sexta-feira, 18 de abril de 2008

Na Wine O’Clock 2 - Com a Sogrape (Quinta dos Carvalhais)


Ultimamente temos andado numa de provas quando a ocasião se proporciona. No último sábado voltei a deslocar-me à Wine O’Clock de Lisboa, acompanhado do Politikos, para uma prova de vinhos da Quinta dos Carvalhais com a Sogrape. Há algumas semanas já tínhamos tido a oportunidade de participar numa prova com vinhos da Herdade do Peso. Agora a expectativa era um pouco maior porque a Quinta dos Carvalhais é quase um ex-libris da Sogrape e foi uma espécie de motor da reabilitação dos vinhos do Dão. Aí tive o prazer de reencontrar, mais de um ano depois, o nosso comparsa Pedro Rafael Barata, do blog Os Vinhos, que foi ficando por ali ao pé de nós durante a prova.
Há uns 10 anos conhecíamos dois vinhos da Sogrape no Dão: o Reserva e o Pipas, que entretanto foram sendo substituídos pela nova marca Quinta dos Carvalhais, só restando por aí à venda alguns exemplares dos antigos vinhos em locais esparsos. Agora há uma gama alargada de brancos, tintos e espumantes, que vão desde os vinhos para consumo imediato até aos reservas de grande qualidade.
Esta prova da Quinta dos Carvalhais começou com dois brancos, o Duque de Viseu e o Quinta dos Carvalhais Encruzado. Ambos mostraram alguma elegância e um ligeiro aroma floral, embora o Encruzado com um perfil um pouco mais austero e a mostrar-se capaz de ter alguma longevidade e bater-se com pratos com alguma pujança, características que lhe são conferidas pelo estágio em madeira.
Passando aos tintos, começámos pelo Quinta dos Carvalhais Colheita, seguindo-se três varietais (Alfrocheiro, Tinta Roriz e Touriga Nacional), sendo que o Alfrocheiro foi o que mais nos surpreendeu, voltando a mostrar, à semelhança das últimas provas, uma intensidade que não lhe tem sido reconhecida na generalidade das regiões. Parece-me ser uma casta injustamente mal-amada ou porventura não suficientemente valorizada. Após 4 tintos, chegou o Reserva de 2000, já um vinho para altos voos e ainda com uma frescura assinalável para a idade, para terminarmos com uma revelação que deixou todos os presentes rendidos: uma colheita única de 2005 que recebeu o nome de... Único. Difícil descrever o perfil deste vinho, mas uma palavra nos ocorre à mente: fabuloso! Com algumas notas licorosas no primeiro ataque aromático, para depois se abrir num perfume de frutos, flores, compotas, uma explosão de aromas e sabores que motivaram do Politikos o comentário de que daria um grande Vintage. De facto, este Único fez lembrar os melhores vinhos do Porto que já tive oportunidade de provar, e sugeriu-me que, se a Sogrape pretende criar nos Carvalhais uma espécie de Barca Velha do Dão, este único parece ser o predestinado para lá chegar. Assim tenha longevidade para tanto, mas o potencial parece estar lá todo.
No final da prova, ao compararmos os aromas que foram ficando nos copos, verificámos que o Reserva tinha desaparecido ao pé do Único. É o que nos ajuda a distinguir os vinhos excelentes dos sublimes. Este Único, de facto, é Único! Oxalá possa vir a deixar de ser o único produzido na Quinta dos Carvalhais.
E assim ficámos de apetite aguçado para a prova que se seguirá dentro de algumas semanas com os vinhos da Casa Ferreirinha. Lá estaremos seguramente. Obrigado à Wine O’Clock por estes momentos magníficos que nos tem proporcionado.

Kroniketas, enófilo embevecido