domingo, 5 de novembro de 2006

No meu copo 66 - Vinho Verde Espumante - Torre de Menagem Reserva Bruto 2004

O feriado de 1 de Novembro deu-me a oportunidade de me deslocar ao Festival de Gastronomia de Santarém. Nem sempre a oportunidade pode ser aproveitada, mas desta vez fez-se por isso, tal como o ano passado.
Como à noite havia jogo para ir ver ao estádio, o passeio foi planeado para o almoço. Apesar de nos termos deslocado cedo (antes das 12:30 já lá estávamos), deparámos com um cenário que não esperávamos: as tasquinhas repletas de gente a almoçar e muito mais gente à espera. Ficámos a pensar se terão ido para lá à hora do pequeno-almoço.
Dando uma volta pelo recinto para identificar a oferta, verificámos que os presentes são praticamente os mesmos do ano passado, nos mesmos locais. Perante tão densa multidão, havia que escolher um local para abancar e ficar à espera de vez. Ao passarmos num restaurante do Minho, gostámos do aspecto dum prato que vimos na mesa e decidimos ficar por ali e dar o nome. Eram 7 pessoas (2 casais e 3 filhos), pelo que se afigurava difícil conseguir mesa nos próximos minutos. Assim, aproveitámos para ir tentar comer uma sopa da pedra ali perto, noutra tasquinha do Ribatejo, mas ao balcão. Depois de esperar pacientemente por uma aberta, lá conseguimos pedir 4 malgas de sopa, que estava um pouco insossa e pouco apaladada para o que é habitual (até porque ainda nos lembrávamos da do ano anterior). Mas dado o tempo de espera, sempre aconchegou o estômago dos 4 resistentes.
Voltámos à tasquinha do Minho, pertencente ao restaurante Torres, de Vila Verde. Quando chegou a nossa vez de abancar pedimos duas doses e rojões e um costeletão de boi azeitado, para 2 pessoas, além de um caldo verde e um mini-prato de papas de sarrabulho. Não foi fácil de despachar, este.
Os rojões estavam muito tenros e saborosos, com um toque de cominhos no tempero, mas a mim coube enfrentar o costeletão de boi, já fatiado e mal passado como se impunha. Bastante saboroso e igualmente tenro.
Para acompanhar estes pitéus, resolvemos experimentar uma novidade: um espumante de vinho verde. De seu nome, Torre de Menagem, pertencente à sub-região de Monção e feito com 95% da casta Alvarinho e 5% de Trajadura. E foi uma surpresa muito agradável. Eu, que costumo elogiar o Murganheira, fiquei rendido a este tipo de espumante. Com uma cor citrina brilhante, muito aromático e frutado, com um toque a maçã, de grande frescura na boca, bastante suave, com bolha muito fina e sem ser gasoso em excesso, é um espumante guloso, que apetece ir bebendo sem pensar na comida, quase como se de refresco se tratasse. Quase despejámos a primeira garrafa enquanto esperávamos pelos pratos. Mas cuidado com os 13% de álcool, pois corremos o risco de, sem dar por isso, ficarmos incapazes de nos levantarmos da cadeira.
Este entrou directamente para a nossa lista de preferências, o que levou a fazer uma actualização nas nossas escolhas para incluir o grupo dos espumantes, que estava esquecido. Este espumante deixou-me de sobreaviso para os espumantes de vinho verde, que a julgar por este parecem ter grandes potencialidades para se impor rapidamente no panorama nacional, destronando alguns clássicos da Bairrada e de Távora-Varosa e, sobretudo, deixando a grande distância a maioria dos que se fazem nas outras regiões.
Para finalizar a visita, ainda fomos comer a sobremesa a uma tasquinha de Portalegre, do restaurante “A gruta”, onde tal como há um ano saboreámos a deliciosa encharcada alentejana, polvilhada com canela. É difícil haver doce melhor que aquele, e os alentejanos são mestres em doces. Não é, Pingus Vinicus?

Kroniketas, enófilo esclarecido

Vinho: Torre de Menagem Reserva, Espumante Bruto 2004 (B)
Região: Vinhos Verdes (Monção)
Produtor: Quintas de Melgaço, Agricultura e Turismo, SA
Grau alcoólico: 13%
Castas: Alvarinho (95%), Trajadura

Preço no restaurante: 13,50 €
Nota (0 a 10): 9