Hoje vamos falar duma experiência um pouco diferente. Uma refeição italiana e um vinho italiano.
Não se trata duma dessas pizzarias que há por aí aos pontapés, muito menos a Pizza Hut. Trata-se dum restaurante digno desse nome, bem no coração de Lisboa (na Rua da Artilharia 1, junto ao famigerado túnel do Marquês), com um ambiente acolhedor e uma ementa a preceito. A sala não é muito grande mas está bem aproveitada, conseguindo albergar cerca de 60 pessoas. A iluminação é discreta e suave.
Passando à ementa, as escolhas são vastas, a começar pelas sugestões do chefe logo na primeira página. Depois vêm as inevitáveis massas, pastas e antipastas, numa variedade que passa pelas pizzas, lasanhas, spaghetti, canelloni, fetuccine, tagliatelle e “tutti quanti”. Além destes mais tradicionais ainda há várias alternativas em que se incluem uns “scalopini alla crema”, “osso buco” (uma especialidade), bifes do lombo e chateaubriand e, imaginem, até um bacalhau!
Vieram para a mesa umas lasanhas normais e verdes, um fetucine verde bolognese, um “scalopini alla crema” e um das sugestões do chefe, “scalopini alla marsala”. Depois de se provar estas variedades, ninguém mais tem vontade de encomendar lasanhas na Pizza Hut! As massas estavam excelentes, assim como os dois pratos de “scalopini”.
Na sobremesa comi bolo de chocolate recheado com camadas de chantilly, o que o torna extremamente fofo e apetecível, misturado com gelado de chocolate e baunilha. Experimentei misturar os dois e o resultado foi óptimo. Da próxima vez que lá for tenho que me lembrar desta! As escolhas também são variadas, não faltando o inevitável tiramisu, além de algumas tartes e bavaroises.
Para acompanhar a refeição optámos por vinho italiano. A oferta era enorme em termos de vinhos alentejanos, mais do que todos os outros vinhos portugueses, enquanto dos italianos havia apenas 6 ou 7 marcas, de que só reconheci o Chianti, o Barolo e o Valpolicella, que já tinha provado naquele mesmo local. Na dúvida pedimos ao mestre de serviço à mesa que nos aconselhasse um vinho italiano, ao que ele, curiosamente, torceu o nariz, “com tantos vinhos bons que temos cá”. Mas a refeição era para ser italiana em tudo, e depois de perguntar se tínhamos a certeza que era mesmo isso que queríamos aconselho-nos um vinho da Sicília, de seu nome Nero d’Avola, do ano 2002, por cerca de 10 euros.
Como é habitual nos vinhos italianos que tenho bebido, revelou-se um vinho aberto, de cor rubi clara, pouco encorpado e com pouca acidez, apesar dos 13% de álcool. Bebeu-se bem com os pratos italianos, ligando melhor com as massas que com os pratos de carne. Tal como também tenho notado, parece que falta a estes vinhos alguma estrutura que os torne mais cheios. Não se pode dizer que são vinhos maus, mas até hoje ainda não provei um vinho italiano que me encantasse, nem sequer que batesse claramente os vinhos portugueses. Pode ser que nos topos de gama isso aconteça, mas em termos de qualidade média, até prova em contrário, estou convencido que os vinhos portugueses são melhores.
Em resumo, um restaurante com um serviço rápido, atencioso e eficiente, onde vale a pena voltar para comer pratos italianos bem confeccionados, e uma carta de vinhos extensa onde os vinhos portugueses estão bem representados. O preço também não é nada de assustar, se não se exagerar nas entradas e nos digestivos come-se por cerca de 15 a 20 € por pessoa.
Kroniketas, enófilo esclarecido
Vinho: Zonin, Nero d’Avola 2002 (T)
Região: Sicília (Itália)
Produtor: Casa Vinícola Zonin - Gambellara
Casta: Nero d'Avola
Grau alcoolico: 13%
Preço no restaurante: cerca de 10 €
Nota (0 a 10): 6
Restaurante: La Campania (italiano)
Rua da Artilharia 1, 30 - Lisboa
Telef: 21.385.03.45
Nota (0 a 5): 4
terça-feira, 21 de fevereiro de 2006
No meu copo, na minha mesa 21 - Nero d’Avola 2002; La Campania
Publicada por Krónikas Vinícolas à(s) 15:25
Etiquetas: Estrangeiros, Italia, Italianos, Lisboa, Restaurantes, Sicilia, Tintos
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