Na região de Reguengos são produzidos alguns dos melhores vinhos não só do Alentejo mas de Portugal (na opinião das Krónikas Vinícolas, obviamente). À semelhança da vizinha Herdade do Esporão (sempre uma referência incontornável nas nossas escolhas), a Cooperativa Agrícola de Reguengos de Monsaraz também produz alguns vinhos de grande nível, quer para a região quer para o país, abrangendo também uma gama alargada de produtos que vão desde a gama baixa até ao topo (e já agora, sem os preços obscenos praticados noutras zonas), começando no Terras d’El-Rei e no Reguengos para os produtos de combate, seguindo-se o Monsaraz já no ponto intermédio, depois o Reserva, os varietais e o Garrafeira dos Sócios lá em cima.
Seguindo uma prática muito em voga desde há alguns anos, também a CARMIM (sigla adoptada pela cooperativa porque, estranhamente, deixou que alguém registasse antes a sigla CARM) enveredou pela produção de vinhos varietais. No passado fim-de-semana tive oportunidade de degustar e saborear (e poucas vezes o termo será tão adequado) dois destes tintos: o Bastardo 2000 e o Cabernet Sauvignon 2000. Foram convidados para acompanhar uma feijoada de lebre e, posso garantir-vos, bateram-se galhardamente.
Começámos pelo Cabernet Sauvignon, casta francesa com berço na região de Bordéus que encontrou em Portugal (e no Alentejo em particular) um meio excelente para a sua implantação, devido ao elevado amadurecimento conseguido, que permite amaciá-la. Devo confessar que sou fã dos vinhos desta casta, seja em que região for. Tem um aroma frutado que muito me agrada (deve ser aquilo a que os especialistas chamam “frutos maduros” ou “frutos vermelhos”) combinado com um toque a especiarias e uma força de taninos que lhe conferem grande pujança e longevidade. Daqui resulta que tenho bebido vinhos de Cabernet com características muito diferenciadas, que vão desde os muito macios aos extremamente adstringentes.
Este Cabernet de 2000 mostrou bem a sua faceta mais exuberante, com corpo cheio, aroma intenso, uma combinação equilibrada entre a fruta e as especiarias, final de boca prolongado e taninos ainda bem presentes, alguma complexidade dada pela madeira no ponto certo. Merecia ter sido decantado meia-hora antes de se beber, até para libertar os seus 14% de álcool, mas infelizmente não houve tempo. Mas mostrou que estava ali para durar mais uns anos na garrafa.
Já o Bastardo de 2000, também conhecido como Tinta Caiada e igualmente com 14% de álcool, mostrou um carácter mais suave embora também tenha revelado um corpo e uma estrutura assinaláveis e aguentou valorosamente o ligeiro picante do prato. Tanto um como outro justificaram amplamente a sua presença entre os nossos eleitos.
Por último, importa destacar que os varietais da CARMIM já estiveram no mercado a preços exorbitantes (em 2001 cheguei a comprá-los a 2200$), mas passada a euforia especulativa, e quando os produtores começaram a pôr os pés na terra, estes vinhos desceram para um patamar normal e actualmente já se conseguem comprar abaixo dos 5 euros (ver As nossas escolhas). Infelizmente nos últimos anos não tenho visto estas duas variedades à venda, mas tem havido umas caixas com uma garrafa de Aragonês e uma de Trincadeira (as outras duas castas produzidas) que costumam estar à venda pelo Natal por pouco mais de 6 €. Mas estes dois monocastas ficam reservados para uma próxima ocasião.
Kroniketas, enófilo esclarecido
Região: Alentejo (Reguengos)
Produtor: Carmim (Cooperativa Agrícola de Reguengos de Monsaraz)
Vinho: Bastardo 2000 (T)
Grau alcoólico: 14%
Castas: Bastardo
Preço em feira de vinhos: 6,79 €
Nota (0 a 10): 8,5
Vinho: Cabernet Sauvignon 2000 (T)
Grau alcoólico: 14%
Castas: Cabernet Sauvignon
Preço em feira de vinhos: 6,79 €
Nota (0 a 10): 8,5
terça-feira, 24 de janeiro de 2006
No meu copo 12 - Carmim, Bastardo e Cabernet Sauvignon 2000
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