No mesmo fim-de-semana em que me desloquei à Wine O’Clock de manhã, para uma prova de vinhos da Quinta dos Carvalhais, e à Casa da Dízima à noite para um repasto das Krónikas, os dois eventos ainda foram entrecortados por uma prova no Hotel da Penha Longa, a partir de um contacto bem colocado.
Numa sala especialmente vocacionada para o efeito, decorada com umas quantas dezenas de garrafas, eu e mais dois comparsas fomos recebidos pelo escanção da casa, o simpático Julião Milisse que nos apresentou um conjunto de vinhos escolhidos por si. Na nossa frente um painel de vinhos composto por um espumante, dois brancos e dois tintos, e ainda uma garrafa tapada para descobrir no fim.
Começámos por um espumante Prova Real, que por acaso eu já tinha provado por ocasião da quadra natalícia, pelo que não tenho nada de novo a acrescentar à prova feita na altura. Seguiram-se os dois vinhos brancos, que provámos em conjunto de modo a poder compará-los ainda no copo. O primeiro foi um Herdade Grande Colheita Seleccionada 2006, o segundo um Quinta de Pancas Chardonnay 2005. Embora bem feito, o Herdade Grande revelou mais uma vez aquela característica de rusticidade que os brancos alentejanos apresentam quase sempre, que me arranha na garganta e não me deixa gostar de quase nenhum. Não há volta a dar-lhe. Acho sempre que lhes falta frescura e elegância. O Pancas mostrou outro perfil, mais encorpado e com mais estrutura na boca e com alguns aromas tropicais, o que lhe é dado pelo estágio em madeira, bom para pratos fortes de peixe ou algumas carnes. Mas também não é dos meus preferidos.
Passámos aos tintos em que Julião Milisse fez o grande elogio do Incógnito 2003, um dos ícones (e dos mais caros) das Cortes de Cima, que disse ser um dos seus vinhos de eleição. A par deste provámos o Douro Borges Reserva 2003. As opiniões penderam claramente para o Incógnito, sem dúvida um vinho exuberante e capaz de fazer as delícias dos apreciadores, mas o Borges foi, quanto a mim, um pouco desvalorizado. É mais discreto mas mais elegante, precisa de uma prova mais calma para lhe ser dado o devido valor, pois tem uma complexidade que não aparece logo às primeiras impressões.
Para o fim, a prova cega em copo preto. No nariz mostrou logo que era um branco, pois apresentava alguns aromas com algo de citrino, característicos dos brancos. Na prova de boca também não enganou, com corpo e sabores típicos de brancos. Restava tentar descobrir donde seria. A primeira sugestão foi para Terras do Sado, mas não me pareceu. Bucelas também não pois não tinha a acidez típica da região. Por outro lado apresentava mais frescura e acidez que os alentejanos, pelo que me inclinei para que fosse claramente mais a norte, Dão ou Douro. Descoberta a garrafa, era um Gouvyas Reserva 2004. Parece-me que vale a pena revê-lo. Bem equilibrado em todas as suas componentes.
No fim de uma hora e meia bem passada entre provas e uma amena cavaqueira, ficou a promessa de lá voltarmos para fazer outra prova. Julião dispôs-se de imediato a apresentar os vinhos por nós escolhidos se assim o quisermos, segundo um tema, uma região, um produtor, uma casta, ou uma mistura à escolha dele próprio como foi esta. Melhor ainda será juntar a prova com um jantar, desde que o preço não seja proibitivo. Nesta altura um dos comparsas já está a tratar de organizar o próximo. E terminado o evento, lá seguimos, dois de nós, a caminho da Casa da Dízima ao encontro do tuguinho...
Kroniketas, enófilo esclarecido
Numa sala especialmente vocacionada para o efeito, decorada com umas quantas dezenas de garrafas, eu e mais dois comparsas fomos recebidos pelo escanção da casa, o simpático Julião Milisse que nos apresentou um conjunto de vinhos escolhidos por si. Na nossa frente um painel de vinhos composto por um espumante, dois brancos e dois tintos, e ainda uma garrafa tapada para descobrir no fim.
Começámos por um espumante Prova Real, que por acaso eu já tinha provado por ocasião da quadra natalícia, pelo que não tenho nada de novo a acrescentar à prova feita na altura. Seguiram-se os dois vinhos brancos, que provámos em conjunto de modo a poder compará-los ainda no copo. O primeiro foi um Herdade Grande Colheita Seleccionada 2006, o segundo um Quinta de Pancas Chardonnay 2005. Embora bem feito, o Herdade Grande revelou mais uma vez aquela característica de rusticidade que os brancos alentejanos apresentam quase sempre, que me arranha na garganta e não me deixa gostar de quase nenhum. Não há volta a dar-lhe. Acho sempre que lhes falta frescura e elegância. O Pancas mostrou outro perfil, mais encorpado e com mais estrutura na boca e com alguns aromas tropicais, o que lhe é dado pelo estágio em madeira, bom para pratos fortes de peixe ou algumas carnes. Mas também não é dos meus preferidos.
Passámos aos tintos em que Julião Milisse fez o grande elogio do Incógnito 2003, um dos ícones (e dos mais caros) das Cortes de Cima, que disse ser um dos seus vinhos de eleição. A par deste provámos o Douro Borges Reserva 2003. As opiniões penderam claramente para o Incógnito, sem dúvida um vinho exuberante e capaz de fazer as delícias dos apreciadores, mas o Borges foi, quanto a mim, um pouco desvalorizado. É mais discreto mas mais elegante, precisa de uma prova mais calma para lhe ser dado o devido valor, pois tem uma complexidade que não aparece logo às primeiras impressões.
Para o fim, a prova cega em copo preto. No nariz mostrou logo que era um branco, pois apresentava alguns aromas com algo de citrino, característicos dos brancos. Na prova de boca também não enganou, com corpo e sabores típicos de brancos. Restava tentar descobrir donde seria. A primeira sugestão foi para Terras do Sado, mas não me pareceu. Bucelas também não pois não tinha a acidez típica da região. Por outro lado apresentava mais frescura e acidez que os alentejanos, pelo que me inclinei para que fosse claramente mais a norte, Dão ou Douro. Descoberta a garrafa, era um Gouvyas Reserva 2004. Parece-me que vale a pena revê-lo. Bem equilibrado em todas as suas componentes.
No fim de uma hora e meia bem passada entre provas e uma amena cavaqueira, ficou a promessa de lá voltarmos para fazer outra prova. Julião dispôs-se de imediato a apresentar os vinhos por nós escolhidos se assim o quisermos, segundo um tema, uma região, um produtor, uma casta, ou uma mistura à escolha dele próprio como foi esta. Melhor ainda será juntar a prova com um jantar, desde que o preço não seja proibitivo. Nesta altura um dos comparsas já está a tratar de organizar o próximo. E terminado o evento, lá seguimos, dois de nós, a caminho da Casa da Dízima ao encontro do tuguinho...
Kroniketas, enófilo esclarecido
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