Os vinhos da Estremadura eram até aos anos 90 sinónimo de vinho a granel, de muita produção e pouca qualidade. Quando comecei a apreciar vinhos com mais atenção rapidamente me apercebi que era uma região a evitar.
Com a alteração das denominações de origem nos últimos anos dessa década, em que foi criada uma quantidade significativa de novas regiões com Indicação de Proveniência Regulamentada (IPR) e as regiões demarcadas já instituídas, como o Douro, o Dão, a Bairrada, Colares, Bucelas, entre outras, passaram a ter Denominação de Origem Controlada (DOC), diversas sub-regiões na Estremadura, no Ribatejo e no Alentejo adquiriram um novo estatuto para a produção de VQPRD (Vinho de Qualidade Produzido em Região Determinada), passando por um período de afirmação de qualidade após o qual poderiam aspirar a ascender ao estatuto de DOC. E foi assim que, a par com um aumento significativo da área de vinha plantada em várias regiões, se assistiu ao aparecimento duma nova fornada de vinhos certificados que fizeram subir gradualmente (e significativamente) a qualidade dos produtos lançados para o mercado. As regiões onde, porventura, mais se assistiu a uma viragem na imagem do produto foram precisamente o Ribatejo (mais conotado com o carrascão dos garrafões de 5 litros) e a Estremadura.
Embora ainda haja algum caminho a percorrer para afirmar definitivamente o prestígio destas regiões junto do consumidor, é possível encontrar algumas marcas já com garantia de qualidade. É o caso da Casa Cadaval, da Fiúza e da Quinta da Alorna, no Ribatejo, ou da Quinta do Monte d’Oiro e da Quinta de Pancas, na Estremadura, e esta de que agora falamos, a Companhia Agrícola do Sanguinhal, com sede no concelho de Bombarral.
Fundada nos anos vinte por Abel Pereira da Fonseca, que em 1937 transformou a empresa em sociedade por quotas e propriedade actual dos seus descendentes, a Companhia Agrícola do Sanguinhal produz 60 milhões de litros por ano e explora três quintas na região DOC de Óbidos, num total de 8 mil hectares: a Quinta do Sanguinhal, a Quinta das Cerejeiras e a Quinta de São Francisco (informação disponível no site da empresa).
Foi da Quinta de São Francisco, com 50 hectares de vinha situada no concelho de Cadaval, que tive oportunidade de provar um branco (a minha memória de brancos desta região remonta a um Gaeiras), depois de há precisamente um ano ter provado o tinto e de já ter provado também um tinto da Quinta do Sanguinhal. Este branco de 2005 revelou-se com uma cor citrina e aroma entre o floral e o frutado, sendo suave na prova de boca e medianamente encorpado. Não sendo muito exuberante nos aromas, é um vinho que se bebe com muito agrado e que fará muito boa companhia a pratos delicados de peixe, um vinho guloso que se bebe sem dar por isso, no que é ajudado pelo seu grau alcoólico moderado.
Fiquei convencido com este Quinta de São Francisco branco, que a juntar às provas anteriores me desperta a atenção para provar mais vinhos desta casa.
Teve entrada directa para as nossas escolhas.
Kroniketas, enófilo esclarecido
Vinho: Quinta de São Francisco 2005 (B)
Região: Estremadura (Óbidos)
Produtor: Companhia Agrícola do Sanguinhal
Grau alcoólico: 12,5%
Castas: Vital, Fernão Pires
Preço em feira de vinhos: 2,45 €
Nota (0 a 10): 7,5
domingo, 27 de abril de 2008
No meu copo 175 - Quinta de São Francisco branco 2005
Publicada por Krónikas Vinícolas à(s) 00:36
Etiquetas: Brancos, Estremadura, Fernao Pires, Obidos, Sanguinhal, Vital
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