficar mal. Sem ser excepcional, é um vinho muito acima da média; sem ser barato, tem um preço bastante aceitável para a qualidade que apresenta.
Posso dizer que acompanhei este vinho praticamente desde o seu lançamento, com a colheita de 1990 apresentada na Feira de Vinhos do Pingo Doce de 1993, sendo o primeiro vinho de mesa da empresa Ramos Pinto, sobejamente conhecida pelos seus vinhos do Porto. Começou por ser barato (549$00), mas o sucesso rapidamente atingido fez o preço disparar para valores absurdos. Surgiram depois as Reservas, que têm preços verdadeiramente obscenos. Ultimamente, com a baixa generalizada dos preços, o colheita já se situa num patamar razoável.
Este vinho sempre me fascinou pela descrição da sua origem no contra-rótulo. As uvas, das castas tradicionais Tinta Roriz, Touriga Nacional e Touriga Francesa, são provenientes de duas quintas (daí o nome do vinho) situadas no Douro Superior (donde costuma sair uma boa parte dos melhores vinhos do Douro), na região de Foz Côa, com clima e solo diferentes: a Quinta da Ervamoira, situada num microclima com características quase únicas e que teria sido submersa pela barragem de Foz Côa, e a Quinta dos Bons Ares, que aliás também deu origem a um vinho com o seu nome.
De cor carregada e fechada (como é típico dos vinhos do Douro, em consonância com o perfil dos vinhos do Porto), o aroma não é muito exuberante mas vai abrindo à medida que está no copo, o que o torna um daqueles vinhos que ganham em ser decantados. Na boca é encorpado e, sem ser adstringente nem agressivo, é robusto o suficiente para se bater galhardamente com assados no forno bem temperados e grelhados na brasa. Neste caso, eu e o outro comparsa escolhemos uma picanha e um entrecosto na brasa, e a ligação foi perfeita.
Em resumo, uma aposta segura por um preço razoável. Neste caso foi à mesa do restaurante, onde os valores praticados estão completamente distorcidos e nada têm a ver com o que se pode comprar nas feiras de vinhos, mas quem quiser tê-lo em casa pode guardá-lo algum tempo porque, certamente, não se vai desiludir.
Kroniketas, enófilo esclarecido
Vinho: Duas Quintas 2003 (T)
Região: Douro
Produtor: Ramos Pinto
Grau alcoólico: 13%
Castas: Tinta Roriz, Touriga Nacional, Touriga Francesa
Preço em feira de vinhos: 6,87 €
Nota (0 a 10): 8
sexta-feira, 23 de dezembro de 2005
No meu copo 2 - Duas Quintas 2003
Publicada por Krónikas Vinícolas à(s) 01:15
Etiquetas: Douro, Ramos Pinto, Tinta Roriz, Tintos, Touriga Franca, Touriga Nacional
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