Recentemente tivemos oportunidade de provar, no espaço de poucos dias, 3 vinhos que no conjunto nos fizeram sair da carteira quase 70 € (nada de confusões, são 14 contos na moeda antiga, o que dá uma média de quase 5 contos por garrafa), e de que falaremos mais em detalhe no próximo post. Eram vinhos acerca dos quais tínhamos alguma curiosidade e depois de ponderada a vontade de prová-los (de certa forma induzida pelo nome dos mesmos) com o custo que iriam acarretar, acabámos por abrir os cordões à bolsa e distribuir os gastos.
A compra de vinhos muito acima dos 10 euros deixa-nos sempre de pé um pouco atrás, porque independentemente da fama que os acompanha existe sempre a retracção inerente ao elevado custo, por um lado, e a dúvida acerca do prazer que nos irão proporcionar. E aqui é que a porca torce o rabo.
Quando damos 15, 20, 30 euros por uma garrafa de vinho, aquilo que esperamos obter do mesmo é um prazer muito acima do “normal”, que seria impossível encontrar nos vinhos da gama média ou mesmo nos que andam ali pelos 10-12 euros, e a decepção acontece muitas vezes quanto o vinho em causa não corresponde às expectativas. É da relação qualidade/preço que estamos a falar. Já temos gasto bom dinheiro em muito bons vinhos e demo-lo por bem empregue (33 € pelo Hexagon, e tivemos comentários no blog que achavam que também ele não era assim tão bom e que era possível encontar bem melhor por muito menos).
Nas últimas feiras de vinhos vimos à venda o Mouchão de 2003 a cerca de 27 euros. Falámos na hipótese de comprá-lo a meias mas acabámos por não o fazer, achando que o risco talvez fosse demasiado. Mas recentemente, a propósito de um encontro familiar, o dito vinho acabou por nos vir parar à mesa, por 28,99 €. Depois deste resolvemos experimentar o Caladessa de 2003, agora que a Herdade da Calada anda em fase de remodelação do seu portefólio, e lá foram mais 22,55 €. E por fim juntámos ao rol um Herdade das Servas Touriga Nacional, igualmente de 2003, que o tuguinho já tinha comprado por 16,95 €.
Feito o balanço, a sensação que ficou foi de dinheiro gasto em excesso para o prazer que os ditos vinhos nos proporcionaram. Havia razão para as dúvidas. Para valer a pena gastar tanto dinheiro temos que estar perante vinhos quase excepcionais. Não que não fossem bons vinhos, longe disso, só que tínhamos a legítima expectativa de que fossem bem melhores!
A verdade é que temos retirado muito mais prazer de alguns vinhos a metade do preço destes do que destes três na generalidade. Desde há algum tempo que temos neste blog uma ligação para outra página onde listamos os vinhos que para nós valem a pena pelo preço que custam. Independentemente de serem melhores ou piores (e se não os acharmos bons, obviamente não os aconselhamos a ninguém), o importante aqui é sabermos que estamos a dar um valor que consideramos justo pelo vinho em causa. E assim já sabemos à partida com o que é que podemos contar. O problema é quando damos 20 ou 30 € por um produto que não está à altura do que custou. Tomando como exemplo o Duas Quintas, que conhecemos desde o seu lançamento e que costuma andar pelos 8 a 10 euros, embora isto não seja uma equação matemática não será pertinente questionar se o Duas Quintas Reserva, que custa o dobro, nos irá proporcionar um prazer a dobrar? E quanto ao Duas Quintas Reserva Especial, será que vale a pena pagar por ele 4 a 5 vezes mais?
tuguinho e Kroniketas, enófilos descapitalizados
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
Quanto vale um vinho?
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