Altas Quintas
Finalmente o momento há tanto tempo esperado: a visita às Altas Quintas. Na realidade o local chama-se Quinta da Queijeirinha e fica na estrada de Portalegre para Alegrete. Passei lá várias vezes mas só há pouco tempo tive oportunidade de visitar o local, sob a orientação do próprio João Lourenço, o produtor que vendeu a Herdade do Perdigão e encontrou ali, a meio da serra de São Mamede, o local ideal para o seu novo projecto.
Toda a zona envolvente, um pouco acima de Portalegre, está situada num planalto ali a meia encosta, que é por onde se distribuem as várias quintas de produção vitivinícola por onde passei nestes últimos meses: a Herdade dos Muachos, a Herdade do Porto da Bouga, a Adega da Cabaça, a Quinta do Centro, de Rui Reguniga e Richard Mayson, a Quinta do Seixo, de Jorge d’Avillez, e esta Quinta da Queijeirinha. O Monte das Cortês, berço do Casa de Alegrete, já fica lá no alto da encosta.
Estava um dia de sol e céu limpo, depois de várias semanas de frio intenso e nevoeiro, e o ar que se respirava até revigorava a alma. Enquanto esperava que João Lourenço dispusesse de alguns minutos do seu tempo para me atender, dei uma volta pelo casario, olhei a vinha ao longe, agora despida de folhas, mais ao longe ainda uma pequena barragem, algumas árvores de fruto a integrarem-se na vegetação da encosta e uma pequena segunda quinta mais acima, donde saiu o nome Altas Quintas. Ali ao pé alguns cavalos davam o toque do que resta da antiga vocação agro-pecuária da quinta. Por instantes fiquei a pensar como será viver ali, na própria quinta, levantar e já estar no local de trabalho, com uma paisagem paradisíaca para olhar e livre do bulício das cidades...
Desde 2003 que a propriedade foi reconvertida para a produção vitivinícola. Dessa altura resta alguma cultura de laranjeiras, castanheiros e oliveiras. A vinha domina, com 80 hectares em produção e 25 novos. As instalações existentes foram igualmente aproveitadas para o novo projecto. A antiga vacaria foi reconvertida em sala de barricas, enquanto ao lado vai surgir uma sala de provas. Noutra casa encontram-se as cubas de fermentação para tintos, brancos e rosés, à mistura com alguns balseiros de madeira igualmente destinados à fermentação dos tintos, numa sucessão impressionante de salas repletas do mais moderno equipamento que me foi dado observar. Numa parede um painel mostra a temperatura das cubas, controlada por computador.
Por uma porta sai-se duma sala de fermentação e entra-se na zona de engarrafamento e embalamento. A linha de engarrafamento é maior que a da Adega Cooperativa de Portalegre e da Herdade dos Muachos e totalmente automatizada. Na altura estavam na ponta da linha os rótulos dum novo vinho a ser lançado pela casa: Mensagem de Aragonês, que tinha lançamento previsto, já com algum atraso devido a problemas com a feitura do original rótulo, para o final de Janeiro (nesta altura, a confirmarem-se segundo as previsões do produtor, já deverá ter chegado ao mercado e o Pingas no Copo já apresentou uma prova). O embalamento e arrumação do vinho em caixas passa-se numa antiga sala de gado caprino. Saindo por outra porta entra-se na adega onde repousam milhares de garrafas. Mais ao lado ainda há uma entrada em rampa para camiões.
A produção anual ronda as 200.000 garrafas, havendo muito trabalho na vinha para limitar a produção e melhorar a qualidade. Todos os tintos fermentam em madeira, entre 6 meses e 1 ano. As castas predominantes são as tradicionais Aragonês, Trincadeira, Alfrocheiro e Alicante Bouschet, esta muito por influência do enólogo Paulo Laureano. Nos tintos em produção encontram-se o Crescendo, o Altas Quintas e o Altas Quintas Reserva, e agora o Mensagem de Aragonês. Nos restantes a aposta para já limita-se ao Crescendo.
Pelo que tive oportunidade de ver o vinho Altas Quintas já chegou ao oriente: numa prateleira no escritório estão alguns exemplares representativos de garrafas do Reserva exportado para a China e Hong-Kong. No final, João Lourenço ainda teve a amabilidade de me presentear com uma garrafa do novel Mensagem de Aragonês dentro duma caixinha toda catita. Está guardada à espera duma boa ocasião para a abrir.
Foi uma visita bastante enriquecedora, onde pude ver a grandiosidade duma empreitada destas, que deve ter custado umas boas dezenas ou centenas de milhares de euros, com a mais alta tecnologia ao serviço da elaboração dum grande produto. Só me restou agradecer a atenção dispensada e a oferta que me foi feita e desejar continuação do sucesso que a marca Altas Quintas tem vindo a obter no pouco tempo que tem de existência no mercado.
Kroniketas, enófilo itinerante
Altas Quintas, Produção de Vinhos
Quinta da Queijeirinha, Estrada de Alegrete
7300-563 Portalegre
domingo, 24 de fevereiro de 2008
Krónikas do Alto Alentejo (XIV)
Publicada por Krónikas Vinícolas à(s) 01:11
Etiquetas: Altas Quintas, Alto Alentejo, Portalegre, Viagens
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