A Unicer é conhecida sobretudo pela produção de cervejas, sendo uma das grandes distribuidoras em Portugal (Super Bock, Carlsberg e Tuborg são as suas marcas mais famosas). Também distribui algumas marcas de água e há poucos anos resolveu lançar-se na produção de vinhos. Já me cruzei algumas vezes, quase por acaso, com vinhos desta empresa. E o que posso dizer sobre isso?
Na região de Setúbal a Unicer produz o Vinha das Garças, que uma vez recebi como oferta. A prova realizada em família mereceu a opinião unânime de que o vinho não tinha categoria (uma opinião foi mesmo mais crua: “não presta para nada”). Como não era muito conhecido, passei adiante e esqueci.
No passado Outono as Krónikas Tugas deslocaram-se ao “Encontro com o vinho e sabores”, e do evento demos conta em devido tempo. Entre as muitas provas efectuadas calhou começarmos pelo stand da Unicer. Foi-nos dado a provar um Vinha do Mazouco, do Douro, que não encantou nem mereceu grandes encómios da parte dos presentes, pecando pela falta de corpo e estrutura na boca. Também provámos um Planura Reserva e um Syrah, que não acrescentaram nada ao que já conhecemos no Alentejo, e também se perderam na memória das coisas pouco importantes.
Agora sentado à mesa do restaurante, resolvi voltar a insistir no Planura Reserva para ver o que dava. O vinho foi decantado e servido em copos de pé alto e boca larga, portanto teve todas as condições de serviço para mostrar o que vale. E vale pouco.
Apesar de todos os requisitos cumpridos no serviço, o vinho voltou a não convencer. Desde logo apresenta 14% de álcool, o que parece estar a tornar-se uma moda sem sentido, agora que quase todos os vinhos do Alentejo têm para cima de 13 graus, o que é um exagero. O problema é que nem todos sabem fazer vinhos como a Herdade do Esporão, que nos apresenta 14 e até 15 graus de álcool mas tão bem envolvidos no corpo do vinho que nós o bebemos e não damos por nada. No caso deste Planura Reserva 2002, é dito no contra-rótulo que foi feito com as castas Alicante Bouschet, Cabernet Sauvignon, Aragonês e Trincadeira, estagiando 9 meses em madeira. Aparentemente, tem tudo para ser um excelente vinho. A verdade é que o pomos na boca e é agreste, o álcool arranha, o corpo não envolve o álcool, o aroma é pouco exuberante e o sabor é vulgar. Mais uma vez os vinhos Unicer não provaram.
Resta dizer que não é mencionado no contra-rótulo de que zona do Alentejo são provenientes as uvas que deram origem ao vinho, pelo que ficamos na completa ignorância a esse respeito.
Depois de várias experiências sempre com o mesmo resultado, apetecia-me dar um conselho à Unicer: dediquem-se apenas às cervejas e deixem-se de aventuras vinícolas, porque não têm vida para isto.
Kroniketas, enófilo esclarecido
Vinho: Planura Reserva 2002 (T)
Região: Alentejo
Produtor: Unicer
Grau alcoólico: 14%
Castas: Alicante Bouschet, Aragonês, Cabernet Sauvingon, Trincadeira
Preço no restaurante: 10 €
Nota (0 a 10): 4
domingo, 7 de maio de 2006
No meu copo 43 - Planura Reserva 2002
Publicada por Krónikas Vinícolas à(s) 00:45
Etiquetas: Alentejo, Alicante Bouschet, Aragonez, Cabernet Sauvignon, Tintos, Trincadeira, Unicer
Subscrever:
Comment Feed (RSS)
|