Tudo tem a sua época: há a época da caça, a época do futebol, a época das comezainas… E foi mesmo com o intuito de encerrar a época (isto apesar de no defeso se realizarem sempre uns repastos particulares e de preparação) que voltámos ao local do crime, salvo seja. Sim, adivinharam, voltámos à Petisqueira do Gould! Aliás, já perguntámos ao proprietário se não tinha nenhum sistema de passe ou de refeições pré-compradas. E a Petisqueira porquê? Porque só o núcleo duríssimo dos Comensais Dionisíacos conhecia o amesendamento e os outros membros já andavam aguados... Juntou-se assim a cambada, 5 bandalhos (pois, não reunimos o pleno...) à mesa de jantar numa sexta-feira de um Verão mesquinho, dispostos a passar um bom bocado (embora alguns preferissem o pastel de nata...). Já aqui avaliámos o restaurante, pelo que apenas vou referir o que foi deglutido pelos mastigadores impiedosos: um par optou pelo tornedó à portuguesa, suculento e no ponto, acolitado por batata às rodelas finas e por grelos salteados, outro por uma alheira de caça e um outro par optou pelo peixe, no caso filetes de peixe galo com arroz mariscado e pregado frito com açorda de ovas. Para beber pedimos um Vale de Ancho Reserva, que já nos andava debaixo de olho, além de já nos ter sido recomendado por outros apreciadores.
De uma cor granada, sem ser retinto, o vinho mostrou um excelente corpo e taninos suaves e sem arestas, completamente pronto a beber. Na boca revelou sabor a ameixa muito suave e, quando agitado e provado a seguir, apresentou couro, com um ligeiro fumado por trás (devo dizer que não mastigámos o couro, pois era rijo como tudo...). O aroma, não sendo exuberante, tinha lá tudo o que um vinho moderno e bem feito consegue tirar das duas castas de que este Vale de Ancho também foi feito. Ainda se bebeu também um Convento da Tomina, mas isso são outras histórias, e sobre esse já aqui falámos há quase um ano.
Em suma, belo vinho, prontíssimo a beber, forte sem ser agressivo, de bons aromas e melhores sabores. O único senão é o preço, mas aqui aplicam-se as regras do mercado: quando a produção é limitada, se o produto é bom o preço é alto. Mas, correndo o risco de nos repetirmos, um dia não são dias, a vida é curta e assim por diante, portanto, que se lixe!
À vossa!
tuguinho, enófilo esforçado e porta-voz fiel do grupelho
Vinho: Vale de Ancho Reserva 2004 (T)
Região: Alentejo (Montemor-o-Novo)
Produtor: Soc. Agrícola Gabriel Francisco Dias & Irmãs
Grau alcoólico: 13,5%
Castas: Aragonês, Alicante Bouschet
Preço no restaurante: 68 €
Nota (0 a 10): 8,5
terça-feira, 24 de julho de 2007
No meu copo 131 - Vale de Ancho Reserva 2004
Publicada por Krónikas Vinícolas à(s) 14:40
Etiquetas: Alentejo, Alicante Bouschet, Aragonez, Couteiro-Mor, Montemor, Tintos
Subscrever:
Comment Feed (RSS)
|