A Quinta dos Aciprestes é uma das várias quintas de que a Real Companhia Velha é proprietária no vale do Douro. Situada entre o Cima Corgo e o Alto Douro, na zona do Tua, com um total de 90 hectares de vinha, estende-se por mais de 2 km na margem esquerda do rio Douro. Fundada no século XVIII, a actual quinta resulta da junção de várias quintas da zona em 1860 (informação disponível no site oficial).
É de dois vinhos da Quinta dos Aciprestes que hoje vou falar. Às vezes temos destas surpresas. Dois vinhos do mesmo produtor, do mesmo ano, de diferentes patamares: um normal DOC e um Reserva. À partida espera-se que o Reserva seja melhor que o DOC normal. Mas eis que ao abrir a garrafa o resultado é diferente.
Desde que começámos a escrever neste blog já tivemos a oportunidade, por puro acaso, de provar 3 vezes o Quinta dos Aciprestes de 2003. A última estava guardada em casa e curiosamente apareceu muito melhor que as anteriores. O tempo em garrafa fez-lhe bem e mostrou-se muito mais exuberante em termos de aromas e estrutura. Antes tinha uma predominância a frutos vermelhos maduros mas ainda algo fechado, como tínhamos referido na última prova. Agora apresentou-se mais cheio, mais persistente, ainda pujante mas com taninos mais arredondados, tendo desaparecido uma certa adstringência que estava presente e surgido uma envolvência mais harmoniosa em todo o conjunto.
Revendo essa prova de Junho 2006, na altura escrevi que deveria melhorar após estar uns 3 ou 4 anos na garrafeira. Esperei dois anos e melhorou muito, mas fico sem saber como seria daqui a mais 1 ou 2. De qualquer modo, pelo que mostrou agora pareceu estar já num ponto alto da evolução e na altura óptima para ser bebido, pelo que mais tempo poderia já trazer algum declínio. Mas isso já é uma incógnita. Em suma, uma aposta muito segura que obviamente merece estar na lista das escolhas permanentes. Ao bebê-lo pensei para comigo: se este está assim, como estará o Reserva?
Mas o Reserva acabou por ficar aquém do esperado. Ou por ainda não ter atingido o tal ponto óptimo de evolução e precisar de mais tempo em garrafa, ou porque já o passou e não dá mais. Os aromas discretos, estrutura mediana na boca e final pouco pronunciado. Bom, mas sem encantar e sem justificar claramente o seu superior estatuto.
Comparando as minhas impressões com as do Pingas no Copo e do Elixir de Baco (provas de 2006, note-se) e do Copo de 3 (prova de Novembro de 2007) fico com a sensação de que se o tivesse bebido logo quando o comprei com a Revista de Vinhos, em Maio de 2006, poderia ter ficado com melhor impressão. Mas quem iria adivinhar que um DOC melhorava mais que um Reserva? É a vida.
Kroniketas, enófilo esclarecido
Região: Douro
Produtor: Real Companhia Velha
Vinho: Quinta dos Aciprestes 2003 (T)
Grau alcoólico: 14%
Castas: Touriga Francesa, Tinta Roriz, Tinta Barroca
Preço em feira de vinhos: 6,99 €
Nota (0 a 10): 8
Vinho: Quinta dos Aciprestes Reserva 2003 (T)
Grau alcoólico: 14%
Castas: Touriga Nacional, Touriga Franca
Preço com a Revista de Vinhos: 5,95 €
Nota (0 a 10): 7,5
sábado, 8 de novembro de 2008
No meu copo 211 - Quinta dos Aciprestes 2003; Quinta dos Aciprestes Reserva 2003
Publicada por Krónikas Vinícolas à(s) 00:21
Etiquetas: Douro, Real C Velha, Tinta Barroca, Tintos, Touriga Franca, Touriga Nacional
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