No panorama vinícola alentejano, quando se fala dos grandes vinhos alguns nomes saltam logo para o primeiro plano. Em Reguengos há a Herdade do Esporão, na Vidigueira há a Sogrape, em Évora a Herdade da Cartuxa, em Estremoz há João Portugal Ramos, isto para citar alguns dos exemplos mais conhecidos. Os especialistas dão habitualmente grande destaque aos vinhos de Portalegre.
Perante estes nomes dominadores, muitos outros ficam esquecidos. Em Borba, por exemplo, também há um excelente vinho da Adega Cooperativa. Embora os vinhos de Borba apareçam quase sempre posicionados na gama média-baixa, a Adega Cooperativa de Borba também tem o seu topo de gama, para além de alguns monovarietais e bivarietais: o Reserva com Rótulo de Cortiça.
Este também faz parte das nossas escolhas e já há algum tempo que não tinha oportunidade de bebê-lo. Experimentei-o com uma picanha e uma maminha na pedra e acompanhou na perfeição. Tem um aroma profundo, é encorpado quanto baste e tem aquele aveludado que torna os vinhos alentejanos “gulosos” e fáceis de beber. É feito a partir de duas castas tradicionais da região, Aragonês e Trincadeira, mais duas estrangeiras, a conhecidíssima Cabernet Sauvignon e a Alicante Bouschet, que tem vindo a ganhar espaço nos vinhos alentejanos. O resultado é excelente e traz-nos um vinho que, não sendo demasiado dispendioso, faz uma excelente figura se quisermos apresentar um produto de qualidade acima da média. Em suma, uma aposta segura e claramente ganha.
Pela estrutura que apresenta e pelo grau alcoólico (13%) pode ser um vinho para, segundo a informação do produtor, aguentar alguns anos na garrafa (falam em 10), mas no que respeita aos vinhos alentejanos é sempre melhor desconfiar e não os guardar por muito tempo, pois às vezes tem-se umas surpresas desagradáveis. Este 2001 estava perfeitamente pronto para beber.
Por último refiro que esta informação relativa às castas utilizadas, que aparece frequentemente nos vinhos alentejanos, devia ser obrigatória no contra-rótulo, pois escrever que foram utilizadas “as castas tradicionais da região”, como acontece com a maioria dos vinhos do Douro, não quer dizer rigorosamente nada. As castas tradicionais são variadíssimas e podem ter sido usadas duas, três, quatro, e essa informação não fica completa só pelo facto de se pôr lá que foram usadas as castas tradicionais.
Kroniketas, enófilo esclarecido
Vinho: Borba Reserva (Rótulo de cortiça) 2001 (T)
Região: Alentejo (Borba)
Produtor: Adega Cooperativa de Borba
Grau alcoólico: 13%
Castas: Aragonês, Trincadeira, Alicante Bouschet, Cabernet Sauvignon
Preço em feira de vinhos: 7,69 €
Nota (0 a 10): 8
domingo, 29 de janeiro de 2006
No meu copo 14 - Borba Reserva (Rótulo de cortiça) 2001
Publicada por Krónikas Vinícolas à(s) 02:43
Etiquetas: AC Borba, Alentejo, Alicante Bouschet, Aragonez, Borba, Cabernet Sauvignon, Tintos, Trincadeira
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