quarta-feira, 4 de janeiro de 2006

Na minha mesa 7 - Vinhos & Comidas (Praia da Rocha)

A pretexto do rally Lisboa-Dakar, o réveillon fez-se na Praia da Rocha, Portimão. Deu para ver alguns veículos estacionados e ainda ir fora de horas fotografar os que estavam no parque de viaturas.
Para um grupo de 22 pessoas marcou-se um restaurante sobranceiro à Praia da Rocha, onde se passa diariamente no verão ao sair da praia. Visto de fora, o aspecto é bom.
Os problemas começam logo quando se está limitado no horário. Numa noite de fim de ano, foi-nos dito que o jantar podia ser das 20 às 22 horas, ou das 22 à meia-noite. Ficámos com o turno das 20 h, porque assim não tínhamos de estar à espera que outros saíssem. Mas logo com os pedidos as coisas começaram a complicar-se. Houve pedidos enganados, outros trocados, outros que não chegaram, o que quer dizer que às 21 ainda havia pessoas sem o prato na mesa.
Dado o nível de preços, com pratos entre 10 e 15 euros, esperava-se uma qualidade acima da média. Pedi um tornedó mal passado mas, como acontece sempre nestas ocasiões, tive azar com o que me veio parar à mesa, que de mal passado não tinha nada, perdendo toda a graça. Houve vários pedidos de lombinhos de porco que foram entregues com a indicação “lombinhos de porco com não-sei-quê”. Ou seja, os empregados nem sabiam o que estavam a trazer para a mesa.
Quando chegou às sobremesas, mais complicações: não havia quase nada do que foi pedido, o que quer dizer que, para um jantar de fim de ano, o restaurante não providenciou o número de sobremesas suficientes para o número de pessoas que lá queria meter.
Finalmente, para alguns beberem café, tiveram que pegar no pedido e ir para junto do balcão buscar os cafés. Enquanto isto, um grupo enorme esperava na rua. Quando saímos do restaurante já passava das 11 e um quarto. Mais interessante ainda, o grupo que esperava tinha sido enviado para ali de outro restaurante do mesmo dono!
Não sei como será o restaurante num dia normal, mas a lição que se tira daqui é sempre a mesma no que ao turismo diz respeito : o turismo à portuguesa é feito por amadores, que não percebem nada do que andam a fazer. No Algarve, no Verão, é trágico: não se consegue comer bem, a horas decentes e com bom serviço quase em lado nenhum. Já cheguei a esperar mais de 2 horas por um jantar no mês de Agosto.
Estes “profissionais” da restauração querem ter muito lucro com pouco investimento. No restaurante onde jantámos estariam cerca de 80 clientes para... 3 empregados a servir à mesa. Como é que se pode prestar um serviço de qualidade nestas condições? E depois ainda querem servir dois turnos de jantares? Baralhando os pedidos, deixando acabar as sobremesas? No Verão a desculpa é a mesma: “temos a casa cheia e temos pouco pessoal”. Se querem ter uma casa cheia contratem pessoas; se não podem ter mais pessoas a trabalhar também não podem ter clientes. Nesse caso fechem o estaminé, porque quem não tem competência não se estabelece. Para mim a desculpa do turismo sazonal não pega, porque ao abrirem um restaurante no Algarve já sabem o que vão encontrar, portanto têm de criar condições para servir esse turismo que lhes enche os bolsos nos meses de Verão. Do resto não tem o cliente culpa.

Kroniketas, enófilo esclarecido

Restaurante: Vinhos & Comidas
Avenida Tomás Cabreira - Edifício Varandas do Sol
Praia da Rocha - Portimão
Nota (0 a 5): 2,5